UNIDADE 3 A GUERRA FRIA E SEUS REFLEXOS NO BRASIL E NO MUNDO

A história e você: convívio entre gerações na contemporaneidade

Nesta unidade, você estudará as décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, marcadas pela divisão geopolítica do mundo em dois blocos antagônicos – um capitalista e outro socialista –, liderados respectivamente pelos Estados Unidos e pela União Soviética.

Uma das principais características desse período foi a competição tecnocientífica entre os dois blocos, que, em busca da hegemonia mundial, investiram pesado em pesquisas científicas.

Uma das consequências disso foi o aumento da expectativa de vida da população, promovido pela ampliação dos tratamentos médicos e da produção de vacinas, de medicamentos e de alimentos. Ao mesmo tempo, a descoberta de novas técnicas contraconceptivas, somada ao aumento da escolarização das mulheres, promoveu a diminuição das taxas de fecundidadeglossário . O resultado foi a transformação da estrutura etária da população mundial, sobretudo nos países desenvolvidos, onde o número de glossário idosos tem aumentado desde então. No Brasil, o envelhecimento da população também pode ser notado, principalmente desde a década de 2010.

Brasil: projeção da população – 2010-2060

Gráficos de barras. Brasil: projeção da população, de 2010 a 2060. Três gráficos de barras que representam a população em porcentagem de homens e de mulheres por faixas de idade no Brasil para os anos de 2010, 2030 e 2060, respectivamente. No eixo vertical, ao centro, estão as faixas de idade. No eixo horizontal, a população em porcentagem, de 0 a 5 por cento. Do lado esquerdo, porcentagem de homens (barras na cor laranja): Do lado direito, porcentagem de mulheres (barras na cor laranja). Gráfico, 2010. Homens. 0 a 4 anos: 3,9 por cento; 5 a 9 anos: 4,1 por cento; 10 a 14 anos: 4,6 por cento; 15 a 19 anos: 4,5 por cento; 20 a 24 anos: 4,5 por cento; 25 a 29 anos: 4,4 por cento; 30 a 34 anos: 4,0 por cento; 35 a 39 anos: 3,6 por cento; 40 a 44 anos: 3,4 por cento; 45 a 49 anos: 3,0 por cento; 50 a 54 anos: 2,6 por cento; 55 a 59 anos: 2,0 por cento; 60 a 64 anos: 1,5 por cento; 65 a 69 anos: 1,2 por cento; 70 a 74 anos: 0,9 por cento; 75 a 79 anos: 0,6 por cento; 80 a 84 anos: 0,3 por cento; 85 a 89 anos: 0,2 por cento; 90 ou mais: 0,1 por cento. Mulheres 0 a 4 anos: 3,8 por cento; 5 a 9 anos: 4,0 por cento; 10 a 14 anos: 4,2 por cento; 15 a 19 anos: 4,2 por cento; 20 a 24 anos: 4,3 por cento; 25 a 29 anos: 4, 3 por cento; 30 a 34 anos: 4,1 por cento; 35 a 39 anos: 3,8 por cento; 40 a 44 anos: 3,6 por cento; 45 a 49 anos: 3,1 por cento; 50 a 54 anos: 2,6 por cento; 55 a 59 anos: 2,2 por cento; 60 a 64 anos: 1,8 por cento; 65 a 69 anos: 1,3 por cento; 70 a 74 anos: 1,1 por cento; 75 a 79 anos: 0,8 por cento; 80 a 84 anos: 0,6 por cento; 85 a 89 anos: 0,3 por cento; 90 ou mais: 0,2 por cento. Gráfico, 2030. Homens. 0 a 4 anos: 3,1 por cento; 5 a 9 anos: 3,2 por cento; 10 a 14 anos: 3,3 por cento; 15 a 19 anos: 3,2 por cento; 20 a 24 anos: 3,2 por cento; 25 a 29 anos: 3,6 por cento; 30 a 34 anos: 3,9 por cento; 35 a 39 anos: 3,8 por cento; 40 a 44 anos: 3,8 por cento; 45 a 49 anos: 3,6 por cento; 50 a 54 anos: 3,3 por cento; 55 a 59 anos: 2,8 por cento; 60 a 64 anos: 2,4 por cento; 65 a 69 anos: 2,1 por cento; 70 a 74 anos: 1,6 por cento; 75 a 79 anos: 1,2 por cento; 80 a 84 anos: 0,6 por cento; 85 a 89 anos: 0,3 por cento; 90 ou mais: 0,2 por cento. Mulheres 0 a 4 anos: 3,0 por cento; 5 a 9 anos: 3,1 por cento; 10 a 14 anos: 3,2 por cento; 15 a 19 anos: 3,2 por cento; 20 a 24 anos: 3,3 por cento; 25 a 29 anos: 3,6 por cento; 30 a 34 anos: 3,8 por cento; 35 a 39 anos: 3,8 por cento; 40 a 44 anos: 3,8 por cento; 45 a 49 anos: 3,8 por cento; 50 a 54 anos: 3,6 por cento; 55 a 59 anos: 3,0 por cento; 60 a 64 anos: 2,7 por cento; 65 a 69 anos: 2,4 por cento; 70 a 74 anos: 1,9 por cento; 75 a 79 anos: 1,6 por cento; 80 a 84 anos: 0,9 por cento; 85 a 89 anos: 0,4 por cento; 90 ou mais: 0,3 por cento. Gráfico, 2060. Homens. 0 a 4 anos: 2,4 por cento; 5 a 9 anos: 2,5 por cento; 10 a 14 anos: 2,6 por cento; 15 a 19 anos: 2,7 por cento; 20 a 24 anos: 2,8 por cento; 25 a 29 anos: 2,9 por cento; 30 a 34 anos: 3,0 por cento; 35 a 39 anos: 3,1 por cento; 40 a 44 anos: 3,2 por cento; 45 a 49 anos: 3,1 por cento; 50 a 54 anos: 3,1 por cento; 55 a 59 anos: 3,2 por cento; 60 a 64 anos: 3,3 por cento; 65 a 69 anos: 3,0 por cento; 70 a 74 anos: 2,7 por cento; 75 a 79 anos: 2,2 por cento; 80 a 84 anos: 1,5 por cento; 85 a 89 anos: 0,9 por cento; 90 ou mais: 0,8 por cento. Mulheres 0 a 4 anos: 2,3 por cento; 5 a 9 anos: 2,4 por cento; 10 a 14 anos: 2,5 por cento; 15 a 19 anos: 2,6 por cento; 20 a 24 anos: 2,7 por cento; 25 a 29 anos: 2,8 por cento; 30 a 34 anos: 2,9 por cento; 35 a 39 anos: 3,0 por cento; 40 a 44 anos: 3,0 por cento; 45 a 49 anos: 3,0 por cento; 50 a 54 anos: 3,0 por cento; 55 a 59 anos: 3,1 por cento; 60 a 64 anos: 3,3 por cento; 65 a 69 anos: 3,2 por cento; 70 a 74 anos: 3,0 por cento; 75 a 79 anos: 2,8 por cento; 80 a 84 anos: 2,0 por cento; 85 a 89 anos: 1,3 por cento; 90 ou mais: 1,4 por cento.

FONTE: PROJEÇÃO da população do Brasil e das Unidades da Federação. í bê gê É. Disponível em: https://oeds.link/buielp. Acesso em: 14 abril 2022.

Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Segundo as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É), em 2030, a base da pirâmide etária brasileira se tornará mais estreita e, em 2060, a participação de idosos na população total será ainda maior.

O envelhecimento da população, somado ao avanço das tecnologias digitais (que é muitas vezes acompanhado de fórma diversa por diferentes gerações), pode acabar aumentando a distância social e cultural entre jovens e idosos. Refletindo sobre isso, você e os colegas vão organizar uma jornadaglossário de convivência intergeracionalglossário .

Organizar

  • Reúna-se com alguns colegas e elaborem um questionário para entrevistar cinco estudantes de outras turmas. O questionário pode ser impresso ou digital. Façam perguntas fechadas, como: “Você convive com idosos?”; “Já aprendeu algo com eles?”; “Acredita que pode ensinar algo a eles?”. Após obter as respostas, peçam aos entrevistados que indiquem qual destas atividades lhes parece mais interessante: participar de uma oficina, de uma aula ou de algum tipo de jogo ou montar um painel de memórias.
  • Depois, construam um questionário para entrevistar cinco idosos que vocês conheçam. Elaborem perguntas semelhantes às feitas aos estudantes, substituindo a palavra idosos por jovens.
  • Após fazer as entrevistas, analisem-nas para obter uma síntese delas.
  • Produzam uma apresentação dos dados obtidos para os colegas e o professor.

Produzir

  • Com base no resultado das entrevistas de todos os grupos, avaliem a imagem que jovens e idosos cultivam uns dos outros e verifiquem o que as diferentes gerações acreditam que podem aprender e ensinar uma à outra.
  • Elejam duas das atividades propostas nas entrevistas que foram mais mencionadas pelos dois grupos de entrevistados para realizar durante a jornada na escola.
  • Organizem as atividades para a jornada intergeracional, convidando os idosos entrevistados para as atividades, e combinem uma data para essa atividade com os responsáveis da escola. Se possível, convidem outras pessoas da comunidade escolar para participar.

Compartilhar

Registrem as atividades da jornada com fotos ou gravações e, caso seja possível, publiquem-nas em um site da escola ou em suas redes sociais.

Ilustração. Pessoas reunidas em pequenos grupos. No primeiro plano, à direita, um rapaz sorridente toca violão. À esquerda, uma moça tocando violão sentada. Ao seu lado, um rapaz cadeirante auxilia uma senhora que segura um violão. Ao fundo, um trio formado por duas jovens e um senhor também está tocando violão, Ao lado deles, um rapaz abaixado observa um senhor sentado tocar violão. Por fim, um homem sentado ao lado de um menino toca violão.
Ilustração atual representando o convívio intergeracional.

CAPÍTULO 7 Guerra Fria: política, tecnologia e cultura

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética passaram a disputar a hegemonia mundial. Fez parte dessa disputa uma acirrada corrida tecnológica que, entre outras coisas, possibilitou ao ser humano chegar à Lua em 1969.

Na ocasião, a descida ao solo lunar foi transmitida ao vivo pela televisão. Hoje, gravações dessa transmissão estão disponíveis em sites na internet. Aliás, a internet também é uma invenção desse período. Ela foi criada, a princípio, para que os Estados Unidos não perdessem todos os seus meios de comunicação caso sofressem um ataque inimigo.

Fotografia. Quatro homens em uma sala com muitos aparelhos. No centro, bancadas. Em uma delas um rolo encaixado em um aparelho. Na outra, diversos rolos guardados. Ao fundo, máquina alta com diversos botões.
Pesquisadores enviando mensagem pela internet na Universidade da Califórnia (iuciélei), em Los Angeles, Estados Unidos. Foto de 1969.
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Entre 1945 e 1991, durante a chamada Guerra Fria, o mundo passou por intensas transformações tecnológicas e culturais, que afetaram profundamente o modo como pensamos, nos relacionamos e vivemos em sociedade. Parte dessas modificações decorreu da invenção da internet.

Ícone. Ilustração de um ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. Com base no que você já estudou, explique por que os Estados Unidos e a União Soviética se tornaram rivais no século vinte.
  2. Qual é a importância do desenvolvimento tecnológico e científico ocorrido após a Segunda Guerra Mundial para a sociedade atual?
  3. Em sua opinião, o uso de tecnologia torna a vida das pessoas melhor ou pior? Justifique.

Guerra Fria: que conversa é essa?

Em março de 1946, em uma palestra nos Estados Unidos, o ex-primeiro-ministro britânico Uínston tchârtchil disse, em tom de denúncia, que uma “cortina de ferro” havia descido sobre a Europa, separando o continente em duas partes distintas e aparentemente inconciliáveis: a ocidental (capitalista) e a oriental (socialista).

Na época, o termo foi utilizado como uma metáfora para reforçar nos britânicos e nos estadunidenses o medo da influência da União Soviética sobre os países europeus libertados do domínio nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Por que essa influência incomodava tanto o ex-primeiro-ministro britânico?

Para as chamadas potências ocidentais, a União Soviética representava o aumento da adesão internacional ao socialismo. Associando o socialismo ao expansionismo, ao autoritarismo e à falta de liberdade política, social e econômica, essas potências disseminaram a ideia de que era preciso defender “a liberdade e a democracia”, para evitar um futuro conflito direto.

Desse modo, a ideia de uma “cortina de ferro”, espécie de barreira ou fronteira simbólica, marcou o início da Guerra Fria, conflito que se estendeu entre 1945 e 1991, e opôs os blocos capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e socialista, sob comando da União Soviética.

A Guerra Fria envolveu todos os setores da sociedade: o econômico, o político, o diplomático, o cultural, o artístico, o da propaganda e o tecnológico.

Charge em preto e branco. Homem calvo com um charuto na boca abaixado espiando por baixo de uma longa e alta cortina de ferro que divide a imagem em duas partes. Ela interrompe um trilho que segue da esquerda para a direita. À direita da cortina, ao fundo, muitas indústrias e construções, e uma bandeira da União Soviética. À esquerda da cortina, algumas pessoas a observam.
Charge de Lésli Guílbert Ílin uôrf sobre a chamada “cortina de ferro”, publicada em 1946 no jornal Daily Mail, de Londres, Reino Unido.
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Logo após o discurso de Uínston tchârtchil, a expressão “cortina de ferro” se tornou lugar-comum para descrever a bipolarização do continente europeu. Na charge, ela é representada como uma barreira que interrompe a comunicação e o movimento no continente. Observe que a linha de trem é interrompida, assim como a palavra Europe (Europa). Olhando por baixo da cortina está o ex-primeiro-ministro britânico. A placa (ao fundo) indica que o acesso à Rússia (União Soviética) está proibido para os europeus ocidentais. Na cortina lê-se a inscrição: “Entrada proibida por ordem de djou”. No período, em alguns países, Jôsef Istálin por vezes era chamado de “tio djou”.

A origem da Guerra Fria

Como você estudou no capítulo 6, a Segunda Guerra Mundial terminou após a rendição incondicional do Japão, em 1945. As bombas atômicas lançadas nas cidades japonesas de iroshíma e nagazáqui mostraram ao mundo a fôrça militar dos Estados Unidos e assinalaram o início de uma nova fase no militarismo mundial: a era nuclear. O medo do extermínio total, provocado por uma hecatombe atômica, marcou gerações e esteve no centro das disputas que envolveram os Estados Unidos e a União Soviética durante a Guerra Fria.

Para muitos historiadores, a Guerra Fria teve origem na Segunda Guerra Mundial. Por meio da aliança entre Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética para derrotar a Alemanha, os estadunidenses e britânicos derrotaram os alemães no oeste europeu, enquanto os soviéticos o fizeram sobretudo no leste. Ao final do conflito, cada lado escolheu seus domínios territoriais considerando a lógica estabelecida durante a guerra. Assim, o continente europeu foi dividido em duas áreas de influência ideológica, marcando o início do mundo bipolar.

Apesar dessa bipolarização, nunca houve um confronto armado direto entre soviéticos e estadunidenses. Por esse motivo, a guerra foi chamada de “fria”. Essas superpotências, porém, enfrentaram-se muitas vezes de fórma indireta, financiando e armando diversos outros países de acordo com seus interesses políticos, econômicos e ideológicos.

Ilustração. Dois personagens disputando em uma corrida sobre uma pista ao redor do globo terrestre. O Urso Micha, gordinho, com orelhas arredondadas, usa um cinto colorido com os anéis olímpicos. Ao seu lado, a águia Sam, de gravata borboleta e cartola com listras vermelhas e brancas, com uma faixa azul embaixo, na horizontal, na qual estão desenhados os anéis olímpicos. Atrás deles o pódio com o primeiro lugar em destaque.
Ilustração atual representando a disputa entre o urso Micha (mascote da União Soviética nos Jogos Olímpicos de 1980) e a águia sém (mascote dos Estados Unidos em 1984) pelo pódio da hegemonia mundial.
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O esporte foi instrumento de propaganda política das duas superpotências, que, nos Jogos Olímpicos, disputavam a liderança no quadro de medalhas como se ele refletisse o pódio da hegemonia global. Os boicotes aos jogos na década de 1980 são exemplos dessa disputa. Os Estados Unidos e outros sessenta países não participaram dos Jogos Olímpicos de Moscou, na União Soviética, em 1980, afirmando que a ausência era uma fórma de contestar a invasão soviética ao Afeganistão, iniciada em 1979. Como resposta, em 1984, a União Soviética e outros dezessete países boicotaram os jogos seguintes, realizados em Los Angeles, nos Estados Unidos.

As conferências de paz

Antes do fim da Segunda Guerra Mundial, os líderes dos países Aliados se reuniram para negociar a reorganização do território europeu após o conflito. O primeiro desses encontros ocorreu em novembro de 1943, na cidade de Teerã, no Irã.

Participaram da Conferência de Teerã o então presidente dos Estados Unidos, Frânclin Delano Rúsvelt, o primeiro-ministro do Reino Unido, Uínston tchârtchil, e Jôsef Istálin, líder da União Soviética. Nessa reunião, ficou decidido que a Alemanha seria dividida em áreas de ocupação. Já a Letônia, a Estônia e a Lituânia passariam a fazer parte da União Soviética.

No encontro seguinte – a Conferência de Ialta, na União Soviética, ocorrida em fevereiro de 1945 –, os Aliados novamente discutiram o futuro das fronteiras europeias. Na ocasião, foram fixadas as zonas de ocupação para o território alemão. Nesse momento, a derrota da Alemanha nazista era iminente e os soviéticos já se encontravam às portas de Berlim. tchârtchil e Rusevélt concordaram em fazer concessões a Istálin e admitiram que os países do Leste Europeu libertados pelas fôrças do Exército Vermelho, como Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária, ficassem sob influência dos soviéticos. Em troca, a União Soviética se comprometeu a entrar na guerra contra o Japão.

Poucos meses depois, em julho de 1945, ocorreu a Conferência de Pótisdam, a última das três reuniões entre os países vencedores. Nessa reunião, entre outros assuntos, foi acordada a divisão da cidade de Berlim em quatro zonas de ocupação: uma ficaria com a União Soviética e teria influência socialista, e as outras três seriam distribuídas entre Estados Unidos, Reino Unido e França, sob influência capitalista. O cenário de polarização estava sendo desenhado e, a partir daquele momento, as rivalidades entre os dois blocos econômicos e ideológicos se intensificariam.

Fotografia. Três homens sentados em cadeiras, lado a lado. À esquerda, Winston Churchill, senhor de cabeça arredondada, calvo, olhos pequenos e boca grande. Veste um sobretudo cinza. No centro, Franklin Roosevelt, senhor de rosto comprido, cabelos grisalhos, lábios finos e marcas de expressão ao redor da boca. Tem um longo casaco preto sobre os ombros. À direita, Josef Stálin, militar de quepe. Tem os cabelos e o bigode grisalhos. Veste um casaco verde escuro com abotoaduras douradas e detalhes vermelhos na gola. Ao fundo, outros homens vestidos com roupas civis e militares.
Os líderes dos principais países vencedores da Segunda Guerra Mundial reunidos na Conferência de Yalta, União Soviética. Foto de 1945.Sentados, à frente, da esquerda para a direita, Uínston tchârtchil, Frânclin Delano Rúsvelt e Jôsef Istálin.

A Conferência de sân Francisco e a criação da ônu

Além das disputas territoriais entre as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial, outro assunto movimentou as diversas nações ao final do conflito: a criação de uma instituição capaz de proteger a vida e a dignidade humanas e, ao mesmo tempo, zelar pela paz, pela segurança e pela cooperação internacional.

Com esses objetivos, no dia 24 de outubro de 1945, foi fundada oficialmente a Organização das Nações Unidas (ônu). Representantes de cinquenta nações, entre elas o Brasil, assinaram a Carta das Nações Unidas elaborada durante a Conferência de sân Francisco, em junho daquele ano. No preâmbulo do documento, eles afirmaram o compromisso de “preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra”.

O horror provocado por conflitos armados, marcados pela perseguição e pelo extermínio sistemático de milhões de pessoas, precisava ser enfrentado com dispositivos internacionais. Assim, no dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral da ônu proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um manifesto em favor da felicidade e do respeito à diversidade humana.

Uma conquista da humanidade e resultado de lutas que remontam ao século dezoito, a declaração é o documento mais traduzido da história. De acordo com seu 1º artigo, a liberdade, a igualdade e a fraternidade são princípios fundamentais da existência humana.

Fotografia em preto e branco. Homem sentado ao redor de uma grande mesa circular. Próximo a ele, um homem em pé. Atrás dele, outras pessoas em pé observam. Por todo o salão, bandeiras em mastros.
Pedro Leão Velloso, então ministro das Relações Exteriores do Brasil, assinando a Carta das Nações Unidas como representante do país durante a Conferência de sân Francisco, nos Estados Unidos. Foto de 1945.
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Imagens em contexto!

Dos 160 participantes da Conferência de sân Francisco, apenas 3% eram mulheres. Entre elas, destacaram-se: a brasileira Bertha Lútis, a australiana Diéssi Istrít, a mexicana Amelia C. de castilho, a uruguaia Isabel de Vidal e Minerva Bernardino, da República Dominicana.

Tirinha em três quadros. Armandinho, menino de cabelo azul, camisa branca e bermuda azul. Quadrinho 1: Armandinho sorridente olhando para cima. No quadrinho está escrito ARTIGO 1 -´TODAS AS PESSOAS NASCEM LIVRES E IGUAIS EM DIGNIDADE E DIREITOS. Quadrinho 2: Armandinho olha para baixo. Em cima dele está escrito SÃO DOTADAS DE RAZÃO E CONSCIÊNCIA... Quadrinho 3: Sobre uma plataforma, há 4 crianças e um sapo. Entre elas, Armandinho se abaixa para estender a mão para uma outra que está na parte de baixo da plataforma. No último quadrinho está escrito ...E DEVEM AGIR EM RELAÇÃO UMAS ÀS OUTRAS COM ESPÍRITO DE FRATERNIDADE.
Armandinho, tirinha de Alexandre Beck, 2014.

A séde da ônu fica na cidade de Nova iórque, nos Estados Unidos. Entre seus principais órgãos estão a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Direitos Humanos, o Secretariado e o Tribunal Internacional de Justiça.

A Assembleia Geral é composta de representantes dos 193 países-membros da ônu. Cada país tem direito a um voto de igual valor. Ela é presidida por um secretário-geral, eleito para um mandato de cinco anos. Entre as atribuições da Assembleia Geral estão a supervisão do orçamento da ônu, a nomeação dos membros não permanentes do Conselho de Segurança e a discussão de assuntos que afetam a vida de todos os habitantes do planeta, como o aquecimento global e a violação dos direitos de crianças, adolescentes e mulheres. A Assembleia Geral se reúne uma vez por ano e, historicamente, o discurso de abertura fica sob responsabilidade do Brasil.

Já o Conselho de Segurança é composto de apenas quinze membros, dos quais cinco são permanentes (Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia) e dez são eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos. Os membros permanentes têm poder de veto. Isso significa que uma decisão pode ser rejeitada unilateralmente (por apenas um deles). A principal função do Conselho de Segurança é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional, decidindo sobre o envio de forças multinacionais para zonas de conflito.

Fotografia. Moça de sobrancelhas cheias e escuras, olhos grandes e lábios rosados. Tem um lenço azul encobrindo parte dos cabelos, e roupas compridas na mesma cor do lenço. Está de braços cruzados.
malala iuçáfizai durante encontro do gê sete em Paris, França. Foto de 2019.
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Imagens em contexto!

O direito à instrução está previsto no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A ativista paquistanesa malala iuçáfizai se tornou uma das vozes mais importantes no debate sobre o direito das mulheres à educação. Em 2014, com 17 anos, ela foi a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobél da Paz.

Versões em diálogo

O poeta Múcharif Ô Din Sadí viveu entre os séculos doze e treze. Também conhecido como Saadí Chirazí, ele é autor de uma das obras mais importantes da literatura persa, o Gulistã (O Jardim das Rosas). Trechos de seus poemas, como o reproduzido no texto 1, a seguir, estão expostos no prédio da ônu em Nova iórque, nos Estados Unidos.

TEXTO 1

“Seres humanos são membros de uma união

(um corpo)

Uma essência, uma alma na criação.

Se um membro pela dor é arrastado

Todos os outros também são afetados

Você, que não sente a dor do outro,

Perderá o direito de chamar-se ser humano.”

SHIRAZI, Saadí. Gulistã. Apud: A comemoração de Saadí Chirazí, poeta de grande talento e o pacificador mundial. Pars Today, 21 abril 2018. Disponível em: https://oeds.link/BHh862. Acesso em: 14 abril 2022.

Considerando a ideia apresentada no poema, leia o texto 2 e, depois, faça as atividades.

TEXTO 2

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerenteglossário a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem;

reticências

A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.”

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Preâmbulo. Declaração Universal dos Direitos Humanos [1948]. Disponível em: https://oeds.link/xp42qg. Acesso em: 14 abril 2022.

Responda no caderno.

  1. O que o poeta persa defende no trecho selecionado? Você concorda com ele? Justifique suas respostas.
  2. Identifique dois princípios fundamentais defendidos no trecho da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
  3. Levando em consideração o papel atribuído à ônu, relacione as palavras de Saadí reproduzidas na séde da organização à atuação dela.

O estabelecimento de um mundo bipolar

Durante a Guerra Fria, a definição de áreas de influência em toda a Europa foi acompanhada de projetos de reconstrução do continente. Assim, com o objetivo de fornecer ajuda financeira aos países capitalistas da Europa mais atingidos pela Segunda Guerra Mundial, o govêrno dos Estados Unidos desenvolveu o Plano márchal.

Idealizado pelo então secretário de Estado estadunidense, djêordji márchal, o plano consistia em fornecer capitais e materiais para os países destruídos durante o conflito, que, por estarem endividados, não tinham condições de se reestruturar sozinhos. Dessa maneira, foram disponibilizados pelo governo estadunidense mais de 13 bilhões de dólares aos países da Europa Ocidental para a compra de máquinas e equipamentos agrícolas e industriais, alimentos, remédios, matérias-primas e combustíveis, entre outros produtos.

O plano também serviu para frear o avanço da ideologia socialista na Europa Ocidental, uma vez que, ao utilizar o dinheiro e os produtos dos Estados Unidos, os países aceitaram o domínio da potência capitalista e de sua ideologia.

Em 1949, em contrapartida ao Plano márchal, Istálin criou o Conselho para Assistência Econômica Mútua (comecôn) a fim de auxiliar a recuperação dos países alinhados ao socialismo no Leste Europeu. Participaram do comecôn a Polônia, a Tchecoslováquia, a Bulgária, a Hungria, a Romênia, a Alemanha Oriental, a Albânia, a União Soviética e, mais tarde, a Iugoslávia.

Em razão das perdas humanas e de recursos sofridas pela União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, o auxílio financeiro oferecido pelo comecôn foi menor que o do bloco capitalista e a reconstrução dos membros desse conselho foi mais lenta que a dos países apoiados pelo Plano márchal.

De todo modo, a criação do Comecon representou um esforço para mostrar ao mundo que dois blocos ideologicamente distintos estavam emergindo no pós-guerra.

Pôster. Ilustração de um moinho de vento com diversas pás. Em cada pá, há a ilustração da bandeira de um país.
Pôster estadunidense de propaganda do Plano márchal, produzido em 1948.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

No pôster, o plano de reconstrução da Europa é representado por um moinho de vento feito com as bandeiras dos países europeus que receberam empréstimos por meio do Plano márchal. Na imagem está escrita, em inglês, a seguinte frase: “Não importa o tempo. Nós só alcançamos o bem-estar juntos”.

otâm vérçus Pacto de Varsóvia

Com a bipolarização do mundo, foram formadas duas alianças militares: a Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm) e o Pacto de Varsóvia.

A otâm foi criada pelo bloco capitalista em abril de 1949 com o objetivo de oferecer ajuda às nações integrantes da aliança em casos de ataque. Faziam parte da otâm: Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, França, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Portugal, Itália, Noruega, Dinamarca e Islândia. Mais tarde, outros países passaram a integrar a aliança. Cada país-membro deveria direcionar 2% de seu Produto Interno Bruto (Píbi) para o orçamento destinado à defesa. Ao longo dos anos, a otâm estendeu sua área de atuação e continua sendo uma fôrça de defesa.

O Pacto de Varsóvia, por sua vez, foi criado em maio de 1955 pela União Soviética com objetivos semelhantes aos da otâm, ou seja, oferecer auxílio militar em caso de invasão aos países-membros. Os soviéticos, no entanto, também utilizaram as fôrças militares desse pacto para manter os países sob seu domínio, mantendo a vigilância constante da população dessas nações e evitando a mudança de posição em relação à ideologia soviética. O Pacto de Varsóvia terminou com a extinção da União Soviética, em 1991.

Ilustração. Na parte de cima, homens de uniforme e boina, andam lado a lado, de braços dados. Em cada uniforme, uma letra do alfabeto. No uniforme do terceiro homem a inscrição CCCP, abreviatura em russo para União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Atrás deles, bandeiras vermelhas com estrelas ou o emblema da foice e do martelo, e uma pomba com um ramo no bico. Na parte de baixo, um homem grande e largo com um charuto na boca está sentado com as pernas abertas sobre várias pessoas esmagadas no chão.
Amizade e “Amizade”, caricatura produzida na Alemanha Oriental, na década de 1950.
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Na imagem, o artista representou os países-membros do Pacto de Varsóvia unidos e iguais, e os países afiliados à otâm sendo oprimidos e controlados pelos Estados Unidos. Perceba que a propaganda era uma arma utilizada por ambos os lados da Guerra Fria.

A divisão da Alemanha e de Berlim

A bipolarização do período se expressou também pela desagregação da Alemanha (principal opositora dos Aliados na Segunda Guerra Mundial) e pela divisão do país e de sua capital em quatro zonas de ocupação: soviética, francesa, britânica e estadunidense.

Em junho de 1948, em uma conferência realizada em Londres, as zonas de ocupação do Reino Unido, da França e dos Estados Unidos foram unidas. Além disso, foi estabelecida uma nova moeda para essa região e os governos locais dessas zonas foram encarregados de elaborar uma nova constituição.

A érre dê a e a érre éfe a

Em 1949, ocorreu a separação formal da Alemanha. Fundaram-se a República Democrática Alemã (érre dê a), conhecida como Alemanha Oriental, alinhada aos socialistas, e a República Federal da Alemanha (érre éfe a), chamada Alemanha Ocidental, de orientação capitalista.

A cidade de Berlim, que formava um enclaveglossário capitalista no setor socialista, também foi dividida. Note no mapa que Berlim se localizava na porção oriental da Alemanha – portanto, em território comandado pela União Soviética. Sua divisão em quatro zonas de ocupação criava uma espécie de ilha capitalista em território socialista.

Diante do aumento do contraste entre as duas realidades e das dificuldades que enfrentavam no dia a dia, milhões de alemães que viviam na Alemanha Oriental cruzaram a linha divisória entre as duas partes da cidade e se refugiaram no lado capitalista. Para frear essa migração, o govêrno da érre dê a ergueu um muro entre as duas partes de Berlim.

A construção do muro de Berlim

O muro de Berlim foi construído em 1961 com o objetivo de separar o lado oriental do lado ocidental da cidade. Essa barreira física representou a separação definitiva entre dois blocos econômicos e ideológicos. Na perspectiva dos representantes das democracias liberais e capitalistas, isso confirmava a existência da “cortina de ferro”. A divisão da cidade não foi somente ideológica; o muro separou famílias, amigos e estilos de vida.

O muro erguido em Berlim era um símbolo de que nenhum dos dois lados estava disposto a ceder. A tensão aumentava a cada ano, o que deixava a população em constante estado de alerta e com medo de uma guerra nuclear com consequências catastróficas.

Europa: divisão após a Segunda Guerra Mundial – 1945

Mapa. Europa: divisão após a Segunda Guerra Mundial, 1945. Três mapas: o primeiro com destaque para o território europeu, o segundo com destaque para o território alemão, e o terceiro com destaque para a cidade de Berlim. Legenda: Verde: Países capitalistas. Laranja: Países socialistas. Linha vermelha: Muro de Berlim. Linha vermelha com traços: ‘Cortina de ferro’. Primeiro mapa. Países capitalistas: Islândia, Noruega, Suécia, Finlândia, Irlanda, Reino Unido, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica, Alemanha Ocidental (RFA), Luxemburgo, Áustria, Suíça, França, Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Países socialistas: Alemanha Oriental (RDA), Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Iugoslávia, Albânia, Bulgária e União Soviética. Cortina de ferro: linha vermelha com traços vermelhos que divide a Europa de cima a baixo, com países capitalistas à esquerda, e países socialistas à direita. Apenas Iugoslávia e Albânia estão fora da Cortina de ferro. Segundo mapa: Alemanha. País capitalista: Alemanha Ocidental, abrangendo os setores britânico, estadunidense e francês, incluindo as cidades de Hamburgo, Bonn, Mayence, Friburgo e Munique. País socialista: Alemanha Oriental, abrangendo o setor soviético, e incluindo a cidade de Berlim. Cortina de ferro: linha vermelha com traços vermelhos dividindo a Alemanha. Terceiro mapa: Berlim. Cidade capitalista, em verde: Berlim Ocidental, abrangendo os setores britânico, estadunidense e francês. Cidade socialista, em laranja: Berlim Oriental. As duas partes da cidade estão englobadas dentro da zona de ocupação soviética na Alemanha. Muro de Berlim: linha vermelha que cerca totalmente a parte verde da cidade, que incluem os setores britânico, francês e estadunidense de ocupação da cidade. No primeiro mapa, no canto superior direito, rosa dos ventos. No canto inferior direito, escala de 0 a 630 quilômetros. No canto inferior direito do segundo mapa, escala de 0 a 220 quilômetros. No canto inferior direito do terceiro mapa, escala de 0 a 130 quilômetros.

FONTE: Chalhán, G.; Rajô, J.-P. Atlas stratégique. Paris: Complexe, 1988. página 40, 97.

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Responda no caderno.

O mapa apresenta duas grandes áreas de influência na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Identifique-as e explique como a organização dos Aliados na Segunda Guerra Mundial influenciou esse arranjo espacial europeu.

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    A Guerra da Coreia

    Após a Conferência de Ialta, com a bipolarização do mundo, a Península da Coreia foi dividida ao meio: a porção ao norte do paralelo 38º norte ficou sob influência dos soviéticos e a porção ao sul desse paralelo ficou sob a influência dos Estados Unidos.

    No norte, o Exército Vermelho expulsou os japoneses, que dominavam a península desde 1910, e apoiou a criação de um Estado comunista na região sob a liderança de Quim il són.

    No sul, após a rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial, com a ocupação estadunidense, foi criada uma administração militar. Mais tarde, essa administração foi substituída por um govêrno representativo local estabelecido em 1948, liderado por Sínguimam Rí.

    Ambos os lados queriam conquistar o território do outro para unificar o país. Em junho de 1950, a Coreia do Norte atacou a vizinha do sul e deu início à guerra.

    Os Estados Unidos, com o apôio da ônu, consideraram a invasão irregular e enviaram tropas para a Coreia do Sul, com o intuito de impedir o avanço dos norte-coreanos e tentar unificar o país. Já a União Soviética, mesmo tentando se manter neutra, enviou armas e equipamentos para seus aliados socialistas.

    Com o avanço dos estadunidenses, a China – que havia se tornado socialista em 1949, como você estudará no capítulo 8 – entrou na guerra e apoiou a Coreia do Norte com o envio de tropas.

    O conflito durou mais de três anos. Os ataques eram feitos sobretudo por aviões que atingiam alvos militares e civis e destruíram boa parte da península.

    Um armistício foi assinado em julho de 1953 estabelecendo um cessar-fogo. Como não houve lado vencedor, a fronteira com referência no paralelo 38º norte foi oficializada, criando-se uma área desmilitarizada na região para evitar tentativas de invasão territorial. Entretanto, nenhum acordo de paz foi assinado até hoje.

    A Guerra da Coreia – 1950-1953

    Mapa. A guerra da Coreia, 1950 a 1953. Destaque para a Península Coreana.
Legenda. Seta verde: Forças de ataque norte-coreanas, junho a setembro de 1950.
Linha tracejada verde: Linha que representa o maior avanço norte-coreano, setembro de 1950. Seta laranja: Ofensiva estadunidense, setembro a novembro de 1950. Linha tracejada laranja: Linha que representa o maior avanço estadunidense, novembro de 1950. Seta verde claro: Ofensivas chinesa e norte-coreana, novembro de 1950 a janeiro de 1951. Linha tracejada verde claro: Linha que representa os maiores avanços chineses e norte-coreanos, janeiro de 1951. Seta vermelha. Ofensiva final estadunidense, janeiro de 1951 a julho de 1953. Linha tracejada vermelha: Linha do armistício (Paralelo 38 graus), julho de 1953. No mapa.
Forças de ataque norte-coreanas, junho a setembro de 1950: do sul da Coreia do Norte em direção ao sudeste da Coreia do Sul. Linha que representa o maior avança norte-coreano, setembro de 1950: região sudeste, ao redor da cidade de Pusan (atual Busan), no litoral sul da Península Coreana.
Ofensiva estadunidense, setembro a novembro de 1950: de Pusan para o norte da Coreia do norte, próximo à fronteira com a China, passando pela capital Seul; do Mar Amarelo, na costa oeste, para a cidade de Incheon, no litoral oeste, próxima a Seul.
Linha que representa o maior avanço estadunidense, novembro de 1950: toda a região do extremo norte da Coreia do Norte, próximo à fronteira com a China.
Ofensivas chinesa e norte-coreana, novembro de 1950 a janeiro de 1951: da China para o norte da Coreia do Sul, na direção de Seul, passando pela capital, Pyongyang; da China para a cidade de Hüngnam, na Coreia do Norte.
Linha que representa os maiores avanços chineses e norte-coreanos, janeiro de 1951: território centro-norte da Coreia no Sul, ao sul de Seul. Ofensiva final estadunidense, janeiro de 1951 a julho de 1953: da região centro-norte da Coreia do Sul para o sul da Coreia do Norte, próximo à fronteira entre os dois países. Linha do armistício (Paralelo 38 graus), julho de 1953: sul da Coreia do Norte e norte da Coreia do Sul. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

    FONTE: BARRACLOUGH, G. Atlas da história do mundo. Londres: Times Books; São Paulo: Folha da Manhã, 2000. página 274.

    Fotografia. Líderes coreanos em um aperto de mãos. À esquerda, Kim Jong-un, homem de rosto largo e arredondado. O cabelo escuro penteado para trás. Tem a boca pequena e usa óculos. Usa terno escuro. À direita, Moon Jae-in, homem de cabelos grisalhos penteados de lado. Tem olhos pequenos, testa larga e queixo quadrado. Usa terno azul, gravata azul claro e camisa branca.
    O líder norte-coreano, Quim Dium um, à esquerda, e o então presidente sul-coreano, Mum Diêi in, à direita, durante encontro na zona desmilitarizada entre os dois países. Foto de 2018.
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    As duas Coreias mantêm relações tensas até hoje. Em 2018, os governantes dos dois países se encontraram para tentar chegar a um tratado de paz que, no entanto, ainda não foi firmado.

    A corrida armamentista

    Após o lançamento das bombas atômicas sobre o Japão no final da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se uma corrida armamentista entre os Estados Unidos e a União Soviética. A ideia era aumentar o poder de destruição do país para intimidar o oponente.

    A década de 1950 foi marcada por disputas tecnológicas entre as duas superpotências, que pretendiam aperfeiçoar as armas existentes e produzir outros modelos com maior poder de destruição.

    Diante da vantagem inicial estadunidense em relação às armas atômicas, Stálin ordenou a realização de um projeto soviético para a fabricação de uma bomba atômica, concretizado em 1949.

    Essa primeira bomba soviética, chamada no Ocidente de djou-1, não foi lançada sobre uma população, como fizeram os Estados Unidos, mas em um território correspondente ao do atual Cazaquistão, longe de pessoas. Esse teste foi o primeiro de muitos e chegou ao conhecimento dos opositores dos soviéticos.

    Outro armamento de alto poder de destruição desenvolvido no período foi a bomba de hidrogênio, ou Bomba H, cujo poder de devastação era até mil vezes maior que o das lançadas sobre o Japão.

    Medo e “caça” aos comunistas nos Estados Unidos

    A política armamentista promovida pelo governo dos Estados Unidos foi acompanhada do acirramento de um forte sentimento anticomunista na população e de uma paranoia em relação à espionagem soviética.

    Nos Estados Unidos, os serviços secretos estavam sob a direção da Agência Central de Inteligência (cía, sigla em inglês), fundada em 1947. Já na União Soviética, os serviços secretos ficaram sob a responsabilidade do Comitê de Segurança do Estado (cá gê bê, sigla em russo), de 1954.

    O senador estadunidense Joséf macárti liderou a perseguição de muitas pessoas que ele suspeitava ser comunistas. Durante o chamado macartismo (1950-1957), o govêrno dos Estados Unidos perseguiu intelectuais, artistas e funcionários públicos suspeitos de subversão, comunismo ou de simpata pela União Soviética. Essas pessoas tiveram a vida investigada, foram interrogadas, banidas ou demitidas. Muitas delas precisaram sair do país.

    Pôster. James Bond, homem de rosto comprido, testa larga e franzida, cabelos penteados de lado. Usa terno e gravata e empunha uma arma. Ao fundo, imagens do filme.
    Pôster alemão do filme 007 contra o satânico Doutor , de 1962, estrelado pelo ator escocês Chan Côneri como Djeimes bónd.
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    O tema da espionagem permeou a Guerra Fria e continua presente em várias partes do mundo. A indústria cultural produziu muitos videogames e filmes a respeito do assunto. Uma das séries de filmes mais conhecidas sobre o tema é a do fictício agente britânico Djeimes bónd (o 007), baseada nas obras do escritor Iân Flêmin, lançadas a partir de 1953. Em parte considerável das produções, a espionagem russa era a principal inimiga do agente secreto britânico.

    A corrida espacial

    A fabricação de armas não foi a única fórma de os blocos capitalista e socialista se enfrentarem durante a Guerra Fria. Outro campo muito explorado pelos Estados Unidos e pela União Soviética foi o da chamada corrida espacial. Entre os anos 1957 e 1975, as duas superpotências se enfrentaram indiretamente para provar a capacidade de cada uma em explorar o espaço. Os investimentos em programas espaciais consumiram altos investimentos de ambos os lados.

    O comêço dessa disputa foi o lançamento ao espaço do primeiro satélite artificial, o Isputiniqui primeiro, em 4 de outubro de 1957, pela União Soviética. O sucesso do lançamento do satélite na órbita terrestre levou a guerra para fóra do planeta.

    O passo seguinte era lançar um ser vivo ao espaço. A União Soviética saiu na frente mais uma vez e, um mês após o lançamento do satélite Isputiniqui primeiro, o foguete Isputiniqui segundo foi colocado em órbita levando a cadelinha russa chamada Laika.

    Como era de esperar, os Estados Unidos responderam ao feito: quatro meses depois o foguete estadunidense Explorer primeiro foi lançado ao espaço.

    Dali em diante, o objetivo maior das superpotências durante a corrida espacial passou a ser enviar seres humanos ao espaço. Novamente, os soviéticos saíram à frente e, em abril de 1961, o cosmonauta russo Iuri Gagarin foi posto na órbita da Terra a bordo da nave Vostok primeiro, em que completou uma volta ao redor do planeta.

    Cartaz. Ilustração com o rosto de um cosmonauta com a viseira do capacete levantada. Ao fundo, um planeta, e ao lado dele, um foguete com o símbolo do martelo sobreposto à foice. Na chama do foguete, a informação: 12 do quatro de 1961. Em cima, inscrições em russo.
    Cartaz soviético da década de 1960 representando o cosmonauta Iuri Gagarin ao lado de um foguete com os símbolos comunistas da foice e do martelo. Atrás dele, está a Terra. Ao observar o planeta do espaço, Gagárin proferiu a frase: “a Terra é azul”.

    Para os Estados Unidos, o feito de Gagárin parecia uma derrota. Buscando superar os soviéticos, a Náza lançou o programa Apólo, com o ousado objetivo de levar pessoas à Lua. Esse desafio, que consumiu bilhões de dólares, foi alcançado em julho de 1969. Os astronautas Nil Armstrong e Bus Áldrin foram os primeiros humanos a pisarem no solo lunar.

    Fotografia. Cadela de pelos claros com a cabeça escura. Tem orelhas grandes e focinho longo. Está deitada dentro de um compartimento de metal.
    Laika a bordo do Isputiniqui segundo, antes de partir para o espaço. Foto de 1957.
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    Laika morreu por falta de oxigênio. Como os soviéticos, os estadunidenses também enviaram animais para o espaço durante testes. A maioria deles não sobreviveu à jornada. Atualmente, é proibido o uso de animais em viagens espaciais.

    Fotografia. Astronauta pisando no solo lunar. Ele veste macacão, botas, luvas e capacete. À sua frente, a bandeira dos Estados Unidos em um pequeno mastro fincado no chão. O solo é escuro e irregular.
    Bus Áldrin caminhando em solo lunar diante da bandeira dos Estados Unidos. Foto de 1969.
    Fotografia. Barack Obama, homem de cabelo grisalho, está abaixado com as mãos nos ombros de Katherine Johnson, senhora de cabelo branco, olhos pequenos e óculos. Ela está com a cabeça inclinada para trás, olhando para Obama. Ela tem uma medalha pendurada no pescoço.
    A matemática, física e cientista espacial estadunidense Katherine Johnson agraciada com a Medalha Presidencial da Liberdade pelo então presidente estadunidense baráqui obâma. Foto de 2015.
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    Sempre que se menciona a chegada do ser humano à Lua, duas imagens são onipresentes. A primeira é a do astronauta Nil Armstrong e sua famosa frase: “Um pequeno passo para um homem, mas um gigantesco passo para a humanidade”. A segunda é a da bandeira dos Estados Unidos hasteada em solo lunar. O que poucas pessoas sabem é que, para que essa viagem acontecesse, os cálculos de Katherine Johnson foram fundamentais. Ela foi responsável pelo setor técnico da Nasa que calculou as trajetórias de retorno de muitos voos espaciais, incluindo o da Apólo 11, que levou armstrông e outros dois astronautas à Lua.

    O desenvolvimento da internet

    O lançamento de satélites artificiais possibilitou um grande avanço em tecnologia, e teve papel fundamental nas atuais formas de comunicação. Por mais contraditório que seja, a Guerra Fria ajudou as pessoas de diferentes partes do planeta a se comunicarem instantaneamente, como você verificou na abertura deste capítulo.

    Em 1969, a Advanced Research Projects Agency (Arpa), divisão de pesquisa avançada do Departamento de Defesa estadunidense, criou o sistema Arpanét, com o objetivo de manter as comunicações do país intactas mesmo em caso de ataque nuclear.

    A princípio, o sistema foi utilizado para o compartilhamento de dados entre as universidades mais modernas do país, animadas com a possibilidade do rápido e simples compartilhamento de informações. Depois, aos poucos, o sistema foi implementado em universidades de outros países, como Países Baixos, Suécia e Dinamarca, passando a se chamar internet.

    No início dos anos 1990, a rede acadêmica foi aberta à população em geral e revolucionou não só o modo como as pessoas se comunicavam, mas também a cultura e a produção de identidade.

    Agora é com você!

    Responda no caderno.

    1. Defina o termo “cortina de ferro”.
    2. O que foi o Plano márchal? Explique a importância desse plano no contexto da Guerra Fria.
    3. Explique o contexto da construção do muro de Berlim.

    Dica

    FILME

    Estrelas além do tempo

    Direção: Theodore Melfi. Estados Unidos, 2016. Duração: 167

    O filme narra a história de três mulheres negras – Katherine Dionsan, dóróti Váum e Méri Diáquissan – contratadas pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Náza – sigla do nome em inglês) durante a corrida espacial.

    O auge da Guerra Fria

    As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por muita tensão internacional em razão das disputas entre Estados Unidos e União Soviética. Entre os episódios mais tensos desse período estiveram os ocorridos em Cuba e no Vietnã, palcos de intensas disputas entre as duas superpotências que polarizaram o mundo durante a Guerra Fria.

    A Revolução Cubana

    País insular localizado a pouco mais de 150 quilômetros de distância do estado da Flórida, nos Estados Unidos, Cuba esteve sob a influência estadunidense desde o fim da Guerra Hispano-Americana, no final do século dezenove, e serviu de base naval para o país.

    Na década de 1950, o índice de analfabetismo entre os cubanos era altíssimo e poucos tinham acesso a serviços médicos. O ditador Fulgencio Batista, então presidente da ilha, incentivava a visita de turistas, mas pouco fazia para melhorar a vida dos cubanos. Essa situação revoltou um grupo liderado pelo advogado Fidel Castro, que, em 1953, tentou retirar Batista do poder. Os planos iniciais falharam e muitos dos participantes do movimento foram condenados à prisão, inclusive Castro.

    Em 1954, Batista foi reeleito e, como parte de uma política de conciliação, concedeu liberdade a Castro, que se exilou no México. Nesse país, Castro encontrou outros opositores ao regime e o médico argentino Ernesto “Tchê” Guevara. Juntos, eles planejaram organizar em Cuba uma revolução que pudesse unir os cubanos e depor o govêrno de Batista.

    De volta à ilha, em 1956, Castro e seus companheiros iniciaram uma guerrilha contra a ditadura. Em pouco tempo, o grupo conquistou o apôio da população e venceu importantes combates.

    Fotografia em preto e branco. Ernesto Che Guevara, homem de olhos grandes, sobrancelhas cheias, rosto largo e boca pequena. Tem bigode e cavanhaque. O cabelo é comprido na altura das orelhas. Usa uma boina com uma estrela no centro. Olha para o horizonte.
    Ernesto “Tchê Guevára, médico revolucionário argentino que participou ativamente da Revolução Cubana. Foto de 1960.
    Fotografia em preto e branco. Fidel Castro, homem de boina, barba comprida e macacão. Está à direita, sentado em uma rede. À sua frente, algumas mulheres de macacão e boina sentadas no chão.
    Fidel Castro (à direita) com algumas das mulheres que lutaram no processo revolucionário cubano: à esquerda, Celia Sánchez, e, ao centro, Vilma Espín. Foto de 1958.
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    O movimento revolucionário cubano contou com a presença de mulheres em diferentes funções. Elas cuidavam dos feridos e dos uniformes, eram mensageiras e atuavam ativamente no combate armado. Em 1958, foi formada a unidade Mariana Grarrales, composta apenas de mulheres combatentes que lutaram na linha de frente.

    Pressionado, Fulgencio Batista fugiu de Cuba em 1o de janeiro de 1959. No mesmo dia, os rebeldes chegaram a Havana e assumiram o poder. O movimento, denominado Revolução Cubana, foi vitorioso e o novo govêrno, chefiado por Fidel Castro, lançou seus planos anti-imperialistas e, portanto, contrários à presença dos Estados Unidos na ilha.

    No início, o govêrno de Fidel Castro não tinha ligação com a União Soviética e pretendia continuar exportando seus produtos como antes da revolução, obtendo lucro com essa atividade. Mas isso não aconteceu, pois, em 1961, o govêrno dos Estados Unidos rompeu relações com o país, que nacionalizou sua economia. Nesse ano, o então presidente estadunidense Djón F. kenedí ordenou a execução de um plano elaborado pela cía para invadir Cuba. A ação, que ficou conhecida como Invasão da Baía dos Porcos, fracassou.

    Os Estados Unidos passaram, então, a financiar grupos para derrubar o govêrno de Castro e suspenderam a compra do açúcar cubano, dando início ao embargo econômicoglossário a Cuba, que dura até os dias de hoje.

    Capa da revista Time. No centro, ilustração de Fidel Castro, homem de sobrancelha grossa, boca pequena, barba cheia e boina verde. Atrás dele, uma bandeira vermelha e preta com a inscrição 26 Julho. À direita, a bandeira de Cuba hasteada. Na parte de baixo da capa, região montanhosa com focos de incêndio.
    Capa da revista estadunidense Time, publicada em 26 de janeiro de 1959.
    Fotografia. No primeiro plano, Fidel Castro sobre um palanque. Veste macacão verde e boina. Discursa em um microfone com uma das mãos levantadas. Ao seu redor, diversas pessoas assistem. Algumas carregam armas de fogo. Ao fundo uma grande bandeira de Cuba pendurada em um terraço em que se vê algumas pessoas. À frente de Fidel, duas bandeiras de Cuba igualmente penduradas.
    Fidel Castro discursando no Palácio Municipal de Santa Clara, em Havana, Cuba. Foto de janeiro de 1959.

    A Crise dos Mísseis e a Política de Distensão

    Como resposta ao embargo econômico e à tentativa de invasão de Cuba pelos Estados Unidos, o govêrno cubano permitiu a instalação de bases de lançamento de mísseis soviéticos em seu território. Aviões de espionagem estadunidenses descobriram os armamentos em navios que estavam indo em direção a Cuba, dando início, em outubro de 1962, a uma grave crise internacional.

    A chamada Crise dos Mísseis colocou o mundo diante da possibilidade real de uma guerra nuclear. Para resolver a situação, após um longo período de negociações intermediadas pela ônu, Djón kenedí (presidente dos Estados Unidos) e Naiquita Crúchéf (secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética) assinaram um acordo de trégua. Os Estados Unidos se comprometeram a não invadir Cuba, enquanto a União Soviética concordou em retirar os mísseis instalados na ilha.

    Na ocasião, também ficou combinado que os mísseis instalados pelos estadunidenses na Itália e na Turquia, estrategicamente apontados para o território soviético, seriam retirados. Todo esse incidente foi televisionado e transmitido para várias partes do planeta, o que gerou uma onda de medo de uma catástrofe nuclear.

    Tirinha em oito quadros. Calvin e Haroldo. Calvin, menino de aproximadamente 6 anos, está de capacete verde, camisa vermelha e shorts preto. Haroldo, um tigre, de listras laranjas e pretas, e uma mancha branca no peito. Segura uma arma de brinquedo. Quadrinho 1: Haroldo, olhando para Calvin, pergunta: Como nós vamos brincar de guerra? Quadrinho 2: Calvin, olhando para Haroldo, responde: TEM TANTOS MODELOS... Quadrinho 3: Com as mãos na cintura, Calvin continua: EU SEREI O DESTEMIDO AMERICANO DaIA. Quadrinho 4: Haroldo olha espantado, e Calvin continua: ... E VOCÊ VAI SER O REPUGNANTE E DESCRENTE COMUNISTA OPRESSOR. Quadrinho 5: Calvin, empunhando uma arma de brinquedo, continua: NÓS COMEÇAMOS A GUERRA, AÍ SE VOCÊ FOR ACERTADO POR UM DARDO VOCÊ ESTÁ MORTO E O OUTRO LADO GANHA, OK? Haroldo responde: CERTO. Quadrinho 6: Calvin dá um grito: VAI! Um atira no outro. Em cada um dos tiros, a interjeição WAP. Quadrinho 7: Calvin olha para o dardo grudado em seu capacete, e Haroldo observa o dardo grudado em seu peito. Quadrinho 8: um olha para o outro, e Calvin diz: TIPO DE BRINCADEIRA ESTÚPIDA, NÃO ACHA?
    Cáuvin & Haroldo, tirinha de Bíl Uáterson, 1986.
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    Como no embate entre Cáuvin e Haroldo na tirinha, os Estados Unidos afirmavam estar combatendo o comunismo e a União Soviética dizia estar apoiando seus aliados contra os imperialistas.

    As superpotências operavam conforme a lógica da “destruição mútua assegurada”, tendo como base a doutrina de que um ataque nuclear de uma teria como resposta o contra-ataque da outra, que aniquilaria as duas.

    Diante do incidente, as duas superpotências optaram pelo diálogo. Uma linha direta foi criada para que os comandantes estadunidenses e soviéticos se comunicassem rapidamente, procurando impedir que outra crise como aquela ocorresse.

    Cartaz. Ilustração de dois homens de costas falando ao telefone. Entre eles um globo terrestre. À esquerda do globo, a bandeira dos Estados Unidos. À direita, uma bandeira da União Soviética. No céu, diversos aviões. Nas costas do homem à direita, o braço de uma mulher, como se o abraçasse, segurando uma taça. Na parte superior, as informações: PETER SELLERS, GEORGE C. SCOTT. UM FILME DE STANLEY KUBRICK. DOUTOR FANTÁSTICO.
    Cartaz brasileiro do filme estadunidense Doutor Fantástico, do diretor Istanlei Cúbriqui, lançado em 1964.
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    Lançado pouco depois da Crise dos Mísseis, esse filme é uma sátira à paranoia relacionada à possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial nuclear. No filme (e no cartaz), a comunicação direta entre os líderes das potências foi representada pela figura de um telefone vermelho, que seria usado pelos líderes estadunidense e soviético em emergências nucleares.

    O incidente da Crise dos Mísseis, em 1962, acendeu um alerta global. Com a intenção de promover a suspensão da ameaça nuclear, as duas superpotências lançaram, também, a Política da Distensão, ou seja, uma espécie de abrandamento das tensões internacionais e da corrida armamentista.

    Essa política funcionou por meio do estabelecimento de diversos acordos entre os dois países. Em 1963, Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido assinaram o Tratado de Moscou, que proibiu testes nucleares na atmosfera, no espaço sideral e em ambientes submarinos. Em 1968, esses mesmos países, além de China e França (ou seja, os membros permanentes do Conselho de Segurança da ônu), assinaram o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Com esse acordo, os cinco países se comprometeram a não fornecer a tecnologia das bombas nucleares a outra nação. Em 1972, foi assinado o Acordo de Limitações de Armamentos Estratégicos (SALT um), que previu o fim da fabricação de armas nucleares pelos Estados Unidos e pela União Soviética.

    A assinatura dos acordos suavizou as tensões, mas não pôs fim às disputas entre os dois blocos. A Política de Distensão causou alívio na comunidade internacional e trouxe a esperança de um fim pacífico para a Guerra Fria. Mas, mesmo com a Política de Distensão, durante as décadas de 1970 e 1980, a tensão entre estadunidenses e soviéticos continuou por meio de conflitos ocorridos em diversos países.

    Mundo: estoque de armas nucleares – 1945-2009

    Gráfico de linhas. Mundo: estoque de armas nucleares, de 1945 a 2009. No eixo vertical, a inscrição número de armas nucleares, e os números dez mil, vinte mil, trinta mil e quarenta mil. No eixo horizontal, os anos 1945, 1950, 1955, 1960, 1965, 1970, 1975, 1980, 1985, 1990, 1995, 2000, 2005 e 2009. Embaixo, a legenda. Linha azul tracejada: Estados Unidos. Linha vermelha tracejada: União Soviética (Rússia a partir de 1992). Linha verde contínua: França, Reino Unido e China. No gráfico. Linha azul tracejada que representa os Estados Unidos se inicia em zero entre 1945 e 1950 e atinge o ápice de sua subida em 1965, quando registra mais de 30 mil armas nucleares. A partir dessa data, há uma lenta descida até o ano de 2009, para perto de duas mil armas. Linha vermelha tracejada que representa a União Soviética inicia em zero em 1955. A partir daí nota-se uma uma vertiginosa subida até 1985, quando se registra o índice de 40 mil para o número de armas nucleares. Segue uma vertiginosa descida até 1995, para perto de dez mil, e novas descidas até 2009, para cerca de 5 mil armas nucleares. França, Reino Unido e China: inicia-se pouco depois de 1960, e segue estável, próxima de zero, até 2009, mantendo praticamente os mesmos índices.

    FONTE: Recacevíti, P. Stock d’armes nucléaires en 2009. Le Monde Diplomatique, 2009. Disponível em: https://oeds.link/3QOzb4. Acesso em: 18 abril 2022. Adaptado.

    O gráfico indica o número total de ogivas nucleares que Estados Unidos, União Soviética, China, França e Reino Unido possuíam entre 1945 e 2009. Note que a produção bélica nuclear soviética só começou a cair na segunda metade da década de 1980. Durante todo o período da Guerra Fria, os soviéticos assumiram um lugar de destaque na economia mundial com a fabricação de armas, aviões e munições.

    A Guerra do Vietnã

    Entre o século dezenove e meados do século vinte, a Indochina, região no sul da Ásia, foi dominada pela França até a Segunda Guerra Mundial, quando foi tomada pelo Japão. Com a vitória dos Aliados na guerra, a França tentou recolonizar o território, mas não teve sucesso.

    Após a Guerra da Indochina, em 1954, japoneses e franceses foram expulsos definitivamente da região. Com o fim da dominação colonial, formaram-se no local três países independentes: Vietnã, Camboja e Laos. O Vietnã, porém, foi dividido em Vietnã do Norte (socialista) e Vietnã do Sul (capitalista).

    Estava marcado para 1955 um plebiscito para decidir sobre a unificação do país, mas o líder do Vietnã do Sul, Ngo Dinh Diem, deu um golpe de Estado e instaurou uma ditadura militar. O Vietnã do Norte, então, iniciou uma investida contra o Vietnã do Sul com o objetivo de unificar o país sob a bandeira do socialismo.

    Duas frentes de batalha foram montadas pelos norte-vietnamitas. A primeira era formada pelos soldados vietcongues, que não eram vinculados ao exército do país e exerciam a guerrilha como tática de combate. Eles utilizavam técnicas de confronto como ataques-surpresa, emboscadas e lutas no meio de florestas.

    A segunda frente de batalha, por sua vez, era formada pelo exército do Vietnã do Norte, que recebia armas e suprimentos tecnológicos, como aeronaves e mísseis, da China e da União Soviética.

    Os Estados Unidos apoiaram o Vietnã do Sul desde o golpe de 1955 e, com o início do conflito, intensificaram o envio de tropas à região.

    Guerra do Vietnã – 1955-1975

    Mapa. Guerra do Vietnã, de 1955 a 1975. Destaque para o Sudeste Asiático. Mapa com destaque para quatro países: Laos, em laranja; Camboja, em verde, Vietnã do Norte, em roxo, e Vietnã do Sul, em amarelo. Legenda: Seta vermelha: Rota de Ho Chi Minh. Seta lilás: Ofensiva norte-vietnamita. Linha verde com triângulos: Ofensiva estadunidense. Círculo vermelho com estrela amarela: Base aérea soviética. Círculo azul com estrela vermelha: Base aérea estadunidense. Ícone de navio: Base naval estadunidense. No mapa. Rota de Ho Chi Minh: sai do norte do Vietnã do Norte, próximo da cidade de Hanói, e passa por Sam Noa, no Laos. Segue em direção ao ao sul e entra novamente em território norte-vietnamita, em direção à cidade de Minh, no Vietnã do Norte, e à fronteira entre Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. Segue em direção a Kontumo, no Vietnã do Sul, e entra no Camboja em direção a Saigon, no Vietnã do Sul. Ofensiva norte-vietnamita: sai da fronteira entre Vietnã do Norte e Vietnã do Sul e segue em direção a Da Nang, no Vietnã do Sul. Outra sai da região sul do Laos em direção a Kontum, no Vietnã do Sul, e daí seguem para Dalat e para Saigon, no Vietnã do Sul. Ofensiva estadunidense: no norte e no litoral do Vietnã do Norte, na região do Golfo de Tonquim. Base aérea soviética: ao sul da cidade de Haiphong, no Vietnã do Norte. Base aérea estadunidense: duas na Ilha de Hainan, na China; três na Tailândia; e sete no Vietnã do Sul: uma ao norte de Da Nang; uma ao sul da mesma cidade; uma ao sul de Kontum; uma a nordeste de Dalat; uma a norte de Saigon, uma a leste e uma a sudoeste. Base naval estadunidense: uma no litoral norte do Vietnã do Sul; uma no litoral leste; uma no litoral sudeste, e duas no litoral sul, no delta do Rio Mekong. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 de 260 quilômetros.

    FONTE: ríguelmân, W.; quínder, H. Atlas historique. Paris: Perrin, 1992. página 512.

    Fotografia. No primeiro plano, um senhor de cabelos brancos, roupas claras e largas está sentado na grama, à frente de uma cabana de palha. Dentro dela, alguns soldados.
    rô chi min (sentado à frente da cabana) com soldados durante a guerra contra os franceses, em 1950.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Fundador do Partido Comunista na Indochina, rô chi min foi o principal líder do Vietnã do Norte. Ele atuava politicamente desde 1939, quando criou o Viêtmin (Liga pela Independência) para lutar contra o colonialismo francês e depois contra os invasores japoneses, até unificar o país combatendo os estadunidenses.

    Em 1964, os Estados Unidos entraram com fôrça total na guerra após um suposto ataque do Vietnã do Norte a um navio estadunidense.

    Em razão da supremacia de seu poderio bélico, os estadunidenses apostaram que a guerra seria rápida. No entanto, as técnicas de guerrilha dos vietcongues, a capacidade de sobrevivência na selva do Vietnã e, sobretudo, a resistência dos vietnamitas do norte diante dos invasores foram determinantes para garantir a vitória dos socialistas.

    Outro fator importante para o desfecho da Guerra do Vietnã foi o início das manifestações ocorridas nos Estados Unidos e em outros países ocidentais contra o conflito. Movimentos contra a guerra relacionados à contraculturaglossário se espalharam por toda a parte e produziram uma onda de protestos contra o envio de soldados estadunidenses para a guerra. Cada vez mais pessoas saíam às ruas para criticar a participação dos Estados Unidos em um confronto que estava consumindo muito mais dinheiro, esforço e vidas humanas do que se podia esperar.

    Em 1973, o govêrno dos Estados Unidos cedeu às pressões e começou a retirar suas tropas do território vietnamita. Com a saída de seus apoiadores, o Vietnã do Sul não conseguiu sustentar a guerra por muito tempo e, em 1975, a cidade de saigôn, capital do sul, foi invadida. O Vietnã do Norte venceu a guerra e unificou o país, instaurando um govêrno de modelo socialista.

    Fotografia. Em primeiro plano, piloto de costas, dentro de um avião militar. Ele está de capacete. Ao fundo, outro avião militar sobrevoa uma área em chamas.
    Avião estadunidense lançando bomba incendiária de napalm sobre o Vietnã durante a guerra. Foto de 1962.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Durante a guerra, os Estados Unidos recorreram à utilização de armas químicas, como herbicidas, para destruir a vegetação onde os vietcongues se escondiam, e de bombas incendiárias de napalm. As imagens desses ataques, amplamente divulgadas, tiveram papel importante no desenrolar dos acontecimentos. Elas acirraram ainda mais as críticas da sociedade estadunidense à guerra.

    O movimento hippie

    Nas décadas de 1960 e 1970, ocorreram diversos movimentos de contestação aos costumes e padrões culturais tradicionais da sociedade ocidental. Por se oporem aos valores e aos comportamentos sociais da época, eles foram denominados contraculturais.

    O movimento hippie foi um deles. Iniciado nos Estados Unidos na década de 1960, reuniu milhares de jovens que se declaravam pacifistas e contrários a valores tradicionais, como o autoritarismo familiar e o individualismo, criticando também certos pilares do capitalismo, como o consumismo. Em contrapartida, defendiam a liberdade sexual, o contato com a natureza e a adoção de um estilo de vida simples, que era representado por suas roupas coloridas e pelos cabelos compridos.

    Esse movimento exerceu forte influência na música, impulsionando e sendo impulsionado por ritmos como o folk (criado na década de 1930) e, principalmente, o rock (da década de 1950). Músicos como Dími Rêndrix, bób dílan e dieinis dióplin marcaram as décadas de 1960 e 1970 com canções irreverentes e rebeldes, nas quais teciam críticas aos costumes tradicionais estadunidenses.

    Cartaz. Ilustração de uma mão segurando o braço de um instrumento de corda. Um pássaro branco está pousado nele. Ao redor, diversas informações. Em destaque com letras maiores os dizeres cuja tradução é: 3 Dias de Paz e Música. O fundo é vermelho.
    Cartaz do Festival de Música e Arte de Woodstock, que ocorreu nos Estados Unidos em 1969 e teve participação de ícones da contracultura, como Jimi Rrendrix.
    Fotografia. Pessoas na rua em um protesto. Elas carregam uma grande faixa com plavras de ordem em favor dos vietnamitas.
    Protesto contra a Guerra do Vietnã, em Portland, Estados Unidos, 1970.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    A intensa mobilização de rrípis e pacifistas contra a guerra contribuiu para os estadunidenses formarem opiniões negativas sobre a participação do país na Guerra do Vietnã. A manifestação em pórt lénd reuniu cêrca de mil pessoas contra a política bélica do presidente estadunidense Rítchar Níquisan, que visitava a cidade. Na faixa, está escrito: “Vitória aos vietnamitas”.

    Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

    Transcrição do áudio

    A era da contestação

    [Locutor/a] Olá! Está começando mais um episódio do podcast “De olho na História”. Hoje vamos falar sobre os movimentos de contracultura que surgiram na década de 1960 em vários lugares do mundo.

    [Locutor/a] Marcados pelas revoltas estudantis e de trabalhadores que tomaram a França em maio de 1968, esses movimentos tiveram como principais características o protagonismo dos jovens, a crítica aos regimes autoritários e a contestação do status quo. O auge da contracultura ocorreu na década de 1960, quando uma geração inteira de jovens se sentia cada vez mais distante dos adultos ao seu redor. Para o historiador inglês Eric Hobsbawm, havia um “abismo de gerações” entre os jovens, que nasceram durante ou após a Segunda Guerra Mundial, e seus familiares, que lutaram na guerra e vivenciaram grandes crises econômicas, como a de 1929. Com prioridades e visões de mundo diferentes, a juventude questionava os comportamentos e escolhas das gerações anteriores e discutia temas como a liberação sexual, o capitalismo e a existência de guerras, como a do Vietnã.

    [Locutor/a] A insatisfação com o sistema se manifestava por meio de roupas, músicas, hábitos e ideias. Os jovens ouviam protestos de seus ídolos em canções como “Blowin’ in the Wind”, de Bob Dylan, que contestava o uso de armamentos. Também no cinema, diretores como o francês Jean-Luc Godard contrariavam a linguagem cinematográfica tradicional. Nesse contexto de guerrilha cultural, muitos movimentos sociais se organizaram, como a luta dos negros por direitos civis e a das mulheres por igualdade de gênero.

    [Locutor/a] Na França, em maio de 1968, os jovens colocaram em xeque o currículo e a pedagogia das universidades francesas, em um grande movimento que tomou as ruas. Os estudantes criaram slogans de contestação e formaram barricadas com carteiras escolares, portas e até mesmo carros virados. Os operários também aderiram ao movimento, e uma greve geral paralisou o país.

    [Locutor/a] Já nos Estados Unidos, ganhou força o movimento negro, que contestava o racismo estrutural da sociedade e lutava por direitos civis. Um ativista importante desse movimento foi Martin Luther King, pastor que liderou a luta dos negros estimulando a resistência pacífica. Outro ativista negro de destaque foi Malcolm X, que questionava a política de não violência de Luther King e era um dos principais representantes do grupo dos Panteras Negras. Angela Davis, hoje professora da Universidade da Califórnia, também integrou os Panteras Negras, sendo condenada e presa durante os protestos na década de 1960 e 1970.

    [Locutor/a] Também nos Estados Unidos, nesse mesmo contexto da contracultura, surgiu o movimento hippie. Com uma visão pacifista, os hippies eram contrários à intervenção estadunidense na Guerra do Vietnã e críticos à organização social que produzia guerras, violência, miséria e repressão. Os adeptos da cultura hippie se vestiam com roupas coloridas, viviam em comunidades, pregavam a igualdade e a liberdade. Um de seus slogans que ficaram famosos foi “Paz e amor”.

    [Locutor/a] Por aqui, a cultura brasileira também teve sua efervescência no período. No campo musical, o movimento tropicalista, inaugurado com o disco Tropicália ou Panis et circenses, propôs uma ruptura. Seus principais representantes foram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa, Mutantes, entre vários outros. O Tropicalismo incorporou influências artísticas internacionais, que foram combinadas com elementos tradicionais de nossa cultura.

    [Locutor/a] O mês de maio de 1968 jamais será esquecido. Esse momento ficou marcado na história por causa de um dos mais representativos movimentos da juventude e da contracultura dessa era da contestação.

    [Locutor/a] Agora que vocês sabem um pouco mais sobre esse período, que tal pesquisar outros movimentos que surgiram naquele momento? Por hoje, terminamos aqui. Até a próxima, pessoal.

    O Maio de 1968

    Os protestos iniciados nos anos 1960 se inseriam em um contexto mais amplo de movimentação social e efervescência cultural, em um momento em que o mundo bipolarizado e muitos valores estavam sendo questionados.

    Em um mundo marcado pelas disputas políticas e pela presença crescente de jovens em todas as esferas sociais, muitos deles adotaram novos costumes, práticas e comportamentos. Nesse contexto, as manifestações ocorridas no mês de maio de 1968 na França se tornaram um dos principais ícones da contracultura dos anos 1960.

    Na ocasião, milhares de pessoas, principalmente estudantes e trabalhadores, reuniram-se em protesto contra as políticas conservadoras, autoritárias e colonialistas do govêrno francês, liderado naquele momento pelo presidente charle dê gôle.

    A revolta teve início na Universidade de Nanterre, nos arredores de Paris, em que estudantes organizaram um protesto contra a divisão dos dormitórios entre homens e mulheres e contra a burocracia na instituição.

    Em pouco tempo, milhares de estudantes de outras instituições saíram às ruas de Paris para protestar contra a Igreja e a família tradicional – baseada em poderes patriarcais –, a Guerra do Vietnã, a sociedade de consumo e os símbolos de poder e repressão do Estado, como a polícia.

    No dia 18 de maio, 9 milhões de trabalhadores franceses aderiram ao movimento e decretaram greve geral, exigindo melhores salários e condições de trabalho. Com estudantes e trabalhadores nas ruas, a cidade de Paris se transformou em um campo de batalha. Manifestantes resistiram às fôrças policiais formando barricadas, tombando e incendiando carros.

    Os manifestantes passaram a exigir a renúncia do presidente charle dê gôle, que teve de ceder. Reajustes de salários para todos os trabalhadores foram anunciados pelo govêrno, que aumentou o salário mínimo em 25% e convocou eleições legislativas.

    Fotografia. Milhares de pessoas em uma manifestação ocupam uma longa avenida. Carregam faixas e cartazes. Na primeira fila estão lado a lado, de braços dados. No centro, uma faixa vermelha com os dizeres em francês.
    Estudantes e trabalhadores em protesto nas ruas de Paris, França. Foto de maio de 1968. Na faixa, lê-se: “Trabalhadores estudantes: unidos venceremos”.

    O movimento feminista

    O movimento feminista também ganhou fôrça durante a década de 1960. As participantes do movimento inspiraram-se em ideias como as da intelectual francesa Simone de Bovuár.

    Em sua obra O segundo sexo, lançada em 1949, ela demonstrou que a atribuição de diferentes papéis a homens e mulheres não é biológica, mas construída socialmente, apresentando a famosa frase “não se nasce mulher; torna-se mulher”.

    As feministas contestaram a desigualdade de gênero em diversos campos, como o político, o dos direitos civis e o do trabalho, e alcançaram importantes conquistas. Duas delas foram o lançamento da pílula anticoncepcional, em 1960, o que possibilitou a milhões de mulheres o contrôle da fertilidade, e, no Brasil, a aprovação da lei do divórcio, em 1977.

    O movimento feminista ganhou fôrça no Brasil em 1975 com a instituição pela ônu do Ano Internacional da Mulher, concentrando-se informalmente em associações e coletivos de mulheres. Destacaram-se no período os grupos de ativistas que denunciavam a violência doméstica e o assassinato de mulheres cometidos pelos próprios companheiros.

    O movimento ambientalista

    O movimento ambientalista ganhou fôrça na década de 1960, dando início a uma intensa transformação no modo como as sociedades ocidentais compreendem seu lugar no planeta.

    Os ambientalistas se preocupavam principalmente com a depredação do meio ambiente e com o esgotamento dos recursos naturais, reivindicando mudanças nos comportamentos sociais e a aplicação de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente.

    Nesse contexto, foram criadas organizações de associativismo civil, como a World Wide Fund For Nature (dáblio dáblio éfe), em 1961, e o Greenpeace, em 1971, que passaram a atuar em diversas partes do globo.

    Em 1972, a ônu realizou sua primeira conferência sobre o ambiente, ocasião em que lançou a Declaração de Estocolmo, alertando sobre a necessidade de os seres humanos desenvolverem conhecimentos e modos de vida para possibilitar o equilíbrio com o meio ambiente.

    Fotografia em preto e branco. Mulheres em uma manifestação. Carregam cartazes feitos à mão. À esquerda, um homem fotografa a passeata.
    Manifestação de mulheres pela igualdade de direitos durante a cerimônia de posse do presidente Rítchar Níquisan, em Washington, Estados Unidos. Foto de 1969. Em um dos cartazes está escrito: “Julguem as mulheres como pessoas, e não como esposas”.
    Fotografia em preto e branco. Algumas pessoas em um protesto na frente de um prédio. Elas carregam cartazes feitos à mão com palavras de ordem.
    Protesto de ambientalistas em Londres, Reino Unido. Foto de 1973. No cartaz à esquerda lê-se: “Pedale, você vai gostar!” e à direita, “Carros? Que sufoco!”.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Um dos objetivos do movimento feminista era combater os discursos e as relações de poder em que as mulheres não eram consideradas seres autônomos, sendo relegadas à esfera doméstica, como se esse fosse seu espaço natural. Já a ascensão do movimento ambientalista contou com a publicação de importantes obras, como Primavera silenciosa, da bióloga Reichel Carson, e Nosso ambiente sintético, do filósofo Múrei Búctim, em 1962. Ambos abordaram o impacto de pesticidas e de aditivos químicos alimentares na saúde humana e denunciaram os efeitos negativos da depredação do meio ambiente para a vida no planeta.

    O movimento pelos direitos civis

    Nos Estados Unidos, o movimento negro dedicava-se à luta contra o racismo, institucionalizado por diversas leis de segregação racial em estados do sul do país. Essas leis burlavam a décima quarta emenda da Constituição, adotada em 1868, que estabelecia a igualdade de direitos sem distinções entre os cidadãos (exceto para mulheres e indígenas).

    Na década de 1960, muitas dessas leis ainda estavam em vigor. O lema “separado, mas igual” se tornou símbolo da segregação imposta por lei. Na prática, direitos fundamentais, como o de votar, eram negados às pessoas negras. Em diversos estados do sul dos Estados Unidos, além da segregação em escolas e outros espaços públicos, homens e mulheres negros eram obrigados por lei a ocupar um espaço menor dentro do transporte público e até a ceder seu assento a pessoas brancas em caso de lotação.

    Episódios de resistência negra, como o ocorrido em 1955, quando a costureira Rosa Parcs se recusou a ceder seu lugar para um branco em um ônibus e foi presa em razão disso, e o aumento de ataques de supremacistas brancos com o ressurgimento, a partir de 1950, da Cu Clús Clã(KKK) – que pregava o ódio e a violência contra os negros – inflamaram a sociedade estadunidense.

    O movimento pelos direitos civis ganhou fôrça nesse contexto. Em uma sociedade em que os negros eram discriminados, segregados institucionalmente e, na prática, condenados à pobreza, o movimento reuniu milhares de pessoas defendendo a igualdade não só de direitos, mas também de oportunidades.

    Fotografia em preto e branco. Homem negro de chapéu e calça escuros e camisa clara bebendo água em um copo. À sua frente, um bebedouro em formato cilíndrico com a informação: COLORED.
    Homem usando bebedouro destinado a negros no estado de Oklahoma, Estados Unidos. Foto de 1939.
    Fotografia em preto e branco. Menina negra, de cabelos curtos. Usa óculos de armação quadrada.
    Retrato de Clódet Côlvin. Foto de 1954.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Antes de Rosa Parcs, Clódet Côlvin, uma jovem negra de 15 anos, já havia sido presa na cidade de Momgomery por se recusar a ceder seu assento a uma pessoa branca em um ônibus lotado. Com seu gesto de recusa, Rosa Parcs procurou apoiar o de Claudette e acabou presa, mas também deu início ao boicote aos ônibus de Montgomery, movimento em que a população negra organizada se recusou a utilizar os ônibus da cidade para se opor à segregação racial. O boicote se estendeu por cêrca de um ano (entre 1955 e 1956) e só foi encerrado quando uma decisão judicial permitiu aos passageiros negros sentar-se onde quisessem.

    As vertentes do movimento

    O movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos tinha diferentes orientações políticas e modos de atuação. Entre suas principais lideranças destacaram-se o ativista islâmico Malcolm équis, o grupo dos Panteras Negras (Black Panther Party) e o reverendo batista Mártin Lúter Quing Júnior.

    Malcolm équis, ativista do nacionalismo negro, defendia o orgulho e a autossuficiência dos afro-americanos. A princípio, não acreditava na união entre brancos e negros, sendo favorável à autodefesa. Em 1965, foi assassinado na séde de sua organização em Nova iórque.

    Fotografia em preto e branco. Homem negro de rosto comprido e queixo quadrado. Usa óculos e tem os lábios finos. Está com uma das mãos levantadas e o dedo apontando para frente.
    Malcolm équis discursando no bairro do Rárlem, em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 1963.

    Já os Panteras Negras tinham como missão inicial a autoproteção armada da comunidade negra, a denúncia de seus opressores e, principalmente, da brutalidade policial.

    Mártin Lúter Quing Júnior, por sua vez, inspirou-se nos ensinamentos do líder indiano Marrátma Gândi a respeito da desobediência civil e da não violência, reunindo milhares de pessoas em marchas e protestos pacíficos pelo reconhecimento dos direitos das pessoas negras, como as Marchas de Selma a Montgomery, realizadas em 1965.

    Ganhador do Prêmio Nobél da Paz em 1964, Quíngui abordava em seus discursos temas como a exploração econômica e a pobreza e se declarou contrário à participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Foi assassinado em 1968 em Memphis, enquanto se preparava para uma marcha em apôio à greve dos trabalhadores da limpeza pública da cidade.

    O movimento pelos direitos civis foi um dos mais importantes da história dos Estados Unidos. Entre suas conquistas, estão a formulação de diversas leis que proibiram a discriminação racial nos setores públicos, no mercado de trabalho e nas eleições.

    Fotografia. Grupo de pessoas em um protesto. Carregam cartazes com palavras de ordem. Em um dos cartazes a foto de Eric Garner, rapaz negro.
    Protesto contra a discriminação racial na cidade de Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 2019.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Uma das placas retratadas na imagem faz referência a ériqui garner, assassinado em 2014 por um policial. Apesar das conquistas alcançadas com o movimento pelos direitos civis, o racismo ainda é evidente nos Estados Unidos. O assassinato de pessoas negras por policiais deu origem a movimentos como o Black Lives Matter (“Vidas Negras Importam”).

    Dica

    FILME

    Se a Rua Bíal falasse

    Direção: Barry Jenkins. Estados Unidos, 2018. Duração: 117 minutos

    O filme se passa na década de 1970 e aborda a luta da jovem “Tish Rivers para provar a inocência de seu companheiro, “Fonny rãnt, preso injustamente pela polícia de Nova iórque.

    Analisando o passado

    Leia alguns trechos do discurso I have a dream (“Eu tenho um sonho”), de Mártin Lúter King júnior, e, em seguida, faça o que se pede.

    reticências o negro ainda não está livre; cem anos depois a vida do negro ainda é tristemente aleijada pelas leis de segregação e pelas correntes de discriminação; cem anos depois, o negro vive numa solitária ilha de pobreza no meio de um oceano de prosperidade material; cem anos depois, o negro é ainda debilitado nas esquinas da sociedade americana e encontra-se isolado em seu país.

    reticências Agora é o momento de tornar reais as promessas da democracia; agora é o momento de se alçar do escuro e desolado vale da segregação para o ensolarado caminho da justiça racial reticências.

    reticências Então eu digo para vocês, meus amigos, que, embora nós precisemos enfrentar as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda tenho um sonho.

    reticências Eu tenho um sonho de que um dia, nas montanhas da Geórgia, filhos de ex-escravos e filhos de ex-senhores sejam capazes de se sentar juntos à mesa como irmãos.

    reticências Eu tenho um sonho de que um dia meus quatro filhinhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo seu caráter.

    Eu tenho um sonho hoje!

    Eu tenho um sonho de que um dia, no Alabama, reticências meninos e meninas negros e meninos e meninas brancos possam dar-se as mãos, como irmãos.

    Eu tenho um sonho hoje!

    reticências a chegada do dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão se dar as mãos e cantar juntos reticências:

    ‘Livres, finalmente! Livres, finalmente! Graças a Deus, todo-poderoso, estamos livres finalmente.’”

    KING JUNIOR., M. L. I have a dream. ápud: The 1963 March on Washington. êne a a cê pê. Disponível em: https://oeds.link/VCyTZL. Acesso em: 20 abril 2022. Tradução nossa.

    Fotografia em preto e branco. Martin Luther King, homem negro de rosto arredondado, cabelos curtos e bigode fino. Veste terno e gravata. Está sobre um palanque e acena para a multidão ao redor.
    Mártin Lúter Quing Júnior durante a Marcha sobre Washington, que reuniu aproximadamente duzentas mil pessoas para reivindicar liberdade e justiça racial, em Washington, Estados Unidos. Foto de 1963.

    Responda no caderno.

    1. Explique a referência temporal utilizada por Quíngui em seu discurso. Por que ele se refere ao intervalo de tempo “cem anos depois”?
    2. Indique as leis de segregação e as correntes de discriminação denunciadas no texto.
    3. Explique qual seria, paraMártin Lúter King , o “ensolarado caminho da justiça racial”.

    O fim da União Soviética

    Uma série de acontecimentos marcou a decadência do sistema soviético e o fim da Guerra Fria. Um deles foi a chegada de Mikhail Gorbachev ao poder, em 1985, como secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética.

    Durante a década de 1980, a União Soviética entrou em um período de instabilidade política e econômica. Com o objetivo de acelerar a economia e reorganizar a política, Gorbatchóvi lançou uma série de medidas orientadas pelos princípios da perestróica e da glasnóst.

    A perestróica foi uma reestruturação econômica da União Soviética que a aproximou do modelo ocidental de liberalismo, facilitando a abertura ao mercado mundial.

    Essa reestruturação possibilitou, por exemplo, a existência de fórmas de propriedade não estatal e a participação das empresas, que eram então estatizadasglossário , no comércio internacional por conta própria. O objetivo central do govêrno com essas medidas era promover o crescimento econômico no país por meio da descentralização.

    Fotografia. Dois homens de terno conversam na rua. À esquerda, Ronald Reagan, homem alto, de rosto comprido e cabelos escuros penteados de lado. Usa terno escuro. À direita, Mikhail Gorbachev, homem mais baixo, calvo e rosto arredondado. Usa terno claro. Ao fundo, catedral com diversas torres. Cada torre tem uma cúpula colorida.
    Rônald Rêiguen e micaíl gorbatchóv reunidos na Praça Vermelha, em Moscou, durante encontro em 1988.

    A glasnóst, por sua vez, consistiu em um conjunto de medidas para garantir à população a liberdade de expressão e de escolha. O termo, que significa “transparência”, orientou a promoção de debates críticos ao govêrno e a realização de eleições um pouco mais livres, das quais puderam participar candidatos independentes, ainda que o Partido Comunista continuasse a ser oficialmente o único.

    Com essa política interna e externa, a União Soviética estava cada vez mais próxima de seu fim. Em meio a uma série de tentativas de golpes e de acordos frustrados entre as repúblicas soviéticas, em 25 de dezembro de 1991, Gorbatchóvi entregou seu cargo e anunciou o fim da União Soviética.

    Fotografia. Pessoas em uma longa fila em um estabelecimento de esquina. Todos estão de casaco e touca ou chapéu de frio. Na rua há neve.
    Fila para comprar pão em Moscou, Rússia. Foto de 1992.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Após a dissolução da União Soviética, a população da Rússia continuou a vivenciar um cenário de crise econômica na década de 1990. Nesse período, os russos tinham de enfrentar longas filas para comprar itens básicos, como açúcar e trigo.

    A queda do muro de Berlim

    No fim da década de 1980, um acontecimento marcou o fim das hostilidades entre os blocos capitalista e socialista. Após uma onda de protestos contra a divisão da Alemanha e a impossibilidade de os moradores de Berlim Oriental passarem livremente para o lado ocidental, o govêrno da parte socialista da cidade resolveu relaxar a vigilância.

    Na tarde de 9 de novembro de 1989, ao perceber que os guardas não estavam de sentinela, muitos berlinenses começaram a atravessar o muro para o lado ocidental. No momento em que os moradores da parte ocidental da cidade perceberam o que estava acontecendo, saíram para ajudar os vizinhos. Juntos, os berlinenses dos dois lados começaram a demolir o muro que os separava havia 28 anos.

    Durante dias, os moradores da cidade utilizaram diferentes ferramentas, como pás, picaretas, machados e porretes, além das próprias mãos, para pôr o muro abaixo. Aos poucos, o muro de Berlim foi derrubado e, com ele, a Guerra Fria.

    A queda do muro de Berlim em 1989 marcou um processo no qual os países que um dia fizeram parte da chamada “cortina de ferro” saíram do domínio soviético. As repúblicas que faziam parte da União Soviética voltaram a ser independentes. Teve fim uma longa disputa entre duas fórmas de pensar e produzir distintas, que quase levou o planeta à destruição.

    Fotografia. Pessoas no topo do muro de Berlim. À frente do muro, outras pessoas observam. Ele está pichado com símbolos e frases em inglês e alemão.
    Manifestantes durante a derrubada do muro de Berlim, na Alemanha. Foto de 1989.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Na foto desta página, tirada na noite de 9 de novembro de 1989, foi registrado um momento em que o muro estava tomado pelos manifestantes. Pouco depois da queda do muro, em 21 de novembro, o Comitê Central do Partido Comunista da érre dê a informou que a União Soviética estava disposta a aceitar uma confederação alemã. No dia 3 de outubro de 1990, a Alemanha foi reunificada.

    Agora é com você!

    Responda no caderno.

    1. Explique o que foi a Crise dos Mísseis.
    2. O que foram os movimentos contraculturais? Nomeie dois desses movimentos e o que os participantes deles defendiam.
    3. Crie uma linha do tempo indicando os acontecimentos que marcaram o fim da Guerra Fria.

    Atividades

    Responda no caderno.

    Organize suas ideias

    1. Em seu caderno, identifique as afirmações verdadeiras e as falsas.
      1. A Otan e o Pacto de Varsóvia são alianças militares, vigentes até hoje, que representam, respectivamente, o Ocidente capitalista e o Oriente socialista.
      2. A Crise dos Mísseis ocorreu porque, na década de 1970, os Estados Unidos e a União Soviética aumentaram seus arsenais atômicos, em um processo conhecido como Política de Distensão.
      3. A reorganização do território europeu após a Segunda Guerra Mundial resultou da negociação entre os países vencedores do conflito, ocorrida em conferências como a de Teerã e a de Ialta.
      4. Na Guerra da Coreia, a parte sul do país foi apoiada por estadunidenses, enquanto a porção norte recebeu apôio de soviéticos e chineses, resultando, ao fim de três anos de conflito, no estabelecimento da Coreia do Sul e da Coreia do Norte.
      5. A Guerra do Vietnã inseriu-se na lógica da Guerra Fria, em um contexto em que os Estados Unidos tentavam fortalecer sua posição geopolítica na Ásia.
    2. No caderno, identifique as alternativas corretas e, depois, reescreva as incorretas, corrigindo-as.
      1. O senador estadunidense Joséf macárti promoveu a perseguição daqueles que ele suspeitava ser comunistas ou simpatizantes dos soviéticos.
      2. No movimento realizado na França, em maio de 1968, os estudantes reivindicavam a reforma do ensino universitário do país, para nivelá-lo ao de outros países capitalistas, como o dos Estados Unidos.
      3. Durante a corrida espacial entre as superpotências, os soviéticos lançaram na órbita terrestre os primeiros satélites e o primeiro homem, e os estadunidenses foram responsáveis pela chegada do ser humano à Lua, em 1969.
      4. O movimento ambientalista global não teve relevância nos anos 1960 e 1970.
      5. A perestróica, a glasnóst e a queda do muro de Berlim são marcos do processo de dissolução da União Soviética.

    Aprofundando

    3. Durante a Guerra Fria, a disputa envolvendo Estados Unidos e União Soviética estendeu-se a todos os setores da sociedade, com o amplo uso da propaganda. A seguir, estão reproduzidos dois cartazes de propaganda feitos nos Estados Unidos, um na época da Segunda Guerra Mundial e outro durante a Guerra Fria.

    Cartaz. No centro, fotografia em preto e branco de um jovem soldado sorridente portanto uma arma de fogo apoiada em seu ombro. O cartaz apresenta frases em inglês.
    Cartaz estadunidense produzido em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. Nele, está representado um soldado russo junto às seguintes frases: “Este homem é seu AMIGO” e “Ele luta pela LIBERDADE”.
    Cartaz. Ilustração de pessoas entre grandes labaredas de fogo. Em meio às chamas, a bandeira dos Estados Unidos. O cartaz apresenta frases em inglês.
    Cartaz estadunidense elaborado em cêrca de 1947, durante a Guerra Fria, em que se lê: “Este é o amanhã” e “América sob o comunismo!”.
    1. De que modo são representados o soldado russo (na imagem de 1943) e o comunismo (na imagem de 1947)?
    2. Como a relação entre Estados Unidos e União Soviética se modificou no período? Explique o contexto histórico de produção de cada cartaz.
    3. Em sua opinião, a propaganda pode afetar o modo como as pessoas se sentem em relação a alguém, a algum produto ou a elas mesmas? Justifique sua resposta.

    4. A partir da década de 1940, o Brasil passou a ser muito influenciado pela cultura estadunidense. A estratégia dos Estados Unidos era aumentar sua influência sobre os países da América do Sul e promover a adoção, pelos sul-americanos, de novos hábitos de consumo. Leia o texto a seguir, sobre a relação entre a propaganda e esses novos hábitos, e analise as imagens. Depois, responda às questões propostas.

    reticências Em várias matérias publicadas reticências o público-alvo das publicidades foi tema de análises cuidadosas. Dentre os vários pontos destacados sobressai a mulher como o elemento diferenciador no consumo de produtos para casa, beleza, indumentária, alimentação e para os filhos reticências. Ao gênero masculino ficava reservada a propaganda de remédios, indumentária, reticências e automóveis esportivos. De um modo geral valorizam-se a juventude reticências.

    MAUAD, Ana Maria. Embrulhado para presente?: fotografia, consumo e cultura visual no Brasil (1930-1960). Domínios da Imagem, Londrina, volume1, número 2, página 32, 2008.

    Cartaz com um anúncio. Na parte superior, a inscrição: ELA MELHOROU A MINHA VIDA... Abaixo, algumas informações e a imagem de um homem sorridente. Ele usa um terno escuro, e segura uma valise marrom com uma das mãos. A outra está apoiada sobre uma pequena moto branca e azul, conhecida como lambreta. Abaixo, imagem de um casal fazendo um piquenique com a moto em um parque.
    Anúncio de motocicleta produzido no Brasil na década de 1950.
    Cartaz em preto e branco com anúncio publicitário. Na parte superior, o texto: ASSIM, A VIDA É MELHOR. Abaixo, uma mulher sorridente, de vestido escuro, apoiada em uma enceradeira. Ao seu redor, imagens de diversos eletrodomésticos, como liquidificador, chuveiro elétrico e batedeira. Na parte inferior do cartaz, a inscrição INDÚSTRIAS REUNIDAS INDIAN EPEL LTDA.
    Anúncio de eletrodomésticos produzido no Brasil em 1947.
    1. De acordo com o texto, em que tipos de anúncio as mulheres e os homens aparecem? O que se pode concluir a respeito disso?
    2. De que modo esses anúncios articulam o consumo de produtos ao bem-estar e à satisfação dos indivíduos?
    1. Agora, você vai fazer uma atividade de pesquisa sobre o papel da propaganda nos dias atuais para responder à seguinte questão: como a publicidade influencia o que as pessoas desejam, suas ambições, suas ideias sobre o mundo e o modo como elas se relacionam com as outras? Para isso, siga estes procedimentos:
      1. Escolha uma categoria de produtos (como automóveis, vestuário, artigos esportivos, produtos de beleza, eletrodomésticos, alimentos ou eletroeletrônicos).
      2. Pesquise, na internet ou em materiais impressos, anúncios recentes (divulgados há, no máximo, um ano) dos produtos que você escolheu. Selecione dois e analise as estratégias utilizadas para convencer o consumidor a adquirir as mercadorias.
      3. Reúna-se com os colegas que pesquisaram a mesma categoria de produtos que você e preparem uma apresentação para a turma expondo as imagens selecionadas e os resultados das análises.
      4. Depois das apresentações, debatam a questão proposta no início desta atividade de pesquisa.

    Glossário

    Taxa de fecundidade
    : taxa que indica a quantidade de filhos que uma mulher tem em média.
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    Jornada
    : nesse caso, série de atividades realizadas em um dia.
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    Intergeracional
    : que envolve a relação entre diferentes gerações.
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    Inerente
    : que constitui ou é uma característica essencial de alguém ou de algo.
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    Enclave
    : território encravado, encaixado em outro.
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    Embargo econômico
    : proibição de realizar comércio internacional com determinado país.
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    Contracultura
    : movimento de rejeição e questionamento dos valores e das práticas da cultura dominante em uma sociedade.
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    Estatizado
    : controlado pelo Estado.
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