CAPÍTULO 6 A Segunda Guerra Mundial
Imagine a seguinte situação: um dia, você acordou, pegou seus livros e cadernos e foi para a escola, mas, quando chegou à portaria, foi comunicado de que não preenchia mais os requisitos necessários para estudar lá. Assim como você, muitos outros estudantes foram proibidos de entrar na escola por não serem mais considerados brasileiros. Ao voltar para casa, você notou pelo caminho pichações nos muros com mensagens de que você, seus pais, amigos e parentes não eram mais bem-vindos ao Brasil e, de agora em diante, estavam proibidos de andar livremente pela cidade e deveriam ficar confinados aos limites do bairro onde moravam.
Esse exemplo parece ter saído de um filme de terror, não é? Mas, se para você esse é um exercício de imaginação, para outros, em um passado não tão distante, algo parecido realmente aconteceu. Analise as fotos desta página.
Responda oralmente.
- Você já teve contato com algo parecido com a situação apresentada no texto ou com as cenas retratadas nas imagens em filmes, séries e histórias em quadrinhos?
- As cenas retratadas nessas fotografias se passaram em um momento histórico específico? Justifique sua resposta.
- Em sua opinião, situações de discriminação e preconceito como a citada no texto ainda ocorrem? Justifique sua resposta citando exemplos.
Respostas e comentários
Abertura
No texto da abertura é proposto aos estudantes um exercício imaginativo sobre a ida à escola em uma sociedade distópica a fim de aproximá-los do tema estudado. As fotos demonstram que situação semelhante à imaginada foi realidade para muitas pessoas durante a Segunda Guerra Mundial. O exercício pode ir além, introduzindo alguns requisitos para frequentar a escola: ter determinado tipo de córte de cabelo, côr de pele ou credo político e/ou religioso. É possível indicar, além da aparência, um tipo de comportamento que padronize o grupo de estudantes, demonstrando que isso elimina a individualidade e as liberdades de expressão e de modo de vida. É importante não apenas apontar as fórmas de segregação e suas implicações, mas também o que significam.
Atividades
1. São exemplos de literatura distópica: 1984, de Diórdi Or uél, e Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, lançados respectivamente em 1949 e 1932. Há também o filme , dirigido por Táica Uaitíti (Estados Unidos, 2019, 108 minutos), a série O homem do castelo alto, criada por Frênc Ispótinitis (Estados Unidos, 2015-2019, 40 episódios), o filme A lista de Chíndler, dirigido por Istiven Spilbérr (Estados Unidos, 1993, 195 minutos). É possível que os estudantes citem histórias em quadrinhos e filmes estadunidenses relacionados ao universo geek, como a saga Star Wars, criada por djêordji Lucas com alusão ao nazismo (os filmes que compõem a saga foram lançados entre 1977 e 2019).
2. É provável que os estudantes consigam identificar a Alemanha nazista ou a Segunda Guerra Mundial como contexto dessas fotografias, pois o tema é muito explorado em produções culturais. Pretende-se, com essa questão, não apenas explorar essa relação entre as fotografias e o referencial histórico, mas também alertar para o fato de que o exercício de imaginação proposto no texto de abertura é parecido com uma realidade vivida por muitas pessoas.
3. Pretende-se com essa questão sugerir reflexões sobre a realidade dos estudantes. O ressurgimento de movimentos extremistas é uma questão que alerta a todos. É possível explorar notícias atuais que tratem da ascensão de partidos e regimes extremistas. A comparação entre passado e presente pode abranger outros grupos sociais que sofrem discriminação e racismo na atualidade, mostrando a permanência de pensamentos e atitudes preconceituosas e discriminatórias e os vários discursos de ódio que permeiam as sociedades contemporâneas.
Bê êne cê cê
Por envolver um exercício de empatia com os segregados durante a Segunda Guerra Mundial, o texto da abertura contribui para o desenvolvimento da Competência Geral da Educação Básica nº 9 e das Competências Específicas de Ciências Humanas nº 1 e nº 4.
Pisando em cacos de vidro: revanchismo e expansionismo
Para compreender as origens da Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, é preciso recuar um pouco no tempo e relembrar alguns dos efeitos da Primeira Guerra Mundial e da Grande Depressão sobre a Europa. Esses dois acontecimentos resultaram, como você estudou em capítulos anteriores, na ascensão de regimes totalitários na Itália (fascismo) e na Alemanha (nazismo).
Esses regimes negavam os princípios da democracia liberal e, ao mesmo tempo, opunham-se às propostas de cunho socialista, em alta desde a Revolução Russa de 1917. De modo geral, boa parte do discurso dos nazistas e fascistas era baseada na construção daquilo que eles chamavam de grandeza nacional, por meio da unidade em torno de princípios como o de “raça pura”, do partido único, da liderança superior e incontestável, e da expansão territorial como premissaglossário de sobrevivência da nação. Em razão disso, reivindicaram, já nas décadas de 1920 e 1930, a construção de um espaço vital para seus povos.
Essas ideias ganharam fôrça na Alemanha e na Itália em razão do incentivo a um sentimento de revanche após a Primeira Guerra Mundial. Esse sentimento foi aprofundado pelos efeitos da crise de 1929 e, na Alemanha, reforçado pelas imposições do Tratado de Versalhes. Nesse contexto, Benito Mussolini e ádolf rítler tinham como objetivo central reconstruir a Itália e a Alemanha, militarizando-as, desrespeitando os tratados de paz do pós-guerra.
Como primeiro passo para alcançar esse objetivo, em 1935, Benito Mussolini ordenou a invasão da Abissínia (Etiópia), país localizado no Chifre da África, no sudeste africano, com a intenção de estabelecer novas colônias e expandir o espaço vital da Itália.
Imagens em contexto!
Em um ambiente de crise econômica, social e financeira, o partido fascista prometia fazer da Itália uma nação tão grandiosa como fora a Roma antiga. Para isso, a conquista de colônias na África era parte central de sua estratégia territorial. De acordo com Mussolini, esse seria o comêço da restauração da grandeza da civilização romana.
Respostas e comentários
Objetivos do capítulo
• Identificar as origens da Segunda Guerra Mundial no processo e nas conjunturas históricas do período entreguerras.
• Caracterizar o conceito de Blitzkrieg, analisando o início dos conflitos da Segunda Guerra Mundial na Europa.
• Demonstrar a importância da Batalha de istalingrado, contextualizando-a na série de conflitos da Segunda Guerra Mundial.
• Analisar a entrada dos Estados Unidos na guerra e o impacto desse evento para o desfecho do conflito.
• Analisar a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e relacioná-la à Política da Boa Vizinhança estadunidense.
• Refletir sobre os horrores da guerra e a memória das vítimas com base na discussão de temas como a explosão das bombas atômicas no Japão e o Holocausto.
Justificativa
Os objetivos se relacionam a questões de ordem ética do ensino de história, como a memória de eventos traumáticos e o lugar na história da violência e dos efeitos deletérios dos avanços tecnológicos da guerra industrial. Além disso, vinculam-se à promoção de relações empáticas entre os sujeitos e reforçam a compreensão das conexões entre processos históricos globais.
Expansão nazista e Política do Apaziguamento
Seguindo o exemplo italiano, em 1935, Rítler criou a Luftwaffe (fôrça aérea alemã) e reintroduziu o serviço militar obrigatório na Alemanha. No ano seguinte, reocupou militarmente a região da Renânia, na fronteira com a França, descumprindo uma das cláusulas do Tratado de Versalhes. Ainda em 1936, Rítler e Mussolini se tornaram aliados no apôio às fôrças fascistas do general Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola. A aliança entre os dois países se consolidou pouco tempo depois, com a formação do Eixo Roma-Berlim.
Na sequência, os alemães assinaram um tratado anticomunista com o Japão (em franca expansão pela Ásia), ampliando as fôrças do Eixo para Roma-Berlim-Tóquio. Apesar da aproximação dos países por meio de acordos bilaterais, esse pacto oficializou-se apenas em 1939, com a guerra já em andamento.
Diante de todos esses episódios da política nazifascista, a Liga das Nações optou por adotar uma Política de Apaziguamentoglossário . Pela via diplomática, esperava-se abrandar as pesadas imposições do Tratado de Versalhes, concedendo espaço a Rítler no cenário europeu. Sobretudo o Reino Unido e a França temiam que uma solução mais drásticaglossário desencadeasse um conflito de proporções parecidas às da Primeira Guerra Mundial, com perdas humanas e custos materiais altíssimos.
Apesar da expectativa por parte dos países europeus de conter o avanço ritlerísta, em 1938 o governante da Alemanha voltou a descumprir os acordos internacionais. O exército nazista invadiu a Áustria e anexou o território a seus domínios sem disparar nenhum tiro. Desde o ano anterior, o Partido Nazista austríaco, com auxílio alemão, boicotava o governo do chanceler Kurt Schuschnigg, forçando sua renúncia, em março de 1938. Aproveitando-se dessa situação, os alemães realizaram a anexação (anschluss) do território da Áustria, neutralizando qualquer movimento de resistência.
Imagens em contexto!
No centro da imagem do cartão-postal, uma imensa figura humana, representando o povo austríaco, encaixa um tijolo na ponte danificada para unir a Áustria à Alemanha. Nele está gravada a palavra ánchluss, ou seja, “anexação”. Note que a propaganda nazista explora a anexação do território da Áustria como a reconstrução do destino de um povo (pangermanismo). Nos tratados de paz firmados após a Primeira Guerra Mundial, a união entre Áustria e Alemanha havia sido proibida. Por isso, a ponte rompida entre austríacos e alemães é recomposta na imagem. A frase Ein Volk, ein Reich, ein Führer (“Um povo, um império, um líder”) foi o lema da política expansionista nazista sobre a Europa.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao tratar dos antecedentes da Segunda Guerra Mundial, da expansão nazista e da Política do Apaziguamento, o conteúdo auxilia no desenvolvimento das habilidades ê éfe zero nove agá ih um zero, ê éfe zero nove agá ih um dois e ê éfe zero nove agá ih um três.
• No momento em que se aborda a fundação da Luftwaffe, cabe retomar a informação de que a Guerra Civil Espanhola foi um laboratório para a Alemanha nazista. O principal exemplo disso foi o ataque aéreo à cidade de Guernica. Os horrores da devastação dessa cidade, como exposto no capítulo 4, foram imortalizados por Pablo Picasso na pintura Guernica, de 1937.
• Apesar de a expansão italiana e a alemã serem apresentadas concomitantemente nesta parte do capítulo, relembre aos estudantes que a situação da Alemanha e a da Itália eram muito diferentes ao final da Primeira Guerra Mundial: a Alemanha foi considerada a única responsável pela eclosão do conflito bélico na Europa e sofreu, por meio da aplicação dos termos do Tratado de Versalhes, muitas perdas territoriais e proibições, além de ser obrigada a pagar indenização pelos prejuízos causados durante o conflito. Já a Itália mudou de lado durante a guerra e, ao final, não recebeu todos os territórios que lhe foram prometidos, restando aos italianos um sentimento de ter sido enganados e deixados para trás.
• Se julgar conveniente para ilustrar a expansão nazista no período, apresente aos estudantes imagens como as que podem ser encontradas na Enciclopédia do Holocausto. O site, mantido pelo Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, reúne um acervo variado sobre temas relacionados à Segunda Guerra Mundial e disponibiliza vídeos, mapas, artigos e imagens, entre outros recursos, para estudantes e professores, muitos deles em língua portuguesa.
O alvo seguinte foi a região dos Sudetos, território de maioria alemã localizado na recém-criada Tchecoslováquia. Também com a ajuda do Partido Nazista local, Rítler pressionou o govêrno tcheco a ceder os Sudetos à Alemanha. Diante da ameaça à Tchecoslováquia, foi convocada a Conferência de Munique, que reuniu Alemanha, Reino Unido, França e Itália. Nessa conferência, Rítler alegou que aquele seria seu último movimento na Europa, e os representantes dos demais países concordaram com a anexação, sem consultar o govêrno tcheco. A paz parecia assegurada, mas, pouco tempo depois, os alemães invadiram a metade oriental do país, transformando-o em um protetorado.
Em 1939, Rítler voltou suas atenções para a Polônia, enquanto Mussolini dava sequência ao plano de expansão italiano, invadindo a Albânia. O objetivo nazista ao atacar a Polônia era recuperar um antigo território alemão denominado Corredor Polonês. Para isso, Rítler estabeleceu com Jôsef Istálin, líder da União Soviética, um acordo conhecido como Pacto Nazi-Soviético de Não Agressão, que garantia a neutralidade soviética no conflito. Pelo acordo, o território polonês seria dividido entre Alemanha e União Soviética. Além disso, os soviéticos recuperariam os territórios da Letônia, da Estônia e da Finlândia, perdidos na Primeira Guerra Mundial.
Europa: expansão da Alemanha nazista – 1935-1941
FONTE: dubí, G. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larrússi, 2010. página 286-290.
Se liga no espaço!
Responda no caderno.
Analise o mapa da expansão territorial alemã desde antes do início da Segunda Guerra Mundial. Por que o chamado Corredor Polonês e a Polônia independente eram considerados obstáculos à ideia de império alemão concebida pelos nazistas?
Respostas e comentários
Resposta do “Se liga no espaço!”: Os estudantes precisam localizar, no mapa, o chamado Corredor Polonês. Em 1918, foi formada a Segunda República da Polônia. Como os poloneses precisavam de uma saída para o mar, foi aberta uma espécie de corredor próximo a Dantzig. Com o Corredor Polonês, como foi chamado, a Polônia teria a possibilidade de se desenvolver plenamente. Além da questão de Dantzig, grande parte dos habitantes da Polônia utilizava o alemão como língua de origem e, de acordo com os ideais nazistas, era necessário que essas pessoas se tornassem integrantes do Terceiro Reich. Em razão disso, o país passou a ser, em 1939, o novo alvo de Rítler, assim como o contrôle do Corredor Polonês.
Bê êne cê cê
Por explorar a linguagem cartográfica e envolver a análise do mapa da expansão da Alemanha nazista e o levantamento de hipóteses sobre essa representação cartográfica, a atividade do boxe “Se liga no espaço!” contribui para o desenvolvimento da Competência Geral da Educação Básica nº 2 e da Competência Específica de Ciências Humanas nº 7.
Interdisciplinaridade
O boxe “Se liga no espaço!” pode ser relacionado com a habilidade do componente curricular geografia ê éfe zero nove gê ê zero oito – “Analisar transformações territoriais, considerando o movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regionalidades na Europa, na Ásia e na Oceania”.
• Antes de iniciar o estudo da guerra, se julgar conveniente, converse com os estudantes sobre a polêmica a respeito do emprego do conceito de regime totalitário na historiografia. Embora Benito Mussolini mencionasse o “Estado total” na Itália fascista, a filósofa rãna arent, importante referencial teórico-conceitual sobre o assunto, não identificou o fascismo italiano como um regime totalitário, utilizando a noção apenas para designar o nazismo e o stalinismo. Da mesma fórma, o Japão de Riroíto não é considerado pela maior parte da historiografia um exemplo de regime totalitário. Comente com os estudantes que, apesar de o termo ser utilizado nos livros didáticos de fórma geral para designar algumas dessas experiências históricas, não existiu um regime plenamente totalitário, pois sempre houve focos de resistência. Aceitar a existência de um totalitarismo onipresente e altissonante significaria anular o papel da resistência, que ocorreu em todos esses regimes.
A invasão da Polônia e o início da guerra
Uma semana após a assinatura do Pacto de Não Agressão com a União Soviética, a Alemanha nazista deu início à invasão da Polônia, concretizando-a em 1o de setembro de 1939. A retomada do Corredor Polonês por tropas nazistas colocou fim à Política de Apaziguamento na Europa. Dois dias depois, França e Reino Unido declararam guerra à Alemanha, dando início à Segunda Guerra Mundial.
Os combates entre as fôrças do Eixo (compostas inicialmente da Alemanha e da Itália) e as dos Aliados (a princípio, liderados pelo Reino Unido e pela França) começaram em 1940.
A ofensiva nazista na Europa
A blítzcrig, ou guerra-relâmpago, foi a estratégia utilizada pela Alemanha para conquistar o maior número de países em menor intervalo de tempo. As fôrças nazistas pareciam imbatíveis e, em abril de 1940, anexaram a Dinamarca e a Noruega. Em maio do mesmo ano, foi a vez da Bélgica e da Holanda.
FONTE: RODRIGUES, L. F. C. A guerra relâmpago (Blitzkrieg) alemã: da teoria à capacitação estratégica, tática e tecnológica bélica e militar ao êxito nos campos de batalha (1939-1940). 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura e Bacharelado em História) – Instituto de História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2015. página 13-15.
Imagens em contexto!
Embora não haja consenso entre os historiadores sobre o fato de a Blitzkrieg ter sido uma doutrina ou tática militar oficial das fôrças armadas nazistas, em nível operacional ela se organizava por um ataque coordenado da infantaria, dos tanques de guerra da divisão Panzer e dos bombardeios da Luftwaffe O ataque fulminante era feito com o objetivo de desmobilizar instalações militares e linhas de comunicação inimigas. Esse ataque maciço e coordenado era muito rápido e fazia as fôrças nazistas parecerem imbatíveis.
Respostas e comentários
• O início dos conflitos foi o comêço da reconfiguração do mapa da Europa em razão de uma série de invasões e anexações.
• No capítulo 1 já foi destacada a relação entre tecnologia e guerra, ao apresentar o impacto das tecnologias na indústria bélica no contexto da Primeira Guerra Mundial. Retome essa discussão ao tratar da maquinaria de guerra alemã que possibilitou a Blitzkrieg.
Tema Contemporâneo Transversal
O estudo da utilização da tecnologia pela Alemanha nazista, empregada, por exemplo, no desenvolvimento dos tanques, envolve o Tema Contemporâneo Transversal Ciência e tecnologia.
Curadoria
A Segunda Guerra Mundial na Europa (Artigo)
Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos. Disponível em: https://oeds.link/y1qtzl. Acesso em: 27 maio 2022.
Nesse artigo da Enciclopédia do Holocausto, são apresentados com detalhes os avanços territoriais do exército alemão, que tiveram sucesso, em parte, pelo emprego da estratégia da guerra-relâmpago, ou Blitzkrieg.
A França foi conquistada logo depois, entre maio e junho de 1940. O próprio Rítler se encarregou de tomar a cidade de Paris e desfilou triunfante com seus exércitos pelas ruas da capital francesa. O país se dividiu: o norte ficou sob domínio alemão e o sul se transformou na República de Vichy. Os inimigos caíram tão depressa diante de Rítler que o pavor tomou conta dos europeus. Parecia que os alemães dominariam todo o continente em pouco tempo e que o sonho de Rítler de conquistar a Europa estava bem perto de se concretizar.
Nesse período, a Itália entrou oficialmente na guerra, tornando o norte da África uma das frentes de combate. Após algumas derrotas para as tropas britânicas na região, os italianos tiveram o auxílio dos alemães. Assim, as fôrças do Eixo dominaram a Líbia, a Tunísia, a Argélia e o Marrocos, bem como algumas regiões do Egito.
Em meio a essas vitórias sucessivas do Eixo, em 1940 Uínston tchârtchil assumiu o cargo de primeiro-ministro no Parlamento do Reino Unido após a renúncia de Arthur Névil Tiêmberlan. Determinado a derrotar Rítler, tchârtchil se empenhou em levantar o moral dos britânicos com discursos diários nas rádios. Ele falava sempre em manter a calma e seguir em frente. Apelou para o nacionalismo britânico e para a grandeza do país com o objetivo de fortalecer as fôrças armadas e incentivar os britânicos a resistir aos bombardeios incessantes da lúft váf, fôrça aérea que chegou a contar com mais de 4 mil aviões de combate.
A insistência de tchârtchil em manter o poderio britânico preparado para a resistência e, mais tarde, a ampliação da fôrça dos Aliados foram fundamentais para o desfecho da guerra. Apesar disso, a situação dos britânicos não era nada fácil. Imagine como seria viver dentro de casa, com as luzes apagadas ou as cortinas fechadas durante todo o tempo para tentar se proteger dos constantes bombardeios alemães.
Imagens em contexto!
Rítler ordenou à Luftwaffe que não bombardeasse de fórma intensiva certos locais europeus que eram considerados por ele patrimônios artísticos relevantes para os arianos. Isso explica em parte por que Paris não foi tão destruída como outras cidades do continente.
Respostas e comentários
Dados numéricos sobre a quantidade de aviões da Luftwaffe foram retirados de: Codióla, O. A Segunda Guerra Mundial: causas, estruturas, consequências. São Paulo: LF Editorial, 2015. página 77.
Ampliando
O rádio teve um papel importante na Segunda Guerra Mundial não apenas entre os britânicos, mas também na Alemanha.
“No ano de 1920, reticências o rádio surgiu como a nova invenção reticências que prometia se tornar um férreo competidor contra os jornais tradicionais. Rapidamente, o rádio começou a ser disseminado no mundo todo reticências.
O rádio foi o primeiro meio de comunicação a conectar individualmente reticências, possibilitando que cada ouvinte fosse tocado de fórma particular por mensagens que eram recebidas simultaneamente por milhões de pessoas.
A Segunda Guerra Mundial caracterizou-se por marcar a consolidação do rádio como principal meio de comunicação popular mundial reticências.
reticências era por meio das narrações dos locutores que a população tinha a oportunidade de construir a imagem das batalhas reticências.
reticências a BBC reticências iniciou suas transmissões em lugares que já constituíam áreas de graves conflitos, adotando uma linguagem emocional parecida com a empregada durante os jogos de futebol, com o intuito de comover os ouvintes e formar uma imagem positiva do governo reticências.
Na Alemanha nazista reticências [o] uso massivo do rádio como mecanismo ideológico atingiu a mesma importância que a imprensa reticências e os alemães souberam usufruir o potencial disseminador do novo meio.
reticências os aparelhos eram distribuídos a preços irrisórios, contribuindo para a popularização do instrumento reticências. Dessa fórma, os chamados ‘rádios do povo’ sintonizavam apenas as frequências que emanavam propagandas, pronunciamentos e notícias que exaltassem o partido reticências ou o desempenho das tropas nos fronts.”
FORNER, O. M. C.; SILVA, M. A. R. da. A mídia como arma de guerra durante a Segunda Guerra Mundial. Temática, João Pessoa, ano treze, n. 7, página 3-5, julho 2017.
A invasão da União Soviética
Na Europa, as fôrças do Eixo avançaram para o leste. Os italianos invadiram a Grécia, enquanto os alemães, por meio da fôrça, obtiveram o apôio da Romênia e da Bulgária, além de invadir a Iugoslávia.
Após sucessivas vitórias do Eixo, em 1941 Rítler pôs em ação a chamada Operação Barbarossa, um plano para invadir a União Soviética, quebrando o Pacto de Não Agressão firmado com Istálin. O país tinha um território riquíssimo em recursos naturais, como petróleo, carvão e gás natural, necessários para manter a máquina de guerra alemã em atividade. Além disso, Rítler nunca escondeu seu ódio ao bolchevismo e seu desprezo por povos eslavos.
No início, os alemães conseguiram vitórias arrasadoras, avançando rapidamente até os arredores da capital soviética, Moscou. Essa pode ser considerada a maior ofensiva alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Os nazistas utilizaram aproximadamente 3 milhões de soldados, 3 mil tanques de guerra, 7 mil peças de artilharia e pelos menos 2 500 aviões como parte da operação de invasão a uma linha de 2 900 quilômetros ao longo das fronteiras soviéticas na Europa.
Europa: avanço máximo do Eixo – 1939-1942
FONTES: Chalhán, G.; Rajô, J.-P. Atlas politique du XXe siècle. Paris: Seuil, 1988. página 62-64; dubí, G. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 288.
Se liga no espaço!
Responda no caderno.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os alemães temiam ter de lutar em duas frentes de batalha (leste e oeste) em razão de sua posição geográfica no continente europeu. Considerando o mapa que apresenta o avanço do Eixo sobre territórios entre 1939 e 1942, é possível afirmar que na Segunda Guerra eles superaram esse temor? Por quê?
Respostas e comentários
Dados numéricos sobre a ofensiva alemã foram retirados de: INVASION of the Soviet Union, 1941. enciclopédia Britânica. Disponível em: https://oeds.link/QHj6Qh. Acesso em: 7 abril 2022.
Resposta do “Se liga no espaço!”: Espera-se que os estudantes se orientem pelas setas verdes e vermelhas do mapa, que apontam o avanço do exército nazista tanto para leste quanto para oeste no continente europeu. Esses movimentos refletem as campanhas das Frentes Oriental e Ocidental na Segunda Guerra Mundial. Analisando apenas isso, os estudantes responderão provavelmente que os nazistas perderam o temor da luta em duas frentes. No texto está explicitado, no entanto, que a principal justificativa para a invasão ao território soviético foi a obtenção de recursos para o exército nazista, ou seja, tratou-se mais de uma necessidade do que de uma questão de moral elevado e de confiança por parte dos nazistas.
Bê êne cê cê
Ao explorar o uso da linguagem cartográfica, a atividade proposta no “Se liga no espaço!” contribui para o desenvolvimento da Competência Geral da Educação Básica nº 2 e da Competência Específica de Ciências Humanas nº 7.
Interdisciplinaridade
A atividade proposta no boxe “Se liga no espaço!” contribui para o desenvolvimento da habilidade do componente curricular geografia ê éfe zero nove gê ê zero oito – “Analisar transformações territoriais, considerando o movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regionalidades na Europa, na Ásia e na Oceania”.
• Ao abordar a campanha nazista na Rússia e a resistência soviética à invasão, é possível aproveitar a oportunidade para destacar que a participação das mulheres na Segunda Guerra Mundial não se resumiu à assistência na retaguarda ou aos serviços de saúde na condição, por exemplo, de enfermeiras. As mulheres tampouco foram apenas vítimas das barbaridades de guerra cometidas contra a população civil feminina, como as frequentes violações e os abusos sexuais perpetrados por soldados em trânsito. O Exército Vermelho, por exemplo, contou com enormes contingentes femininos na Segunda Guerra Mundial.
• A Batalha de istalingrado é comumente considerada o marco da derrocada do poderio nazista. Há uma série de produções fílmicas sobre essa batalha. Caso tenha recursos e interesse, exiba trechos do filme soviético A Batalha de istalingrado, dirigido por Vladimir Pitrôfi e lançado no ano de 1949 (192 minutos). O filme, que está disponível em plataformas de compartilhamento de vídeos na internet, foi produzido logo após o final da Segunda Guerra Mundial, enquanto Istálin ainda governava a União Soviética. É, portanto, propagandístico; por isso, é importante ressaltar o fato de que veicula a ideia de que o governante soviético foi o principal responsável pela vitória da União Soviética naquela batalha.
Diante do avanço alemão, os soviéticos adotaram a tática da terra arrasada, que consistia na destruição de plantações, abrigos e qualquer suprimento que pudesse garantir a sobrevivência das tropas inimigas.
No inverno de 1942, as tropas alemãs que estavam nos arredores de Moscou foram paralisadas pelo frio, pela fome e pelo exército soviético, sendo obrigadas a recuar. Desistindo momentaneamente da capital soviética, os alemães concentraram esforços na conquista da região do Cáucaso, que era rica em recursos naturais, como o petróleo, e abrigava os principais centros industriais soviéticos. Para alcançar e dominar a região, porém, os nazistas precisavam conquistar a cidade de istalingrado, localizada às margens do Rio Volga. Além de ser um importante centro industrial, istalingrado tinha valor simbólico para o govêrno soviético (grado, em russo, significa “cidade”; o nome istalingrado, portanto, significa “cidade de Istálin”).
As batalhas em istalingrado ocorreram entre julho de 1942 e fevereiro de 1943. Em pouco tempo, a cidade foi arrasada por bombardeios. A tática soviética, no entanto, era atrair os alemães para os escombros e lutar corpo a corpo com eles, o que aumentou muito o número de mortos. As condições climáticas também foram um complicador para os alemães, que não estavam preparados para enfrentar o rigoroso inverno soviético. A derrota das tropas alemãs em istalingrado foi a primeira desde o início da Segunda Guerra Mundial e marcou o ponto de virada no conflito, até então dominado pelos alemães.
Imagens em contexto!
Além do enfrentamento corpo a corpo, os soviéticos adotaram técnicas de guerrilha para combater os nazistas em Stalingrado. Muitos civis, assustados pela propaganda soviética e pelos rumores – verdadeiros – sobre ações desumanas praticadas por integrantes do exército alemão no Leste Europeu enquanto se dirigiam a Moscou, engajaram-se na luta para derrotar os nazistas em Stalingrado por acreditarem que não tinham a opção de render-se.
Agora é com você!
Responda no caderno.
- Por que o Tratado de Versalhes e a crise de 1929 podem ser considerados parte da origem da Segunda Guerra Mundial?
- Resuma o que foi a Blitzkrieg.
- Descreva as batalhas em istalingrado e sua importância para o desenrolar dos conflitos na Europa.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Por envolver os antecedentes da guerra que concorreram para a piora da situação interna da Alemanha e o fortalecimento de propostas nazistas, a atividade 1 do boxe “Agora é com você!” contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero nove agá ih um zero, ê éfe zero nove agá ih um dois e ê éfe zero nove agá ih um três.
Orientação para as atividades
É interessante retomar os conteúdos relativos à Primeira Guerra Mundial (capítulo 1) e ao período entreguerras (capítulo 4) para desenvolver a atividade 1, que demanda o estabelecimento de relações entre acontecimentos históricos. Analise com os estudantes essas relações, que envolvem a confluência de fatos de natureza política e econômica.
Agora é com você!
1. Pelo Tratado de Versalhes, a Alemanha foi considerada única culpada pela Grande Guerra e foi obrigada a entregar aos vencedores boa parte de seu território, pagar pesadas indenizações e concordar em reduzir seu poderio bélico. A situação interna do país piorou em razão da crise de 1929 e deu margem ao fortalecimento de propostas políticas extremas, como a nazista. Com o agravamento da situação econômica, o discurso de Rítler, que criticava o Tratado de Versalhes, ganhou mais adeptos. Assim, o Partido Nazista ascendeu ao poder. A ascensão de Rítler e sua política expansionista podem ser considerados fatores de origem da guerra.
2. A Blitzkrieg era um ataque fulminante que se organizava por meio da coordenação da infantaria, dos tanques de guerra da divisão Pânzer e dos bombardeios da Luftwaffe. Essa tática era utilizada para desmobilizar instalações militares e linhas de comunicação inimigas. O ataque era maciço e muito rápido.
3. Após vitórias nazistas na Europa Ocidental, o interesse de Rítler em invadir a União Soviética aumentou, pois havia no território recursos naturais. A Batalha de istalingrado foi, nesse cenário, um momento decisivo. Importante centro industrial, istalingrado também apresentava uma dimensão simbólica, pois seu nome homenageava Istálin. A cidade foi bombardeada e ficou arrasada. A tática soviética era lutar nos escombros contra os alemães. As condições climáticas prejudicaram os alemães, pois o inverno foi rigoroso. A tentativa frustrada de tomar a cidade pelos alemães é considerada o princípio do fim do poderio alemão na guerra.
Analisando o passado
Há um elemento comum a boa parte das produções ficcionais sobre a Segunda Guerra Mundial: o destaque dado aos homens que lutaram no front, como se apenas eles tivessem participado do conflito. No livro A guerra não tem rosto de mulher, a escritora ucraniana Isvétlana Alequissêieviti, vencedora do prêmio Nobel de Literatura em 2015, apresenta relatos de mulheres que atuaram no conflito. No texto 1, é apresentado um trecho do relato da capitã da fôrça aérea soviética Clávidia Aivanóvina Tiricóva registrado no livro de Alequissêieviti.
TEXTO 1
“Eu reticências usava uma trança em volta da cabeçareticências Mas como ia lavar? Onde secar? Você tinha acabado de lavar e vinha um alarme, precisava sair correndo. Nossa comandante, Marina Rascóva, mandou todas cortarem as tranças. As meninas cortavam e choravam. reticências
Vestidos, sapatos de salto... Nós lastimávamos tanto por eles que os escondíamos em um saquinho. De dia usávamos botas, e de noite, nem que fosse um pouquinho, calçávamos os sapatos na frente do espelho. Rascóva viu, e uns dias depois veio a ordem: devíamos mandar toda a roupa feminina para casa nas remessas. Pois bem! Porém aprendemos a operar um avião novo em seis meses, e não em dois anos, como se faz em tempos de paz.
Nos primeiros dias de treinamento morreram duas tripulações. Enterraram quatro caixões. Todos os três regimentos, todas nós nos acabamos de chorar.
Veio Rascóva: ‘Amigas, enxuguem as lágrimas. Essas foram nossas primeiras perdas. Serão muitas. Apertem o coração no punho...’.
Depois, na guerra, enterrávamos sem uma lágrima sequer. Paramos de chorar.
Voávamos em caças. A própria altura era um peso terrível para todo o organismo reticências. E nós, garotas, voávamos e derrubávamos ases da aviação, e que ases! Isso mesmo! Sabe, quando andávamos por aí os homens nos olhavam com assombro: as pilotos estão passando. Se encantavam conoscoreticências”
, . Apud: Alequissêieviti, S. A guerra não tem rosto de mulher. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. página 98-99.
TEXTO 2
“O capitão Iorranes Steinhoff, comandante do Jagdgeschwader 52 – a mais bem-sucedida unidade da Luftwaffe –, afirmou em uma carta escrita em 2 de setembro de 1942: ‘Nós simplesmente não podíamos compreender que os aviadores soviéticos que nos causavam maiores problemas eram, na verdade, mulheres. Essas mulheres não temiam nada. Elas vinham noite após noite nos seus aviões muito lentos, e por alguns períodos, elas não nos deixavam dormir de fórma alguma.’”
RODRIGUES, I. Histórias e memórias da Segunda Guerra Mundial e do pós-guerra no Leste Europeu a partir do heavy metal: análise da obra da banda Sábaton. 2016. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016. página 164.
Responda no caderno.
- O depoimento da capitã da fôrça aérea soviética e o trecho da carta do capitão alemão expõem as reações de homens diante da atuação das pilotas soviéticas. Resuma essas reações e as contextualize historicamente.
- Demonstre como o depoimento e o trecho da carta ajudam a formar a imagem das combatentes soviéticas.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao tratar da participação feminina na Segunda Guerra Mundial e da análise de diferentes discursos e documentos históricos, a seção “Analisando o passado” contribui para o desenvolvimento da Competência Geral da Educação Básica nº 7, da Competência Específica de Ciências Humanas nº 4 e das Competências Específicas de História nº 1, nº 3, nº 4 e nº 6.
Analisando o passado
Nessa seção, os estudantes são incentivados a ler e analisar um depoimento e uma carta para refletir sobre as reações masculinas à atuação das combatentes soviéticas e contextualizar historicamente esse comportamento. Por meio da leitura, espera-se que notem o protagonismo feminino na guerra e o espanto que os feitos das mulheres causavam nos homens em razão do machismo. Espera-se que os estudantes interpretem a construção da imagem das combatentes nessas fontes e percebam que o discurso presente nos documentos contribuiu para isso. As atividades demandam a leitura inferencial, a interpretação dos textos e a construção de conhecimentos com base em uma análise sobre a construção de paradigmas (narrativa masculina por narrativa feminina). Elas devem ser feitas em sequência, pois servem como um roteiro para os estudantes. A primeira atividade envolve a organização das ideias presentes no depoimento e na carta e a relação dessas ideias com o contexto histórico; na segunda, os estudantes precisarão refletir sobre os processos discursivos que operam nessas fontes históricas. Portanto, exercitarão a interpretação de textos e a reflexão sobre a construção de paradigmas ao tratar do apagamento do protagonismo das mulheres na história.
Atividades
1. De acordo com o depoimento, a reação dos homens quando viam as mulheres da fôrça aérea era de assombro e encanto. Isso demonstra a admiração que tinham por essas mulheres em razão de seus feitos militares. No trecho da carta, o capitão alemão Iorranes expõe sua incredulidade em relação ao fato de as ofensivas aéreas soviéticas serem feitas por mulheres, como se elas não fossem capazes de tais ações. Ao mesmo tempo, ele reconhece a bravura e a fôrça militar das ações bélicas delas. Principalmente após o Plano Barbarróssa, houve um intenso alistamento de mulheres para as zonas de combate. Portanto, os feitos militares das combatentes ocorreram após fevereiro de 1942, quando a ameaça nazista sobre a União Soviética se intensificou.
2. Ambos constroem a imagem das combatentes como corajosas, hábeis e admiráveis por seus feitos militares. Em seu depoimento, Klávdia menciona ainda o conflito entre o desejo de algumas mulheres de manter seus vestidos e saltos altos e a rigidez do destacamento militar ao exigir que elas não usassem roupas “femininas”. Logo, essas mulheres, nos destacamentos militares, foram obrigadas a renunciar a objetos pessoais e a um padrão estético para lutar na guerra.
Os Estados Unidos e a guerra no Pacífico
As pretensões imperialistas do Japão motivaram diversos conflitos na Ásia. Em 1941, os japoneses invadiram a possessão francesa da Indochina e atacaram Pearl Harbor – base naval estadunidense no Havaí – e posições dos Estados Unidos nas Filipinas.
Até então, os Estados Unidos não estavam envolvidos diretamente na guerra, mas forneciam armas e equipamentos aos Aliados e haviam interrompido o comércio com os países do Eixo. Diante do ataque a Pearl Harbor no entanto, o presidente Frânclin Delano Rúsvelt manifestou ao Congresso a intenção de declarar guerra ao Japão, o que ocorreu em dezembro de 1941.
A entrada dos Estados Unidos na guerra ao lado dos Aliados fortaleceu o bloco. Os alemães, que lutavam desde 1941 em duas frentes – uma no Oriente e outra no Ocidente –, viram os Aliados receberem enorme incentivo.
Até 1944, os Estados Unidos buscaram sobretudo deter o avanço japonês no Pacífico, mas o país também participou do conflito na Europa e no norte da África. Além disso, a fôrça industrial estadunidense se tornou uma máquina de produção bélica. A economia do país, em processo de recuperação após a crise de 1929, voltou a florescer graças ao conflito.
Pacífico: ofensivas japonesas – 1941-1942
FONTE: dubí, G. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 293.
Imagens em contexto!
Durante a Segunda Guerra Mundial, a propaganda foi amplamente utilizada por todas as partes envolvidas no conflito. Nos Estados Unidos, foram criados vários personagens de histórias em quadrinhos, filmes e séries com a missão de ajudar a salvar o país de seus inimigos, como o Capitão América.
Respostas e comentários
Atividade complementar
O uso de propaganda de guerra não se restringiu aos Estados Unidos. Na Alemanha, entre os nazistas, ela teve forte influência nas opiniões e nas ações da população. Essa propaganda, muitas vezes, envolvia a disseminação de informações falsas. “Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade” é uma frase atribuída a Joséf Guêbels, ministro da Propaganda na Alemanha nazista.
Peça aos estudantes que se organizem em grupos e pesquisem algumas das notícias falsas que circularam na Alemanha nazista e outras que circularam (ou circulam) no Brasil. Eles podem utilizar como fonte de pesquisa materiais impressos ou sites de conteúdo histórico e de checagem de fatos, como: Boatos.órgui (disponível em: https://oeds.link/4Jz3JB), Ifarsas (disponível em: https://oeds.link/GgC4vl) ou Lupa (disponível em: https://oeds.link/pqaZ6J. Acessos em: 16 junho 2022.
Depois da seleção de notícias, proponha aos estudantes que analisem o impacto dessas notícias falsas na sociedade.
Com essa atividade, espera-se que os jovens reflitam sobre os problemas causados pela disseminação de notícias falsas, como a morte de pessoas por não se precaverem contra uma doença mortal. Espera-se também que desenvolvam estratégias para confirmar a veracidade de uma informação.
Curadoria
O poder das imagens: cinema e política nos governos de Rítler e Frânclin D. Rusevélt (1933-1945) (Livro)
váguiner Pinheiro Pereira. São Paulo: Alameda, 2012.
Nesse livro, váguiner Pinheiro Pereira aborda o uso da produção cinematográfica como arma de propaganda política tanto pela Alemanha nazista quanto pelos Estados Unidos.
O Brasil na Segunda Guerra Mundial
Você sabia que o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial? Inicialmente, o país se manteve neutro em relação ao conflito. Getúlio Vargas havia estabelecido uma ditadura no Brasil (o Estado Novo), que você estudou no capítulo 5, e demonstrava simpatia pelo fascismo italiano. No entanto, foi pressionado pelos Estados Unidos, o principal parceiro comercial brasileiro, a apoiar os Aliados.
Sob a influência da Política da Boa Vizinhança, os Estados Unidos assinaram acordos com o Brasil e outros países da América Latina. O govêrno brasileiro cedeu aos estadunidenses o uso de bases militares no Nordeste e o fornecimento exclusivo de matérias-primas como borracha e minério de ferro, recebendo, em contrapartida, armas, munições e créditos para o investimento em indústrias de base.
Nesse contexto, navios comerciais brasileiros foram atacados por submarinos alemães, e Vargas declarou guerra ao Eixo, em 1942. Soldados da fôrça Expedicionária Brasileira (féb) foram enviados à Europa para lutar na guerra. Apesar do pouco preparo e da falta de suprimentos, eles participaram de campanhas vitoriosas, como a tomada do Monte Castelo, na Itália.
Imagens em contexto!
A propaganda de guerra estadunidense se estendeu à América Latina. Para angariar aliados no continente, os Estados Unidos adotaram uma estratégia, conhecida como Política da Boa Vizinhança, que combinava acordos econômicos e militares com a difusão cultural e a propaganda. Personagens simbolizando países latino-americanos, como Zé Carioca (Brasil) e Pantito Pistóles (México), foram criados por uóu disnêi nesse contexto. Também nesse período, Carmen Miranda estreou sua carreira na bróduei e em Roliuúdi.
Respostas e comentários
Ampliando
Leia a seguir um texto sobre a “americanização” de alguns costumes no Brasil no contexto da aliança do país com os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
“Em meados de 1942, a base aérea americana em Natal, a conhecida Parnamirim fíld, estava pronta. Os aviões começaram a chegar ao Brasil, trazendo dos Estados Unidos soldados e técnicos. Do Nordeste partiriam em direção ao norte da África para ajudar os ingleses que estavam encurralados pelos soldados alemães do marechal Rômel, comandante do
Americanos convivendo com brasileiros nordestinos. Antes de acionar os motores dos aviões, para se comunicar com os mecânicos, os pilotos no interior da cabine mostravam a mão fechada, o polegar para cima. Era o ‘positivo’, o thumbs up.
Quando o primeiro tabaréu, observando os aviões e os pilotos americanos com seus gestos, mimetizou o ‘positivo’, com o dedão para cima, o Brasil já estava americanizado. Luís da Câmara Cascudo, que detectou o fenômeno em nossos gestos, não previu a extensão do thumbs up. Além de substituir o tradicional aperto do lóbulo da orelha com os dedos para indicar algo bom ou positivo, o thumbs up tornou-se sinônimo de concordância, de amizade, de beleza, de interrogação, de bom dia, boa tarde e boa noite. Serve para quase tudo. Muito mais internacionalizado do que o ‘da pontinha’ da orelha, usado até há algum tempo. Da Parnamirim fíld, nos anos 40, o gesto que simboliza a nossa americanização espalhou-se pelo Brasil (e pelo mundo).”
TOTA, A. P. O imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. página 10.
Curadoria
Os brasileiros e a Segunda Guerra Mundial (Livro)
Francisco Cesar Ferraz. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 2005.
O livro explora o contexto que envolveu a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial e as consequências políticas, econômicas e sociais do evento. Aborda também o papel da Política da Boa Vizinhança, por exemplo, no estabelecimento de bases militares estadunidenses em Natal (Rio Grande do Norte).
A fase final da guerra
Os rumos da guerra mudaram quando a União Soviética e os Estados Unidos somaram fôrças aos Aliados. Em 1942, aviões britânicos e estadunidenses intensificaram os bombardeios às cidades alemãs. Enquanto isso, os soviéticos combatiam as tropas nazistas no Leste Europeu.
No norte da África, os Aliados, com a ajuda de grupos locais, ocuparam o território conquistado pela Itália e pela Alemanha e partiram para a retomada da Europa pelo sul da Península Itálica. As fôrças de Mussolini não resistiram à ofensiva e se renderam em setembro de 1943. No entanto, o exército nazista criou uma linha de resistência ao longo dos Montes Apeninos, dificultando o acesso ao continente. Mussolini, que havia sido deposto e preso, foi reconduzido ao govêrno pelos nazistas, que fundaram um país fantoche ao norte da Itália: a República de Saló. A resistência italiana enfrentou os nazistas com suas milícias, formadas pelos partigiani. Em abril de 1945, os partigiani prenderam e mataram Mussolini.
Diante da dificuldade de invadir o território europeu pela Itália, os Aliados traçaram outro plano de ação, dessa vez pelas praias da Normandia, na França. Em 6 de junho de 1944, o chamado Dia D, as fôrças aliadas desembarcaram em território francês e promoveram um intenso bombardeio aéreo e naval contra o exército alemão, que reagiu violentamente. O combate deixou milhares de mortos e terminou com a vitória dos Aliados.
Em janeiro de 1945, as tropas nazistas não conseguiam mais resistir. Na Frente Ocidental, França, Bélgica e Holanda foram libertadas. Na Frente Oriental, o exército soviético estava prestes a entrar em Berlim, último reduto nazista. Rítler recusava-se a assinar um tratado de rendição. No fim de abril, ao perceber que não conseguiria resistir ao avanço soviético, ele cometeu suicídio. Em maio, a Alemanha assinou a rendição, pondo fim à guerra na Europa.
Respostas e comentários
Ampliando
O trecho a seguir faz parte de um artigo sobre a resistência à ocupação nazista.
“Muitos pegaram em armas pela primeira vez, outros combateram tanques com coquetéis molotóvi caseiros, imprimiram panfletos em mimeógrafos de porão e até mesmo formaram exércitos com algum conhecimento de táticas de combate. Eram os partisã – agentes não militares da resistência ao domínio nazista em seus países. O iugoslavo foi o mais forte desses movimentos, com quase 500 mil guerreiros em 1944. Reconquistaram o que se tornaria a Iugoslávia; seu líder, Iôssip Tito, seria o presidente do país. Em 25 de novembro de 1942, partisans gregos sabotaram suprimen-tos nazistas rumo ao norte da África, comprometendo a capacidade de luta dos Na Dinamarca, salvaram quase toda a população judia, levando-a para a neutra Suécia em outubro de 1943. A reação dos nazistas era brutal. Cidades como Lidice, na República Tcheca, ou a capital da Polônia, Varsóvia, foram arrasadas. Os partisã poloneses foram os que mais salvaram judeus (50 mil, metade dos que sobreviveram no país). Muitos desses soldados, porém, acabaram nos guláguis soviéticos.”
A fôrça da resistência. Super Interessante, 31 outubro 2016. Disponível em: https://oeds.link/F9h83S. Acesso em: 30 maio 2022.
Curadoria
Guerrilheiros judeus na Segunda Guerra (Entrevista)
Museu da Pessoa. 1º dez. 2005. Disponível em: https://oeds.link/X7KZKn. Acesso em: 16 junhoponto 2022.
Nessa página do sáite do Museu da Pessoa, está disponível uma entrevista com Nátan Quimelblat, que sobreviveu ao ataque nazista que dizimou sua aldeia, na Polônia, e vitimou sua família, em 1939. Ele lutou como guerrilheiro junto aos partisã soviéticos que combateram as fôrças nazistas na região e, mais tarde, migrou para o Brasil. Nessa entrevista, Quimelblat conta um pouco de sua história.
A rendição do Japão
A guerra no Pacífico se arrastou por mais alguns meses. Os japoneses não aceitavam a rendição e utilizavam, além das táticas de guerra tradicionais, pilotos suicidas, conhecidos como camicases, que atacavam os navios dos Aliados, provocando muitas baixas. Para encerrar o conflito e, ao mesmo tempo, demonstrar ao mundo seu grande poderio militar, os Estados Unidos optaram pelo uso de armas produzidas em segredo durante a guerra: as bombas atômicas. O desenvolvimento dessa tecnologia contou com a participação de dezenas de cientistas, muitos deles fugidos da Europa por causa da guerra.
Em 6 de agosto de 1945, o avião estadunidense B-29 Enôla Guei sobrevoou o território japonês com a bomba atômica, nomeada de Little Boy, a bordo. O alvo escolhido foi a cidade de iroshíma. Assim que a bomba foi lançada, uma explosão correspondente a mais de 15 mil toneladas de dinamite incinerou quase instantaneamente cêrca de 70 mil pessoas.
Respostas e comentários
Dados numéricos sobre as vítimas da bomba de Hiroshima foram retirados de: DEVELOPMENT and proliferation of atomic bombsEnciclopédia Britânica. Disponível em: https://oeds.link/d4on1o. Acesso em: 8 abril 2022.
Ampliando
O texto a seguir contém parte do depoimento de Emico Ocada, uma das sobreviventes dos ataques com bombas atômicas às cidades de iroshíma e nagazáqui, no Japão.
“Emico tinha oito anos quando a bomba atômica foi lançada sobre iroshíma. Sua irmã mais velha, Miêco, e quatro outros parentes foram mortos.
reticências ‘Minha irmã saiu de casa naquela manhã, dizendo: Te vejo mais tarde! Ela tinha apenas 12 anos e era tão cheia de vida’, diz Emiko. ‘Mas ela nunca mais voltou. Ninguém sabe o que aconteceu com ela’. reticências
‘Ninguém na época tinha ideia do que era radiação. Doze anos depois, fui diagnosticada com anemia aplástica’. reticências
‘Todos os anos, há algumas ocasiões em que o céu ao pôr do sol fica vermelho escuro. reticências Nessas horas, não consigo deixar de pensar no pôr do sol no dia do bombardeio atômico. Durante três dias e três noites, a cidade esteve em chamas’.
‘Odeio o pôr do sol. Mesmo agora, o pôr do sol ainda me lembra a cidade em chamas’.”
SOBREVIVENTES de iroshíma e nagazáqui lembram horror de bombas atômicas. BBC News, 6 agosto 2020. Disponível em: https://oeds.link/QbmBm6. Acesso em: 30 maio 2022.
O cogumelo de fumaça formado pela explosão da bomba atômica subiu a uma altura de mais de 60 mil pésglossário . Quando a bomba explodiu, próximo ao solo, uma onda de calor de milhares de graus Celsius se espraiou no raio de alguns quilômetros. Com a onda de calor e as altas doses de radiação liberadas, milhares de pessoas e animais, construções e plantações desapareceram instantaneamente. Os que sobreviveram à explosão tiveram graves queimaduras, e muitos morreram nos meses seguintes. Boa parte dos que se curaram do choque imediato e seus descendentes sofreram com doenças, como o câncer, causadas pela radiação.
Dias depois desse ataque, em 9 de agosto de 1945, outra bomba atômica foi lançada pelos Estados Unidos no território japonês, sobre a cidade de nagazáqui. Arremessada do avião B-29 estadunidense Bockscar, a bomba chamada Fat Man, feita de plutônio-239, provocou uma explosão ainda mais violenta que a ocorrida em iroshíma, contida apenas pelas condições geográficas locais. Estima-se que, somente no dia da explosão, 40 mil pessoas morreram em nagazáqui. Nos meses e anos seguintes, outras milhares de vítimas do ataque ainda sofreriam com os ferimentos, queimaduras e os efeitos da radiação.
Devastado, o Japão assinou a rendição em 2 de setembro de 1945 e a guerra chegou ao fim.
Imagens em contexto!
Todos os anos, no dia 6 de agosto, data do primeiro bombardeio estadunidense sobre o Japão, milhares de pessoas se reúnem em iroshíma c om o objetivo de prestar homenagem às vítimas da bomba atômica e se manifestar para que cenas como as que ocorreram em 1945 não se repitam.
Respostas e comentários
Dados numéricos sobre as vítimas da bomba lançada em Nagasaki foram retirados de: DEVELOPMENT and proliferation of atomic bombs. Enciclopédia Britânica. Disponível em: https://oeds.link/d4on1o. Acesso em: 8 abril 2022.
Bê êne cê cê
A discussão sobre os efeitos devastadores da tecnologia nuclear, empregada militarmente nesse contexto histórico, contribui para o desenvolvimento da Competência Específica de Ciências Humanas nº 3.
Ampliando
Os ataques à população civil foram estratégicos e constantes durante a Segunda Guerra Mundial, sendo o lançamento das bombas atômicas sobre o Japão o mais controverso deles.
“Na Europa e Japão, a ‘doutrina da ofensiva aérea estratégica’ reticências foi usada para bombardear cidades inteiras, incluindo fábricas e bairros residenciais, visando enfraquecer o moral do inimigo. reticências
O ataque da fôrça aérea inglesa, canadense e americana contra a cidade de drêsden, na Alemanha nos dias 13 a 15 de fevereiro de 1945, por exemplo, matou mais de 30 mil pessoas. Esse tipo de ataque ‘convencional’ contra 64 cidades japonesas em 1945 matou mais civis no total que as duas bombas atômicas. Um assalto de 334 aviões americanos contra Tóquio, nos dias 9 e 10 de março de 1945, massacrou 100 mil pessoas reticências.
A decisão de Réui Trúman, que se tornou presidente depois da morte de Rusevélt em abril de 1945, de lançar duas bombas atômicas contra as cidades japonesas de iroshíma e nagazáqui é o mais controverso ato militar da guerra. A análise convencional sustenta que a decisão de usar armas atômicas era justificada, pois os japoneses não iriam se render e essa era a única fórma de acabar com a guerra mais rapidamente reticências. Alguns historiadores, porém, argumentam que havia sinais de que os japoneses queriam terminar o conflito e que os ataques atômicos contra o Japão pretenderam proclamar ao mundo que os Estados Unidos eram a maior potência militar do planeta.”
KARNAL, L. êti ól História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. São Paulo: Contexto, 2007. página220.
Curadoria
Gen pés descalços (Livro)
quêidji nacazáua. São Paulo: cônrad, 2011.
Sobrevivente do bombardeio de Irochima, Quêiji Nacasáua é o autor desse mangá em 10 volumes, originalmente publicados entre 1973 e 1986. Nele, o autor relata a história de sua família antes e depois da Segunda Guerra Mundial. O mangá pode contribuir para os estudantes compreenderem melhor o contexto da guerra no Pacífico, além de servir como ponto de partida para reflexões sobre questões mais amplas relacionadas aos direitos humanos.
O Holocausto
A perseguição aos judeus pelos nazistas começou antes do início da Segunda Guerra Mundial. No entanto, foi durante o conflito que os nazistas colocaram em prática a chamada solução final – a política de extermínio em massa da população judaica, que ficou conhecida como Holocausto ou Shoah.
Os judeus foram privados de sua cidadania na Alemanha, tornando-se apátridasglossário . Eles foram reunidos em guetos, espaços separados em algumas cidades, instituídos pelo Estado nazista com o objetivo de segregá-los do convívio social e político. Conforme os alemães conquistavam territórios em seu avanço sobre a Europa, reproduziam sua política racista nesses locais, em uma escala ainda maior. Na Polônia, por exemplo, ficava o Gueto de Varsóvia. Estima-se que, antes das políticas de deportação da solução final, o gueto tenha abrigado até 350 mil pessoas.
Além dos guetos, antes da Segunda Guerra Mundial já haviam sido criados na Alemanha os primeiros campos de concentração para aprisionamento dos judeus, adversários políticos e integrantes de outros grupos que desagradavam o regime, como os homossexuais. Com a guerra, os campos foram expandidos para os territórios dominados pelos nazistas, principalmente na Europa Oriental, onde também, a partir de 1941, passaram a atuar unidades móveis de extermínio de pessoas (chamadas Einsatzgruppen).
Imagens em contexto!
Com a ocupação nazista, én e sua irmã, margô, foram proibidas de frequentar a escola, sendo direcionadas para uma instituição destinada exclusivamente aos judeus. Elas foram vítimas do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, e sua história se tornou mundialmente conhecida após a publicação do diário de én, em 1947. én e sua família ficaram escondidas no prédio da empresa de seu pai, em Amsterdam, na Holanda, entre julho de 1942 e agosto de 1944. Quando o esconderijo foi descoberto, én e margô foram transferidas para o campo de concentração de Bérguem-Bêsin, onde faleceram em fevereiro de 1945.
Dica
LIVRO
O diário de én frênqui, adaptação de Ari fôlman; ilustração de Dêivid Polônsqui. Rio de Janeiro: Record, 2018.
O diário de én frênqui foi traduzido para mais de setenta idiomas e se tornou um dos relatos mais importantes e influentes sobre o Holocausto.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) declarou suas anotações parte do patrimônio histórico e cultural da humanidade. Nessa versão, a história de én ganhou tratamento gráfico e foi apresentada por meio da linguagem dos quadrinhos.
Respostas e comentários
Dados numéricos sobre o Gueto de Varsóvia foram retirados de: UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM Guetos na Polônia ocupada. Enciclopédia do Holocausto. Disponível em: https://oeds.link/eiBuJB. Acesso em: 8 abril 2022.
Bê êne cê cê
Ao tratar da perseguição aos judeus e a outros grupos pelos nazistas, da política de deportação, dos campos de concentração e de extermínio e do Gueto de Varsóvia, o conteúdo auxilia no desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um três.
Ampliando
O texto a seguir é parte de uma matéria jornalística sobre a história da holandesa sobrevivente do Holocausto que foi amiga de én frênqui e vive há décadas no Brasil.
“‘Convivíamos lado a lado com a morte’, escreveu ela [Nanéti]. Dentre as medonhas lembranças, estão banhos frios em grupo, o pesadelo interminável da contagem diária de prisioneiros, vasos sanitários imundos, trabalho exaustivo, piolho e doenças como tifo, fome e desnutrição proveniente de uma insignificante refeição diária. ‘Eles queriam nos matar de fome’, diz ela, contando que pesava cêrca de 30 quilos quando foi libertada, em maio de 1945. reticências
As irmãs adolescentes [Margót e Âne Franc] foram, então, mandadas para Bérguem-Bêsin, onde Nanette viu a antiga colega de classe pela última vez.
Quando Nanette as reconheceu, as irmãs frênqui estavam muito debilitadas. Em seu livro, ela relatou o reencontro, no comêço de 1945. ‘én estava envolta em um cobertor, pois não aguentava mais os piolhos em sua roupa, e tremia de frio. Corremos para nos abraçar, e lágrimas caíam dos nossos rostos’, escreveu. Mesmo extremamente enfraquecida, én contou à amiga sobre o tempo no esconderijo e o diário que escrevera. As irmãs padeceram vítimas de tifo, fome e exaustão.”
SÁ, G. de. Amiga de én frênqui que resistiu ao Holocausto transmite horrores do nazismo para estudantes brasileiros. National Geographic Brasil, 5 novembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/sNnRuP. Acesso em: 30 maio 2022.
Curadoria
O Terceiro Reich em cena: história e memória audiovisual do nazismo e do Holocausto (Capítulo de livro)
váguiner Pinheiro Pereira. In: Líuim, H. (coordenação). Judaísmo e globalização: espaços e temporalidades. Rio de Janeiro: Imprimatur, 2010.
A quantidade de filmes e discussões sobre a história e a memória do Holocausto é impressionante. O texto do historiador váguiner Pinheiro Pereira pode auxiliar na seleção de materiais para abordar essas questões em sala de aula.
Os campos de concentração e de extermínio
A partir de outubro de 1941, os nazistas começaram a fazer deportações em massa de judeus aos campos de concentração e de extermínio. Embora tenham sido genericamente nomeados como campos de concentração, havia distinção entre os locais instituídos para conter as pessoas indesejadas pelos nazistas. Nos campos de concentração, essas pessoas eram submetidas a trabalhos forçados. Já os campos de extermínio, que começaram a ser utilizados em dezembro de 1941, foram construídos com a finalidade específica de realizar assassinatos em massa, em escala industrial, de judeus e de integrantes de outros grupos, como os ciganos.
Levados de prisões, de guetos e de outros campos, os prisioneiros eram assassinados por fuzilamentos sistemáticos ou nas câmaras de gás. Divididos em grupos e obrigados a trabalhar em condições precárias, sem higiene nem alimentos, os prisioneiros também estavam sujeitos a todos os tipos de doença.
A resistência no Gueto de Varsóvia
Em janeiro de 1943, os nazistas ordenaram a aceleração da deportação dos judeus do Gueto de Varsóvia, na Polônia, para os campos de concentração. Diante dessa situação, as pessoas que viviam no local enfrentaram as tropas nazistas usando armas que conseguiam quando saíam do gueto para trabalhar. A luta durou cêrca de quatro meses, até maio de 1943, quando os nazistas puseram fim à rebelião, que entrou para a história como a primeira resistência judaica civil contra o nazismo.
Dica
FILME
O pianista
Direção: Rôman Polensqui. Alemanha, 2002. Duração: 120 minutos
Ambientado na Polônia dos anos 1930 e 1940, o filme aborda a vida do pianista judeu polonês Vladisláv Ispílman, sobrevivente do Holocausto. Na sequência de cenas, é possível identificar a formação do Gueto de Varsóvia e a política de deportação em massa dos judeus da Europa (solução final).
Respostas e comentários
Classificação indicativa de O pianista: 14 anos.
Ampliando
Muitos aspectos das terríveis condições dos campos de concentração e extermínio vieram a público por meio dos relatos das pessoas que neles estavam confinadas no momento da libertação. O texto a seguir é um trecho do depoimento de , sobrevivente judia de origem polonesa que, mais tarde, se estabeleceu no Brasil.
“Em áuchvitz, os nazistas tiraram o pouco que tínhamos reticências. Não cheguei a ser tatuada no braço, como acontecia reticências pois meu destino era morte reticências.
Em dezembro de 1944 fomos transportados de trem reticências. Chegamos a reticências Lá a situação era ainda mais trágica: não havia roupa para a gente, pois já estava ficando frio, e muito menos comida. reticências
Apesar das péssimas condições de Bérguem-Bêsin, consegui sobreviver à fome, às doenças, reticências conseguia alimento adicional trabalhando na cozinha, como cascas de batata cruas, que levava escondidas no forro do meu casaco para conseguir alimentar a minha mãe. reticências
Quando fomos libertados pelos ingleses, todo campo estava doente, com tifo. Eles tinham horror de entrarreticências! Não estavam preparados para encontrar gente viva reticências.”
Depoimento de apud CARNEIRO, M. L. T. Vozes do Holocausto. São Paulo: Sêfer, 2017. volume 3. página248-251.
Curadoria
Maus: a história de um sobrevivente (Livro)
Art Ispíguelman. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
O livro do estadunidense Art Ispíguelman mostra, em formato de história em quadrinhos, a representação das histórias narradas por seu pai, Vládec Ispíguelman, um judeu polonês sobrevivente do campo de concentração de áuchvitz.
A indústria do extermínio
Os campos de concentração e extermínio mais letais eram os de Treblinka e áuchvitz, localizados na Polônia. Em Treblinka foram executadas de 870 mil a 925 mil pessoas, ao passo que em áuchvitz foram mortos cêrca de 1 milhão de judeus, de 70 mil a 74 mil poloneses, 21 mil ciganos e 15 mil prisioneiros de guerra. Ao todo, morreram nos campos de concentração e extermínio e em execuções em massa promovidas pelos nazistas em outros lugares aproximadamente 6 milhões de judeus, 1,8 milhão de poloneses, 312 mil sérvios, até 250 mil pessoas com deficiência, cêrca de uma.novecentas testemunhas de Jeová e até 250 mil ciganos, além de milhares de homossexuais, civis soviéticos e prisioneiros de guerra.
Alguns símbolos de identificação de prisioneiros em Auschwitz
FONTES: Memórial end Miusiam Áuchivíts Birquenau. Disponível em: https://oeds.link/Tr8iz1; Iunáited Istêits Rólocaust Memórial Miusiam. Disponível em: https://oeds.link/aJkFlb. Acesso em: 7 abril 2022.
Com o fim da guerra, o mundo tomou conhecimento das atrocidades cometidas pelos nazistas contra o povo judeu e cresceu a pressão internacional para a criação de um Estado nacional judaico na região histórica da Palestina. Esse, no entanto, é um tema que você estudará adiante.
Imagens em contexto!
No portão do campo de concentração e extermínio de áuchvitz está gravada a frase em alemão Arbeit macht frei, que pode ser traduzida como “O trabalho liberta”. Atualmente, o local abriga um memorial em homenagem às vítimas do nazismo e foi transformado em patrimônio histórico e cultural da humanidade pela unêsco.
Agora é com você!
Responda no caderno.
- Explique as motivações dos Estados Unidos para entrar na Segunda Guerra Mundial.
- Resuma o modo como ocorreu a rendição do Japão na guerra.
- O que foi a solução final? Como ela foi executada?
Respostas e comentários
Dados numéricos sobre as execuções foram retirados de: UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM. Enciclopédia do Holocausto. Disponível em: https://oeds.link/37Qnjj. Acesso em: 8 abril 2022.
Bê êne cê cê
Ao tratar da perseguição e do extermínio sistemático dos judeus, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da Competência Geral da Educação Básica nº 9, das Competências Específicas de Ciências Humanas nº 1 e nº 6 e das Competências Específicas de História nº 1 e nº 3.
Orientação para as atividades
Se possível, utilize as atividades 2 e 3 para extrapolar o conteúdo em uma discussão sobre o caráter ético das decisões históricas e as memórias que despertam contemporaneamente. Para isso, proponha aos estudantes questões como as seguintes: “Como lembrar desses eventos violentos, como o bombardeio nuclear do Japão e o Holocausto?”; “Como significar as memórias sobre esses eventos históricos?”; “Que acontecimentos violentos da sociedade brasileira do presente devem ser lembrados?”.
Agora é com você!
1. Em 7 de dezembro de 1941, o Japão atacou Pearl Harbor, uma base naval dos Estados Unidos que continha grande aparato de equipamentos. A resposta do presidente Frânclin Rusevélt foi imediata: entrou na guerra ao lado do Reino Unido e da União Soviética.
2. A rendição do Japão ocorreu após a utilização das bombas atômicas pelos Estados Unidos. A primeira delas foi lançada na cidade de iroshíma, em 6 de agosto de 1945, matando instantaneamente 70 mil pessoas e destruindo tudo em num raio de alguns quilômetros. A segunda foi lançada três dias depois na cidade de nagazáqui e estima-se que matou cêrca de40 mil pessoas. Devastado, o Japão assinou a rendição em 2 de setembro de 1945.
3. A solução final foi a política de extermínio em massa da população judaica. A partir de outubro de 1941, os nazistas começaram a fazer deportações em massa de judeus aos campos de concentração e de extermínio. Os de extermínio foram construídos com a finalidade específica de executar assassinatos em massa, em escala industrial, de judeus e de integrantes de outros grupos, como os ciganos. Levados de prisões, de guetos e de outros campos, os prisioneiros eram assassinados por fuzilamentos sistemáticos ou nas câmaras de gás. Divididos em grupos e obrigados a trabalhar em condições precárias de higiene e alimentares, os prisioneiros também estavam sujeitos a todos os tipos de doença.
Julgamentos no pós-guerra
Ao final da guerra, alguns nazistas de alto escalão que foram capturados pelos Aliados, como rérman guêrin, foram julgados por um Tribunal Militar Internacional. As audiências em que isso ocorreu ficaram conhecidas como Julgamentos de Nuremberg, por terem ocorrido nessa cidade alemã em 1945 e 1946.
Apesar de alguns terem sido condenados, muitos outros integrantes do alto escalão nazista conseguiram fugir da Alemanha no período final do conflito para não responder por seus crimes de guerra. Alguns deles se refugiaram em países da América Latina, como Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia. Há evidências de que iôzef mênguele (conhecido como “anjo da morte”) tenha passado pelo Brasil.
Mesmo usando nomes e documentos falsos, vários deles foram encontrados e levados à justiça pelos chamados caçadores de nazistas. O polonês Sáimon Visental, que sobreviveu aos campos de concentração, foi uma das pessoas que se dedicaram a localizar e levar a julgamento esses nazistas. Visental foi um dos responsáveis pela localização de Ádolf Áichiman na Argentina, em 1960. O ex-oficial da ésse ésse foi capturado pelo Mossád (serviço secreto do Estado de Israel) e levado a julgamento nesse país.
A banalidade do mal
Em 1961, a filósofa judia alemã rãna arent, que vivia nos Estados Unidos, foi a Israel como jornalista acompanhar o julgamento de Áichiman. Após observar aquele que foi um dos principais carrascos nazistas, Arendt percebeu que Áichiman não parecia um monstro, mas um homem comum. Além disso, ele não apresentava um histórico de práticas antissemitas e afirmava no julgamento que apenas cumpria ordens recebidas de seus superiores de fórma eficiente, sem questionar as consequências daquilo que fazia.
Partindo disso, a filósofa conceituou a expressão banalidade do mal, e chegou à conclusão de que o mal é comum e instaura-se onde encontra espaço, quando uma ordem política e social trivializaglossário a violência e a torna, portanto, comum.
Assim, de acordo com esse pensamento de arent, os seres humanos podem realizar ações inimagináveis, que causam destruição e morte, sem motivação maligna. A escalada da barbárie sempre começa em gestos cotidianos, banais, feitos supostamente sem a intenção de ofender, que escancaram preconceitos, intolerâncias e hostilidades. Conforme alerta Primo Livai, químico e escritor italiano, sobrevivente de áuchvitz: “Os monstros existem, mas são muito pouco numerosos para serem verdadeiramente perigosos; os mais perigosos são os homens comuns, os funcionários prontos a ceder e a obedecer sem discussão”.
Respostas e comentários
A citação de Primo Levi foi retirada de: LEVI, P. Se questo è un uomo: la tregua Torino: Einaudi, 1989. página 347. Apud: ZUIN, J. C. S. Primo Levi: o escritor-testemunha de Auschwitz. Perspectivas, SãoPaulo, volume 29, página 211, 2006.
Ampliando
Na resistência de alemães contra o nazismo, o caso dos jovens irmãos Zofí e Rans Chól é emblemático. Estudantes da Universidade de Munique, em 1942, eles formaram um grupo chamado Rosa Branca. Apesar dos riscos, o grupo produziu seis panfletos denunciando a guerra e os assassinatos de judeus e distribuiu milhares de cópias feitas à mão. Em fevereiro de 1943, sôfi foi denunciada à guestápo enquanto distribuía o sexto panfleto na universidade. sôfi e Râns foram presos, julgados, condenados e executados. sôfi tinha então 21 anos e Râns , 24. O texto a seguir é um trecho do primeiro panfleto.
“Não há nada mais indigno para um povo civilizado do que se deixar ‘governar’ sem resistência por uma corja de déspotas irresponsáveis, movida por instintos obscuros. Não é verdade que hoje todo alemão honesto envergonha-se de seu govêrno? reticências Se em sua mais profunda essência o povo alemão já está tão corrompido reticências a ponto de reticências não mostrar reação para defender o que o ser humano possui de mais valioso reticências, a saber, o livre-arbítrio reticências então, sim, eles merecem a ruína.
reticências cada um deve, nesta hora derradeira, resistir da melhor maneira possível, combater o flagelo da humanidade, o fascismo e qualquer outro sistema de Estado Absoluto semelhante a ele. Ofereçam resistência passiva reticências onde quer que vocês estejam, impeçam que essa máquina de guerra reticências continue avançando, antes que seja tarde demais, antes que as últimas cidades se reduzam a montes de escombros reticências. Não esqueçam que cada nação merece o govêrno que ela tolera!
Pedimos a todos que façam a maior quantidade possível de cópias deste panfleto e as passem adiante.”
PRIMEIRO panfleto da Rosa Branca. ápud: Chól, I. A Rosa Branca. São Paulo:Editora 34, 2013. página 7-9.
• Comente com os estudantes os julgamentos ocorridos entre 1945 e 1946. Houve iniciativas internacionais para averiguar as responsabilidades pelas violações ocorridas durante o conflito. Uma delas foi a instituição do Tribunal de Nurrembérg, côrte militar organizada pelos Aliados que julgou e condenou nazistas como rrérman Guêrrin e Rúdolf Rés, alguns sentenciadas à morte (caso de Guêrrin). Outra foi a criação do Tribunal Penal Internacional, pela Carta das Nações Unidas, em 1945. Esse tribunal também é conhecido como côrte de Haia, pois tem séde em Haia, nos Países Baixos.
Atividades
Responda no caderno.
Organize suas ideias
1. (enêm méqui – adaptado) Em discurso proferido em 17 de março de 1939, o primeiro-ministro inglês à época, Névil Tiêmberlan, sustentou sua posição política:
“Não necessito defender minhas visitas à Alemanha no outono passado, que alternativa existia? Nada do que pudéssemos ter feito, nada do que a França pudesse ter feito, ou mesmo a Rússia, teria salvado a Tchecoslováquia da destruição. Mas eu também tinha outro propósito ao ir até Munique. Era o de prosseguir com a política por vezes chamada de ‘apaziguamento europeu’, e Rítler repetiu o que já havia dito, ou seja, que os Sudetos, região de população alemã na Tchecoslováquia, eram a sua última ambição territorial na Europa, e que não queria incluir na Alemanha outros povos que não os alemães.”
No caderno, identifique a alternativa correta. Sabendo-se que o compromisso assumido por Rítler em 1938, mencionado no texto acima, foi rompido pelo líder alemão em 1939, infere-se que- Rítler ambicionava o contrôle de mais territórios na Europa além da região dos Sudetos.
- a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia poderia ter salvado a Tchecoslováquia.
- o rompimento desse compromisso inspirou a política de “apaziguamento europeu”.
- a política de tchênberlen de apaziguar o líder alemão era contrária à posição assumida pelas potências aliadas.
- a fórma que tchênberlen escolheu para lidar com o problema dos Sudetos deu origem à destruição da Tchecoslováquia.
Aprofundando
- A estrutura e a narrativa de muitos jogos eletrônicos sobre a Segunda Guerra Mundial são parecidas: o protagonista (que geralmente é homem) adquire um aspecto heroico por atravessar uma série de provações e mostrar coragem e bravura em seus feitos. Ao transportar o jogador para a realidade virtual da guerra, eles simulam a sensação de viver a guerra, e nisso reside o perigo de transformar o horror em entretenimento.
Junte-se a alguns colegas e, com base nessas considerações, debatam as questões a seguir.
- Como jogos de guerra podem transformar a violência em entretenimento?
- Como é construída a imagem do herói e a dos inimigos na maior parte dos jogos (ou filmes) de guerra?
- Por que o tema da guerra se tornou entretenimento? Isso apresenta alguma relação com a sociedade contemporânea?
- Ao defender a superioridade de uma “raça pura” e a inferioridade de determinados grupos, os nazistas levaram a cabo um projeto de extermínio que resultou na morte de milhões de pessoas. Essa suposta superioridade biológica e intelectual da raça ariana foi refutada cientificamente, mas ainda é defendida por
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
A atividade 4, por envolver a memória das vítimas do Holocausto, contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um três, da Competência Geral da Educação Básica nº 9, das Competências Específicas de Ciências Humanas nº 1 e nº 6 e das Competências Específicas de História nº 1 e nº 6.
Tema Contemporâneo Transversal
A atividade 3 contribui para o desenvolvimento do Tema Contemporâneo Transversal Educação em direitos humanos por envolver a pesquisa sobre os grupos neonazistas, que defendem a restrição dos direitos de diferentes comunidades, e favorecer a análise dos perigos do neonazismo e das ideologias supremacistas.
Atividades
Organize suas ideias
1. Alternativa a.
Aprofundando
2. a) Uma possibilidade de resposta é: o jogador é transportado para a realidade virtual ao controlar as ações do personagem principal, colocando-se no papel de herói na narrativa. A diversão reside na ação de eliminar os inimigos, o que pode banalizar a violência.
b) Jogos e filmes de guerra apresentam o protagonista do enredo como herói, que é comumente representado como um homem que deixou a família para lutar por sua nação. Geralmente são apresentados nome, sobrenome e local onde ele morava antes de ir ao conflito. Os inimigos, por sua vez, não têm identidade específica; nos jogos mais antigos, lançados nos anos 1990, os inimigos são todos representados com as mesmas feições. Além disso, excluem-se as mulheres do campo de batalha.
c) A transformação da guerra em entretenimento decorre da grande demanda por esse tema. Hoje o mercado de games fatura mais que o de cinema e o de música juntos. A relação com a sociedade contemporânea pode ser traçada por meio de uma reflexão sobre a banalização da violência atualmente.
- Junte-se a quatro estudantes e retomem o que estudaram sobre nazismo.
- Pesquisem a definição de neonazismo, a lei brasileira que define os crimes relacionados ao nazismo e as fórmas de denunciar tais crimes. Com base nas fontes pesquisadas, produzam um resumo que contenha respostas às seguintes questões:
- O que é neonazismo e como ele se assemelha ao nazismo?
- Como o neonazismo é definido no Brasil de acordo com a lei?
- Por que o neonazismo é perigoso para a sociedade?
- Quais são os canais e os meios para realizar denúncias de crimes relacionados ao neonazismo?
- Com base no resumo que vocês fizeram, produzam um cartaz com informações como: definição de neonazismo; lei brasileira que criminaliza o neonazismo; problemas que o neonazismo pode trazer; soluções para combater a ideologia neonazista e outros tipos de intolerância; como denunciar o neonazismo.
- Afixem o cartaz em um local permitido dentro da escola para que a comunidade escolar possa ter contato com essas informações.
- Em 2017, algumas lojas nos Estados Unidos anunciaram a venda de fantasias de én frênqui para a festa de Halloween, informando na propaganda que as crianças poderiam ser heroínas da Segunda Guerra Mundial. Já em 2019, o Museu de áuchvitz, na Polônia, pronunciou-se em uma de suas redes sociais sobre o fato de alguns turistas tirarem selfies se equilibrando nos trilhos dos trens que transportaram milhares de pessoas até o local em que seriam assassinadas. Esses dois casos podem ser relacionados com o conceito de banalidade do mal, de rãna arent: quando o extermínio vira fantasia de Halloween ou um registro de viagem desrespeitoso, sem a incorporação crítica de um debate sobre a memória e a história, banalizam-se esses temas. Considerando essas informações, faça as atividades a seguir.
- Junte-se a cinco colegas e pesquisem mais informações sobre a noção de banalidade do mal na internet ou em livros disponíveis na biblioteca da escola ou da região onde vivem.
- Produzam um texto inicial com a definição desse conceito, relacionando-o ao caso da fantasia de én frênqui e das selfies de turistas em áuchvitz.
- Pesquisem informações sobre algum episódio do passado brasileiro que recebeu tratamento semelhante, ou seja, um evento trágico explorado comercialmente ou de fórma turística sem reflexões, e o descrevam resumidamente.
- Usando os textos produzidos, elaborem cartazes com o objetivo de propor uma reflexão sobre os usos que fazemos do passado. Explorem a questão: “Como combater a banalização, bastante perigosa, da história e da memória?”.
- Caso seja possível, unam os cartazes com os produzidos na atividade 3 e montem uma mostra sobre educação em direitos humanos na escola para promover a construção de uma sociedade mais tolerante, respeitosa e pacífica.
Respostas e comentários
3. A atividade envolve algumas habilidades dos estudantes, como as necessárias para realizar uma pesquisa (de informações sobre o neonazismo e locais de denúncia de crimes cibernéticos) e sistematizar informações em um resumo. Se os estudantes tiverem acesso à internet, sugira-lhes que consultem sites governamentais e o Safernet, que apresenta um canal de denúncias para crimes cibernéticos e disponibiliza um mapa das delegacias especializadas em crimes cibernéticos. Disponível em: https://oeds.link/BRcz9d. Acesso em: 30 maio 2022. Acompanhe o planejamento da produção do cartaz pelos estudantes, orientando-os a apresentar no suporte as informações de fórma direta e resumida.
4. Nessa atividade são explorados problemas da contemporaneidade – como o respeito à memória – e um tema específico do capítulo – o Holocausto. Os estudantes são convocados a refletir sobre o tratamento dado à memória das vítimas do Holocausto na contemporaneidade. Espera-se que eles descrevam brevemente o conceito de “banalidade do mal”, elaborado pela filósofa rãna arent, e o relacionem com o caso da fantasia da Halloween e o das selfies de turistas em áuchvitz.
A questão da banalização de determinados eventos históricos, com base no conceito de rãna arent, deve ser aplicada à história do Brasil. Espera-se que os estudantes vinculem essa temática ao tratamento dado atualmente a assuntos como a escravidão.
Em linhas gerais, é importante que os estudantes compreendam que o conceito de banalidade do mal se refere à incorporação do horror a atos cotidianos como algo comum. As lojas que ofereceram a fantasia de én frênqui e os turistas que fizeram as selfies em áuchvitz acabaram por transformar em entretenimento a memória de pessoas assassinadas em campos de concentração. A banalização do mal é o centro desse tipo de ação.
Com essa atividade, procura-se verificar se os estudantes operam corretamente o conceito estudado. Há diversas possibilidades de aproximar esse conceito da realidade brasileira. A mais evidente diz respeito à escravidão no Brasil. Não é difícil encontrar notícias de festas em que vestimentas coloniais e a escravidão são temas de entretenimento.
Além disso, espera-se que a mostra sobre educação em direitos humanos contribua para conscientizar os estudantes e o restante da comunidade escolar do perigo da banalização de uma atrocidade.
Glossário
- Premissa
- : ideia que antecede um argumento.
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- Apaziguamento
- : abrandamento, aplacamento, conciliação.
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- Drástico
- : nesse caso, enérgico.
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- Pé
- : unidade de medida utilizada no Reino Unido e nos Estados Unidos. 1 pé corresponde a 30,48 centímetros.
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- Apátrida
- : pessoa que, tendo perdido sua nacionalidade, encontra-se oficialmente sem pátria.
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- Trivializar
- : tornar banal, sem importância, corriqueiro.
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