CAPÍTULO 11 Dilemas do mundo contemporâneo

Hoje, muitas pessoas têm acesso a produtos, serviços e informações provenientes de diversos lugares do planeta. No mesmo dia podem, por exemplo, assistir, em uma plataforma de vídeos na internet, a um videoclipe de uma cantora estadunidense pela manhã, acompanhar uma série espanhola em uma plataforma de istrímin à tarde e jantar à noite em um restaurante de culinária japonesa. Enquanto fazem essas atividades, podem acessar páginas da internet que apresentam notícias do mundo todo ou as redes sociais para se comunicar com amigos e parentes por meio de celulares produzidos na China ou na Coreia do Sul.

Essa facilidade de acesso a produtos, serviços e informações virtuais, porém, é acompanhada de dilemas como este: será que as pessoas estão privilegiando os relacionamentos virtuais e deixando de prestar atenção naquilo que as rodeia?

Fotografia. Imagem de orientação vertical.  Grafite representando um casal abraçado, um de frente para o outro. Sobre um fundo preto azulado, no centro, um homem de cabelos curtos e escuros, vestido com camisa, terno e gravata está de frente para uma mulher, abraçando pela cintura com uma mão e segurando um celular com a outra mão, atrás das costas da mulher. Ela tem cabelos lisos, escuros, na altura do ombro, veste um blazer e uma saia escura, apoia uma das mãos no peito do homem que a abraça, à frente dela e segura um celular com a outra mão, com o braço em torno do pescoço do homem. Ambos olham para a tela do celular. A luz da tela ilumina o rosto de cada um.
Amantes de celular, grafite de bânquissi na cidade de brístol, Reino Unido. Foto de 2014.
Ícone. Ilustração de um ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. De que fórma o desenvolvimento tecnológico e a possibilidade de conexão virtual modificaram a fórma como muitas pessoas vivem, consomem e se relacionam?
  2. Identifique a relação entre a imagem e o texto e exponha sua opinião sobre a crítica presente no grafite.
  3. Você tem facilidade de acesso à internet? Caso tenha, quanto tempo passa conectado ou fazendo uso de redes sociais? De que fórma isso afeta sua vida?

A construção de uma Nova Ordem Mundial

O que aconteceu no mundo após o fim da União Soviética? Antes de responder a essa questão, será retomada uma parte do que você estudou sobre o fim da Guerra Fria em capítulos anteriores.

No início da década de 1980, a economia soviética estava desgastada em razão do alto custo da corrida armamentista e espacial. Além disso, a população dos países do bloco socialista sofria com a falta de itens básicos, como alimentos. Foi nesse contexto que a liderança de se consolidou na União Soviética. Em 1985, ele assumiu o cargo de secretário-geral do Partido Comunista do país e foi responsável pela implantação de um amplo programa de reformas políticas (glasnóst) e econômicas (perestróica) com o objetivo de superar a estagnação e flexibilizar o regime socialista.

Em 1991, grupos contrários à política de flexibilização e abertura do regime tramaram um golpe de Estado contra Gorbatchóvi, mas foram impedidos pela população russa, liderada por Boris Iéltcin. O resultado desse movimento foi o fortalecimento da figura de Iéltcin, defensor das reformas, que aproveitou a situação para colocar na ilegalidade o Partido Comunista.

Em julho do mesmo ano, o Pacto de Varsóvia chegou oficialmente ao fim. Teve início, então, um movimento de emancipação das repúblicas que formavam a União Soviética, com a desvinculação da Armênia, do Uzbequistão e do Cazaquistão. Pouco tempo depois, em dezembro, Rússia, Ucrânia e Bielorrússia assinaram o Acordo de Mínsqui, criando a Comunidade dos Estados Independentes (sei). Gorbatchóvirenunciou ao poder e o mundo presenciou o fim da União Soviética.

Fotografia. Vista do interior de uma sala de aula em ruínas, com carteiras e móveis quebrados e amontoados e uma camada de lixo e de escombros encobrindo o chão.
Sala de aula abandonada na cidade fantasma de Pripiá, na Ucrânia, epicentro do desastre nuclear de xernobíl. Foto de 2020.
Fotografia aérea. Vista da Usina nuclear de Chernobyl. À frente, grande construção cilíndrica. Ao redor, vegetação. À direita, um tanque de água. Ao fundo, edifícios da usina e, à esquerda, um rio parcialmente seco.
Vista aérea da Usina Nuclear de xernobíl, na Ucrânia. Foto de 2019.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Em 26 de abril de 1986, durante o govêrno Gorbatchóvi, a União Soviética sentiu tragicamente o efeito do desenvolvimento da tecnologia nuclear. Uma falha no reator nuclear número 4 da Usina de xernobíl causou uma explosão e um incêndio que durou dias, contaminando radioativamente a atmosfera. Aproximadamente trezentas e trinta e cinco mil pessoas que viviam ao redor da usina tiveram de abandonar o local e pesquisadores previram que de 4 mil a 9 mil pessoas poderiam desenvolver câncer em decorrência da exposição aos altos níveis de radiação. O número total de mortos é desconhecido, e a destruição ambiental, incalculável. Os cientistas estimam que a área ao redor da usina ficará inabitável por até 20 mil anos.

Analisando o passado

Desastres ambientais decorrentes da ação humana, como o ocorrido na Usina Nuclear de xernobíl, são comuns. Em outubro de 2015, no município de Mariana, em Minas Gerais, por exemplo, houve o rompimento da barragem de uma mineradora. A lama tóxica que estava na barragem se espalhou rapidamente, causando a morte de dezenove pessoas, destruindo uma comunidade inteira, poluindo o Rio Doce e atingindo o oceano.

Poucos dias antes dessa tragédia brasileira, houve o anúncio de que a escritora Isvétlana Alequissêieviti venceu o Nobel de Literatura de 2015. Seu livro, Vozes de xernobíl, publicado no Brasil em 2016, foi descrito pela academia sueca como uma obra polifônicaglossário . Na obra, a escritora nascida na Ucrânia e criada em Belarus, publicou depoimentos dos que sobreviveram a esse terrível desastre nuclear.

Inspirados nessa ideia, os jornalistas Alexandre Guzanche, , Daniel Camargos, Márcia Maria Cruz e Pedro Rocha Franco iniciaram o projeto Vozes de Mariana. Os idealizadores do projeto revisitaram o local da tragédia e, durante duas semanas, ouviram e registraram as histórias de sobreviventes para apresentá-las em textos e vídeos.

Leia o texto a seguir e depois faça as atividades propostas.

“Gente que perdeu gente, gente que perdeu bens materiais, gente que perdeu as referências do passado, gente que ganhou traumas e cicatrizes. Neste caderno especial, a palavra não está com autoridades nem com especialistas. Quem fala em Vozes de Mariana são brasileiros anônimos, vítimas do descaso criminoso. Douglas, Edinaldo, Geraldo, José Pascoal, Leonardo, Leontina, Marcelo, Marcos, Maria do Carmo, Marinalva, Miriam, Nívia, Onézio, Pamela, Paula, Sandra, Zezinho. Porque eles, e tantos outros, não podem ser vítimas também do silêncio”.

CARVALHO, C. M. êti ól Vozes de Mariana. Estado de Minas, 2019. Disponível em: https://oeds.link/14QSSe. Acesso em: 19 abril 2022.

Responda no caderno.

  1. Qual é a intenção dos idealizadores do projeto Vozes de Mariana?
  2. Explique como os idealizadores do projeto procuram expor o ponto de vista de pessoas geralmente esquecidas pela história.
  3. Por que é possível afirmar que o desastre de Mariana tem relação direta com a questão da memória e do esquecimento?
  4. Junte-se a três ou quatro colegas para discutir a importância da memória como meio de reflexão sobre a história e elaborar um pequeno texto a respeito desse tema. Utilizem a experiência de Mariana para embasar seus argumentos.

O fim do bloco socialista no Leste Europeu

O restabelecimento de liberdades políticas na União Soviética durante o govêrno Gorbatchóvi, que tornou possível, por exemplo, a organização de vários partidos, afetou todo o bloco socialista.

No capítulo 7, você estudou o fim do regime socialista na República Democrática Alemã. Além desse país, entre 1989 e 1991, Polônia, Romênia, Hungria e Tchecoslováquia deixaram de fazer parte do bloco comandado pela União Soviética. Na Tchecoslováquia, por exemplo, ocorreu a chamada Revolução de Veludo, movimento que recebeu esse nome por ter sido realizado sem episódios de violência. No fim de 1989, os dirigentes do Partido Comunista desse país renunciaram ao govêrno e Vátiláfi Ravél foi eleito presidente, dando início a um programa de democratização. Em 1993, o país foi dividido em República Tcheca e República da Eslováquia.

Em outros lugares, após a desagregação do bloco socialista, houve violentos confrontos. Esse foi o caso da Iugoslávia que, embora socialista, não estava sob contróle da União Soviética. Comandada pelo marechal Tito, era formada por uma federação de seis repúblicas (Croácia, Macedônia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia e Montenegro) e duas províncias ligadas à Sérvia (Voivodina e cossôvo), englobando pessoas de diversas etnias. Com a morte de Tito em 1980, a crise econômica e a repercussão das reformas realizadas por Gorbatchóvi na União Soviética, vários movimentos nacionalistas se formaram na região.

Em 1991, Croácia, Macedônia e Eslovênia declararam-se independentes. Em 1992, a Bósnia-Herzegovina fez o mesmo. Bósnios islâmicos e croatas apoiaram a independência, mas a minoria sérvia que vivia na região, não. Isso ocasionou uma guerra civil que rapidamente envolveu a Sérvia e a Croácia.

Os conflitos foram extremamente violentos, com a criação de campos de concentração e a promoção de extermínios em massa (limpezas étnicas). A guerra durou até 1995, quando um acordo de paz foi assinado.

Em 1998, a população de cossôvo passou a reivindicar a independência em relação à Sérvia, iniciando um conflito que ficou conhecido como Guerra do cossôvo. O confronto, em que os kosovares foram massacrados pelos sérvios, terminou no ano seguinte com a intervenção de tropas da ônu e a transformação de Kosovo em protetorado internacional. Em 2008, o país novamente declarou a independência, que foi reconhecida por parte da comunidade internacional. A Sérvia até hoje não reconhece a independência de cossôvo.

Fotografia. Três pessoas caminhando em uma rua. Os prédios estão parcialmente destruídos. No chão muito entulho, escombros e sujeira.
Rua em saraiêvo, na Bósnia-Herzegovina, após a cidade ser bombardeada pela Sérvia. Foto de 1992.
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Imagens em contexto!

Na Guerra da Bósnia, morreram mais de duzentas mil pessoas e milhões de outras tornaram-se refugiadas. Um dos líderes envolvidos nesse conflito foi Islobodã Milossevíti. Preso em 2001, ele foi julgado pelo Tribunal Internacional de Crimes de Guerra, em Haia, nos Países Baixos, por crimes contra a humanidade, mas morreu em 2006, antes de o julgamento ser concluído.

O fim do mundo bipolar e o neoliberalismo

A queda do bloco soviético pôs fim ao mundo bipolar. Na configuração que se instaurou ao longo da década de 1990, o planeta passou a ter apenas uma potência dominante: os Estados Unidos.

Na década de 1980, rrônald Rêigan, presidente dos Estados Unidos, e Márgaret Tátier, primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990, implementaram em seus países uma política econômica baseada no neoliberalismoglossário , reduzindo a interferência do Estado na economia e privilegiando o livre-comércio.

Estados Unidos e Reino Unido incentivaram a adoção dessa política por outros países. Um dos primeiros a adotá-la foi o Chile, no período em que era governado pelo ditador Augusto Pinochê (como você estudou no capítulo 10).

Em um primeiro momento houve redução da inflação e crescimento econômico nos países adotantes da política neoliberal, principalmente nos Estados Unidos. Em contrapartida, as políticas neoliberais de redução do Estado e privatização ocasionaram graves problemas em países como Reino Unido e Chile, como a ampliação das desigualdades sociais, a elevação nos níveis de desemprego e o consequente aumento da violência.

Além das medidas econômicas neoliberais, outro fator econômico importante ocorrido nesse período foi a consolidação da ordem monetária mediada pelo dólar estadunidense no cenário internacional, tornando mais fáceis as diversas transações entre países.

Fotografia em preto e branco. Quatro homens reunidos diante de uma mesa na calçada. Ao redor deles e sobre a mesa, banners e cartazes feitos à mão com texto em língua inglesa, colocados no chão e pendurados em uma árvore, à esquerda.
Banca de panfletagem de manifestantes contra o Pôu táquis, em nóting-râm, no Reino Unido. Foto de 1991.
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O Pôu táquis foi um sistema de taxação instituído pela gestão de Márgaret Tátier, que determinava um valor unificado de imposto por habitante. Esse sistema substituiu o modelo anterior de arrecadação, em que o imposto era proporcional ao valor dos imóveis de cada habitante. Muitas pessoas se manifestaram contra o envio de dados para o govêrno e o pagamento dos novos tributos.

A consolidação de uma Nova Ordem Mundial

A economia dos Estados Unidos passou a crescer firme e constantemente nos governos posteriores ao de Rêigan, sobretudo após a eleição de bil clínton, em 1992. Nesse período o país consolidou-se como a maior economia do globo.

Em razão disso, historiadores, geógrafos e cientistas políticos afirmaram que, naquele momento, consolidava-se uma Nova Ordem Mundial. O mundo não se dividia mais entre os blocos socialista e capitalista, passando a ser dominado, de maneira geral, pelo capitalismo.

No século vinte e um, o processo denominado globalização transformou o modo como as pessoas trabalham, relacionam-se e compreendem-se diante do mundo. O neoliberalismo contribuiu de fórma fundamental para esse processo, que tem um de seus pilares na economia global.

Essa economia é caracterizada pela interdependência das economias nacionais, pela integração nas fórmas de produção, que deixaram de ser nacionais para se tornar transnacionais, e pelas trocas de serviço e até de conhecimento entre as diferentes regiões do planeta. Ela se desenvolve cada vez mais, portanto, à medida que diminuem os entraves para a circulação de capitais e produtos pelo mundo.

Na lógica da economia global interdependente formaram-se, na década de 1990, vários blocos econômicos por meio de acordos firmados entre dois ou mais países (analise o mapa). Estados-membros de um bloco (como o Mercado Comum do Sul – Mercosúl) podem, por exemplo, estabelecer um pacto de cobrar tarifas alfandegárias semelhantes. Em outros (como na União Europeia – União Europeia), pode ser definida a imposição de pouquíssimas restrições à circulação de pessoas entre os países-membros. Assim, cada bloco estabelece suas regras.

Outra característica da economia global é a ascensão das empresas transnacionais, que podem, por exemplo, ter séde em determinado país, mas realizar a produção em outro. Geralmente as transnacionais formam um conglomerado de empresas que atuam em diferentes áreas econômicas e estão presentes na maioria dos países.

O valor de mercado de vários dos conglomerados globais é maior que o do Produto Interno Bruto (Píbi) de muitos países. Nesses conglomerados, os acionistas têm parcelas pequenas das empresas: as ações. Os donos do maior número de ações formam conselhos, que, por exemplo, indicam os presidentes e o corpo gestor do grupo. O contrôle desses conglomerados pelos acionistas contribui para fortalecer o capitalismo financeiro, marcado pelas negociações em bolsas de valores e pela especulação.

Mundo: integração regional em blocos econômicos – 2019

Mapa. Mundo: integração regional em blocos econômicos. 2019. Mapa-múndi. Legenda. Rosa: União Europeia (UE). Amarelo: Conselho de Cooperação do Golfo (GCC). Lilás: Acordo Comercial sobre Relações Econômicas entre Austrália e Nova Zelândia. Laranja escuro: Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). Verde claro: Mercado Comum do Sul (Mercosul). Laranja claro: União Econômica Euroasiática (EAEU). Bege: Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Marrom: Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Verde escuro: Acordo de Livre Comércio do Sul da Ásia (Safta)/Associação para a Cooperação Regional do Sul da Ásia (Saarc). No mapa. Destacados em cor de rosa, os países da União Europeia (UE): Portugal, Espanha, França, Irlanda, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, República Tcheca, Áustria, Hungria, Itália, Eslovênia, Croácia, Dinamarca, Polônia, Romênia, Bulgária, Grécia, Estônia, Letônia, Lituânia, Suécia e Finlândia. Destacados em amarelo, os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC): Arábia Saudita, Omã, Emirados Árabes, Qatar, Bahrein e Kuwait. Destacados em lilás os países do Acordo Comercial sobre Relações Econômicas entre Austrália e Nova Zelândia: Austrália e Nova Zelândia. Destacados em laranja escuro, os países do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA): Estados Unidos, México e Canadá. Destacados em verde claro, os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul): Brasil, Argentina, Venezuela, Paraguai e Uruguai. Destacados em laranja claro, os países da União Econômica Euroasiática (EAEU): Federação Russa, Cazaquistão, Quirguistão e Bielorrússia. Destacados em bege, os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean): Indonésia, Malásia, Brunei, Vietnã, Camboja, Tailândia, Laos, Mianmar. Destacados em marrom, os países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC): República Democrática do Congo, Angola, Namíbia, Botsuana, África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue, Moçambique, Zâmbia, Malauí, Tanzânia, Madagascar. Destacados em verde escuro, os países do Acordo de Livre Comércio do Sul da Ásia (Safta)/Associação para a Cooperação Regional do Sul da Ásia (Saarc): Índia, Nepal, Butão, Bangladesh, Paquistão, Afeganistão. No canto inferior esquerdo, legenda com os itens descritos acima. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de zero a três mil quilômetros.

FONTE: Lissóvôliqui, Y.; Bistritesquí, A.; Lissóvôliqui, Y. Rêidional trêide blóquis as supórtin istróctiuris in glôbal góvernenci. gê vinte inçáitis, 6 maio 2019. Disponível em: https://oeds.link/hhIjJB. Acesso em: 2 junho 2022.

Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Pode-se pensar que a formação de blocos econômicos contraria a ideia de globalização, pois decorre de acordos entre alguns países, restringindo os demais. Isso, contudo, não ocorre, pois os países buscam firmar relações com todos os blocos para ampliar sua inserção no mercado internacional. Além disso, vários países integram mais de um bloco ao mesmo tempo.

Globalização e comunicação

A crescente integração mundial, característica da globalização, foi possível também em razão do intenso desenvolvimento dos meios de transporte e, principalmente, dos meios de comunicação ao longo do século vinte e no século vinte e um.

O desenvolvimento de tecnologias de transmissão, como a fibra ótica, e a disseminação e a popularização do acesso à internet caracterizaram a chamada Terceira Revolução Industrial, que foi marcada pelo aprimoramento da robótica (e sua adoção nos meios de produção), da microeletrônica e da biotecnologia.

A popularização dos computadores pessoais e a transformação dos celulares em microcomputadores nas últimas décadas também são traços característicos dessa revolução informacional presente na globalização e afetam praticamente todos os modos de vida no planeta.

A ordem mundial multipolarizada

No início do processo de globalização, os Estados Unidos ocuparam o papel de protagonistas. Por que apenas inicialmente? Porque, no comêço do século vinte e um, com a ascensão econômica de vários outros países, as relações de poder no planeta foram bastante alteradas. Em razão disso, pode-se afirmar que a ordem mundial é atualmente multipolarizada.

A seguir, você estudará três regiões que compõem a ordem mundial multipolarizada: Europa, Ásia e América Latina.

Mundo: smartphone – exemplo hipotético de rota, da concepção à distribuição

Mapa. Mundo: smartphone. Exemplo hipotético de rota, da concepção à distribuição. Mapa-múndi. Legenda. Círculo azul: Concepção. Círculo verde: Extração e transformação de matérias-primas. Círculo lilás: Fabricação de componentes. Círculo vermelho: Montagem. Círculo amarelo: Distribuição. Seta verde: Fluxo de matéria-prima. Seta lilás: Fluxo de componentes. Seta laranja: Fluxo da montagem para distribuição. No mapa. Concepção: Estados Unidos. Extração e transformação de matérias-primas: Chile, Brasil, República Democrática do Congo, Zâmbia, Malásia, China, Austrália, Nova Caledônia. Fabricação de componentes: Estados Unidos, Alemanha, Itália, China, Japão, Taiwan, Coreia do Sul, Cingapura. Montagem: China. Distribuição: França. Fluxo de matéria-prima: Taiwan e China recebem de Chile, Brasil, República Democrática do Congo, Zâmbia, Malásia, China, Austrália, Nova Caledônia. Fluxo de componentes: China recebe de Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão, Taiwan, Coreia do Sul e Cingapura. Fluxo de montagem para distribuição: da China para a França. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.790 quilômetros.

FONTE: FERREIRA, G. M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 5. edição São Paulo: Moderna, 2019. página 51.

Ícone. Ilustração de um símbolo de localização sobre um folheto aberto e em branco, indicando o boxe Se liga no espaço!

Se liga no espaço!

Responda no caderno.

O mapa mostra um percurso possível da produção de um smartphone. Explique como esse mapa reforça a ideia de economia global abordada no texto e de que fórma ele se relaciona com os conglomerados globais.

A Europa e a formação da União Europeia

Como você estudou, um dos blocos econômicos formados no século vinte foi a u ê. Os acordos políticos e comerciais que contribuíram para a formação desse bloco foram iniciados ao longo da década de 1950, com a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (céca) e da Comunidade Econômica Europeia (cê ê ê).

Em 1992, foi firmado o Tratado de mastríchi, que entrou em vigor em 1993, modificando o nome do bloco e instituindo a livre circulação de pessoas entre os países-membros e a criação de uma moeda comum, o euro, que passou a circular a partir de 1999.

Atualmente, o euro é a moeda de dezenove países do bloco: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal. Já Bulgária, Croácia, Dinamarca, Hungria, Polônia, República Tcheca, Romênia e Suécia fazem parte da u ê, mas não têm o euro como moeda oficial.

A Ásia contemporânea

Durante a Guerra Fria, o Japão se constituiu como potência econômica graças à parceria com os Estados Unidos e aos grandes investimentos no setor privado. No entanto, na década de 1990, o país passou por um período de recessão econômica gerado, em grande parte, pela especulação imobiliária e de ações das empresas nacionais. Como o Píbi japonês baseava-se muito no setor privado, a crise foi intensa e, desde então, o país tem apresentado índices de crescimento modestos, apesar de manter-se entre as maiores economias do mundo.

Em 2011, os japoneses experimentaram outra crise, provocada por um fenômeno natural: no dia 11 de março desse ano, um terremoto de alta intensidade gerou um tissunãmi que atingiu a região nordeste do país e causou a morte de aproximadamente 18 mil pessoas. Para piorar a situação, o tissunãmiatingiu a Usina Nuclear de Fucuchima, levando à morte mais de .seiscentas pessoas e causando o pior acidente nuclear do mundo desde xernobíl. Diante do perigo de contaminação radioativa, 150 mil pessoas foram deslocadas da região e o episódio reacendeu os debates a respeito do perigo da utilização da energia nuclear.

Fotomontagem. Imagem 1. Quatro personagens do animê Naruto, dois rapazes de cabelo amarelo espetado. Um usa um macacão laranja. Duas moças, uma de cabelo roxo e a outra de cabelo vermelho. Imagem 2. Templo budista. Construção de formato horizontal, com dois pavimentos, paredes vermelhas com ornamentos amarelos, telhado de cor cinza, triangular e curvo com as bordas para cima na parte inferior. Imagem 3. Personagem do animê Dragon Ball. Ele é louro do cabelo espetado. Usa macacão vermelho e blusa azul. Ao redor dele há bolas de fogo amarelas com estrelas de cor laranja. Imagem 4. Capa do mangá Cavaleiros do Zodíaco. Sobre um fundo azul com o título do mangá na parte superior, ilustração de dois personagens vestidos com armaduras brilhantes, um de armadura dourada, outro de armadura de cor cinza azulada. Imagem 5. Cartaz do filme Assunto de Família. Na parte central, fotografia de uma família com adultos e crianças sentados diante da porta de uma casa. Imagem 6. Bandeira do Japão. Bandeira de fundo branco com um círculo vermelho no centro.
Ilustração atual composta de alguns elementos da cultura japonesa: personagens do animê Narutô (1); foto de templo budista em quiôto, de 2019 (2); personagem do animê Drégon Ból (3); capa de mangá de Os Cavaleiros do Zodíaco, de 2013 (4); cartaz de divulgação do filme Assunto de família, do diretor Rirocasú Corêeda, de 2018 (5) e bandeira nacional (6).
O sófti páuer

A Coreia do Sul tornou-se uma importante potência durante a Guerra Fria. No século vinte e um, sua indústria tecnológica ultrapassou a do Japão e a de taiuã, o que tornou o país um polo de tecnologia da informação. Como você estudou no capítulo 7, a Península Coreana é dividida e até hoje as negociações a respeito de um acordo de paz da Coreia do Sul com a Coreia do Norte são difíceis. Elas foram retomadas no ano 2000, mas os testes nucleares conduzidos pelo govêrno norte-coreano dificultam um entendimento desse país com seu vizinho do sul e também com o Japão.

Uma característica comum entre a Coreia do Sul e o Japão é o investimento na indústria cultural com o intuito de construir um sófti páuer. Esse termo é usado para descrever o esforço de um país com a finalidade de promover sua imagem internacionalmente e, assim, obter poder de influência de fórma sutil, por meio do convencimento.

Você já teve contato com algum mangá ou animê japonês ou com as séries sul-coreanas conhecidas como “doramas”, disponíveis em plataformas de istrímin? Já ouviu falar de grupos musicais de kêi póp?

Essas produções culturais relacionadas com a cultura pop geram milhões de dólares para o Japão e a Coreia do Sul. Além disso, esses países investem na indústria cinematográfica, produzindo filmes que são sucesso de crítica e público e ajudam a construir a imagem deles internacionalmente.

Fotomontagem. Sobre um fundo de papel branco com uma clave de sol em azul claro. Imagem 1. Bandeira da Coreia do Sul. Sobre um fundo branco, um círculo de duas cores, metade vermelho (na parte superior), metade azul (na parte inferior). Ao redor do círculo, quatro conjuntos  formados por três traços paralelos segmentados de maneira diferente e na cor preta. Imagem 2. Fotografia de grupo musical composto por 7 homens jovens de cabelos coloridos, lisos e na altura das orelhas. Quatro são loiros, um tem cabelos vermelhos e dois têm cabelos pretos. Todos vestem paletós brancos. Uns usam camisas pretas e calças pretas, outros usam camisas brancas e calças brancas. Três deles usam gravata borboleta, os demais usam gravata regular. Eles estão em pé, um ao lado do outro, formando uma linha horizontal. Imagem 3. Cartaz de série. Na parte superior, o título: POUSANDO NO AMOR. Abaixo, a foto de um militar com uniforme (à esquerda) e de uma moça (à direita). Ao fundo, um paraquedista e o céu azul. Imagem 4. Cartaz de série. Na parte inferior, o título: HOTEL DEL LUNA. Em uma sala de paredes azuis com um tapete azul no centro, homens e mulheres uniformizados um ao lado do outro. Seus uniformes são em tons de azul. As mulheres de blazer, colete e saia. os homens de colete e calça. Imagem 5. Escultura budista feita de pedra de cor branca. Representa uma figura humana, em pé, de túnica longa. Uma das mãos está com a palma para frente, a outra, com a palma para cima, na altura do diafragma. A figura tem os olhos fechados. Sobre a cabeça, carregam uma chapa quadrada. Imagem 6. Fotografia de um palácio horizontal, retangular, com um pavimento, porta larga de formato retangular no centro e uma escadaria de pedra bege na frente de toda a construção, que é sustentada por vigas de cor vermelha e tem painéis verdes na fachada. Tem telhado triangular, com telhas de cor cinza; as bordas inferiores do telhado são curvadas para cima. Sob o telhado, há pinturas decorativas em tons de verde, dourado e vermelho. Imagem 7. Fotografia de um ambiente urbano. No centro, uma avenida com muitas luzes de carros em tons de vermelho. Nas laterais, à esquerda e à direita, muitos prédios altos, espelhados, e em tons de azul.
Ilustração atual composta de alguns elementos da cultura sul-coreana: bandeira nacional (1); o grupo musical bi ti és, em 2019 (2); cartazes das séries Pousando no Amor e Hotel del Luna, ambas de 2019 (3 e 4); foto de escultura budista em Seul, de 2019 (5); foto de palácio em Boquitíun, Seul, de 2019 (6); foto de Ganâm, bairro de Seul, em 2017 (7).
A ascensão chinesa

A economia da China hoje é aberta a investimentos estrangeiros, e a população do país tem certa liberdade econômica, podendo conduzir os próprios negócios. Com a modernização de suas indústrias, a China se tornou uma das principais receptoras de investimentos estrangeiros. Muitas das grandes empresas globais fabricam parte de seus produtos e componentes nesse país por causa da grande disponibilidade e do baixo custo da mão de obra, dos baixos impostos, da facilidade de escoamento dos produtos e do fácil acesso a matérias-primas.

Além da participação estrangeira na economia, a estrutura industrial da China se desenvolveu com uma estratégia de produção massificada de bens de consumo. Atualmente, as empresas do país investem em tecnologia de ponta e diversificam sua produção, que inclui mercadorias com alto valor agregado.

Com a economia em forte crescimento no início do século vinte e um, a China se reuniu ao Brasil, à Rússia, à Índia e à África do Sul, outras economias emergentes contemporâneas, para compor o bríquis (sigla formada pelas iniciais do nome dos cinco países em inglês). O grupo se reúne anualmente desde 2006 para discutir estratégias de cooperação.

A China, no entanto, desenvolveu-se economicamente muito mais que os outros países do bríquis. Em 2010, alcançou o posto de segunda maior potência econômica do mundo, ultrapassando o Japão e ficando atrás somente dos Estados Unidos, seu principal parceiro econômico e com o qual passou a travar diversas disputas a partir de 2018.

O desenvolvimento econômico da China, no entanto, não foi acompanhado de mudanças políticas. O país continua a ser governado pelo Partido Comunista, o único permitido, que tem o contrôle total dos meios de comunicação e reprime manifestações internas contra suas políticas.

Fotografia aérea. À direita, um longo e sinuoso rio com águas de cor verde escura, ao redor do rio, muitos prédios altos e algumas avenidas largas. No rio, algumas embarcações. No alto, o céu azul claro.
Vista de Xangai, a capital financeira da China. Foto de 2021.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

O crescimento econômico nas últimas décadas promoveu uma revolução na China: segundo o Banco Mundial, entre 1978 e 2018, mais de 800 milhões de pessoas deixaram a extrema pobreza no país. Desde a década de 1980, contudo, estão sendo evidenciadas as consequências negativas dessa acelerada modernização. Entre elas estão os problemas ambientais decorrentes da queima de combustíveis fósseis, com níveis alarmantes de poluição do ar e da água.

América Latina hoje

Os processos de integração econômica tratados neste capítulo não atingiram de maneira igual todos os países nem todas as pessoas de um país. Com a globalização, o processo de concentração da riqueza acentuou-se em razão, entre outros fatores, da formação dos conglomerados que controlam as atividades econômicas.

Na América Latina, a concentração de renda característica da globalização somou-se a processos históricos de exclusão social. Além disso, os efeitos da globalização são agravados por questões políticas.

A Argentina, por exemplo, tem enfrentado fortes recessões econômicas desde o início do século vinte e um. Em 2015, os argentinos elegeram para a Presidência do país Maurício Macri, conservador e defensor do neoliberalismo e de políticas de austeridade. Ao longo de seu mandato, Macri cortou os investimentos públicos, baixou os impostos para as exportações de produtos e liberou reajustes gigantescos no preço de serviços e bens que antes eram subsidiados pelo Estado. As medidas, no entanto, não alcançaram os resultados almejados e o país entrou em profunda crise, com desvalorização histórica de sua moeda, o peso argentino, pondo em xeque o modelo neoliberal e sua eficiência na região e no contexto atual.

Em 2019, Macri foi derrotado nas eleições pelo candidato peronista Alberto fernández, que prometeu melhorar a assistência social aos argentinos. No entanto, até o meio de seu mandato, o país ainda estava em recessão econômica.

Fotografia. Vista de um ambiente urbano. À frente, blocos empilhados e um trator amarelo. Atrás, no centro da imagem, formando uma linha horizontal, moradias populares, aglomeradas, umas sobre as outras, algumas delas com até cinco andares. As construções não tem acabamento externo, suas fachadas são feitas de tijolos na cor marrom. Algumas casas, à direita, têm tons de cinza e de concreto. Algumas tem roupas penduradas em varais nos pavimentos superiores. Ao fundo, grandes prédios altos, verticais.
bíla trinta e uno, a favela mais antiga de Buenos Aires, Argentina. Foto de 2019.
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Com o aumento da desigualdade social na Argentina nos últimos anos, a situação dos moradores da Villa 31, assim como das demais favelas do país, que já era precária, piorou.

A crise na Venezuela

Em 1998 foi eleito para a Presidência da Venezuela Hugo tcháves, defensor do bolivarianismoglossário que adotava uma postura de oposição aos Estados Unidos e às políticas neoliberais. Ao longo de seu govêrno, tcháves baseou a economia do país principalmente na exploração do petróleo e estabeleceu várias ações assistencialistas.

Com suas estratégias políticas e econômicas, tcháves conseguiu diminuir a pobreza no país, mas sofreu grandes perdas com a queda no preço do petróleo e, ao longo dos anos, comprometeu a estrutura democrática do país e reprimiu fortemente a oposição. Para manter-se na liderança, o presidente alterou a constituição, sendo reeleito em 2006 e 2012, em votações marcadas por diversas denúncias de fraude.

Com a morte de tcháves, em 2013, foram realizadas eleições, que foram vencidas por seu vice, Nicolás Maduro. Nesse contexto, a crise econômica do país piorou, e o govêrno passou a perseguir e torturar opositores. Em 2013, o país começou a enfrentar uma grave crise humanitária, com falta de alimentos, baixos salários e elevação do nível de pobreza. Diante dessa situação, milhares de venezuelanos abandonaram o país, dirigindo-se para o Brasil e outros locais.

Em 2016, retirou poderes da Assembleia Nacional e, em 2019, Ruán Guaidó, presidente da Assembleia e líder da oposição, autoproclamou-se presidente interino do país. manteve-se no poder e a crise política afetou ainda mais a população. Em virtude dessa situação, o país foi suspenso do Mercosúl em 2016, por descumprimento do protocolo de adesão, e em 2017, por ruptura da ordem democrática.

Fotografia. Pessoas em um acampamento improvisado em uma área de terra batida. As tendas são feitas com lonas e tecidos sobrepostos, presos em estacas. Os pertences das pessoas estão aglomerados sob as tendas. À esquerda, há um varal pendurado fora de uma tenda, com roupas de crianças, roupas de cama e um colchão pendurado.
Indígenas Uaráo, vindos da Venezuela, acampados em Boa Vista (Roraima). Foto de 2017.
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Entre os imigrantes venezuelanos no Brasil, estão os integrantes do povo Uaráo. Com o território afetado pela poluição e pela invasão de agricultores e pecuaristas, os Uaráo foram obrigados a se deslocar para os centros urbanos da Venezuela a partir dos anos 1970. Diante da crise econômica venezuelana, eles passaram a migrar para o Brasil em busca de melhores condições de vida. Pacaraima e Boa Vista, no estado de Roraima, Manaus, no Amazonas, e Belém, no Pará, são os locais para onde se dirigiram os Uaráo, que enfrentam no Brasil uma série de dificuldades, como a barreira do idioma e o racismo.

Conflitos no Oriente Médio

A população do Oriente Médio sofre com a violência e a precariedade social. A região, rica em petróleo, oscila entre períodos de relativa paz e tolerância e momentos de forte tensão interna e internacional ao longo da história.

A Revolução Iraniana

No início dos anos 1940, o Irã passou a ser governado pelo Morrâmed Resa Pálevi. Em 1953, com apôio logístico dos Estados Unidos, o líder iraniano instalou uma ditadura pró-ocidental no país. O Irã era um dos grandes produtores de petróleo do planeta, e estender sua área de influência sobre a região era fundamental para os estadunidenses no contexto da Guerra Fria.

Assim, o govêrno de Pálevi deu início a uma série de medidas destinadas a transformar o Irã em potência global. Ele nacionalizou empresas de petróleo e aumentou as exportações do produto. No entanto, a modernização da economia iraniana não foi acompanhada da melhora das condições de vida da população. A pobreza e a inflação continuavam a castigar muitos iranianos. Além disso, a modernização dos costumes, com a entrada de valores e hábitos ocidentais, não significava mais liberdade política. O govêrno reprimia duramente manifestações contrárias a ele.

Esse conjunto de fatores, associado aos problemas de um govêrno autocrático, corrupto e violento, desagradou a maioria muçulmana, que, em 1979, se revoltou. O episódio, que marcou a história recente do Oriente Médio, foi denominado Revolução Iraniana (ou Revolução Islâmica) e deu início a um regime fundamentalista islâmico no Irã. A liderança foi assumida pelo aiatoláglossário Comeíni, que estava no exílio, na França, e retornou ao país.

Fotografia. Ao fundo, um muro com uma pintura representando a bandeira iraniana: três listras horizontais, uma verde (acima), uma branca (no centro) e uma vermelha (abaixo), com inscrições islâmicas em branco acima e abaixo da faixa do centro e um emblema vermelho no centro da faixa branca. À esquerda, pintado diante da bandeira, um senhor de barba longa e branca, vestindo túnica e um turbante pretos. Em primeiro plano, à direita, uma moça com um lenço amarelo cobrindo os cabelos e um casaco amarelo passa diante do muro, caminhando da direita para a esquerda.
Mulher à frente de representação do Comeíni em , Irã. Foto de 2019.
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Na imagem é possível notar o grafite representando a bandeira do Irã ao lado de Comeíni. Com o triunfo da Revolução Iraniana, a shariaglossário passou a ditar as regras da vida social iraniana. As mulheres, por exemplo, foram obrigadas a usar o véu, além de perder o direito ao voto.

Guerra entre Irã e Iraque

Com o triunfo da Revolução Iraniana, os Estados Unidos passaram a ser considerados grandes inimigos nesse país. Os campos de petróleo, desde o período do govêrno de Pálevi, eram do Irã. Contudo, embora nacionalizados, eram explorados por empresas de capital estrangeiro, principalmente por petrolíferas estadunidenses. Com a revolução, o govêrno do Comeíni retomou o contrôle sobre os poços de petróleo. Nesse contexto, teve início a guerra entre o Irã e o Iraque.

Em razão da perda do acesso ao petróleo iraniano, o govêrno estadunidense forneceu apôio para o Iraque atacar o território do Irã em 1980. Liderados pelo ditador sadâm russein, os iraquianos alegaram ter direitos territoriais na região, estendendo o conflito até 1988. Estima-se que aproximadamente 1 milhão de pessoas foram mortas durante a guerra, que terminou sem ganhos de território para nenhum dos lados, mas auxiliou a sedimentar a Revolução Islâmica no Irã e a fortalecer o govêrno de sadâm russein, que saiu do conflito com um forte aparelho militar.

Fotografia. Vistos de frente, quatro militares de capacete vestidos com roupas camufladas de cor verde andando entre os escombros de uma cidade. Há apenas uma edificação parcialmente em pé, no canto superior esquerdo da imagem. Sobre ela, está hasteada uma bandeira do Iraque: três listras horizontais, uma vermelha (acima), uma branca (no centro), uma preta (abaixo), com uma inscrição, em verde, na faixa do centro.
Militares avaliando os estragos em cidade iraquiana atacada durante o confronto de fôrças do Irã com as do Iraque. Foto de 1984.

A Guerra do Golfo

Fortemente armado, mas com a economia abalada por causa da longa duração da guerra contra o Irã, o Iraque invadiu o cuáit em 1990. O objetivo principal de sadâm russein era controlar as grandes reservas petrolíferas desse país. Com medo do fortalecimento iraquiano na região do Golfo Pérsico, diversos países ocidentais exigiram a retirada das tropas do cuáit, o que foi negado pelo Iraque.

Como resposta, uma fôrça internacional liderada pelos Estados Unidos promoveu a operação Tempestade no Deserto, que contou com tecnologia bélica avançada. O conflito, conhecido como Guerra do Golfo, terminou em 1991, com a assinatura pelo Iraque de um tratado de cessar-fogo. Com o fim da guerra, a ônu impôs diversas sanções econômicas ao país e exigiu que seu arsenal fosse destruído. sadâm russein, no entanto, continuou no governo do Iraque.

Fotografia. Televisão de tubo de moldura preta, com botões e alto-falantes na frente na parte inferior do aparelho. Na tela, de formato quadrado, a imagem de uma construção destruída. Na parte de baixo da tela, a legenda em caracteres brancos: 'Liberado pelos censores iraquianos. Bagdá, Iraque.'
Imagem da destruição de Bagdá, no Iraque, transmitida pela televisão estadunidense durante a Guerra do Golfo, em 1991.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Resuma os fatores que ocasionaram o processo de dissolução do bloco soviético.
  2. Qual foi a principal consequência geopolítica do fim do bloco soviético?

Os atentados terroristas nos Estados Unidos

Os conflitos no Oriente Médio marcaram a história contemporânea, e uma das consequências dessa instabilidade na região foi a formação de grupos terroristas. Esses grupos, que já praticavam atentados, ganharam mais visibilidade e poder após 2001.

No dia 11 de setembro desse ano, dezenove pessoas sequestraram aviões e realizaram dois ataques suicidas às Torres Gêmeas do uorold trêide cênter, na cidade de Nova iórque, e um ao edifício do Pentágono, perto da capital, uóshinton. Os ataques tiveram valor simbólico, pois os alvos eram os principais centros econômico e militar da maior potência do mundo. Além dos sequestradores, duas.novecentas e setenta e sete pessoas morreram nos ataques, que foram posteriormente assumidos pela organização fundamentalista islâmica Al Caeda, sob liderança de ozâma bín ládem.

Fotografia. Sob o fundo de um céu azul sem nuvens, as Torres Gêmeas: dois prédios de cor cinza, construídos lado a lado, muito mais altos que os demais ao redor, na parte inferior da imagem. Na torre à esquerda, uma enorme explosão abrangendo vários andares do edifício, em tons de laranja, vermelho e preto. Escombros e fumaça são expelidos para as laterais.  Do topo da torre à direita sai uma densa fumaça preta, levada pelo vento para o alto e a esquerda.
Destruição das torres do uorold trêide cênter, em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 2001.

A resposta estadunidense

A resposta estadunidense aos atentados foi imediata. Ao mesmo tempo que declarou guerra à organização terrorista, o então presidente dos Estados Unidos, Diórdi Dáblio Bûchi, tomou uma série de medidas de segurança para evitar outros ataques. Essas medidas deram origem à chamada Doutrina búch, com base na qual se defendeu a ideia de que os Estados Unidos poderiam intervir militarmente em qualquer país, independentemente de acordos e políticas internacionais.

Na chamada “guerra ao terror”, a atenção dos estadunidenses se voltou para o que eles classificaram como “Eixo do Mal”, um bloco de países compostos de Irã, Iraque e Coreia do Norte, que eram acusados de produzir armas de destruição em massa e de financiar grupos terroristas.

Fotografia. Monumento quadrado em camadas de pedra lisa, de cor cinza, visto de lado. Na parte inferior da imagem, vista de frente, uma placa com alguns nomes gravados, entre eles: Glen Wall, Andrew Anthony Abat, Matthew Timothy O'Mahony e outros nomes, ilegíveis na imagem. Algumas rosas brancas estão espetadas no centro da placa com os nomes. Há rosas vermelhas ao redor das rosas brancas.
Memorial e Museu do 11 de Setembro, no dia do aniversário de 20 anos do atentado. O monumento foi construído no local em que ficavam os prédios do uorold trêide cênter, em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 2021.
As invasões ao Afeganistão e ao Iraque

O primeiro alvo da chamada “guerra ao terror” foi o Afeganistão, bombardeado pelos Estados Unidos em 2001, sem autorização da ônu. O resultado foi a derrubada do govêrno Talibã, acusado de apoiar o grupo Al Caeda e seu líder, ozâma bín ládem.

Mesmo com as forças armadas no Afeganistão, os estadunidenses não conseguiram capturar Bin Láden nessa ocasião. Então, voltaram a atenção para o Iraque e o ditador sadâm russein, acusado de apoiar a Al Caeda e de possuir armas de destruição em massa. Dessa maneira, invadiram o Iraque em 2003, com apôio do Reino Unido, mas novamente sem consentimento da ônu.

Como no Iraque havia importantes reservas petrolíferas, o conflito causou uma grande alta no preço do barril do óleo. Mais graves, no entanto, foram as perdas humanas. O conflito foi encerrado oficialmente apenas em 2011, sendo contabilizadas mais de 100 mil vítimas civis, assim como a destruição do Iraque.

sadâm russein foi capturado em 2004 e julgado pelas leis iraquianas, sendo executado em 2006. Um pouco antes, investigações conduzidas por inspetores dos Estados Unidos demonstraram que o Iraque não produzia armas de destruição em massa, refutando a principal justificativa utilizada pelos estadunidenses para iniciar o conflito.

Apesar das intervenções armadas estadunidenses no Oriente Médio, Bin Láden só foi capturado em maio de 2011 por agentes desse país. Segundo a versão oficial estadunidense, militares o assassinaram e jogaram seu corpo ao mar.

Fotografia. Meninas em um protesto na rua. Ao fundo, elas carregam uma faixa branca com inscrições em caracteres árabes em preto.
Em primeiro plano, à frente do grupo, há duas jovens, lado a lado e ombro a ombro. Cada uma delas com um dos braços levantados. A jovem à direita tem o braço esquerdo levantado. A jovem à esquerda tem o o braço direito levantado. Ambas têm cabelos castanhos e lisos, e usam véus brancos para cobrir parcialmente os cabelos. Estão com as bocas entreabertas, como quem pronuncia algo. A jovem à esquerda uma uma blusa roxa estampada. A jovem à direita usa uma blusa cor de rosa estampada.
Estudantes e refugiadas afegãs durante o protesto da Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão (Ráua – sigla do nome em inglês Révoluxionéri Associêixon óf de uímen óf Afiguenistén), em islamabadi, Paquistão. Foto de 2007.
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O grupo Talibã governou três quartos do território do Afeganistão entre os anos de 1996 e 2001. Durante o tempo em que estiveram no poder, seus líderes promoveram uma guerra contra as mulheres. Casamentos forçados, execuções sumárias, escravidão sexual, uso compulsório da burca e fechamento de escolas para meninas estiveram entre as ações que se tornaram políticas de Estado. Muitas mulheres reagiram a esse sistema de opressão e fundaram a Ráua para lutar por direitos políticos, sociais e humanitários. Em 2021, o Talibã reassumiu o poder no país.

A eleição de baráqui obâma nos Estados Unidos

Na ocasião da execução de Bin Láden, os Estados Unidos tinham como presidente baráqui obâma, que ocupou o cargo de 2009 a 2016 e enfrentou não só os efeitos da política internacional da “guerra ao terror”, mas também a crise econômica de 2008. Essa crise foi iniciada nos Estados Unidos e ocasionada pela especulação imobiliária e pela falência dos investimentos em hipotecas, o que levou muitos estadunidenses a perder tudo, inclusive a casa onde viviam. A crise se disseminou globalmente, atingindo, por exemplo, a União Europeia, sobretudo os países desse bloco com economia mais frágil, como a Grécia.

Obama entrou para a história como o primeiro presidente afro-americano a governar os Estados Unidos. Ele foi agraciado com o prêmio Nobel da Paz em 2009, por seus esforços diplomáticos internacionais e por promover a cooperação entre os povos. Além disso, conseguiu recuperar o crescimento econômico estadunidense e combater os altos índices de desemprego no país.

Quanto à política da “guerra ao terror”, o presidente se elegeu com as promessas de fechar a prisão de guantânamo, em Cuba, e de retirar as tropas dos Estados Unidos que ainda permaneciam no Afeganistão e no Iraque. Nenhuma dessas promessas, no entanto, foi cumprida por Obama.

Fotografia. Vistos de costas, em um corredor com um caminho coberto de pedriscos, formado por cercas de arame nas laterais, à esquerda e à direita, com arame farpado no topo, dois militares de cabelos raspados, vestidos com uniformes camuflados em tons de verde, bege e marrom e calçando coturnos pretos. Eles  carregam um preso vestido com um macacão laranja e descalço. Os militares, um de cada lado do preso, o seguram pelos braços e pelas costas. Ao fundo, no final do corredor, sete militares de uniformes e quepes camuflados perfilados, vistos de frente. Atrás deles, presa a uma cerca de arame, a bandeira dos Estados Unidos.
Militares estadunidenses conduzindo um prisioneiro capturado durante a guerra do Afeganistão para a prisão de guantânamo, em Cuba. Foto de 2002.
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A prisão de guantânamo, na base naval estadunidense de mesmo nome, começou a ser utilizada em 2002 para confinar pessoas acusadas de terrorismo. No início, a maior parte dos prisioneiros era formada por combatentes capturados nas guerras do Afeganistão e do Iraque. O complexo de detenção foi alvo de muitas críticas internacionais em virtude da violação de direitos humanos.

A Primavera Árabe

No final de 2010, período em que baráqui Obama era presidente dos Estados Unidos, ocorreu no Oriente Médio e no norte da África a Primavera Árabe. Esse nome foi atribuído pela mídia ocidental a uma série de protestos ocorridos em países como Tunísia, Egito, Líbia, Argélia, Jordânia, Iêmen, Marrocos e bárrein.

A primeira manifestação ocorreu na Tunísia, quando um comerciante local, após ter sofrido repressão policial, suicidou-se, ateando fogo ao próprio corpo. O fato desencadeou uma série de manifestações em oposição ao govêrno autoritário do então presidente Zim êl Abidín Bem Áli, que se encontrava no poder havia 23 anos. As mobilizações levaram à renúncia do presidente, que fugiu para a Arábia Saudita.

Nos meses seguintes, os protestos se expandiram para outros países. Em cada local, havia peculiaridades políticas, mas várias pautas eram comuns, como a situação da população diante da crise econômica, os altos índices de desemprego e a falta de democracia.

A principal novidade dessas manifestações foi o uso da internet e das redes sociais para convocar greves, passeatas e comícios. Na maior parte dos países, como Jordânia e Argélia, a situação política manteve-se como antes dos protestos. Em outros, porém, as manifestações ocasionaram a renúncia ou a deposição de líderes autoritários, como Muamár Cadáfi, na Líbia, e Rosní Mubarác, no Egito. Na Tunísia, foi instaurado um processo democrático de eleições. Já no Egito, a eleição foi seguida de um golpe militar. Houve também países, como a Líbia, o Iêmen e a Síria, em que as mobilizações foram sucedidas de guerras civis.

A Guerra da Síria

Na Síria, as manifestações da Primavera Árabe se transformaram em conflitos armados, com a tentativa de deposição do ditador . Em 2011, teve início uma violenta guerra civil entre quatro grupos que dominavam diferentes áreas do país:

  • a República Árabe da Síria, liderada por Bachár al Assád e apoiada pela Rússia, pelo Irã, pelo Iraque e pelo grupo terrorista Resbolá;
  • o Partido da União Democrática, composto principalmente da minoria curda, que recebeu o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia;
  • o Exército Síria Livre, composto de uma diversidade de grupos e apoiado pelo Catar, pela Arábia Saudita e pela Turquia;
  • o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ê í), grupo terrorista criado em 2003 após a invasão dos Estados Unidos ao Iraque.

Em 2022, a Guerra da Síria encontrava-se em andamento, alternando fases de maior e menor violência.

Fotografia. Em um espaço aberto, como um estádio esportivo com arquibancada, desfocado ao fundo, no centro, uma fila com treze mulheres jovens, militares vestidas com farda verde escura, bolsas com alças presas nos ombros e armas de cano longo apoiadas ao lado de seus corpos. Estão perfiladas. Ao fundo, desfocadas, há mais mulheres jovens com uniformes militares.
Integrantes da Unidade de Defesa das Mulheres em desfile militar para comemorar a expulsão do da cidade de Rasáca, na Síria. Foto de 2019.
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A unidade mostrada na imagem é formada apenas por mulheres curdas. As mulheres tiveram papel de destaque na Guerra da Síria, principalmente nas frentes de resistência curda ao Estado Islâmico. Os curdos são a maior nação sem pátria na atualidade. Estão espalhados entre a Turquia, a Síria, o Iraque, o Azerbaijão, o Irã e, mais recentemente, muitos tornaram-se refugiados na Europa.

A ascensão do Estado Islâmico

O grupo se fortaleceu a partir de 2013, com a Guerra da Síria. Em 2014, divulgou o objetivo de formar um califado nos territórios sob seu contrôle e consolidar um regime político derivado da interpretação da Lei Islâmica, a , instituindo a ilegalidade da homossexualidade, rígidas normas de conduta para as mulheres e a execução daqueles considerados apóstatasglossário .

Para ampliar sua área de influência e contando com o apôio dos iraquianos sunitas e de opositores de na Síria, o controlou várias cidades na Síria e no Iraque, espalhando o terror com a execução de integrantes de grupos étnicos, religiosos e minorias, como homossexuais e muçulmanos xiítas, além de escravizar mulheres e crianças, chegando a trocá-las por recursos e armamento.

Uma das principais estratégias utilizadas pelo foi a promoção do medo e do terrorismo. Assim, o grupo articulou diversos ataques no Oriente Médio. No ocorrido em Bagdá, no Iraque, em 2016, por exemplo, integrantes do provocaram a explosão de um carro-bomba, matando muitas pessoas.

Os atentados foram direcionados também a países do Ocidente, com o objetivo de retaliar a participação deles nos conflitos na Síria. Assim, em novembro de 2015, o grupo promoveu uma série de atentados com bombas e metralhadoras em Paris, na França. O mesmo se deu no aeroporto de Bruxelas, na Bélgica, em 2016, quando ocorreram ataques suicidas. Ambos os ataques ocasionaram muitas vítimas.

O fim do califado na Síria ocorreu apenas em 2019, quando milícias curdo-árabes eliminaram os últimos terroristas no povoado sírio de Bágus, na fronteira com o Iraque. O , contudo, continua ativo, com membros provenientes de vários países.

Fotografia. Vista noturna de um ambiente urbano. À esquerda, pessoas reunidas formando um semicírculo em frente a um grande mural com cartazes e desenhos, à direita. No centro da imagem, aos pés do mural, muitas velas acesas e ramalhetes de flores. No canto superior direito, os postes de iluminação pública da cidade, com luzes em tons de amarelo, mais ao fundo, árvores e edificações iluminadas.
Homenagem às vítimas do atentado em Paris, França. Foto de 2015.
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Os atentados terroristas promovidos em diferentes lugares e as execuções sumárias transmitidas ao vivo, pela internet, são característicos do . O grupo usa a internet também para recrutar membros em diversos continentes pelas redes sociais e sites. Assim, jovens da Europa, da América do Norte e da Oceania, por exemplo, por não ser aceitos e sofrer preconceitos nesses locais, entre outros motivos, identificam-se com os apelos do divulgados na internet e se juntam ao grupo extremista.

As democracias sob ameaça

A internet, como você estudou, foi usada como ferramenta para atrair membros para o grupo terrorista . Diante disso, muitos países, principalmente os Estados Unidos, passaram a usar o terrorismo como justificativa para monitorar os dados e as informações que circulam na internet.

A contradição entre o direito à privacidade e a segurança de um país é bastante discutida desde 2013. Nesse ano, um funcionário da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (êne ésse a – sigla do nome em inglês Náxional Sequiúriti Êigenci), chamado éduard isnôuden, revelou à imprensa que essa agência espionava, com auxílio de grandes empresas relacionadas à internet, a comunicação de chefes de Estado de países estrangeiros e também de pessoas comuns, dentro e fóra dos Estados Unidos.

Tirinha. História em um só quadro. À esquerda, ao fundo, uma prateleira branca com diferentes modelos de computadores em exposição. Em primeiro plano, uma mulher vista de lado, loira, de cabelos curtos e crespos, faixa rosa de bolinhas prendendo os cabelos,  óculos de armação preta, brincos de argola dourados, camisa azul e bolsa cor de rosa nos ombros. Ela está com o corpo voltado para a direita. À direita, atrás do balcão de uma loja, diante de uma vitrine com diferentes modelos de aparelho celular, retangulares, com tela preta e nas cores branco, vermelho e azul., Um homem careca, de óculos escuros, vestido com um terno cinza, camisa branca e gravata preta. Atrás dele, uma placa de fundo branco com a palavra Celulares. Ele  está com uma mão às costas e a outra apontando para a frente com o dedo indicador em riste. Tem um sorriso lateral no rosto e a boca aberta. O homem de óculos escuros com o balão de fala:  NOSSA PESQUISA MOSTRA QUE ESSE É O MODELO COM A MELHOR QUALIDADE DE SOM E COBERTURA!. A mulher segurando a bolsa rosa com o balão de fala: VOCÊ TRABALHA AQUI?. O homem responde: NÃO... EU SOU DA NSA!.
Crítica à captura de dados pessoais pela êne ésse a em tirinha de rób ródgers, 2013.
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Episódios envolvendo a denúncia de práticas consideradas abusivas de contrôle da internet por governos demonstram que atualmente a posse de dados e de informações é tão importante para um país quanto a liderança econômica e militar.

Diante do medo e da insegurança provocados por conflitos e pelo terrorismo, além da desconfiança generalizada nas instituições atuais, muitas pessoas passaram a aprovar propostas políticas xenofóbicas, ultranacionalistas e antidemocráticas. Assim, a aversão ao diferente espalhou-se com fôrça pelo mundo, alimentada por debates sensacionalistas na imprensa e pelos efeitos da crise econômica, possibilitando o fortalecimento da extrema direita e de políticas ultraconservadoras ao longo da década de 2010.

Em 2016, a população dos Estados Unidos elegeu para a Presidência o empresário dônald tramp, que articulou uma campanha baseada em promessas políticas de dificultar a entrada e a permanência de imigrantes no país e em discursos nos quais apelava para sentimentos de nacionalismo e xenofobia, instigando a população a confiar em suas promessas e informações mesmo que elas fossem baseadas em mentiras.

Durante seu govêrno, foi anulada a decisão de fechar a prisão de Guantánamo. Além disso, foram colocadas em prática medidas contra os imigrantes em situação ilegal que violavam os direitos dessas pessoas, como aprisionamento em centros de detenção fronteiriços, onde crianças eram separadas dos pais e mantidas em condições insalubres.

Dica

FILME

Privacidade raqueada

Direção: Carím Amér e djerrân nudjeim. Estados Unidos, 2019. Duração: 114 minutos

Nesse documentário é explorado o tema da coleta e do uso de dados pessoais por empresas de tecnologia, sobretudo as proprietárias de redes sociais, para influenciar os usuários a consumir produtos e até interferir em eleições presidenciais, como a de 2016, nos Estados Unidos.

A União Europeia e a crise migratória

Os problemas migratórios se agravaram, sobretudo, a partir de 2014, com o avanço da Guerra da Síria, que obrigou milhões de pessoas a abandonar o país. Nesse contexto, países como Alemanha, França e Grécia desenvolveram projetos de acolhimento e auxílio, ao mesmo tempo que fecharam suas fronteiras para tentar controlar a entrada de mais refugiados no continente. Expulsões ilegais de pessoas ocorreram em diversos países, como Bulgária, Espanha e Grécia.

Refugiados de diversos países da África e do Oriente Médio tentaram chegar à Grécia e à Itália pelo Mar Mediterrâneo em pequenas embarcações, muitas das quais não resistiram ao percurso e afundaram. Além de enfrentar as duras condições para atravessar o mar, muitos refugiados, ao chegar ao continente europeu, foram proibidos de desembarcar ou abandonados à própria sorte sem nenhum tipo de auxílio. Diversas Organizações não Governamentais (ônguis) se mobilizaram para resgatar refugiados em águas internacionais, mas muitas vezes foram impedidas de atracar em países como a Itália.

Diante da crise migratória, os países da União Europeia reviram suas políticas de migração e asilo, estabelecendo planos para lidar com as causas do problema e tentar distribuir os refugiados pelo território.

Essa crise de refugiados, assim como suas consequências econômicas, sociais e políticas, foi um dos principais motivos pelos quais a população do Reino Unido aprovou, por meio de um plebiscito realizado em 2016, a saída do país da u ê. O processo de desligamento do Reino Unido do bloco ficou conhecido como bréc zit (abreviatura do termo Brídichi équisit, ou seja, “saída britânica”) e foi marcado por uma série de negociações, que envolveram o pagamento de uma multa e o debate a respeito das relações políticas que seriam mantidas entre o país e o restante da Europa.

Fotografia. Sobre o mar azul escuro com um morro coberto de vegetação rasteira ao fundo, no centro da imagem, sobre as águas, um bote salva vidas inflável de cor preta. Há cerca de 26 pessoas à bordo do bote, homens, mulheres e crianças. Algumas pessoas estão com coletes salva-vidas nas cores azul, vermelha ou laranja. Há três boias pretas apoiadas na lateral do bote. Nas águas, próximas ao bote, há três pessoas vistas de costas, duas com colete salva-vidas laranja, uma com colete vermelho. Na parte inferior da imagem, três homens  com coletes salva-vidas nadando.
Bote superlotado de imigrantes sírios e afegãos próximo à Ilha de Lesbos, na Grécia. Foto de 2015.
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As restrições aos refugiados e os diversos problemas que eles enfrentam são características do século vinte e um. O aumento do número de refugiados resultou de conflitos religiosos, territoriais e culturais. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, em 2015 mais de 1 milhão de pessoas migraram para a Europa, fugindo da Síria e de outros países marcados por conflitos, como o Afeganistão, o Iraque, o Sudão do Sul e a República Democrática do Congo.

A sociedade globalizada e em contestação

Até o momento, você estudou principalmente os aspectos econômicos e políticos da globalização, relacionados a conflitos no mundo contemporâneo. O processo de globalização, porém, envolve outros aspectos, como o cultural, ao difundir valores e modos de vida diversos, mas predominantemente ocidentais e estadunidenses. Você já reparou na quantidade de músicas produzidas nos Estados Unidos que são divulgadas no Brasil? Essa é apenas uma das características desse processo.

Outra característica é a rápida disseminação de causas e movimentos sociais, muitos dos quais deixam de ser regionais para se tornar globais. O movimento mi tiú (“Eu também”), desencadeado em 2017, por exemplo, começou como uma série de denúncias de assédio sexual praticadas em Roliuúdi, nos Estados Unidos. Com o passar dos dias, ganhou o mundo por meio da popularização da hashtagglossário rréchitégui (cerquilha, sustenido)mi tiú nas redes sociais, encorajando mulheres de diferentes países a denunciar o assédio sexual que sofriam por parte de empregadores, colegas de trabalho e familiares.

A facilidade de disseminação de causas pela internet também pode ser usada para denunciar o agravamento das desigualdades sociais geradas pela economia global e para defender a cultura e a autonomia de diferentes povos. Desde a década de 1990, são organizados movimentos sociais anticapitalistas e contra a globalização, como a Ação Global dos Povos, que foi responsável pelo protesto realizado em 1999, na cidade estadunidense de Ciátou, em frente ao local onde ocorria uma reunião da Organização Mundial do Comércio (ó ême cê).

Fotografia. Vista do alto, uma multidão em uma manifestação em uma avenida larga. As pessoas carregam bandeiras, estandartes e faixas.  à esquerda, vista parcial de um prédio branco com janelas de vidro.
Manifestação pelo fim do assédio sexual e de outros tipos de violência contra as mulheres, entre outras reivindicações, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), no Dia Internacional da Mulher. Foto de 8 de março de 2019.
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Um ano e meio antes do mi tiú, havia ocorrido no Brasil um caso similar, com a difusão da réchitégui rréchitégui (cerquilha, sustenido)PrimeiroAssédio, em que mulheres de várias idades denunciaram assédios que sofreram. A mobilização pelas redes sociais pode encorajar muitas mulheres a lutar por seus direitos.

O cansaço e a fragilidade das conexões em uma sociedade hiperconectada

As possibilidades abertas pela disseminação do acesso à internet podem transmitir um sentimento de que tudo é possível e alcançável hoje em dia. Apesar de parecer positivo, esse sentimento pode gerar angústia quando os indivíduos percebem que nem sempre são capazes de fazer tudo.

Segundo o filósofo sul-coreano Byung-Chul, Rã, a lógica neoliberal de que o indivíduo precisa apenas ter dedicação e vontade para alcançar seus objetivos produz uma sociedade do cansaço. Nessa sociedade, as pessoas vivem angustiadas e se autoexploram acreditando que o esforço individual é suficiente para mover o mundo. Em razão disso, o início do século vinte e um se caracterizou pela disseminação de doenças como a depressão e a síndrome de burnoutglossário .

A rapidez das mudanças e das transformações também foi objeto de análise do filósofo polonês ziguimun báuman (falecido em 2017). De acordo com ele, a modernidade é líquida, ou seja, não tem solidez, pois nada é feito para durar. báuman aplica essa ideia a diversos campos, como o dos relacionamentos, afirmando que as ideias, as estruturas e os sentimentos no mundo moderno são confusos e propensos a mudar com imensa rapidez. Isso gera, de acordo com báuman, insegurança, incapacidade de agir e incerteza em relação ao futuro. Esses sentimentos produzem angústia e contribuem para a utilização do hábito do consumo como maneira de alcançar uma felicidade instantânea e passageira.

Sociedade do consumo em conflito com o meio ambiente

Outro problema enfrentado pelas sociedades atuais está relacionado ao meio ambiente e ao esgotamento dos recursos naturais. A lógica consumista do capitalismo incentivou a extração desmedida de materiais naturais, como madeira, minerais e água, para a produção de automóveis, celulares, eletrodomésticos e roupas, entre muitas outras mercadorias, degradando o meio ambiente e produzindo dejetos que poluem o ar e os rios.

A produção de gases poluidores, como o monóxido de carbono, pela queima do petróleo e de outros materiais, intensifica um dos mais graves problemas da atualidade: o efeito estufa, responsável pelo aquecimento global e, consequentemente, pelo desequilíbrio da fauna e da flora.

O estabelecimento de acordos climáticos com o objetivo de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa – como o Protocolo

Dica

FILME

De tru cóst (O custo verdadeiro)

Direção: éndrú mórgan. França, 2015. Duração: 92 minutos

O documentário trata de moda, consumo e questões socioambientais, demonstrando que produtos vendidos em larga escala estão diretamente associados a um complexo conjunto de relações de trabalho e exploração, com impactos severos sobre a população do local em que são fabricados e o meio ambiente.

Cartaz. Sobre um fundo branco, na parte inferior do cartaz, sobre uma faixa cor de rosa, o título: THE TRUE COST. No centro, três pessoas em pé, um homem com roupas pretas, uma mulher de vestido curto cor de rosa e uma mulher com blusa preta e calças jeans, Os três têm as cabeças cobertas por sacolas de compras  de papel na cor preta. No chão, ao redor das pessoas, sacolas cheias de compras. No alto, o texto em caracteres cor de rosa, originalmente em inglês: Quem paga o preço de nossas roupas?.
Cartaz de divulgação do documentário Sênt, de 2015.

de quiôto (discutido e negociado em 1997 pelos países que integram a ônu e em vigor desde 2005) e o Acordo de Paris (assinado em 2015 como substituição ao Protocolo de quiôto) – é insuficiente para reverter esse processo, sendo, muitas vezes, desvalorizado por alguns governos.

Diante dessa situação, os graves problemas ambientais causados pela sociedade de consumo podem resultar no extermínio da humanidade. Por isso, é fundamental revisar esse modo de vida, repensando hábitos de consumo e modelos de produção e tendo como horizonte o desenvolvimento sustentável.

Segundo o filósofo francês Gíli Lipovetsquí, tais hábitos são parte importante da sociedade atual, caracterizada pelo uso de bens de consumo como ferramentas culturais e profissionais, e devem ser tolerados. No entanto, o consumo não deve ser encarado como um ideal de vida nem ocupar o papel central na sociedade. Em outras palavras, a felicidade do indivíduo não deve ser medida por aquilo que ele pode ou não comprar.

Fotografia. No centro da imagem, dois ursos polares, vistos de costas, olhando para a câmera, com os olhos e a ponta do focinho pretos e a pelagem em tons de branco e bege.  Ao redor deles, o chão coberto por lixo, caixas de madeira, latas, copos plásticos, sacolas, embalagens plásticas e muitos outros materiais.
Ursos-polares buscando comida em lixão no arquipélago de Novaia Zímilia, Rússia. Foto de 2018.
Fotografia. Imagem subaquática. No centro da imagem, no fundo do mar,  uma tartaruga marinha com o corpo e em tons de bege, marrom e branco, abocanhando um pedaço de plástico vermelho. Ao redor dela, em meio ao azul das águas, muito lixo plástico, desde o fundo até a superfície: uma bandeja de isopor amarela, potes, embalagens plásticas, um vaso e muitas sacolinhas.
Composição fotográfica mostrando uma tartaruga marinha comendo um copo plástico em meio ao lixo no Oceano Índico, em 2018.
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Imagens em contexto!

O ser humano faz parte do planeta e, portanto, causa impactos ambientais desde que surgiu. Contudo, principalmente desde a Revolução Industrial, parece que o ser humano perdeu o vínculo com a natureza, explorando-a de fórma desmedida e ocasionando cenas como as mostradas nas imagens desta página. Só há um planeta Terra, e todas as espécies que o habitam merecem estar nele tanto quanto os humanos.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Demonstre a relação entre a União Europeia, a crise econômica e a crise migratória contemporânea.
  2. Resuma o fenômeno do terrorismo global.
  3. Aponte e explique um movimento social que se disseminou pela internet.

Atividades

Responda no caderno.

Organize suas ideias

  1. Leia as afirmações a seguir e, no caderno, identifique as verdadeiras e as falsas.
    1. O enfraquecimento do Japão nos últimos tempos abriu espaço para o fortalecimento de outros países asiáticos, como China e Coreia do Sul, na geopolítica mundial.
    2. Desde a década de 1990, o Japão enfrentou crise econômica e até desastres ambientais, como o causado pelos terremotos e tissunãmis de 2011, o que comprometeu sua posição geopolítica.
    3. A China cresceu economicamente em razão dos baixos custos de produção e mão de obra no país, e até hoje sua indústria é voltada para a produção de bens de consumo de baixíssimo valor.
    4. Uma das estratégias da China para a manutenção de seu crescimento econômico é a atuação na economia global por meio da participação em blocos como o bríquis e do estabelecimento de acordos comerciais com vários países.

Aprofundando

2. Na charge, o cartunista britânico Mét Dêivis representa a evolução do telefone para relacionar o smartphone atual, que tem as funções de fotografar e gravar vídeos, com a balança da justiça (em que há a inscrição “justiça racial”). Ao fazer essa associação, ele evidencia o fato de que episódios de racismo gravados no aparelho podem ser denunciados pela internet para o mundo todo. Isso ocorreu, por exemplo, após o assassinato do estadunidense negro George Flóid por policiais brancos em 2020. A repercussão do caso reacendeu o movimento Bléqui láivis mérer, e, em 2021, o policial que assassinou Flóid foi condenado à prisão por homicídio.

Charge. A EVOLUÇÃO DO TELEFONE. Sobre um fundo branco, formando uma linha diagonal, do topo à esquerda, à parte inferior, à direita, quatro tipos de aparelhos de telefone e uma balança de pratos. No centro, na parte superior da imagem, uma placa amarela com o título da charge em preto A evolução do telefone. No topo, à esquerda, um telefone comprido e retangular, de cor marrom, com uma manivela no centro e um alto-falante de formato cilíndrico e preto preso a um gancho preto na lateral. O alto-falante está preso ao equipamento retangular por um fio preto. Na parte superior do aparelho, duas sinetas douradas. Embaixo dele, a inscrição: MONTADO NA PAREDE. À direita dele, um pouco mais abaixo, um telefone de mesa, com fio, na cor azul, com um disco com furos no centro e o fone encaixado na base. Embaixo, a inscrição: DE DISCAGEM ROTATIVA. À direita dele, um pouco mais abaixo, um aparelho bege, comprido, com teclas na parte central, alto-falante na parte superior e microfone na parte inferior, além de uma grande antena do topo. Embaixo está escrito: SEM FIO. À direita, mais abaixo, telefone celular cinza, fino, que abre e fecha, com a tela na parte superior, uma dobradiça no centro, e as teclas na parte inferior. Embaixo, a inscrição: FLIP. Por último, no canto inferior direito, uma balança dourada com dois pratos. No prato da esquerda, a palavra JUSTIÇA, e no prato da direita, a palavra RACIAL. Ao lado da balança, uma espada dourada. Embaixo da balança está escrito: COM C MERA.
A evolução do telefone, charge de Mét Dêivis, 2020.
Com base nessas informações e na charge, faça o que se pede.
  1. Explique de que fórma a imagem ressalta um aspecto positivo da evolução tecnológica associada à internet e aos meios de comunicação.
  2. Cite outro evento em que as pessoas usaram a internet e as redes sociais para organizar-se em protestos. Identifique o evento e descreva-o brevemente.
  3. Em sua opinião, a evolução dos meios de comunicação traz apenas benefícios para a sociedade? Justifique sua resposta.

3. Neste capítulo, você estudou algumas situações em que as redes sociais foram utilizadas para denunciar casos de violência, disseminar causas e convocar greves e passeatas. Você já se perguntou que tipo de postagem promove engajamento em campanhas de mobilização nas redes sociais? Em geral, nessas publicações, predomina um tipo de discurso conhecido como multimodal, isto é, que reúne elementos das linguagens verbal, visual, sonora e corporal. Nesta atividade, você realizará uma pesquisa sobre esse tipo de discurso, buscando compreender como os diferentes elementos usados para comunicar uma mensagem interagem, criando sentidos complexos que colaboram para a disseminação de causas e o engajamento de pessoas. Para isso, siga as etapas listadas.

Etapa 1 – Tematização

  • Junte-se aos demais colegas e conversem sobre o uso das mídias sociais para ações de mobilização. Procurem se lembrar de campanhas recentes de grande repercussão e das redes sociais em que elas foram divulgadas. Durante a reflexão, é importante que alguém anote as ideias levantadas.
  • Com base nas anotações, escolham uma das campanhas como objeto de pesquisa da turma.
  • Organizem-se para formar quatro grupos. Cada grupo deverá analisar algumas postagens da campanha escolhida ou agendar com o professor um momento para que ele entregue a vocês, de fórma impressa, as postagens que devem ser analisadas.

Etapa 2 – Levantamento

Das publicações encontradas por vocês ou selecionadas pelo professor, escolham as cinco de maior engajamento (visualizações, curtidas, comentários e compartilhamentos).

Etapa 3 – Análise

Elaborem uma ficha de análise comparativa das postagens. É importante que na ficha vocês abordem tanto o que foi enunciado, isto é, o conteúdo das postagens, quanto o que estava por trás da enunciação, isto é, o contexto de produção do discurso. Vocês podem utilizar o modelo a seguir como referência.

EMISSOR

Quem produziu a postagem?

RECEPTOR

Para que público a postagem foi produzida?

ELEMENTOS MULTIMODAIS

Que elementos estão presentes na postagem? O que cada um deles comunica? Que significado é produzido em conjunto? Palavras, fotos, links, hashtags, caixa alta/baixa, cores: todos esses elementos comunicam algo; por isso, é importante descrevê-los e analisá-los.

FINALIDADE

Qual é o caráter da postagem? Exemplos: denúncia, informação, posicionamento e mobilização.

CONTEXTO

Que condições históricas, sociopolíticas e culturais possibilitaram a produção e a repercussão da campanha?


 Etapa 4 – Apresentação e debate

  • Com as fichas preenchidas, apresentem a análise aos colegas dos outros grupos.
  • Com base nas apresentações e nas fichas, debatam os resultados, identificando às semelhanças e diferenças encontradas nas postagens.

4. Leia o texto a seguir, do filósofo polonês ziguimun báuman.

Os membros da sociedade de consumidores são eles próprios mercadorias de consumo, e é a qualidade de ser uma mercadoria de consumo que os torna membros autênticos dessa sociedade. Tornar-se e continuar sendo uma mercadoria vendável é o mais poderoso motivo de preocupação do consumidor, mesmo que em geral latente e quase nunca consciente. É por seu poder de aumentar o preço de mercado do consumidor que se costuma avaliar a atratividade dos bens de consumo – os atuais ou potenciais objetos de desejo dos consumidores que desencadeiam as ações de consumo. reticências.”

báuman, Z. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge zarrár 2008. página72.

Com base no que você aprendeu neste capítulo e no texto citado, escreva um texto argumentativo dissertativo a respeito do consumismo. Em sua redação, analise a influência da capacidade de comprar/consumir produtos na aceitação dos indivíduos na sociedade. Comente, ainda, a quantidade de anúncios e propagandas disponíveis e o potencial que eles têm de despertar nas pessoas sentimentos como insegurança, tristeza, felicidade ou satisfação.

Glossário

Polifônico
: qualidade daquilo que tem muitos sons. Nesse caso, grande quantidade de relatos (vozes) recolhidos pela autora.
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Neoliberalismo
: doutrina socioeconômica com base na qual se propõe o enfraquecimento do papel do Estado na sociedade por meio da privatização de estatais, da redução do funcionalismo público e do incentivo ao livre-comércio, entre outras medidas.
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Bolivarianismo
: doutrina política vinculada ao nome de Simôn Bolívar, um dos líderes da independência na América hispânica, particularmente na Venezuela. Em linhas gerais, políticos vinculados a essa corrente de pensamento se contrapõem ao neoliberalismo e à intervenção dos Estados Unidos na América Latina, e defendem a união dos países latino-americanos.
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Aiatolá
: principal líder religioso entre os muçulmanos xiítas.
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Sharia
: termo árabe que pode ser traduzido como “caminho para a fonte”. Ele designa o conjunto de leis islâmicas baseadas no Alcorão. Integrantes de algumas correntes muçulmanas acreditam que essas leis devem guiar todas as áreas da vida das pessoas que seguem a religião, como a da política, a dos negócios e a da família, além de outros assuntos de ordem social e privada.
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Apóstata
: aquele que abandonou ou renunciou a uma crença ou religião.
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Hashtag
: termo ou expressão antecedido do símbolo cerquilha (), que serve de marcador de palavras-chave em redes sociais, agrupando mensagens sobre determinado tópico de discussão.
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Síndrome de burnout
: doença causada pelo excesso de trabalho, que pode se manifestar em fadiga e crises de ansiedade e de pânico.
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