UNIDADE 3 A GUERRA FRIA E SEUS REFLEXOS NO BRASIL E NO MUNDO

A história e você: convívio entre gerações na contemporaneidade

Nesta unidade, você estudará as décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, marcadas pela divisão geopolítica do mundo em dois blocos antagônicos – um capitalista e outro socialista –, liderados respectivamente pelos Estados Unidos e pela União Soviética.

Uma das principais características desse período foi a competição tecnocientífica entre os dois blocos, que, em busca da hegemonia mundial, investiram pesado em pesquisas científicas.

Uma das consequências disso foi o aumento da expectativa de vida da população, promovido pela ampliação dos tratamentos médicos e da produção de vacinas, de medicamentos e de alimentos. Ao mesmo tempo, a descoberta de novas técnicas contraconceptivas, somada ao aumento da escolarização das mulheres, promoveu a diminuição das taxas de fecundidadeglossário . O resultado foi a transformação da estrutura etária da população mundial, sobretudo nos países desenvolvidos, onde o número de glossário idosos tem aumentado desde então. No Brasil, o envelhecimento da população também pode ser notado, principalmente desde a década de 2010.

Brasil: projeção da população – 2010-2060

Gráficos de barras. Brasil: projeção da população, de 2010 a 2060. Três gráficos de barras que representam a população em porcentagem de homens e de mulheres por faixas de idade no Brasil para os anos de 2010, 2030 e 2060, respectivamente. No eixo vertical, ao centro, estão as faixas de idade. No eixo horizontal, a população em porcentagem, de 0 a 5 por cento. Do lado esquerdo, porcentagem de homens (barras na cor laranja): Do lado direito, porcentagem de mulheres (barras na cor laranja). Gráfico, 2010. Homens. 0 a 4 anos: 3,9 por cento; 5 a 9 anos: 4,1 por cento; 10 a 14 anos: 4,6 por cento; 15 a 19 anos: 4,5 por cento; 20 a 24 anos: 4,5 por cento; 25 a 29 anos: 4,4 por cento; 30 a 34 anos: 4,0 por cento; 35 a 39 anos: 3,6 por cento; 40 a 44 anos: 3,4 por cento; 45 a 49 anos: 3,0 por cento; 50 a 54 anos: 2,6 por cento; 55 a 59 anos: 2,0 por cento; 60 a 64 anos: 1,5 por cento; 65 a 69 anos: 1,2 por cento; 70 a 74 anos: 0,9 por cento; 75 a 79 anos: 0,6 por cento; 80 a 84 anos: 0,3 por cento; 85 a 89 anos: 0,2 por cento; 90 ou mais: 0,1 por cento. Mulheres 0 a 4 anos: 3,8 por cento; 5 a 9 anos: 4,0 por cento; 10 a 14 anos: 4,2 por cento; 15 a 19 anos: 4,2 por cento; 20 a 24 anos: 4,3 por cento; 25 a 29 anos: 4, 3 por cento; 30 a 34 anos: 4,1 por cento; 35 a 39 anos: 3,8 por cento; 40 a 44 anos: 3,6 por cento; 45 a 49 anos: 3,1 por cento; 50 a 54 anos: 2,6 por cento; 55 a 59 anos: 2,2 por cento; 60 a 64 anos: 1,8 por cento; 65 a 69 anos: 1,3 por cento; 70 a 74 anos: 1,1 por cento; 75 a 79 anos: 0,8 por cento; 80 a 84 anos: 0,6 por cento; 85 a 89 anos: 0,3 por cento; 90 ou mais: 0,2 por cento. Gráfico, 2030. Homens. 0 a 4 anos: 3,1 por cento; 5 a 9 anos: 3,2 por cento; 10 a 14 anos: 3,3 por cento; 15 a 19 anos: 3,2 por cento; 20 a 24 anos: 3,2 por cento; 25 a 29 anos: 3,6 por cento; 30 a 34 anos: 3,9 por cento; 35 a 39 anos: 3,8 por cento; 40 a 44 anos: 3,8 por cento; 45 a 49 anos: 3,6 por cento; 50 a 54 anos: 3,3 por cento; 55 a 59 anos: 2,8 por cento; 60 a 64 anos: 2,4 por cento; 65 a 69 anos: 2,1 por cento; 70 a 74 anos: 1,6 por cento; 75 a 79 anos: 1,2 por cento; 80 a 84 anos: 0,6 por cento; 85 a 89 anos: 0,3 por cento; 90 ou mais: 0,2 por cento. Mulheres 0 a 4 anos: 3,0 por cento; 5 a 9 anos: 3,1 por cento; 10 a 14 anos: 3,2 por cento; 15 a 19 anos: 3,2 por cento; 20 a 24 anos: 3,3 por cento; 25 a 29 anos: 3,6 por cento; 30 a 34 anos: 3,8 por cento; 35 a 39 anos: 3,8 por cento; 40 a 44 anos: 3,8 por cento; 45 a 49 anos: 3,8 por cento; 50 a 54 anos: 3,6 por cento; 55 a 59 anos: 3,0 por cento; 60 a 64 anos: 2,7 por cento; 65 a 69 anos: 2,4 por cento; 70 a 74 anos: 1,9 por cento; 75 a 79 anos: 1,6 por cento; 80 a 84 anos: 0,9 por cento; 85 a 89 anos: 0,4 por cento; 90 ou mais: 0,3 por cento. Gráfico, 2060. Homens. 0 a 4 anos: 2,4 por cento; 5 a 9 anos: 2,5 por cento; 10 a 14 anos: 2,6 por cento; 15 a 19 anos: 2,7 por cento; 20 a 24 anos: 2,8 por cento; 25 a 29 anos: 2,9 por cento; 30 a 34 anos: 3,0 por cento; 35 a 39 anos: 3,1 por cento; 40 a 44 anos: 3,2 por cento; 45 a 49 anos: 3,1 por cento; 50 a 54 anos: 3,1 por cento; 55 a 59 anos: 3,2 por cento; 60 a 64 anos: 3,3 por cento; 65 a 69 anos: 3,0 por cento; 70 a 74 anos: 2,7 por cento; 75 a 79 anos: 2,2 por cento; 80 a 84 anos: 1,5 por cento; 85 a 89 anos: 0,9 por cento; 90 ou mais: 0,8 por cento. Mulheres 0 a 4 anos: 2,3 por cento; 5 a 9 anos: 2,4 por cento; 10 a 14 anos: 2,5 por cento; 15 a 19 anos: 2,6 por cento; 20 a 24 anos: 2,7 por cento; 25 a 29 anos: 2,8 por cento; 30 a 34 anos: 2,9 por cento; 35 a 39 anos: 3,0 por cento; 40 a 44 anos: 3,0 por cento; 45 a 49 anos: 3,0 por cento; 50 a 54 anos: 3,0 por cento; 55 a 59 anos: 3,1 por cento; 60 a 64 anos: 3,3 por cento; 65 a 69 anos: 3,2 por cento; 70 a 74 anos: 3,0 por cento; 75 a 79 anos: 2,8 por cento; 80 a 84 anos: 2,0 por cento; 85 a 89 anos: 1,3 por cento; 90 ou mais: 1,4 por cento.

FONTE: PROJEÇÃO da população do Brasil e das Unidades da Federação. í bê gê É. Disponível em: https://oeds.link/buielp. Acesso em: 14 abril 2022.

Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Segundo as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É), em 2030, a base da pirâmide etária brasileira se tornará mais estreita e, em 2060, a participação de idosos na população total será ainda maior.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Por envolver uma jornada de convivência intergeracional, a atividade da abertura favorece o respeito e a valorização da população idosa e o exercício do protagonismo dos estudantes na comunidade escolar, contribuindo para o desenvolvimento das Competências Gerais da Educação Básica nº 1, nº 4, nº 6, nº 9 e nº 10, das Competências Específicas de Ciências Humanas nº 1 e nº 3 e da Competência Específica de História nº 1.

Tema Contemporâneo Transversal

Por envolver o convívio intergeracional, a valorização das pessoas idosas e o respeito a elas, a atividade da abertura mobiliza o Tema Contemporâneo Transversal Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso.

Abertura de unidade

Essa unidade abarca os capítulos 7 (“Guerra Fria: política, tecnologia e cultura”), 8 (“Conflitos regionais, socialismo e descolonização”) e 9 (“O Brasil democrático (1946-1964)”) deste volume.

O tema escolhido para a atividade de abertura relaciona-se ao processo de envelhecimento da população mundial iniciado no pós-Segunda Guerra, contexto que será estudado no capítulo 7. Relaciona-se também ao avanço acelerado das tecnologias digitais, fruto da competição tecnocientífica da Guerra Fria. Sem o acompanhamento de políticas públicas para a educação digital de idosos, a rápida obsolescência das antigas fórmas de comunicação tem promovido o isolamento social e cultural da população dessa faixa etária e, em muitos casos, obstaculizado o exercício pleno de sua cidadania.

O envelhecimento da população, somado ao avanço das tecnologias digitais (que é muitas vezes acompanhado de fórma diversa por diferentes gerações), pode acabar aumentando a distância social e cultural entre jovens e idosos. Refletindo sobre isso, você e os colegas vão organizar uma jornadaglossário de convivência intergeracionalglossário .

Organizar

  • Reúna-se com alguns colegas e elaborem um questionário para entrevistar cinco estudantes de outras turmas. O questionário pode ser impresso ou digital. Façam perguntas fechadas, como: “Você convive com idosos?”; “Já aprendeu algo com eles?”; “Acredita que pode ensinar algo a eles?”. Após obter as respostas, peçam aos entrevistados que indiquem qual destas atividades lhes parece mais interessante: participar de uma oficina, de uma aula ou de algum tipo de jogo ou montar um painel de memórias.
  • Depois, construam um questionário para entrevistar cinco idosos que vocês conheçam. Elaborem perguntas semelhantes às feitas aos estudantes, substituindo a palavra idosos por jovens.
  • Após fazer as entrevistas, analisem-nas para obter uma síntese delas.
  • Produzam uma apresentação dos dados obtidos para os colegas e o professor.

Produzir

  • Com base no resultado das entrevistas de todos os grupos, avaliem a imagem que jovens e idosos cultivam uns dos outros e verifiquem o que as diferentes gerações acreditam que podem aprender e ensinar uma à outra.
  • Elejam duas das atividades propostas nas entrevistas que foram mais mencionadas pelos dois grupos de entrevistados para realizar durante a jornada na escola.
  • Organizem as atividades para a jornada intergeracional, convidando os idosos entrevistados para as atividades, e combinem uma data para essa atividade com os responsáveis da escola. Se possível, convidem outras pessoas da comunidade escolar para participar.

Compartilhar

Registrem as atividades da jornada com fotos ou gravações e, caso seja possível, publiquem-nas em um site da escola ou em suas redes sociais.

Ilustração. Pessoas reunidas em pequenos grupos. No primeiro plano, à direita, um rapaz sorridente toca violão. À esquerda, uma moça tocando violão sentada. Ao seu lado, um rapaz cadeirante auxilia uma senhora que segura um violão. Ao fundo, um trio formado por duas jovens e um senhor também está tocando violão, Ao lado deles, um rapaz abaixado observa um senhor sentado tocar violão. Por fim, um homem sentado ao lado de um menino toca violão.
Ilustração atual representando o convívio intergeracional.
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Atividade

Embora a educação para o envelhecimento seja objeto de leis e políticas públicas, estando presente, por exemplo, na Constituição Federal de 1988 – que institui o amparo ao idoso pela família e pelo poder púbico –, na Política Nacional para o Idoso de 1994 – que estabelece a inserção nos currículos escolares de conteúdos voltados para o processo de envelhecimento – e no Estatuto do Idoso de 2003 – que prevê conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso nos diversos níveis de educação formal –, a educação gerontológica e intergeracional ainda tem sido pouco praticada e discutidas nas escolas.

A partir disso entra a atividade proposta, que busca a reflexão sobre o processo do envelhecimento em um mundo com pessoas cada vez mais idosas e a aproximação entre jovens e idosos por meio de atividades em que cada geração possa ensinar e aprender com a outra. Vale lembrar que a reflexão sobre o envelhecimento diz respeito não apenas ao cuidado com o outro, mas também ao cuidado de si, pois envelhecer faz parte da vida de todos.

A atividade é uma prática de pesquisa, sendo necessário que os estudantes utilizem alguns instrumentos que fazem parte do processo de pesquisa em ciências humanas, como a construção e o uso de questionários e entrevistas. Na primeira etapa da atividade, espera-se que os estudantes discutam hipóteses sobre o que jovens e idosos acreditam que podem aprender uns com os outros e formulem uma questão como: “Acreditam que os idosos veem os jovens (e vice-versa) como indivíduos que podem ensinar algo a pessoas de outra geração?”. Para o questionário, os estudantes deverão formular questões objetivas, como as propostas na atividade, e subjetivas, como: “O que você aprendeu/aprende com os jovens ou os idosos (dependendo da faixa etária da pessoa entrevistada) com quem se relaciona?”. É importante que se diferenciem as questões objetivas das subjetivas, pois as objetivas poderão ser tabuladas e servir como amostragem e as subjetivas poderão ajudar na compreensão do modo como um dos grupos percebe o outro.

Reserve uma aula para essa primeira parte da atividade. Após a escolha das questões, proponha aos estudantes que apliquem as entrevistas. Eles deverão fazer a coleta de dados fóra do horário de aula. Lembre-os de que precisarão explicar aos entrevistados que pretendem entender a relação entre jovens e idosos a fim de contribuir para a melhora dos relacionamentos.

O compartilhamento dos resultados ocorrerá na aula seguinte. Aproveite a oportunidade para desmitificar o processo de envelhecimento, bem como para desconstruir preconceitos relacionados às duas gerações.

Ajude os grupos a pensar em atividades que possam aproximar as gerações. Os estudantes podem, por exemplo, oferecer uma oficina sobre o uso de computadores e celulares, ressaltando os cuidados e a responsabilidade que se deve ter ao acessar a internet a fim de evitar fraudes e golpes. Aproveite para desconstruir o preconceito de que o processo de aprendizagem é incompatível com a velhice. Os idosos podem compartilhar experiências e memórias, ensinar técnicas manuais, promover palestras sobre seu campo de atuação profissional etcétera.

Por fim, agende uma data para a realização do encontro, considerando a disponibilidade dos idosos convidados. Ajude os estudantes a elaborar a programação do dia e, caso a jornada seja aberta à comunidade, a distribuir os convites. É interessante aproveitar certas efemérides, como Dia Internacional do Idoso, comemorado em 1o de outubro, para promover o evento e lançar uma campanha mais ampla na escola sobre educação para o envelhecimento.

CAPÍTULO 7 Guerra Fria: política, tecnologia e cultura

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética passaram a disputar a hegemonia mundial. Fez parte dessa disputa uma acirrada corrida tecnológica que, entre outras coisas, possibilitou ao ser humano chegar à Lua em 1969.

Na ocasião, a descida ao solo lunar foi transmitida ao vivo pela televisão. Hoje, gravações dessa transmissão estão disponíveis em sites na internet. Aliás, a internet também é uma invenção desse período. Ela foi criada, a princípio, para que os Estados Unidos não perdessem todos os seus meios de comunicação caso sofressem um ataque inimigo.

Fotografia. Quatro homens em uma sala com muitos aparelhos. No centro, bancadas. Em uma delas um rolo encaixado em um aparelho. Na outra, diversos rolos guardados. Ao fundo, máquina alta com diversos botões.
Pesquisadores enviando mensagem pela internet na Universidade da Califórnia (iuciélei), em Los Angeles, Estados Unidos. Foto de 1969.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Entre 1945 e 1991, durante a chamada Guerra Fria, o mundo passou por intensas transformações tecnológicas e culturais, que afetaram profundamente o modo como pensamos, nos relacionamos e vivemos em sociedade. Parte dessas modificações decorreu da invenção da internet.

Ícone. Ilustração de um ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. Com base no que você já estudou, explique por que os Estados Unidos e a União Soviética se tornaram rivais no século vinte.
  2. Qual é a importância do desenvolvimento tecnológico e científico ocorrido após a Segunda Guerra Mundial para a sociedade atual?
  3. Em sua opinião, o uso de tecnologia torna a vida das pessoas melhor ou pior? Justifique.
Respostas e comentários

Abertura

No texto de abertura do capítulo, são traçadas aproximações entre a realidade dos estudantes e alguns dos principais temas que serão abordados em sequência. Ao destacar a corrida tecnológica que marcou a Guerra Fria e a ida do ser humano à Lua, em 1969, o texto introdutório e as atividades propostas incentivam a reflexão dos estudantes sobre as transformações que marcaram o período e influenciaram o modo de o indivíduo contemporâneo pensar, viver e se relacionar em sociedade. Com base na informação sobre o invento da internet, que revolucionou a comunicação e a interação entre os seres humanos, pode-se propor uma discussão a respeito dos aspectos positivos e negativos do uso da tecnologia.

Atividades

1. Pretende-se resgatar conhecimentos prévios dos estudantes sobre a relação entre Estados Unidos e União Soviética, que se aproximaram em decorrência do contexto da Segunda Guerra Mundial: foi uma necessidade para derrotar o nazismo. Uma vez eliminado o inimigo comum, essas duas nações deram vazão a suas diferenças político-ideológicas.

2. Espera-se que os estudantes reflitam sobre o uso de tecnologia hoje. Provavelmente, indicarão a importância da tecnologia, por exemplo, no transporte (automóveis, trens, metrôs e ônibus), na esfera doméstica (eletrodomésticos, energia elétrica etcétera.), na medicina (vacinas, remédios, máquinas utilizadas em exames laboratoriais ou cirurgias etcétera.) e no ambiente escolar (aparelhos de projeção, computadores etcétera.). Como a internet foi mencionada no texto de abertura, é provável que os estudantes a privilegiem em suas respostas e a indiquem como elemento tecnológico fundamental do dia a dia.

3. Provavelmente, na resposta à questão anterior, os estudantes associaram o uso de tecnologia a aspectos positivos, indicando melhorias para a vida em sociedade. Essa pergunta pode ser conduzida na fórma de um debate que sirva de contraponto à associação da tecnologia exclusivamente à ideia de desenvolvimento. Nesse momento, é possível abordar a produção de lixo tecnológico e o aquecimento global, o aumento do trabalho intermitente ou do desemprego em razão da obsolescência de algumas funções antigas, entre outros temas, relacionando-os aos avanços tecnológicos na contemporaneidade.

Guerra Fria: que conversa é essa?

Em março de 1946, em uma palestra nos Estados Unidos, o ex-primeiro-ministro britânico Uínston tchârtchil disse, em tom de denúncia, que uma “cortina de ferro” havia descido sobre a Europa, separando o continente em duas partes distintas e aparentemente inconciliáveis: a ocidental (capitalista) e a oriental (socialista).

Na época, o termo foi utilizado como uma metáfora para reforçar nos britânicos e nos estadunidenses o medo da influência da União Soviética sobre os países europeus libertados do domínio nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Por que essa influência incomodava tanto o ex-primeiro-ministro britânico?

Para as chamadas potências ocidentais, a União Soviética representava o aumento da adesão internacional ao socialismo. Associando o socialismo ao expansionismo, ao autoritarismo e à falta de liberdade política, social e econômica, essas potências disseminaram a ideia de que era preciso defender “a liberdade e a democracia”, para evitar um futuro conflito direto.

Desse modo, a ideia de uma “cortina de ferro”, espécie de barreira ou fronteira simbólica, marcou o início da Guerra Fria, conflito que se estendeu entre 1945 e 1991, e opôs os blocos capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e socialista, sob comando da União Soviética.

A Guerra Fria envolveu todos os setores da sociedade: o econômico, o político, o diplomático, o cultural, o artístico, o da propaganda e o tecnológico.

Charge em preto e branco. Homem calvo com um charuto na boca abaixado espiando por baixo de uma longa e alta cortina de ferro que divide a imagem em duas partes. Ela interrompe um trilho que segue da esquerda para a direita. À direita da cortina, ao fundo, muitas indústrias e construções, e uma bandeira da União Soviética. À esquerda da cortina, algumas pessoas a observam.
Charge de Lésli Guílbert Ílin uôrf sobre a chamada “cortina de ferro”, publicada em 1946 no jornal Daily Mail, de Londres, Reino Unido.
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Imagens em contexto!

Logo após o discurso de Uínston tchârtchil, a expressão “cortina de ferro” se tornou lugar-comum para descrever a bipolarização do continente europeu. Na charge, ela é representada como uma barreira que interrompe a comunicação e o movimento no continente. Observe que a linha de trem é interrompida, assim como a palavra Europe (Europa). Olhando por baixo da cortina está o ex-primeiro-ministro britânico. A placa (ao fundo) indica que o acesso à Rússia (União Soviética) está proibido para os europeus ocidentais. Na cortina lê-se a inscrição: “Entrada proibida por ordem de djou”. No período, em alguns países, Jôsef Istálin por vezes era chamado de “tio djou”.

Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

Relacionar o final da Segunda Guerra Mundial ao início da Guerra Fria.

Compreender a criação, a organização e a atuação da Organização das Nações Unidas (ônu) e analisar a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Caracterizar o Plano márchal e relacioná-lo com o contexto pós-guerra na Europa.

Relacionar a divisão da Alemanha com a bipolarização ideológica característica da Guerra Fria.

Caracterizar a corrida armamentista durante a Guerra Fria.

Analisar as estratégias políticas, econômicas e culturais dos Estados Unidos e da União Soviética no contexto da Guerra Fria.

Relacionar a Revolução Cubana ao contexto da Guerra Fria.

Associar a Revolução Cubana ao episódio da Crise dos Mísseis, em 1962.

Explicar a importância política e cultural da Guerra do Vietnã, bem como sua relação com os movimentos de contracultura que agitaram os Estados Unidos e a Europa nas décadas de 1960 e 1970.

Analisar os projetos políticos e econômicos glasnóst e perestróica da União Soviética, relacionando-os com o fim do bloco soviético.

Justificativa

Os objetivos apresentados relacionam-se à sensibilização dos estudantes para o desenvolvimento da bipolarização ocorrida no globo após a Segunda Guerra Mundial, relacionando-a a configurações territoriais, culturais, políticas e econômicas da atualidade. A abordagem de movimentos contraculturais das décadas de 1960 e 1970 contribui para o exercício da comparação e da análise, auxiliando na compreensão dos efeitos simbólicos e sociais de tais eventos na contemporaneidade. Promove-se, assim, o desenvolvimento da atitude historiadora.

Ao iniciar o estudo deste capítulo, retome com os estudantes dois fatos importantes que marcaram o fim da Segunda Guerra Mundial: o desembarque das tropas aliadas nas praias da Normandia, iniciado em 6 de junho de 1944 – conhecido como Dia D –, e a tomada de Berlim pelo Exército Vermelho. O primeiro marcou o comêço do colapso da Alemanha. O segundo, ocorrido em abril de 1945, definiu a derrota de Adolf Rítler. Vale lembrar, porém, que, mesmo antes do final da guerra, os Aliados faziam planos para dividir o território ocupado pela Alemanha nazista.

A origem da Guerra Fria

Como você estudou no capítulo 6, a Segunda Guerra Mundial terminou após a rendição incondicional do Japão, em 1945. As bombas atômicas lançadas nas cidades japonesas de iroshíma e nagazáqui mostraram ao mundo a fôrça militar dos Estados Unidos e assinalaram o início de uma nova fase no militarismo mundial: a era nuclear. O medo do extermínio total, provocado por uma hecatombe atômica, marcou gerações e esteve no centro das disputas que envolveram os Estados Unidos e a União Soviética durante a Guerra Fria.

Para muitos historiadores, a Guerra Fria teve origem na Segunda Guerra Mundial. Por meio da aliança entre Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética para derrotar a Alemanha, os estadunidenses e britânicos derrotaram os alemães no oeste europeu, enquanto os soviéticos o fizeram sobretudo no leste. Ao final do conflito, cada lado escolheu seus domínios territoriais considerando a lógica estabelecida durante a guerra. Assim, o continente europeu foi dividido em duas áreas de influência ideológica, marcando o início do mundo bipolar.

Apesar dessa bipolarização, nunca houve um confronto armado direto entre soviéticos e estadunidenses. Por esse motivo, a guerra foi chamada de “fria”. Essas superpotências, porém, enfrentaram-se muitas vezes de fórma indireta, financiando e armando diversos outros países de acordo com seus interesses políticos, econômicos e ideológicos.

Ilustração. Dois personagens disputando em uma corrida sobre uma pista ao redor do globo terrestre. O Urso Micha, gordinho, com orelhas arredondadas, usa um cinto colorido com os anéis olímpicos. Ao seu lado, a águia Sam, de gravata borboleta e cartola com listras vermelhas e brancas, com uma faixa azul embaixo, na horizontal, na qual estão desenhados os anéis olímpicos. Atrás deles o pódio com o primeiro lugar em destaque.
Ilustração atual representando a disputa entre o urso Micha (mascote da União Soviética nos Jogos Olímpicos de 1980) e a águia sém (mascote dos Estados Unidos em 1984) pelo pódio da hegemonia mundial.
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Imagens em contexto!

O esporte foi instrumento de propaganda política das duas superpotências, que, nos Jogos Olímpicos, disputavam a liderança no quadro de medalhas como se ele refletisse o pódio da hegemonia global. Os boicotes aos jogos na década de 1980 são exemplos dessa disputa. Os Estados Unidos e outros sessenta países não participaram dos Jogos Olímpicos de Moscou, na União Soviética, em 1980, afirmando que a ausência era uma fórma de contestar a invasão soviética ao Afeganistão, iniciada em 1979. Como resposta, em 1984, a União Soviética e outros dezessete países boicotaram os jogos seguintes, realizados em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao apresentar aspectos gerais da disputa político-ideológica entre os Estados Unidos e a União Soviética na Guerra Fria, apontando as competições esportivas como um dos campos desse conflito, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Ampliando

O texto a seguir trata do impacto das bombas atômicas e apresenta uma reflexão sobre o uso de tecnologia.

“[...] o entusiasmo com o potencial transformador da cê ê tê(Ciência e Tecnologia), inclusive sua supremacia em relação a outros saberes e práticas – entusiasmo este constituído a partir do iluminismo –, foi fortemente abalado com a Segunda Guerra Mundial, em consequência da bomba atômica e do desenvolvimento de armas cada vez mais mortíferas e tecnologicamente avançadas. Junto com a big science – isto é, com o modo de fazer ciência e tecnologia envolvendo inúmeros cientistas, dezenas de instituições e milhões, ou bilhões, de investimentos, iniciado com o Projeto Manhattan para produção da bomba atômica –, desvelou-se para um público bem mais amplo a ‘face oculta’ dos usos do conhecimento científico e tecnológico, a sua ‘sombra’. reticências

[Com] O alarme acionado reticências articulou-se – e até hoje cresce em importância – um discurso em defesa da melhoria da educação científica dos indivíduos, como fórma de garantir cidadania e o pleno funcionamento de uma sociedade democrática. No cerne está o argumento de que, para uma sociedade cada vez mais dependente de C&T funcionar de modo justo e democrático, é essencial que os cidadãos sejam cientificamente bem informados para melhor opinar e fazer suas escolhas – sejam eles futuros cientistas (uma minoria) ou não.”

FIGUEIRÔA, S. Ciência e tecnologia. In: Pínsqui, C. B. (organizador). Novos temas nas aulas de história. São Paulo: Contexto, 2009. página 155.

Durante anos, os Estados Unidos perseguiram o objetivo de derrotar a histórica supremacia soviética no xadrez. Isso ocorreu no campeonato Mundial de 1972, quando o estadunidense Bóbi Fichêr venceu o russo Boris Spassky.

As conferências de paz

Antes do fim da Segunda Guerra Mundial, os líderes dos países Aliados se reuniram para negociar a reorganização do território europeu após o conflito. O primeiro desses encontros ocorreu em novembro de 1943, na cidade de Teerã, no Irã.

Participaram da Conferência de Teerã o então presidente dos Estados Unidos, Frânclin Delano Rúsvelt, o primeiro-ministro do Reino Unido, Uínston tchârtchil, e Jôsef Istálin, líder da União Soviética. Nessa reunião, ficou decidido que a Alemanha seria dividida em áreas de ocupação. Já a Letônia, a Estônia e a Lituânia passariam a fazer parte da União Soviética.

No encontro seguinte – a Conferência de Ialta, na União Soviética, ocorrida em fevereiro de 1945 –, os Aliados novamente discutiram o futuro das fronteiras europeias. Na ocasião, foram fixadas as zonas de ocupação para o território alemão. Nesse momento, a derrota da Alemanha nazista era iminente e os soviéticos já se encontravam às portas de Berlim. tchârtchil e Rusevélt concordaram em fazer concessões a Istálin e admitiram que os países do Leste Europeu libertados pelas fôrças do Exército Vermelho, como Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária, ficassem sob influência dos soviéticos. Em troca, a União Soviética se comprometeu a entrar na guerra contra o Japão.

Poucos meses depois, em julho de 1945, ocorreu a Conferência de Pótisdam, a última das três reuniões entre os países vencedores. Nessa reunião, entre outros assuntos, foi acordada a divisão da cidade de Berlim em quatro zonas de ocupação: uma ficaria com a União Soviética e teria influência socialista, e as outras três seriam distribuídas entre Estados Unidos, Reino Unido e França, sob influência capitalista. O cenário de polarização estava sendo desenhado e, a partir daquele momento, as rivalidades entre os dois blocos econômicos e ideológicos se intensificariam.

Fotografia. Três homens sentados em cadeiras, lado a lado. À esquerda, Winston Churchill, senhor de cabeça arredondada, calvo, olhos pequenos e boca grande. Veste um sobretudo cinza. No centro, Franklin Roosevelt, senhor de rosto comprido, cabelos grisalhos, lábios finos e marcas de expressão ao redor da boca. Tem um longo casaco preto sobre os ombros. À direita, Josef Stálin, militar de quepe. Tem os cabelos e o bigode grisalhos. Veste um casaco verde escuro com abotoaduras douradas e detalhes vermelhos na gola. Ao fundo, outros homens vestidos com roupas civis e militares.
Os líderes dos principais países vencedores da Segunda Guerra Mundial reunidos na Conferência de Yalta, União Soviética. Foto de 1945.Sentados, à frente, da esquerda para a direita, Uínston tchârtchil, Frânclin Delano Rúsvelt e Jôsef Istálin.
Respostas e comentários

Para traçar as origens da Guerra Fria, é necessário entender o contexto do final da Segunda Guerra Mundial e do início do pós-guerra na Europa, com as conferências de Ialta e de Pótisdam, principalmente. Essas conferências desenharam o cenário de bipolarização ideológica que permearia a Guerra Fria.

Curadoria

Pós-Guerra: uma história da Europa desde 1945 (Livro)

Tôni Diúd. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

Nesse livro, o historiador britânico Tôni Diúd faz uma abrangente análise política, social, cultural e econômica da Europa no contexto pós-Segunda Guerra Mundial e dos desafios enfrentados pelo continente em seu período de reconstrução.

A Conferência de sân Francisco e a criação da ônu

Além das disputas territoriais entre as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial, outro assunto movimentou as diversas nações ao final do conflito: a criação de uma instituição capaz de proteger a vida e a dignidade humanas e, ao mesmo tempo, zelar pela paz, pela segurança e pela cooperação internacional.

Com esses objetivos, no dia 24 de outubro de 1945, foi fundada oficialmente a Organização das Nações Unidas (ônu). Representantes de cinquenta nações, entre elas o Brasil, assinaram a Carta das Nações Unidas elaborada durante a Conferência de sân Francisco, em junho daquele ano. No preâmbulo do documento, eles afirmaram o compromisso de “preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra”.

O horror provocado por conflitos armados, marcados pela perseguição e pelo extermínio sistemático de milhões de pessoas, precisava ser enfrentado com dispositivos internacionais. Assim, no dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral da ônu proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um manifesto em favor da felicidade e do respeito à diversidade humana.

Uma conquista da humanidade e resultado de lutas que remontam ao século dezoito, a declaração é o documento mais traduzido da história. De acordo com seu 1º artigo, a liberdade, a igualdade e a fraternidade são princípios fundamentais da existência humana.

Fotografia em preto e branco. Homem sentado ao redor de uma grande mesa circular. Próximo a ele, um homem em pé. Atrás dele, outras pessoas em pé observam. Por todo o salão, bandeiras em mastros.
Pedro Leão Velloso, então ministro das Relações Exteriores do Brasil, assinando a Carta das Nações Unidas como representante do país durante a Conferência de sân Francisco, nos Estados Unidos. Foto de 1945.
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Imagens em contexto!

Dos 160 participantes da Conferência de sân Francisco, apenas 3% eram mulheres. Entre elas, destacaram-se: a brasileira Bertha Lútis, a australiana Diéssi Istrít, a mexicana Amelia C. de castilho, a uruguaia Isabel de Vidal e Minerva Bernardino, da República Dominicana.

Respostas e comentários

O trecho do preâmbulo da Carta das Nações Unidas foi retirado de: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Preâmbulo. Declaração Universal dos Direitos Humanos [1948]. Disponível em: https://oeds.link/xp42qg. Acesso em: 21 junho. 2022.

Dados numéricos sobre as mulheres na Conferência de San Francisco foram retirados de: EXCLUSIVO: diplomata brasileira foi essencial para menção à igualdade de gênero na Carta da ônu. Nações Unidas Brasil, 9 novembro 2016. Disponível em: https://oeds.link/25eQoV. Acesso em: 14 abril 2022.

Bê êne cê cê

A abordagem da criação da ONU e do compromisso de defender a dignidade humana e os direitos básicos de todas as pessoas contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero nove agá ih um cinco e ê éfe zero nove agá ih um seis. Além disso, as temáticas abordadas envolvem aspectos da Competência Geral da Educação Básica nº 1, cujo foco é a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva, e da Competência Geral da Educação Básica nº 9, que pauta o exercício da empatia e do respeito ao outro, além do diálogo e cooperação na resolução de conflitos, noções básicas que nortearam a construção dos direitos humanos.

Ampliando

O texto de Uélinton Pereira Carneiro trata da criação da ONU e propõe uma reflexão sobre seu papel e sua atuação.

“O surgimento da ônu está intimamente ligado à crise da civilização ocidental que se impôs como modelo de organização das comunidades humanas durante os últimos 500 anos, por meio da consolidação dos Estados nacionais, da expansão colonial, do capitalismo e da industrialização. reticências O surgimento das ideologias e da moderna técnica industrial se combinam para produzir uma espiral de destruição sem precedentes. Isso leva à necessidade de banimento jurídico da guerra e do estabelecimento de um mecanismo de salvaguarda da paz e segurança internacionais por parte das grandes potências, por meio do Conselho de Segurança. reticências

Obviamente a crise não está superada. A guerra continua sendo uma constante, ainda que não nas dimensões do comêço do século vinte, e os direitos humanos, assim como o desenvolvimento, continuam sendo objetivos em processo ainda que se tenha avançado bastante. O realismo político, tradução da racionalidade instrumental para a política internacional, continua sendo dominante e seu amoralismo pragmático continua representando uma ameaça constante de nova degradação dos padrões de comportamento dos Estados com relação à destruição e à violência. Contudo, [a ONU] seguramente, tem contribuído para evitar uma nova espiral autodestrutiva, ainda que seus limites se façam evidentes, inspirando propostas de ajustes e reformas. No entanto, parece evidente que a longa trajetória que resultou na fundação da ônu continua latente e seu fortalecimento se tornou fundamental para o mundo moderno.”

CARNEIRO, W. P. A Relevância do surgimento da ônu para as relações internacionais. In: Jubilú, L. L. et al. (org.). A ônu aos 70: contribuições, desafios e perspectivas. Boa Vista: Editora da ú éfe érre érre, 2016. página81-83.

Tirinha em três quadros. Armandinho, menino de cabelo azul, camisa branca e bermuda azul. Quadrinho 1: Armandinho sorridente olhando para cima. No quadrinho está escrito ARTIGO 1 -´TODAS AS PESSOAS NASCEM LIVRES E IGUAIS EM DIGNIDADE E DIREITOS. Quadrinho 2: Armandinho olha para baixo. Em cima dele está escrito SÃO DOTADAS DE RAZÃO E CONSCIÊNCIA... Quadrinho 3: Sobre uma plataforma, há 4 crianças e um sapo. Entre elas, Armandinho se abaixa para estender a mão para uma outra que está na parte de baixo da plataforma. No último quadrinho está escrito ...E DEVEM AGIR EM RELAÇÃO UMAS ÀS OUTRAS COM ESPÍRITO DE FRATERNIDADE.
Armandinho, tirinha de Alexandre Beck, 2014.

A séde da ônu fica na cidade de Nova iórque, nos Estados Unidos. Entre seus principais órgãos estão a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Direitos Humanos, o Secretariado e o Tribunal Internacional de Justiça.

A Assembleia Geral é composta de representantes dos 193 países-membros da ônu. Cada país tem direito a um voto de igual valor. Ela é presidida por um secretário-geral, eleito para um mandato de cinco anos. Entre as atribuições da Assembleia Geral estão a supervisão do orçamento da ônu, a nomeação dos membros não permanentes do Conselho de Segurança e a discussão de assuntos que afetam a vida de todos os habitantes do planeta, como o aquecimento global e a violação dos direitos de crianças, adolescentes e mulheres. A Assembleia Geral se reúne uma vez por ano e, historicamente, o discurso de abertura fica sob responsabilidade do Brasil.

Já o Conselho de Segurança é composto de apenas quinze membros, dos quais cinco são permanentes (Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia) e dez são eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos. Os membros permanentes têm poder de veto. Isso significa que uma decisão pode ser rejeitada unilateralmente (por apenas um deles). A principal função do Conselho de Segurança é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional, decidindo sobre o envio de forças multinacionais para zonas de conflito.

Fotografia. Moça de sobrancelhas cheias e escuras, olhos grandes e lábios rosados. Tem um lenço azul encobrindo parte dos cabelos, e roupas compridas na mesma cor do lenço. Está de braços cruzados.
malala iuçáfizai durante encontro do gê sete em Paris, França. Foto de 2019.
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Imagens em contexto!

O direito à instrução está previsto no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A ativista paquistanesa malala iuçáfizai se tornou uma das vozes mais importantes no debate sobre o direito das mulheres à educação. Em 2014, com 17 anos, ela foi a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobél da Paz.

Respostas e comentários

Tema Contemporâneo Transversal

O conteúdo sobre a criação da ônu e da Declaração Universal dos Direitos Humanos envolve o Tema Contemporâneo Transversal Educação em direitos humanos. Os princípios promovidos nesse documento são defendidos e reivindicados até os dias de hoje nos países democráticos, mas sua plena efetivação ainda consiste em desafio para essas nações. Esse questionamento pode ser disparador para diversos debates sobre a atualidade do tema.

Curadoria

A invenção dos direitos humanos: uma história (Livro)

lín rânt. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Nessa obra, lín rânt relaciona a questão dos direitos humanos ao processo da independência dos Estados Unidos e à Revolução Francesa, analisando documentos como a Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Esse material pode servir de apoio para aprofundar a relação da Declaração Universal dos Direitos Humanos com temas estudados no 8º ano.

Versões em diálogo

O poeta Múcharif Ô Din Sadí viveu entre os séculos doze e treze. Também conhecido como Saadí Chirazí, ele é autor de uma das obras mais importantes da literatura persa, o Gulistã (O Jardim das Rosas). Trechos de seus poemas, como o reproduzido no texto 1, a seguir, estão expostos no prédio da ônu em Nova iórque, nos Estados Unidos.

TEXTO 1

“Seres humanos são membros de uma união

(um corpo)

Uma essência, uma alma na criação.

Se um membro pela dor é arrastado

Todos os outros também são afetados

Você, que não sente a dor do outro,

Perderá o direito de chamar-se ser humano.”

SHIRAZI, Saadí. Gulistã. Apud: A comemoração de Saadí Chirazí, poeta de grande talento e o pacificador mundial. Pars Today, 21 abril 2018. Disponível em: https://oeds.link/BHh862. Acesso em: 14 abril 2022.

Considerando a ideia apresentada no poema, leia o texto 2 e, depois, faça as atividades.

TEXTO 2

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerenteglossário a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem;

reticências

A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.”

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Preâmbulo. Declaração Universal dos Direitos Humanos [1948]. Disponível em: https://oeds.link/xp42qg. Acesso em: 14 abril 2022.

Responda no caderno.

  1. O que o poeta persa defende no trecho selecionado? Você concorda com ele? Justifique suas respostas.
  2. Identifique dois princípios fundamentais defendidos no trecho da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
  3. Levando em consideração o papel atribuído à ônu, relacione as palavras de Saadí reproduzidas na séde da organização à atuação dela.
Respostas e comentários

Versões em diálogo

O exercício da empatia, do diálogo e da resolução não violenta de conflitos, promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, está na base de formulação da atividade proposta nessa seção. O estímulo ao comportamento ético, como ponto de partida para o reconhecimento dos direitos humanos, é citado na Base Nacional Comum Curricular (página 561) e deve ser contemplado na prática docente. Levando em consideração a importância desse eixo temático, na seção são citados trechos de um poema escrito por Musharrif Od-Dîn Sa’di para discutir o papel da ônu no contexto do pós-guerra e a noção de empatia como princípio norteador das relações humanas. Como o conceito de empatia está na base da atividade, sugere-se, para aprofundamento no tema, a leitura do primeiro capítulo da obra A invenção dos direitos humanos: uma história, de Lynn Hunt, indicada na “Curadoria” da página 153. Nesse capítulo, a historiadora vincula o debate sobre os direitos humanos ao desenvolvimento da noção de empatia, entendida como vontade ativa de se identificar com o outro, e argumenta que parte importante do desenvolvimento dessa noção está relacionada à leitura de romances epistolares no século dezoito.

Atividades

1. Múcharif Ô Din Sadí defende a ideia de que a empatia é característica que torna as pessoas humanas. A concordância com essa premissa é pessoal. A ideia, ao propor essa primeira questão, é chamar a atenção dos estudantes para a importância de reconhecer no outro um semelhante, que merece solidariedade. Outro ponto fundamental é a indicação de que todos pertencem à mesma comunidade: a humana. O poema trata, portanto, da ideia de universalidade, aspecto fundamental do texto da declaração.

2. No trecho selecionado, é possível identificar a dignidade humana e a liberdade como princípios fundamentais. Nele se proclama a liberdade de falar e crer como a mais alta inspiração da humanidade.

3. Como um dos objetivos da ônu é zelar pela segurança e pela paz mundial, além de promover os direitos humanos, a inclusão desse trecho do poema faz todo sentido, pois trata da capacidade de se sensibilizar diante da dor dos outros. A noção de direitos humanos tem origem nesse exercício de alteridade, pensado em escala universal.

O estabelecimento de um mundo bipolar

Durante a Guerra Fria, a definição de áreas de influência em toda a Europa foi acompanhada de projetos de reconstrução do continente. Assim, com o objetivo de fornecer ajuda financeira aos países capitalistas da Europa mais atingidos pela Segunda Guerra Mundial, o govêrno dos Estados Unidos desenvolveu o Plano márchal.

Idealizado pelo então secretário de Estado estadunidense, djêordji márchal, o plano consistia em fornecer capitais e materiais para os países destruídos durante o conflito, que, por estarem endividados, não tinham condições de se reestruturar sozinhos. Dessa maneira, foram disponibilizados pelo governo estadunidense mais de 13 bilhões de dólares aos países da Europa Ocidental para a compra de máquinas e equipamentos agrícolas e industriais, alimentos, remédios, matérias-primas e combustíveis, entre outros produtos.

O plano também serviu para frear o avanço da ideologia socialista na Europa Ocidental, uma vez que, ao utilizar o dinheiro e os produtos dos Estados Unidos, os países aceitaram o domínio da potência capitalista e de sua ideologia.

Em 1949, em contrapartida ao Plano márchal, Istálin criou o Conselho para Assistência Econômica Mútua (comecôn) a fim de auxiliar a recuperação dos países alinhados ao socialismo no Leste Europeu. Participaram do comecôn a Polônia, a Tchecoslováquia, a Bulgária, a Hungria, a Romênia, a Alemanha Oriental, a Albânia, a União Soviética e, mais tarde, a Iugoslávia.

Em razão das perdas humanas e de recursos sofridas pela União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, o auxílio financeiro oferecido pelo comecôn foi menor que o do bloco capitalista e a reconstrução dos membros desse conselho foi mais lenta que a dos países apoiados pelo Plano márchal.

De todo modo, a criação do Comecon representou um esforço para mostrar ao mundo que dois blocos ideologicamente distintos estavam emergindo no pós-guerra.

Pôster. Ilustração de um moinho de vento com diversas pás. Em cada pá, há a ilustração da bandeira de um país.
Pôster estadunidense de propaganda do Plano márchal, produzido em 1948.
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No pôster, o plano de reconstrução da Europa é representado por um moinho de vento feito com as bandeiras dos países europeus que receberam empréstimos por meio do Plano márchal. Na imagem está escrita, em inglês, a seguinte frase: “Não importa o tempo. Nós só alcançamos o bem-estar juntos”.

Respostas e comentários

Dados numéricos sobre o Plano márchal foram retirados de: MARSHALL Plan (1948). National Archives. Disponível em: https://oeds.link/3cN2xO. Acesso em: 14 abril 2022.

Bê êne cê cê

Ao explorar diferentes aspectos da influência dos Estados Unidos e da União Soviética em outros países na composição dos dois blocos geopolíticos da Guerra Fria, com destaque para as alianças e organizações econômicas e militares lideradas pelos dois países, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Ampliando

No texto a seguir, o historiador Eric róbisbáum comenta as consequências da Guerra Fria a partir da formação dos dois blocos de influência geopolítica e as intervenções das duas superpotências na configuração política interna dos demais países.

“Muito mais óbvias foram as consequências políticas da Guerra Fria. Quase de imediato, ela polarizou o mundo controlado pelas superpotências em dois ‘campos’, marcadamente divididos. Os governos de unidade antifascista que tinham acabado com a guerra na Europa (exceto, significativamente, os três principais Estados beligerantes, URSS, Estados Unidos da América e Grã-Bretanha) dividiram-se em regimes pró-comunistas e anticomunistas homogêneos em 1947-8. No Ocidente, os comunistas desapareceram dos governos e foram sistematicamente marginalizados na política. Os Estados Unidos da América planejaram intervir militarmente se os comunistas vencessem as eleições de 1948 na Itália. A URSS fez o mesmo eliminando os não comunistas de suas ‘democracias populares’ multipartidárias, daí em diante reclassificadas como ‘ditaduras do proletariado’, isto é, dos ‘partidos comunistas’.”

róbisbáum, E. J. Era dos extremos: o breve século vinte: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página 235.

Curadoria

Guerra fria (Livro)

Robert J. MacMahon. Porto Alegre: L&PM, 2012.

O historiador estadunidense Robert J. MacMahon fornece nesse livro um panorama interpretativo da Guerra Fria, compreendendo o período de 1945 até a etapa final do confronto soviético-estadunidense, no início dos anos 1990. Para elucidar os acontecimentos, o autor recorre aos estudos mais recentes sobre o tema. A obra apresenta linguagem acessível aos estudantes.

otâm vérçus Pacto de Varsóvia

Com a bipolarização do mundo, foram formadas duas alianças militares: a Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm) e o Pacto de Varsóvia.

A otâm foi criada pelo bloco capitalista em abril de 1949 com o objetivo de oferecer ajuda às nações integrantes da aliança em casos de ataque. Faziam parte da otâm: Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, França, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Portugal, Itália, Noruega, Dinamarca e Islândia. Mais tarde, outros países passaram a integrar a aliança. Cada país-membro deveria direcionar 2% de seu Produto Interno Bruto (Píbi) para o orçamento destinado à defesa. Ao longo dos anos, a otâm estendeu sua área de atuação e continua sendo uma fôrça de defesa.

O Pacto de Varsóvia, por sua vez, foi criado em maio de 1955 pela União Soviética com objetivos semelhantes aos da otâm, ou seja, oferecer auxílio militar em caso de invasão aos países-membros. Os soviéticos, no entanto, também utilizaram as fôrças militares desse pacto para manter os países sob seu domínio, mantendo a vigilância constante da população dessas nações e evitando a mudança de posição em relação à ideologia soviética. O Pacto de Varsóvia terminou com a extinção da União Soviética, em 1991.

Ilustração. Na parte de cima, homens de uniforme e boina, andam lado a lado, de braços dados. Em cada uniforme, uma letra do alfabeto. No uniforme do terceiro homem a inscrição CCCP, abreviatura em russo para União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Atrás deles, bandeiras vermelhas com estrelas ou o emblema da foice e do martelo, e uma pomba com um ramo no bico. Na parte de baixo, um homem grande e largo com um charuto na boca está sentado com as pernas abertas sobre várias pessoas esmagadas no chão.
Amizade e “Amizade”, caricatura produzida na Alemanha Oriental, na década de 1950.
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Imagens em contexto!

Na imagem, o artista representou os países-membros do Pacto de Varsóvia unidos e iguais, e os países afiliados à otâm sendo oprimidos e controlados pelos Estados Unidos. Perceba que a propaganda era uma arma utilizada por ambos os lados da Guerra Fria.

A divisão da Alemanha e de Berlim

A bipolarização do período se expressou também pela desagregação da Alemanha (principal opositora dos Aliados na Segunda Guerra Mundial) e pela divisão do país e de sua capital em quatro zonas de ocupação: soviética, francesa, britânica e estadunidense.

Em junho de 1948, em uma conferência realizada em Londres, as zonas de ocupação do Reino Unido, da França e dos Estados Unidos foram unidas. Além disso, foi estabelecida uma nova moeda para essa região e os governos locais dessas zonas foram encarregados de elaborar uma nova constituição.

Respostas e comentários

Dados numéricos sobre a otâm foram retirados de: MARCUS, J. otâm, 70 anos: por que a aliança militar passa por seu pior momento. bi bi ciNews Brasil, 3 dezembro 2019. Disponível em: https://oeds.link/jyRK3b. Acesso em: 14 abril 2022.

Bê êne cê cê

Ao abordar as representações ideológicas de ambas as superpotências, explorando as diferentes visões das duas nações sobre o mesmo período, o conteúdo possibilita o desenvolvimento da Competência Específica de História nº 4.

Interdisciplinaridade

A análise dos cartazes de propaganda ideológica dos Estados Unidos e da União Soviética, nas páginas 155 e 156, além de envolver o conteúdo histórico e a análise de documentos, possibilita o diálogo com o componente curricular língua portuguesa, contribuindo para o desenvolvimento, por exemplo, da habilidade ê éfe seis nove éle pê dois sete – “Analisar a fórma composicional de textos pertencentes a gêneros normativos/jurídicos e a gêneros da esfera política, tais como propostas, programas políticos (posicionamento quanto a diferentes ações a serem propostas, objetivos, ações previstas etcétera), propaganda política (propostas e sua sustentação, posicionamento quanto a temas em discussão) e textos reivindicatórios: cartas de reclamação, petição (proposta, suas justificativas e ações a serem adotadas) e suas marcas linguísticas, de fórma a incrementar a compreensão de textos pertencentes a esses gêneros e a possibilitar a produção de textos mais adequados e/ou fundamentados quando isso for requerido”.

A propaganda político-ideológica de ambos os regimes invadiu o campo da cultura e da arte. Existem exemplos abundantes no âmbito do cinema, da literatura e dos gibis, como nas histórias do Super-Homem e do Capitão América, este frequentemente retratado vencendo soldados soviéticos ou monstros comunistas. Em todas as mídias empregadas, predominavam representações da própria nação como superior, onde as pessoas viviam felizes e livres, ao mesmo tempo em que o oponente era relacionado ao mal absoluto.

A érre dê a e a érre éfe a

Em 1949, ocorreu a separação formal da Alemanha. Fundaram-se a República Democrática Alemã (érre dê a), conhecida como Alemanha Oriental, alinhada aos socialistas, e a República Federal da Alemanha (érre éfe a), chamada Alemanha Ocidental, de orientação capitalista.

A cidade de Berlim, que formava um enclaveglossário capitalista no setor socialista, também foi dividida. Note no mapa que Berlim se localizava na porção oriental da Alemanha – portanto, em território comandado pela União Soviética. Sua divisão em quatro zonas de ocupação criava uma espécie de ilha capitalista em território socialista.

Diante do aumento do contraste entre as duas realidades e das dificuldades que enfrentavam no dia a dia, milhões de alemães que viviam na Alemanha Oriental cruzaram a linha divisória entre as duas partes da cidade e se refugiaram no lado capitalista. Para frear essa migração, o govêrno da érre dê a ergueu um muro entre as duas partes de Berlim.

A construção do muro de Berlim

O muro de Berlim foi construído em 1961 com o objetivo de separar o lado oriental do lado ocidental da cidade. Essa barreira física representou a separação definitiva entre dois blocos econômicos e ideológicos. Na perspectiva dos representantes das democracias liberais e capitalistas, isso confirmava a existência da “cortina de ferro”. A divisão da cidade não foi somente ideológica; o muro separou famílias, amigos e estilos de vida.

O muro erguido em Berlim era um símbolo de que nenhum dos dois lados estava disposto a ceder. A tensão aumentava a cada ano, o que deixava a população em constante estado de alerta e com medo de uma guerra nuclear com consequências catastróficas.

Europa: divisão após a Segunda Guerra Mundial – 1945

Mapa. Europa: divisão após a Segunda Guerra Mundial, 1945. Três mapas: o primeiro com destaque para o território europeu, o segundo com destaque para o território alemão, e o terceiro com destaque para a cidade de Berlim. Legenda: Verde: Países capitalistas. Laranja: Países socialistas. Linha vermelha: Muro de Berlim. Linha vermelha com traços: ‘Cortina de ferro’. Primeiro mapa. Países capitalistas: Islândia, Noruega, Suécia, Finlândia, Irlanda, Reino Unido, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica, Alemanha Ocidental (RFA), Luxemburgo, Áustria, Suíça, França, Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Países socialistas: Alemanha Oriental (RDA), Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Iugoslávia, Albânia, Bulgária e União Soviética. Cortina de ferro: linha vermelha com traços vermelhos que divide a Europa de cima a baixo, com países capitalistas à esquerda, e países socialistas à direita. Apenas Iugoslávia e Albânia estão fora da Cortina de ferro. Segundo mapa: Alemanha. País capitalista: Alemanha Ocidental, abrangendo os setores britânico, estadunidense e francês, incluindo as cidades de Hamburgo, Bonn, Mayence, Friburgo e Munique. País socialista: Alemanha Oriental, abrangendo o setor soviético, e incluindo a cidade de Berlim. Cortina de ferro: linha vermelha com traços vermelhos dividindo a Alemanha. Terceiro mapa: Berlim. Cidade capitalista, em verde: Berlim Ocidental, abrangendo os setores britânico, estadunidense e francês. Cidade socialista, em laranja: Berlim Oriental. As duas partes da cidade estão englobadas dentro da zona de ocupação soviética na Alemanha. Muro de Berlim: linha vermelha que cerca totalmente a parte verde da cidade, que incluem os setores britânico, francês e estadunidense de ocupação da cidade. No primeiro mapa, no canto superior direito, rosa dos ventos. No canto inferior direito, escala de 0 a 630 quilômetros. No canto inferior direito do segundo mapa, escala de 0 a 220 quilômetros. No canto inferior direito do terceiro mapa, escala de 0 a 130 quilômetros.

FONTE: Chalhán, G.; Rajô, J.-P. Atlas stratégique. Paris: Complexe, 1988. página 40, 97.

Ícone. Ilustração de um símbolo de localização sobre um folheto aberto e em branco, indicando o boxe Se liga no espaço!

Se liga no espaço!

Responda no caderno.

O mapa apresenta duas grandes áreas de influência na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Identifique-as e explique como a organização dos Aliados na Segunda Guerra Mundial influenciou esse arranjo espacial europeu.

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Texto do Infografico

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    Respostas e comentários

    Resposta do “Se liga no espaço!”: Espera-se que os estudantes compreendam que a organização dos Aliados resultou na reorganização da Europa por meio da definição de duas grandes áreas de influência: a do oeste capitalista e a do leste socialista.

    Bê êne cê cê

    Ao explorar a construção do muro de Berlim, barreira física que promoveu a separação definitiva entre dois blocos econômicos e ideológicos, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito. Por envolver o exercício do raciocínio espaçotemporal por meio da linguagem cartográfica para a análise da composição dos dois blocos geopolíticos na Guerra Fria, assim como suas alianças e organizações militares e econômicas, o texto e o boxe “Se liga no espaço!” contribuem para o desenvolvimento da Competência Específica de Ciências Humanas nº 7.

    Interdisciplinaridade

    A abordagem da divisão da Alemanha e da construção do muro de Berlim aproxima a história da geografia com base na lógica da comparação e da avaliação dos processos de ocupação do espaço e de formação de territórios, territorialidades e fronteiras, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade do componente curricular geografia ê éfe zero nove gê ê zero oito – “Analisar transformações territoriais, considerando o movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regionalidades na Europa, na Ásia e na Oceania”.

    Uma fórma de conectar esse tema com as questões contemporâneas é perguntar aos estudantes se eles conhecem outros muros construídos por governos para separar e segregar diferentes grupos populacionais. Pode-se mencionar o muro da Cisjordânia, cuja função é separar o território árabe da região da Cisjordânia dos territórios palestinos ocupados por Israel. Outro exemplo é o projeto do ex-presidente estadunidense dônald tramp de construir um grande muro na fronteira dos Estados Unidos com o México para conter o fluxo imigratório. Pode-se discutir com os estudantes se a construção desse tipo de barreira é uma fórma aceitável de os países resolverem seus conflitos.

    Curadoria

    O que é a NATO? (Artigo)

    Disponível em: https://oeds.link/I0QGK4. Acesso em: 2 junho 2022.

    Nesse link, são apresentadas informações sobre a otâm: países-membros atuais, atividades, principais acontecimentos na história, estrutura etcétera.

    A Guerra da Coreia

    Após a Conferência de Ialta, com a bipolarização do mundo, a Península da Coreia foi dividida ao meio: a porção ao norte do paralelo 38º norte ficou sob influência dos soviéticos e a porção ao sul desse paralelo ficou sob a influência dos Estados Unidos.

    No norte, o Exército Vermelho expulsou os japoneses, que dominavam a península desde 1910, e apoiou a criação de um Estado comunista na região sob a liderança de Quim il són.

    No sul, após a rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial, com a ocupação estadunidense, foi criada uma administração militar. Mais tarde, essa administração foi substituída por um govêrno representativo local estabelecido em 1948, liderado por Sínguimam Rí.

    Ambos os lados queriam conquistar o território do outro para unificar o país. Em junho de 1950, a Coreia do Norte atacou a vizinha do sul e deu início à guerra.

    Os Estados Unidos, com o apôio da ônu, consideraram a invasão irregular e enviaram tropas para a Coreia do Sul, com o intuito de impedir o avanço dos norte-coreanos e tentar unificar o país. Já a União Soviética, mesmo tentando se manter neutra, enviou armas e equipamentos para seus aliados socialistas.

    Com o avanço dos estadunidenses, a China – que havia se tornado socialista em 1949, como você estudará no capítulo 8 – entrou na guerra e apoiou a Coreia do Norte com o envio de tropas.

    O conflito durou mais de três anos. Os ataques eram feitos sobretudo por aviões que atingiam alvos militares e civis e destruíram boa parte da península.

    Um armistício foi assinado em julho de 1953 estabelecendo um cessar-fogo. Como não houve lado vencedor, a fronteira com referência no paralelo 38º norte foi oficializada, criando-se uma área desmilitarizada na região para evitar tentativas de invasão territorial. Entretanto, nenhum acordo de paz foi assinado até hoje.

    A Guerra da Coreia – 1950-1953

    Mapa. A guerra da Coreia, 1950 a 1953. Destaque para a Península Coreana.
Legenda. Seta verde: Forças de ataque norte-coreanas, junho a setembro de 1950.
Linha tracejada verde: Linha que representa o maior avanço norte-coreano, setembro de 1950. Seta laranja: Ofensiva estadunidense, setembro a novembro de 1950. Linha tracejada laranja: Linha que representa o maior avanço estadunidense, novembro de 1950. Seta verde claro: Ofensivas chinesa e norte-coreana, novembro de 1950 a janeiro de 1951. Linha tracejada verde claro: Linha que representa os maiores avanços chineses e norte-coreanos, janeiro de 1951. Seta vermelha. Ofensiva final estadunidense, janeiro de 1951 a julho de 1953. Linha tracejada vermelha: Linha do armistício (Paralelo 38 graus), julho de 1953. No mapa.
Forças de ataque norte-coreanas, junho a setembro de 1950: do sul da Coreia do Norte em direção ao sudeste da Coreia do Sul. Linha que representa o maior avança norte-coreano, setembro de 1950: região sudeste, ao redor da cidade de Pusan (atual Busan), no litoral sul da Península Coreana.
Ofensiva estadunidense, setembro a novembro de 1950: de Pusan para o norte da Coreia do norte, próximo à fronteira com a China, passando pela capital Seul; do Mar Amarelo, na costa oeste, para a cidade de Incheon, no litoral oeste, próxima a Seul.
Linha que representa o maior avanço estadunidense, novembro de 1950: toda a região do extremo norte da Coreia do Norte, próximo à fronteira com a China.
Ofensivas chinesa e norte-coreana, novembro de 1950 a janeiro de 1951: da China para o norte da Coreia do Sul, na direção de Seul, passando pela capital, Pyongyang; da China para a cidade de Hüngnam, na Coreia do Norte.
Linha que representa os maiores avanços chineses e norte-coreanos, janeiro de 1951: território centro-norte da Coreia no Sul, ao sul de Seul. Ofensiva final estadunidense, janeiro de 1951 a julho de 1953: da região centro-norte da Coreia do Sul para o sul da Coreia do Norte, próximo à fronteira entre os dois países. Linha do armistício (Paralelo 38 graus), julho de 1953: sul da Coreia do Norte e norte da Coreia do Sul. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

    FONTE: BARRACLOUGH, G. Atlas da história do mundo. Londres: Times Books; São Paulo: Folha da Manhã, 2000. página 274.

    Fotografia. Líderes coreanos em um aperto de mãos. À esquerda, Kim Jong-un, homem de rosto largo e arredondado. O cabelo escuro penteado para trás. Tem a boca pequena e usa óculos. Usa terno escuro. À direita, Moon Jae-in, homem de cabelos grisalhos penteados de lado. Tem olhos pequenos, testa larga e queixo quadrado. Usa terno azul, gravata azul claro e camisa branca.
    O líder norte-coreano, Quim Dium um, à esquerda, e o então presidente sul-coreano, Mum Diêi in, à direita, durante encontro na zona desmilitarizada entre os dois países. Foto de 2018.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    As duas Coreias mantêm relações tensas até hoje. Em 2018, os governantes dos dois países se encontraram para tentar chegar a um tratado de paz que, no entanto, ainda não foi firmado.

    Respostas e comentários

    Bê êne cê cê

    Ao explorar a Guerra da Coreia e as tensões políticas entre os dois blocos hegemônicos do período, como a corrida armamentista e espacial que marcou a Guerra Fria, o conteúdo das páginas 158 a 160 contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

    A Guerra da Coreia foi o primeiro grande conflito indireto entre os Estados Unidos e a União Soviética durante a Guerra Fria. Antes dele, os Estados Unidos já haviam interferido diretamente na disputa política da Grécia, no episódio menos conhecido de guerra civil, e a União Soviética chegou a apoiar o Partido Comunista Grego com financiamento e equipamento bélico. Porém, o conflito na região da Coreia tomou proporções muito maiores e se configurou como um dos mais sangrentos do século vinte, com bombardeios a vilas e cidades. Esse tipo de conflito indireto entre as duas superpotências ficou conhecido como “guerra por procuração” (proxy wars) e repetiu-se em locais como o Vietnã e o Afeganistão.

    Curadoria

    A Revolução Coreana: o desconhecido socialismo Zuche (Livro)

    Paulo Fagundes Visentini, Analúcia danilevícs Pereira e Helena Rópen Melchiona. São Paulo: Editora Unésp, 2015.

    Parte da coleção “Revoluções do século vinte”, esse livro apresenta uma análise histórica da Coreia do Norte e do desenvolvimento de seu tipo particular de socialismo, questionando as representações caricaturais desse país que comumente circulam no Ocidente.

    A corrida armamentista

    Após o lançamento das bombas atômicas sobre o Japão no final da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se uma corrida armamentista entre os Estados Unidos e a União Soviética. A ideia era aumentar o poder de destruição do país para intimidar o oponente.

    A década de 1950 foi marcada por disputas tecnológicas entre as duas superpotências, que pretendiam aperfeiçoar as armas existentes e produzir outros modelos com maior poder de destruição.

    Diante da vantagem inicial estadunidense em relação às armas atômicas, Stálin ordenou a realização de um projeto soviético para a fabricação de uma bomba atômica, concretizado em 1949.

    Essa primeira bomba soviética, chamada no Ocidente de djou-1, não foi lançada sobre uma população, como fizeram os Estados Unidos, mas em um território correspondente ao do atual Cazaquistão, longe de pessoas. Esse teste foi o primeiro de muitos e chegou ao conhecimento dos opositores dos soviéticos.

    Outro armamento de alto poder de destruição desenvolvido no período foi a bomba de hidrogênio, ou Bomba H, cujo poder de devastação era até mil vezes maior que o das lançadas sobre o Japão.

    Medo e “caça” aos comunistas nos Estados Unidos

    A política armamentista promovida pelo governo dos Estados Unidos foi acompanhada do acirramento de um forte sentimento anticomunista na população e de uma paranoia em relação à espionagem soviética.

    Nos Estados Unidos, os serviços secretos estavam sob a direção da Agência Central de Inteligência (cía, sigla em inglês), fundada em 1947. Já na União Soviética, os serviços secretos ficaram sob a responsabilidade do Comitê de Segurança do Estado (cá gê bê, sigla em russo), de 1954.

    O senador estadunidense Joséf macárti liderou a perseguição de muitas pessoas que ele suspeitava ser comunistas. Durante o chamado macartismo (1950-1957), o govêrno dos Estados Unidos perseguiu intelectuais, artistas e funcionários públicos suspeitos de subversão, comunismo ou de simpata pela União Soviética. Essas pessoas tiveram a vida investigada, foram interrogadas, banidas ou demitidas. Muitas delas precisaram sair do país.

    Pôster. James Bond, homem de rosto comprido, testa larga e franzida, cabelos penteados de lado. Usa terno e gravata e empunha uma arma. Ao fundo, imagens do filme.
    Pôster alemão do filme 007 contra o satânico Doutor , de 1962, estrelado pelo ator escocês Chan Côneri como Djeimes bónd.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    O tema da espionagem permeou a Guerra Fria e continua presente em várias partes do mundo. A indústria cultural produziu muitos videogames e filmes a respeito do assunto. Uma das séries de filmes mais conhecidas sobre o tema é a do fictício agente britânico Djeimes bónd (o 007), baseada nas obras do escritor Iân Flêmin, lançadas a partir de 1953. Em parte considerável das produções, a espionagem russa era a principal inimiga do agente secreto britânico.

    Respostas e comentários

    Comumente, na história, o potencial bélico e alguns armamentos são utilizados pelas nações para demonstrar poder, intimidar e barganhar no cenário internacional. É o que ocorre ainda hoje com a Bomba H, apresentada no texto-base, que continua fazendo parte do arsenal dos Estados Unidos. Nos últimos anos, a Coreia do Norte também declarou possuir essa bomba, colocando-se em posição de potência militar e utilizando-a como instrumento de ameaça e barganha com as outras nações.

    O auge do macartismo ocorreu quando o casal de judeus Ethel e Julius Rosenberg foi julgado, considerado culpado e executado por suposta espionagem, em meio a uma febre crescente de denúncias e desconfianças. As suspeitas levantadas pelo comitê foram muitas vezes dadas como certas sem provas conclusivas ou por meio de julgamentos questionáveis, resultando na prisão de pessoas inocentes e na destruição de milhares de vidas.

    Ampliando

    No texto a seguir, Orivaldo Leme Biagi trata das agências de espionagem das superpotências.

    “A espionagem tornou-se reticências essencial para as superpotências. As duas principais agências de espionagem, a cía (Central Intelligence Agency) norte-americana e a cá gê bê (Comissão para a Segurança do Estado) soviética, foram acusadas de promover os mais variados atos de hostilidade contra vários países, além de roubar informações consideradas como vitais.

    Mas a espionagem não foi exclusividade das superpotências: praticamente todos os países do mundo desenvolveram os seus setores de segurança e espionagem, temendo atos de espionagem contra si – ou promovendo os atos de espionagem contra outros países. reticências

    A espionagem, ao mesmo tempo que assustava, também fascinava o público – a mistura de medo com o fascínio pelo ‘lado negro’ do poder sempre chamou a atenção do público de um modo geral. O cinema imortalizaria esta relação medo/fascínio através da construção de uma imagem heroica e misteriosa do espião, principalmente na figura do agente secreto inglês Djeimes bónd e de seu famoso código, 007. Entre muitas de suas aventuras, Djeimes bónd ‘lutou’ várias vezes para impedir uma Terceira Guerra Mundial. fóra das telas, em muitos lugares do mundo, como no Vietnã, existiram reais possibilidades de uma temida Terceira Guerra Mundial.”

    BIAGI, O. L. O imaginário da Guerra Fria. Revista de História Regional, Ponta Grossa, volume 6,norte. 1, página 85-86, fevereiro 2001.

    A corrida espacial

    A fabricação de armas não foi a única fórma de os blocos capitalista e socialista se enfrentarem durante a Guerra Fria. Outro campo muito explorado pelos Estados Unidos e pela União Soviética foi o da chamada corrida espacial. Entre os anos 1957 e 1975, as duas superpotências se enfrentaram indiretamente para provar a capacidade de cada uma em explorar o espaço. Os investimentos em programas espaciais consumiram altos investimentos de ambos os lados.

    O comêço dessa disputa foi o lançamento ao espaço do primeiro satélite artificial, o Isputiniqui primeiro, em 4 de outubro de 1957, pela União Soviética. O sucesso do lançamento do satélite na órbita terrestre levou a guerra para fóra do planeta.

    O passo seguinte era lançar um ser vivo ao espaço. A União Soviética saiu na frente mais uma vez e, um mês após o lançamento do satélite Isputiniqui primeiro, o foguete Isputiniqui segundo foi colocado em órbita levando a cadelinha russa chamada Laika.

    Como era de esperar, os Estados Unidos responderam ao feito: quatro meses depois o foguete estadunidense Explorer primeiro foi lançado ao espaço.

    Dali em diante, o objetivo maior das superpotências durante a corrida espacial passou a ser enviar seres humanos ao espaço. Novamente, os soviéticos saíram à frente e, em abril de 1961, o cosmonauta russo Iuri Gagarin foi posto na órbita da Terra a bordo da nave Vostok primeiro, em que completou uma volta ao redor do planeta.

    Cartaz. Ilustração com o rosto de um cosmonauta com a viseira do capacete levantada. Ao fundo, um planeta, e ao lado dele, um foguete com o símbolo do martelo sobreposto à foice. Na chama do foguete, a informação: 12 do quatro de 1961. Em cima, inscrições em russo.
    Cartaz soviético da década de 1960 representando o cosmonauta Iuri Gagarin ao lado de um foguete com os símbolos comunistas da foice e do martelo. Atrás dele, está a Terra. Ao observar o planeta do espaço, Gagárin proferiu a frase: “a Terra é azul”.

    Para os Estados Unidos, o feito de Gagárin parecia uma derrota. Buscando superar os soviéticos, a Náza lançou o programa Apólo, com o ousado objetivo de levar pessoas à Lua. Esse desafio, que consumiu bilhões de dólares, foi alcançado em julho de 1969. Os astronautas Nil Armstrong e Bus Áldrin foram os primeiros humanos a pisarem no solo lunar.

    Fotografia. Cadela de pelos claros com a cabeça escura. Tem orelhas grandes e focinho longo. Está deitada dentro de um compartimento de metal.
    Laika a bordo do Isputiniqui segundo, antes de partir para o espaço. Foto de 1957.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Laika morreu por falta de oxigênio. Como os soviéticos, os estadunidenses também enviaram animais para o espaço durante testes. A maioria deles não sobreviveu à jornada. Atualmente, é proibido o uso de animais em viagens espaciais.

    Respostas e comentários

    Comente com os estudantes que, ao analisar determinados períodos da história, do ponto de vista dos dias de hoje, tem-se a impressão de que os resultados de certos conflitos eram óbvios ou previsíveis. Atualmente, com a grande influência que os Estados Unidos exercem sobre o Brasil e o colapso da União Soviética, pode parecer óbvia a vitória do modo de vida capitalista sobre o socialista na maior parte dos países, mas essa não era a impressão que se tinha durante a Guerra Fria. Por isso, examinar o passado com distanciamento e tentar compreendê-lo de acordo com as ideias, os contextos e os problemas da época em que se passou um fato, é extremamente importante. Durante as décadas de 1950 a 1980, ninguém sabia se haveria uma Terceira Guerra Mundial e nem qual lado poderia ganhar. Por causa dessa situação, logo no início da Guerra Fria, os Estados Unidos empreenderam a caça aos comunistas que viviam no país, assim como a seus simpatizantes. Por meio do Comitê de Atividades Antiamericanas (Ruáqui – sigla do nome em inglês House Un-American Activities Committee), criado em 1938, mas cuja atividade tornou-se marcante a partir de 1950, investigavam-se quaisquer tipos de oposição ao govêrno estadunidense, considerando-os antiamericanismo, sabotagem ou até mesmo traição nacional.

    No auge do combate ao “perigo vermelho”, os Estados Unidos foram presididos duas vezes por Duáig Aisenrráuer D. Aisenrráuer, do Partido Republicano (dois mandatos entre 1953 e 1961). Aisenrráuer investiu pesadamente no desenvolvimento de tecnologias espaciais, tentando superar a União Soviética na corrida espacial e acirrando as rivalidades entre as superpotências. Dedicou-se a reuniões e políticas de apaziguamento com o líder soviético Naiquita Crúchéf, sucessor de Istálin. Procurando diminuir os atritos entre as superpotências e alcançar uma coexistência pacífica, Cruchév e Aisenrráuer firmaram acordos para limitar o armamento das superpotências, ou seja, praticaram a Política de Distensão.

    Em 1955, dois anos após a morte de Istálin, Naiquita Crúchéf deu início a um processo de “desestalinização” da União Soviética, denunciando os crimes e a violência cometidos durante a ditadura stalinista. Parte desse processo resultou na diminuição do poder da polícia, na anistia de presos políticos e no fechamento dos campos de concentração (os guláguis). Estima-se que aproximadamente 20 milhões de pessoas tenham sido executadas durante o regime de Istálin, entre 1921 e 1953. O dado numérico foi retirado de: CONQUEST, R. The Great Terror: a reassessment. 40th anniversary edition. Oxford: Oxford University Press, 2007. página 486-487.

    Fotografia. Astronauta pisando no solo lunar. Ele veste macacão, botas, luvas e capacete. À sua frente, a bandeira dos Estados Unidos em um pequeno mastro fincado no chão. O solo é escuro e irregular.
    Bus Áldrin caminhando em solo lunar diante da bandeira dos Estados Unidos. Foto de 1969.
    Fotografia. Barack Obama, homem de cabelo grisalho, está abaixado com as mãos nos ombros de Katherine Johnson, senhora de cabelo branco, olhos pequenos e óculos. Ela está com a cabeça inclinada para trás, olhando para Obama. Ela tem uma medalha pendurada no pescoço.
    A matemática, física e cientista espacial estadunidense Katherine Johnson agraciada com a Medalha Presidencial da Liberdade pelo então presidente estadunidense baráqui obâma. Foto de 2015.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Sempre que se menciona a chegada do ser humano à Lua, duas imagens são onipresentes. A primeira é a do astronauta Nil Armstrong e sua famosa frase: “Um pequeno passo para um homem, mas um gigantesco passo para a humanidade”. A segunda é a da bandeira dos Estados Unidos hasteada em solo lunar. O que poucas pessoas sabem é que, para que essa viagem acontecesse, os cálculos de Katherine Johnson foram fundamentais. Ela foi responsável pelo setor técnico da Nasa que calculou as trajetórias de retorno de muitos voos espaciais, incluindo o da Apólo 11, que levou armstrông e outros dois astronautas à Lua.

    O desenvolvimento da internet

    O lançamento de satélites artificiais possibilitou um grande avanço em tecnologia, e teve papel fundamental nas atuais formas de comunicação. Por mais contraditório que seja, a Guerra Fria ajudou as pessoas de diferentes partes do planeta a se comunicarem instantaneamente, como você verificou na abertura deste capítulo.

    Em 1969, a Advanced Research Projects Agency (Arpa), divisão de pesquisa avançada do Departamento de Defesa estadunidense, criou o sistema Arpanét, com o objetivo de manter as comunicações do país intactas mesmo em caso de ataque nuclear.

    A princípio, o sistema foi utilizado para o compartilhamento de dados entre as universidades mais modernas do país, animadas com a possibilidade do rápido e simples compartilhamento de informações. Depois, aos poucos, o sistema foi implementado em universidades de outros países, como Países Baixos, Suécia e Dinamarca, passando a se chamar internet.

    No início dos anos 1990, a rede acadêmica foi aberta à população em geral e revolucionou não só o modo como as pessoas se comunicavam, mas também a cultura e a produção de identidade.

    Agora é com você!

    Responda no caderno.

    1. Defina o termo “cortina de ferro”.
    2. O que foi o Plano márchal? Explique a importância desse plano no contexto da Guerra Fria.
    3. Explique o contexto da construção do muro de Berlim.

    Dica

    FILME

    Estrelas além do tempo

    Direção: Theodore Melfi. Estados Unidos, 2016. Duração: 167

    O filme narra a história de três mulheres negras – Katherine Dionsan, dóróti Váum e Méri Diáquissan – contratadas pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Náza – sigla do nome em inglês) durante a corrida espacial.

    Respostas e comentários

    Classificação indicativa de Estrelas além do tempo: livre.

    Outras expedições lunares foram feitas depois da Apólo 11, todas elas não tripuladas, sendo destinada enorme quantidade de recursos aos investimentos em programas espaciais. Países como França e China, por exemplo, passaram a fazer parte do grupo de países que investem nesses programas. Em 2022, a Náza anunciou o programa Artemis, que pretende enviar missões tripuladas à Lua até 2025.

    A partir do final dos anos 1990, Estados Unidos, Rússia e outros países passaram a trabalhar em cooperação mútua e deram um passo importante para a construção da primeira base na órbita terrestre. A Estação Espacial Internacional, construída entre 1998 e 2011, foi o exemplo de que é possível explorar o espaço somando esforços em pesquisas que favoreçam toda a humanidade.

    Orientação para as atividades

    Ao realizar as atividades propostas no boxe “Agora é com você!”, o estudantes poderão retomar o conteúdo e exercer o procedimento da releitura e do registro das informações. Note que as atividades envolvem a definição de um conceito (“cortina de ferro”) e de um plano econômico (márchal), criados no contexto da bipolaridade da Guerra Fria, o estabelecimento de relações entre acontecimentos históricos (Plano márchal e Guerra Fria) e a narrativa de um fato histórico (construção do muro de Berlim).

    Agora é com você!

    1. O termo “cortina de ferro” foi utilizado para designar a divisão do mundo entre duas ideologias conflitantes. Foi uma espécie de barreira ou fronteira simbólica, que marcou o início da Guerra Fria, um conflito que se estendeu de 1945 a 1991 e opôs dois blocos distintos: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, sob comando da União Soviética. 

    2. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a maioria dos países participantes do conflito estava destruída, endividada e sem condições de subsidiar a própria reconstrução. Por isso, os Estados Unidos criaram um plano, chamado márchal, para disponibilizar capital aos países europeus aliados, que puderam reconstruir o território e a economia. Esse plano foi fundamental para a difusão do capitalismo nas nações que recorriam aos Estados Unidos, pois as instruía à entrada na economia de mercado.

    3. Em 1949 a Alemanha dividiu-se oficialmente em duas: a érre dê a, conhecida como Alemanha Oriental e alinhada ao socialismo, e a érre éfe a, chamada Alemanha Ocidental e de orientação capitalista. Como a recuperação da Alemanha Oriental foi muito mais lenta, milhares de pessoas de lá cruzaram a linha divisória e se refugiaram na Alemanha Ocidental. Para frear essa migração, o govêrno da érre dê a ergueu um muro entre as duas partes de Berlim em 1961.

    O auge da Guerra Fria

    As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por muita tensão internacional em razão das disputas entre Estados Unidos e União Soviética. Entre os episódios mais tensos desse período estiveram os ocorridos em Cuba e no Vietnã, palcos de intensas disputas entre as duas superpotências que polarizaram o mundo durante a Guerra Fria.

    A Revolução Cubana

    País insular localizado a pouco mais de 150 quilômetros de distância do estado da Flórida, nos Estados Unidos, Cuba esteve sob a influência estadunidense desde o fim da Guerra Hispano-Americana, no final do século dezenove, e serviu de base naval para o país.

    Na década de 1950, o índice de analfabetismo entre os cubanos era altíssimo e poucos tinham acesso a serviços médicos. O ditador Fulgencio Batista, então presidente da ilha, incentivava a visita de turistas, mas pouco fazia para melhorar a vida dos cubanos. Essa situação revoltou um grupo liderado pelo advogado Fidel Castro, que, em 1953, tentou retirar Batista do poder. Os planos iniciais falharam e muitos dos participantes do movimento foram condenados à prisão, inclusive Castro.

    Em 1954, Batista foi reeleito e, como parte de uma política de conciliação, concedeu liberdade a Castro, que se exilou no México. Nesse país, Castro encontrou outros opositores ao regime e o médico argentino Ernesto “Tchê” Guevara. Juntos, eles planejaram organizar em Cuba uma revolução que pudesse unir os cubanos e depor o govêrno de Batista.

    De volta à ilha, em 1956, Castro e seus companheiros iniciaram uma guerrilha contra a ditadura. Em pouco tempo, o grupo conquistou o apôio da população e venceu importantes combates.

    Fotografia em preto e branco. Ernesto Che Guevara, homem de olhos grandes, sobrancelhas cheias, rosto largo e boca pequena. Tem bigode e cavanhaque. O cabelo é comprido na altura das orelhas. Usa uma boina com uma estrela no centro. Olha para o horizonte.
    Ernesto “Tchê Guevára, médico revolucionário argentino que participou ativamente da Revolução Cubana. Foto de 1960.
    Fotografia em preto e branco. Fidel Castro, homem de boina, barba comprida e macacão. Está à direita, sentado em uma rede. À sua frente, algumas mulheres de macacão e boina sentadas no chão.
    Fidel Castro (à direita) com algumas das mulheres que lutaram no processo revolucionário cubano: à esquerda, Celia Sánchez, e, ao centro, Vilma Espín. Foto de 1958.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    O movimento revolucionário cubano contou com a presença de mulheres em diferentes funções. Elas cuidavam dos feridos e dos uniformes, eram mensageiras e atuavam ativamente no combate armado. Em 1958, foi formada a unidade Mariana Grarrales, composta apenas de mulheres combatentes que lutaram na linha de frente.

    Respostas e comentários

    A Revolução Cubana, em 1959, e a posterior adoção na ilha de um regime socialista levantaram um sinal de alerta nos Estados Unidos em relação aos países latino-americanos. Em 1961, com a instauração do programa Aliança para o Progresso, o presidente estadunidense John F. Kennedy procurou frear o avanço das ideias socialistas na América Latina por meio do estreitamento de laços com os países sul-americanos, o que foi realizado com o aumento de investimentos e o financiamento de diversos governos autoritários, os quais, com apoio de agências militares e de espionagem, como a CIA, executaram golpes de Estado, como o ocorrido no Brasil em 1964.

    No texto, salientam-se as condições econômicas e políticas de Cuba no início do século vinte que contribuíram para a revolução, liderada por Fidel Castro e levada a cabo pelas guerrilhas cubanas compostas, em sua maioria, de camponeses.

    Curadoria

    História: História de Cuba – Sílvia Cezar Miskulin (Vídeo)

    univéspi tê vê. Brasil, 16 abril 2015. Duração: 28 minutos Disponível em: https://oeds.link/8tUcRS. Acesso em: 2 junho 2022.

    Caso deseje saber mais sobre a relação histórica entre Cuba e os Estados Unidos, assista à entrevista concedida pela professora doutora Sílvia Cezar Miskulin à jornalista Mônica Teixeira, no programa História, veiculado pela univéspi tê vê.

    Diários de motocicleta (Filme)

    Direção: Uálter Salles. Brasil, 2004. Duração: 126 minutos.

    O filme dirigido pelo brasileiro Uálter Salles conta a trajetória da juventude de Tchê Guevara, antes de se tornar o famoso guerrilheiro. Sua viagem pela América do Sul foi a experiência responsável por sensibilizá-lo a respeito da situação de pobreza, doença e opressão vivida no continente, principalmente pela população camponesa e indígena.

    Pressionado, Fulgencio Batista fugiu de Cuba em 1o de janeiro de 1959. No mesmo dia, os rebeldes chegaram a Havana e assumiram o poder. O movimento, denominado Revolução Cubana, foi vitorioso e o novo govêrno, chefiado por Fidel Castro, lançou seus planos anti-imperialistas e, portanto, contrários à presença dos Estados Unidos na ilha.

    No início, o govêrno de Fidel Castro não tinha ligação com a União Soviética e pretendia continuar exportando seus produtos como antes da revolução, obtendo lucro com essa atividade. Mas isso não aconteceu, pois, em 1961, o govêrno dos Estados Unidos rompeu relações com o país, que nacionalizou sua economia. Nesse ano, o então presidente estadunidense Djón F. kenedí ordenou a execução de um plano elaborado pela cía para invadir Cuba. A ação, que ficou conhecida como Invasão da Baía dos Porcos, fracassou.

    Os Estados Unidos passaram, então, a financiar grupos para derrubar o govêrno de Castro e suspenderam a compra do açúcar cubano, dando início ao embargo econômicoglossário a Cuba, que dura até os dias de hoje.

    Capa da revista Time. No centro, ilustração de Fidel Castro, homem de sobrancelha grossa, boca pequena, barba cheia e boina verde. Atrás dele, uma bandeira vermelha e preta com a inscrição 26 Julho. À direita, a bandeira de Cuba hasteada. Na parte de baixo da capa, região montanhosa com focos de incêndio.
    Capa da revista estadunidense Time, publicada em 26 de janeiro de 1959.
    Fotografia. No primeiro plano, Fidel Castro sobre um palanque. Veste macacão verde e boina. Discursa em um microfone com uma das mãos levantadas. Ao seu redor, diversas pessoas assistem. Algumas carregam armas de fogo. Ao fundo uma grande bandeira de Cuba pendurada em um terraço em que se vê algumas pessoas. À frente de Fidel, duas bandeiras de Cuba igualmente penduradas.
    Fidel Castro discursando no Palácio Municipal de Santa Clara, em Havana, Cuba. Foto de janeiro de 1959.
    Respostas e comentários

    Bê êne cê cê

    Ao analisar as relações entre Cuba e as duas grandes potências da Guerra Fria (Estados Unidos e União Soviética), o texto-base contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

    Comente com os estudantes que o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos aos cubanos na Guerra Fria segue em curso até a atualidade, apesar de aproximações realizadas no govêrno de baráqui obâma, ocasião em que algumas restrições foram aliviadas. O encontro desse presidente com Raúl Castro em 2015 foi o primeiro entre líderes dos dois países em mais de cinquenta anos. Vale destacar o fato de que, apesar das dificuldades do embargo, seu desenvolvimento em áreas básicas como saúde e educação colocou-a entre os países com alto desenvolvimento humano, à frente, por exemplo, do Brasil no ranking do í dê agá. São fatos bastante conhecidos a erradicação do analfabetismo, a atuação de seus médicos em missões pelo globo e suas conquistas na área da saúde, como o recente desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus. Para obter mais informações sobre o assunto, leia o artigo: FUENTE, A. Sim, eu posso acabar com o analfabetismo. El País, 20 janeiro 2017. Disponível em: https://oeds.link/hlvGxN. Acesso em: 2 junho 2022.

    A Crise dos Mísseis e a Política de Distensão

    Como resposta ao embargo econômico e à tentativa de invasão de Cuba pelos Estados Unidos, o govêrno cubano permitiu a instalação de bases de lançamento de mísseis soviéticos em seu território. Aviões de espionagem estadunidenses descobriram os armamentos em navios que estavam indo em direção a Cuba, dando início, em outubro de 1962, a uma grave crise internacional.

    A chamada Crise dos Mísseis colocou o mundo diante da possibilidade real de uma guerra nuclear. Para resolver a situação, após um longo período de negociações intermediadas pela ônu, Djón kenedí (presidente dos Estados Unidos) e Naiquita Crúchéf (secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética) assinaram um acordo de trégua. Os Estados Unidos se comprometeram a não invadir Cuba, enquanto a União Soviética concordou em retirar os mísseis instalados na ilha.

    Na ocasião, também ficou combinado que os mísseis instalados pelos estadunidenses na Itália e na Turquia, estrategicamente apontados para o território soviético, seriam retirados. Todo esse incidente foi televisionado e transmitido para várias partes do planeta, o que gerou uma onda de medo de uma catástrofe nuclear.

    Tirinha em oito quadros. Calvin e Haroldo. Calvin, menino de aproximadamente 6 anos, está de capacete verde, camisa vermelha e shorts preto. Haroldo, um tigre, de listras laranjas e pretas, e uma mancha branca no peito. Segura uma arma de brinquedo. Quadrinho 1: Haroldo, olhando para Calvin, pergunta: Como nós vamos brincar de guerra? Quadrinho 2: Calvin, olhando para Haroldo, responde: TEM TANTOS MODELOS... Quadrinho 3: Com as mãos na cintura, Calvin continua: EU SEREI O DESTEMIDO AMERICANO DaIA. Quadrinho 4: Haroldo olha espantado, e Calvin continua: ... E VOCÊ VAI SER O REPUGNANTE E DESCRENTE COMUNISTA OPRESSOR. Quadrinho 5: Calvin, empunhando uma arma de brinquedo, continua: NÓS COMEÇAMOS A GUERRA, AÍ SE VOCÊ FOR ACERTADO POR UM DARDO VOCÊ ESTÁ MORTO E O OUTRO LADO GANHA, OK? Haroldo responde: CERTO. Quadrinho 6: Calvin dá um grito: VAI! Um atira no outro. Em cada um dos tiros, a interjeição WAP. Quadrinho 7: Calvin olha para o dardo grudado em seu capacete, e Haroldo observa o dardo grudado em seu peito. Quadrinho 8: um olha para o outro, e Calvin diz: TIPO DE BRINCADEIRA ESTÚPIDA, NÃO ACHA?
    Cáuvin & Haroldo, tirinha de Bíl Uáterson, 1986.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Como no embate entre Cáuvin e Haroldo na tirinha, os Estados Unidos afirmavam estar combatendo o comunismo e a União Soviética dizia estar apoiando seus aliados contra os imperialistas.

    As superpotências operavam conforme a lógica da “destruição mútua assegurada”, tendo como base a doutrina de que um ataque nuclear de uma teria como resposta o contra-ataque da outra, que aniquilaria as duas.

    Respostas e comentários

    Tema Contemporâneo Transversal

    As tensões e distensões do período expressas no episódio da Crise dos Mísseis, bem como no temor geral da população mundial diante do iminente conflito nuclear, envolvem o Tema Contemporâneo Transversal Ciência e tecnologia. Podem-se estabelecer conexões entre o desenvolvimento científico tecnológico e suas apropriações pela sociedade e pelos Estados atualmente. É possível resgatar outros momentos do capítulo em que foram abordados aspectos do avanço da tecnologia na Guerra Fria para enriquecer a abordagem.

    Ampliando

    A tirinha de Cáuvin e Haroldo dialoga com a crítica à corrida armamentista feita por um personagem histórico real: álbert ainstain. Para o famoso cientista, em seus escritos pessoais, a disputa bélica que se desenhava no horizonte era perigosa e sem sentido.

    “[...] a corrida armamentista entre Estados Unidos e Rússia, a princípio considerada necessária como preventiva, toma agora um aspecto histérico. Nos dois campos, a fabricação de armas de destruição continua com uma pressa febril e no maior mistério.

    A bomba H aparece no horizonte como um objetivo plausivelmente possível. Sua fabricação acelerada é solenemente anunciada pelo Presidente. Se for construída esta bomba, acarretará a contaminação radioativa da atmosfera e com isto o aniquilamento de toda a vida na terra em toda a extensão que a técnica tornar possível. O horror nesta escalada consiste em sua aparente inevitabilidade. Cada progresso parece a consequência inevitável do progresso precedente. Sempre mais, o aniquilamento geral se apresenta como a consequência fatal.”

    ainstain, A. A respeito da coabitação pacífica das nações. In: ainstain, A. Como vejo o mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. página44.

    Diante do incidente, as duas superpotências optaram pelo diálogo. Uma linha direta foi criada para que os comandantes estadunidenses e soviéticos se comunicassem rapidamente, procurando impedir que outra crise como aquela ocorresse.

    Cartaz. Ilustração de dois homens de costas falando ao telefone. Entre eles um globo terrestre. À esquerda do globo, a bandeira dos Estados Unidos. À direita, uma bandeira da União Soviética. No céu, diversos aviões. Nas costas do homem à direita, o braço de uma mulher, como se o abraçasse, segurando uma taça. Na parte superior, as informações: PETER SELLERS, GEORGE C. SCOTT. UM FILME DE STANLEY KUBRICK. DOUTOR FANTÁSTICO.
    Cartaz brasileiro do filme estadunidense Doutor Fantástico, do diretor Istanlei Cúbriqui, lançado em 1964.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Lançado pouco depois da Crise dos Mísseis, esse filme é uma sátira à paranoia relacionada à possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial nuclear. No filme (e no cartaz), a comunicação direta entre os líderes das potências foi representada pela figura de um telefone vermelho, que seria usado pelos líderes estadunidense e soviético em emergências nucleares.

    O incidente da Crise dos Mísseis, em 1962, acendeu um alerta global. Com a intenção de promover a suspensão da ameaça nuclear, as duas superpotências lançaram, também, a Política da Distensão, ou seja, uma espécie de abrandamento das tensões internacionais e da corrida armamentista.

    Essa política funcionou por meio do estabelecimento de diversos acordos entre os dois países. Em 1963, Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido assinaram o Tratado de Moscou, que proibiu testes nucleares na atmosfera, no espaço sideral e em ambientes submarinos. Em 1968, esses mesmos países, além de China e França (ou seja, os membros permanentes do Conselho de Segurança da ônu), assinaram o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Com esse acordo, os cinco países se comprometeram a não fornecer a tecnologia das bombas nucleares a outra nação. Em 1972, foi assinado o Acordo de Limitações de Armamentos Estratégicos (SALT um), que previu o fim da fabricação de armas nucleares pelos Estados Unidos e pela União Soviética.

    A assinatura dos acordos suavizou as tensões, mas não pôs fim às disputas entre os dois blocos. A Política de Distensão causou alívio na comunidade internacional e trouxe a esperança de um fim pacífico para a Guerra Fria. Mas, mesmo com a Política de Distensão, durante as décadas de 1970 e 1980, a tensão entre estadunidenses e soviéticos continuou por meio de conflitos ocorridos em diversos países.

    Mundo: estoque de armas nucleares – 1945-2009

    Gráfico de linhas. Mundo: estoque de armas nucleares, de 1945 a 2009. No eixo vertical, a inscrição número de armas nucleares, e os números dez mil, vinte mil, trinta mil e quarenta mil. No eixo horizontal, os anos 1945, 1950, 1955, 1960, 1965, 1970, 1975, 1980, 1985, 1990, 1995, 2000, 2005 e 2009. Embaixo, a legenda. Linha azul tracejada: Estados Unidos. Linha vermelha tracejada: União Soviética (Rússia a partir de 1992). Linha verde contínua: França, Reino Unido e China. No gráfico. Linha azul tracejada que representa os Estados Unidos se inicia em zero entre 1945 e 1950 e atinge o ápice de sua subida em 1965, quando registra mais de 30 mil armas nucleares. A partir dessa data, há uma lenta descida até o ano de 2009, para perto de duas mil armas. Linha vermelha tracejada que representa a União Soviética inicia em zero em 1955. A partir daí nota-se uma uma vertiginosa subida até 1985, quando se registra o índice de 40 mil para o número de armas nucleares. Segue uma vertiginosa descida até 1995, para perto de dez mil, e novas descidas até 2009, para cerca de 5 mil armas nucleares. França, Reino Unido e China: inicia-se pouco depois de 1960, e segue estável, próxima de zero, até 2009, mantendo praticamente os mesmos índices.

    FONTE: Recacevíti, P. Stock d’armes nucléaires en 2009. Le Monde Diplomatique, 2009. Disponível em: https://oeds.link/3QOzb4. Acesso em: 18 abril 2022. Adaptado.

    O gráfico indica o número total de ogivas nucleares que Estados Unidos, União Soviética, China, França e Reino Unido possuíam entre 1945 e 2009. Note que a produção bélica nuclear soviética só começou a cair na segunda metade da década de 1980. Durante todo o período da Guerra Fria, os soviéticos assumiram um lugar de destaque na economia mundial com a fabricação de armas, aviões e munições.

    Respostas e comentários

    Classificação indicativa de Doutor Fantástico: 10 anos.

    Interdisciplinaridade

    A abordagem do avanço tecnológico e do perigo nuclear de um possível confronto entre os Estados Unidos e a União Soviética permite diálogos com a Competência Específica de Ciências da Natureza nº 1 – “Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano e o conhecimento científico como provisório, cultural e histórico”. A análise das consequências políticas do desenvolvimento tecnológico e das apropriações sociais da ciência, intrinsecamente ligadas a seu contexto histórico e à correlação de fôrça das nações, contribui para o desenvolvimento da Competência Específica de Ciências da Natureza nº 4 – “Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho”.

    Curadoria

    A crise dos mísseis soviéticos em Cuba (1962): um estudo das iniciativas brasileiras (Artigo)

    Carlos Federico Domínguez Avila. Varia Historia, Belo Horizonte, volume 28, número 47, página361-389, junho 2012. 

    O artigo trata da Crise dos Mísseis em Cuba e das iniciativas brasileiras durante a crise, além dos antecedentes e das ações para evitar uma guerra nuclear e os desdobramentos relacionados ao episódio.

    A Guerra do Vietnã

    Entre o século dezenove e meados do século vinte, a Indochina, região no sul da Ásia, foi dominada pela França até a Segunda Guerra Mundial, quando foi tomada pelo Japão. Com a vitória dos Aliados na guerra, a França tentou recolonizar o território, mas não teve sucesso.

    Após a Guerra da Indochina, em 1954, japoneses e franceses foram expulsos definitivamente da região. Com o fim da dominação colonial, formaram-se no local três países independentes: Vietnã, Camboja e Laos. O Vietnã, porém, foi dividido em Vietnã do Norte (socialista) e Vietnã do Sul (capitalista).

    Estava marcado para 1955 um plebiscito para decidir sobre a unificação do país, mas o líder do Vietnã do Sul, Ngo Dinh Diem, deu um golpe de Estado e instaurou uma ditadura militar. O Vietnã do Norte, então, iniciou uma investida contra o Vietnã do Sul com o objetivo de unificar o país sob a bandeira do socialismo.

    Duas frentes de batalha foram montadas pelos norte-vietnamitas. A primeira era formada pelos soldados vietcongues, que não eram vinculados ao exército do país e exerciam a guerrilha como tática de combate. Eles utilizavam técnicas de confronto como ataques-surpresa, emboscadas e lutas no meio de florestas.

    A segunda frente de batalha, por sua vez, era formada pelo exército do Vietnã do Norte, que recebia armas e suprimentos tecnológicos, como aeronaves e mísseis, da China e da União Soviética.

    Os Estados Unidos apoiaram o Vietnã do Sul desde o golpe de 1955 e, com o início do conflito, intensificaram o envio de tropas à região.

    Guerra do Vietnã – 1955-1975

    Mapa. Guerra do Vietnã, de 1955 a 1975. Destaque para o Sudeste Asiático. Mapa com destaque para quatro países: Laos, em laranja; Camboja, em verde, Vietnã do Norte, em roxo, e Vietnã do Sul, em amarelo. Legenda: Seta vermelha: Rota de Ho Chi Minh. Seta lilás: Ofensiva norte-vietnamita. Linha verde com triângulos: Ofensiva estadunidense. Círculo vermelho com estrela amarela: Base aérea soviética. Círculo azul com estrela vermelha: Base aérea estadunidense. Ícone de navio: Base naval estadunidense. No mapa. Rota de Ho Chi Minh: sai do norte do Vietnã do Norte, próximo da cidade de Hanói, e passa por Sam Noa, no Laos. Segue em direção ao ao sul e entra novamente em território norte-vietnamita, em direção à cidade de Minh, no Vietnã do Norte, e à fronteira entre Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. Segue em direção a Kontumo, no Vietnã do Sul, e entra no Camboja em direção a Saigon, no Vietnã do Sul. Ofensiva norte-vietnamita: sai da fronteira entre Vietnã do Norte e Vietnã do Sul e segue em direção a Da Nang, no Vietnã do Sul. Outra sai da região sul do Laos em direção a Kontum, no Vietnã do Sul, e daí seguem para Dalat e para Saigon, no Vietnã do Sul. Ofensiva estadunidense: no norte e no litoral do Vietnã do Norte, na região do Golfo de Tonquim. Base aérea soviética: ao sul da cidade de Haiphong, no Vietnã do Norte. Base aérea estadunidense: duas na Ilha de Hainan, na China; três na Tailândia; e sete no Vietnã do Sul: uma ao norte de Da Nang; uma ao sul da mesma cidade; uma ao sul de Kontum; uma a nordeste de Dalat; uma a norte de Saigon, uma a leste e uma a sudoeste. Base naval estadunidense: uma no litoral norte do Vietnã do Sul; uma no litoral leste; uma no litoral sudeste, e duas no litoral sul, no delta do Rio Mekong. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 de 260 quilômetros.

    FONTE: ríguelmân, W.; quínder, H. Atlas historique. Paris: Perrin, 1992. página 512.

    Fotografia. No primeiro plano, um senhor de cabelos brancos, roupas claras e largas está sentado na grama, à frente de uma cabana de palha. Dentro dela, alguns soldados.
    rô chi min (sentado à frente da cabana) com soldados durante a guerra contra os franceses, em 1950.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Fundador do Partido Comunista na Indochina, rô chi min foi o principal líder do Vietnã do Norte. Ele atuava politicamente desde 1939, quando criou o Viêtmin (Liga pela Independência) para lutar contra o colonialismo francês e depois contra os invasores japoneses, até unificar o país combatendo os estadunidenses.

    Respostas e comentários

    Interdisciplinaridade

    Ao tratar das divisões territoriais e suas bases políticas e ideológicas durante a Guerra do Vietnã, o conteúdo e o mapa contribuem para o desenvolvimento da habilidade do componente curricular geografia ê éfe zero nove gê ê zero oito – “Analisar transformações territoriais, considerando o movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regionalidades na Europa, na Ásia e na Oceania”.

    A Guerra do Vietnã é uma das mais representadas pela indústria cultural, sobretudo no cinema. Porém, boa parte dessa produção é feita pelo olhar do Ocidente e, particularmente, estadunidense. Dessa fórma, não é raro que os vietnamitas sejam representados de fórma exótica e com estranheza, reforçando o estereótipo de um povo “selvagem” e “bárbaro”. Esse recurso sustentou o discurso estadunidense no período da guerra e continuou recorrente, independentemente da posição da obra sobre o conflito. Mesmo o filme de Ispáiqui Li, Destacamento Blood (Estados Unidos, 2020; duração: 154 minutos), que propõe uma crítica à guerra e um olhar antirracista, recai em estereótipos quando retrata o povo vietnamita. Um exemplo que vai na direção contrária é o filme Nascido para matar (Estados Unidos, 1987; duração: 116 minutos), de Istanlei Cúbriqui. Nessa obra, o diretor preferiu destacar o cenário das cidades vietnamitas em vez da zona rural, com o objetivo de desmistificar a imagem de seus habitantes como selvagens. Tal discussão pode ser feita com os estudantes com base na exibição de trechos desses ou de outros filmes, de cartazes de propaganda da guerra ou de outro elemento cultural da época. Se for exibir trechos dos filmes citados, atente para a seleção das cenas adequadas à faixa etária dos estudantes, pois Destacamento blâd é indicado para maiores de 18 anos e Nascido para matar, para maiores de 16 anos. A indústria cultural configura-se, portanto, como um importante instrumento de legitimação das guerras, fato muito evidente durante a Guerra Fria.

    Curadoria

    Corações e mentes (Filme)

    Direção: Píder Dêivis. Estados Unidos, 1974. Duração: 112 minutos.

    O documentário, considerado um dos mais importantes da história sobre a Guerra do Vietnã, contém depoimentos de ex-combatentes estadunidenses, vietnamitas sobreviventes e políticos e apresenta o militarismo e o racismo como parte da cultura estadunidense.

    Em 1964, os Estados Unidos entraram com fôrça total na guerra após um suposto ataque do Vietnã do Norte a um navio estadunidense.

    Em razão da supremacia de seu poderio bélico, os estadunidenses apostaram que a guerra seria rápida. No entanto, as técnicas de guerrilha dos vietcongues, a capacidade de sobrevivência na selva do Vietnã e, sobretudo, a resistência dos vietnamitas do norte diante dos invasores foram determinantes para garantir a vitória dos socialistas.

    Outro fator importante para o desfecho da Guerra do Vietnã foi o início das manifestações ocorridas nos Estados Unidos e em outros países ocidentais contra o conflito. Movimentos contra a guerra relacionados à contraculturaglossário se espalharam por toda a parte e produziram uma onda de protestos contra o envio de soldados estadunidenses para a guerra. Cada vez mais pessoas saíam às ruas para criticar a participação dos Estados Unidos em um confronto que estava consumindo muito mais dinheiro, esforço e vidas humanas do que se podia esperar.

    Em 1973, o govêrno dos Estados Unidos cedeu às pressões e começou a retirar suas tropas do território vietnamita. Com a saída de seus apoiadores, o Vietnã do Sul não conseguiu sustentar a guerra por muito tempo e, em 1975, a cidade de saigôn, capital do sul, foi invadida. O Vietnã do Norte venceu a guerra e unificou o país, instaurando um govêrno de modelo socialista.

    Fotografia. Em primeiro plano, piloto de costas, dentro de um avião militar. Ele está de capacete. Ao fundo, outro avião militar sobrevoa uma área em chamas.
    Avião estadunidense lançando bomba incendiária de napalm sobre o Vietnã durante a guerra. Foto de 1962.
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    Durante a guerra, os Estados Unidos recorreram à utilização de armas químicas, como herbicidas, para destruir a vegetação onde os vietcongues se escondiam, e de bombas incendiárias de napalm. As imagens desses ataques, amplamente divulgadas, tiveram papel importante no desenrolar dos acontecimentos. Elas acirraram ainda mais as críticas da sociedade estadunidense à guerra.

    Respostas e comentários

    A Guerra do Vietnã coleciona uma lista de atrocidades. Diversos bombardeios a civis em aldeias foram realizados e o uso do agente laranja e do napalm chocaram o mundo. Um desses episódios rendeu a fotografia que é provavelmente uma das mais famosas de guerras da história e que rendeu o Prêmio Pulitzer ao fotógrafo vietnamita Nick Ut, nos anos finais do conflito. Na fotografia, uma menina de 9 anos, de nome Phan Thi Kim Phuc, corre nua pelo vilarejo de Tian Ban, bombardeado com napalm pelos vietnamitas do sul. Nessa aldeia, praticamente não havia guerrilheiros, apenas civis, e foram mortas muitas mulheres e crianças.

    Além disso, é importante comentar com os estudantes que a Guerra do Vietnã ficou marcada como o primeiro conflito televisionado. Muitas famílias de classe média nos Estados Unidos tinham televisão em casa , o que lhes permitia entrar em contato cotidianamente com imagens do conflito. Esse fator foi fundamental para as críticas e a mobilização de setores da sociedade civil estadunidense contra a continuidade da guerra.

    Além das perdas humanas, a guerra química, representada principalmente pelo uso do agente laranja, foi responsável pela destruição de muitas terras férteis e porções de floresta no Vietnã. Novamente, tem-se a oportunidade de conversar com os estudantes sobre as relações entre a sociedade, o meio ambiente e as ciências e tecnologias, adensando reflexões anteriores sobre as apropriações das inovações da física e da química pela indústria bélica em determinados contextos históricos.

    O movimento hippie

    Nas décadas de 1960 e 1970, ocorreram diversos movimentos de contestação aos costumes e padrões culturais tradicionais da sociedade ocidental. Por se oporem aos valores e aos comportamentos sociais da época, eles foram denominados contraculturais.

    O movimento hippie foi um deles. Iniciado nos Estados Unidos na década de 1960, reuniu milhares de jovens que se declaravam pacifistas e contrários a valores tradicionais, como o autoritarismo familiar e o individualismo, criticando também certos pilares do capitalismo, como o consumismo. Em contrapartida, defendiam a liberdade sexual, o contato com a natureza e a adoção de um estilo de vida simples, que era representado por suas roupas coloridas e pelos cabelos compridos.

    Esse movimento exerceu forte influência na música, impulsionando e sendo impulsionado por ritmos como o folk (criado na década de 1930) e, principalmente, o rock (da década de 1950). Músicos como Dími Rêndrix, bób dílan e dieinis dióplin marcaram as décadas de 1960 e 1970 com canções irreverentes e rebeldes, nas quais teciam críticas aos costumes tradicionais estadunidenses.

    Cartaz. Ilustração de uma mão segurando o braço de um instrumento de corda. Um pássaro branco está pousado nele. Ao redor, diversas informações. Em destaque com letras maiores os dizeres cuja tradução é: 3 Dias de Paz e Música. O fundo é vermelho.
    Cartaz do Festival de Música e Arte de Woodstock, que ocorreu nos Estados Unidos em 1969 e teve participação de ícones da contracultura, como Jimi Rrendrix.
    Fotografia. Pessoas na rua em um protesto. Elas carregam uma grande faixa com plavras de ordem em favor dos vietnamitas.
    Protesto contra a Guerra do Vietnã, em Portland, Estados Unidos, 1970.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    A intensa mobilização de rrípis e pacifistas contra a guerra contribuiu para os estadunidenses formarem opiniões negativas sobre a participação do país na Guerra do Vietnã. A manifestação em pórt lénd reuniu cêrca de mil pessoas contra a política bélica do presidente estadunidense Rítchar Níquisan, que visitava a cidade. Na faixa, está escrito: “Vitória aos vietnamitas”.

    Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

    Transcrição do áudio

    A era da contestação

    [Locutor/a] Olá! Está começando mais um episódio do podcast “De olho na História”. Hoje vamos falar sobre os movimentos de contracultura que surgiram na década de 1960 em vários lugares do mundo.

    [Locutor/a] Marcados pelas revoltas estudantis e de trabalhadores que tomaram a França em maio de 1968, esses movimentos tiveram como principais características o protagonismo dos jovens, a crítica aos regimes autoritários e a contestação do status quo. O auge da contracultura ocorreu na década de 1960, quando uma geração inteira de jovens se sentia cada vez mais distante dos adultos ao seu redor. Para o historiador inglês Eric Hobsbawm, havia um “abismo de gerações” entre os jovens, que nasceram durante ou após a Segunda Guerra Mundial, e seus familiares, que lutaram na guerra e vivenciaram grandes crises econômicas, como a de 1929. Com prioridades e visões de mundo diferentes, a juventude questionava os comportamentos e escolhas das gerações anteriores e discutia temas como a liberação sexual, o capitalismo e a existência de guerras, como a do Vietnã.

    [Locutor/a] A insatisfação com o sistema se manifestava por meio de roupas, músicas, hábitos e ideias. Os jovens ouviam protestos de seus ídolos em canções como “Blowin’ in the Wind”, de Bob Dylan, que contestava o uso de armamentos. Também no cinema, diretores como o francês Jean-Luc Godard contrariavam a linguagem cinematográfica tradicional. Nesse contexto de guerrilha cultural, muitos movimentos sociais se organizaram, como a luta dos negros por direitos civis e a das mulheres por igualdade de gênero.

    [Locutor/a] Na França, em maio de 1968, os jovens colocaram em xeque o currículo e a pedagogia das universidades francesas, em um grande movimento que tomou as ruas. Os estudantes criaram slogans de contestação e formaram barricadas com carteiras escolares, portas e até mesmo carros virados. Os operários também aderiram ao movimento, e uma greve geral paralisou o país.

    [Locutor/a] Já nos Estados Unidos, ganhou força o movimento negro, que contestava o racismo estrutural da sociedade e lutava por direitos civis. Um ativista importante desse movimento foi Martin Luther King, pastor que liderou a luta dos negros estimulando a resistência pacífica. Outro ativista negro de destaque foi Malcolm X, que questionava a política de não violência de Luther King e era um dos principais representantes do grupo dos Panteras Negras. Angela Davis, hoje professora da Universidade da Califórnia, também integrou os Panteras Negras, sendo condenada e presa durante os protestos na década de 1960 e 1970.

    [Locutor/a] Também nos Estados Unidos, nesse mesmo contexto da contracultura, surgiu o movimento hippie. Com uma visão pacifista, os hippies eram contrários à intervenção estadunidense na Guerra do Vietnã e críticos à organização social que produzia guerras, violência, miséria e repressão. Os adeptos da cultura hippie se vestiam com roupas coloridas, viviam em comunidades, pregavam a igualdade e a liberdade. Um de seus slogans que ficaram famosos foi “Paz e amor”.

    [Locutor/a] Por aqui, a cultura brasileira também teve sua efervescência no período. No campo musical, o movimento tropicalista, inaugurado com o disco Tropicália ou Panis et circenses, propôs uma ruptura. Seus principais representantes foram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa, Mutantes, entre vários outros. O Tropicalismo incorporou influências artísticas internacionais, que foram combinadas com elementos tradicionais de nossa cultura.

    [Locutor/a] O mês de maio de 1968 jamais será esquecido. Esse momento ficou marcado na história por causa de um dos mais representativos movimentos da juventude e da contracultura dessa era da contestação.

    [Locutor/a] Agora que vocês sabem um pouco mais sobre esse período, que tal pesquisar outros movimentos que surgiram naquele momento? Por hoje, terminamos aqui. Até a próxima, pessoal.

    Respostas e comentários

    Dados numéricos sobre a manifestação contra a Guerra do Vietnã em Portland foram retirados de: târner, W. 1000 at protest in Portland, Ore. The New York Times, 31 agosto. 1970. Disponível em: https://oeds.link/BhxOJn. Acesso em: 22 junho. 2022.

    É recomendado relacionar os movimentos formados nos anos 1960 e 1970 à vida política na contemporaneidade. Proponha aos estudantes que enumerem movimentos atuais semelhantes aos descritos no capítulo, bem como suas pautas. Sabe-se que a defesa dos direitos das mulheres, a luta pela igualdade racial e as causas ecológicas, por exemplo, estão relacionadas com o momento da história abordado no capítulo. Pode-se dizer que tais movimentos foram fundamentais para a ampliação das noções de direitos civis, políticos e sociais estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.

    Curadoria

    Os 7 de Chicago (Filme)

    Direção: Aaron Sorkin. Estados Unidos, 2020. Duração: 129 minutos.

    O filme conta a história de diferentes grupos que participaram de protestos contra a Guerra do Vietnã e foram acusados pelo govêrno dos Estados Unidos de conspiração. Entre esses grupos, representantes de diversos movimentos sociais, estavam rrípis, universitários de esquerda, pacifistas e membros do movimento negro.

    Os Estados Unidos contra Djón lênon(Filme)

    Direção: Dêivid Lífi. Estados Unidos, 2006. Duração: 99 minutos.

    Esse documentário aborda os diversos ativismos das décadas de 1960 e 1970, a contracultura e a rejeição à Guerra do Vietnã. Na obra, é apresentado o lado ativista de um dos ícones musicais do período, Djón Lennon, após o fim da banda dê bítous.

    O Maio de 1968

    Os protestos iniciados nos anos 1960 se inseriam em um contexto mais amplo de movimentação social e efervescência cultural, em um momento em que o mundo bipolarizado e muitos valores estavam sendo questionados.

    Em um mundo marcado pelas disputas políticas e pela presença crescente de jovens em todas as esferas sociais, muitos deles adotaram novos costumes, práticas e comportamentos. Nesse contexto, as manifestações ocorridas no mês de maio de 1968 na França se tornaram um dos principais ícones da contracultura dos anos 1960.

    Na ocasião, milhares de pessoas, principalmente estudantes e trabalhadores, reuniram-se em protesto contra as políticas conservadoras, autoritárias e colonialistas do govêrno francês, liderado naquele momento pelo presidente charle dê gôle.

    A revolta teve início na Universidade de Nanterre, nos arredores de Paris, em que estudantes organizaram um protesto contra a divisão dos dormitórios entre homens e mulheres e contra a burocracia na instituição.

    Em pouco tempo, milhares de estudantes de outras instituições saíram às ruas de Paris para protestar contra a Igreja e a família tradicional – baseada em poderes patriarcais –, a Guerra do Vietnã, a sociedade de consumo e os símbolos de poder e repressão do Estado, como a polícia.

    No dia 18 de maio, 9 milhões de trabalhadores franceses aderiram ao movimento e decretaram greve geral, exigindo melhores salários e condições de trabalho. Com estudantes e trabalhadores nas ruas, a cidade de Paris se transformou em um campo de batalha. Manifestantes resistiram às fôrças policiais formando barricadas, tombando e incendiando carros.

    Os manifestantes passaram a exigir a renúncia do presidente charle dê gôle, que teve de ceder. Reajustes de salários para todos os trabalhadores foram anunciados pelo govêrno, que aumentou o salário mínimo em 25% e convocou eleições legislativas.

    Fotografia. Milhares de pessoas em uma manifestação ocupam uma longa avenida. Carregam faixas e cartazes. Na primeira fila estão lado a lado, de braços dados. No centro, uma faixa vermelha com os dizeres em francês.
    Estudantes e trabalhadores em protesto nas ruas de Paris, França. Foto de maio de 1968. Na faixa, lê-se: “Trabalhadores estudantes: unidos venceremos”.
    Respostas e comentários

    Dados numéricos sobre as manifestações de maio de 1968 foram retirados de: VARELA, R.; SANTA, R. D. O maio de 1968 na Europa: Estado e revolução. Direito & Práxis, Rio de Janeiro, volume 9, número 2, página 980, 2018.

    Ampliando

    Os panfletos produzidos pelos movimentos estudantis podem ser utilizados para caracterizar as reivindicações do Maio de 1968 francês. Muitos desses documentos expressavam a identificação entre os estudantes universitários e a classe trabalhadora.

    “Nós batemo-nos reticências porque recusamos tornar-nos: – professores ao serviço da seleção no ensino, seleção feita à custa dos filhos da classe operária, – sociólogos fabricantes de slogans para as campanhas eleitorais governamentais, – psicólogos encarregados de fazer ‘funcionar’ as ‘equipes de trabalhadores’ segundo os interesses superiores dos patrões, – cientistas cujo trabalho de pesquisa será utilizado de acordo com os interesses exclusivos de uma economia de lucro. reticências Recusamo-nos a melhorar a universidade burguesa. Queremos transformá-la radicalmente para que de agora em diante ela forme intelectuais que lutem ao lado dos trabalhadores e não contra eles reticências.”

    BERNARDO, J. Estudantes e trabalhadores no Maio de 68. Revista Lutas Sociais, São Paulo, número 19/20, página 23-24, 2008.

    Curadoria

    A hipótese comunista (Livro)

    Alã Badiú. São Paulo: Boitempo, 2012.

    Para aprofundar o estudo da temática sobre Maio de 1968, a primeira parte do livro de Badiú, “Somos ainda contemporâneos de Maio de 1968”, pode fornecer contribuições interessantes. Nela, o autor revisita o período e faz uma análise das comemorações dos quarenta anos dos eventos, revendo suas posições de estudante e defendendo a existência de vários maios de 1968, dependendo da perspectiva de análise.

    O movimento feminista

    O movimento feminista também ganhou fôrça durante a década de 1960. As participantes do movimento inspiraram-se em ideias como as da intelectual francesa Simone de Bovuár.

    Em sua obra O segundo sexo, lançada em 1949, ela demonstrou que a atribuição de diferentes papéis a homens e mulheres não é biológica, mas construída socialmente, apresentando a famosa frase “não se nasce mulher; torna-se mulher”.

    As feministas contestaram a desigualdade de gênero em diversos campos, como o político, o dos direitos civis e o do trabalho, e alcançaram importantes conquistas. Duas delas foram o lançamento da pílula anticoncepcional, em 1960, o que possibilitou a milhões de mulheres o contrôle da fertilidade, e, no Brasil, a aprovação da lei do divórcio, em 1977.

    O movimento feminista ganhou fôrça no Brasil em 1975 com a instituição pela ônu do Ano Internacional da Mulher, concentrando-se informalmente em associações e coletivos de mulheres. Destacaram-se no período os grupos de ativistas que denunciavam a violência doméstica e o assassinato de mulheres cometidos pelos próprios companheiros.

    O movimento ambientalista

    O movimento ambientalista ganhou fôrça na década de 1960, dando início a uma intensa transformação no modo como as sociedades ocidentais compreendem seu lugar no planeta.

    Os ambientalistas se preocupavam principalmente com a depredação do meio ambiente e com o esgotamento dos recursos naturais, reivindicando mudanças nos comportamentos sociais e a aplicação de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente.

    Nesse contexto, foram criadas organizações de associativismo civil, como a World Wide Fund For Nature (dáblio dáblio éfe), em 1961, e o Greenpeace, em 1971, que passaram a atuar em diversas partes do globo.

    Em 1972, a ônu realizou sua primeira conferência sobre o ambiente, ocasião em que lançou a Declaração de Estocolmo, alertando sobre a necessidade de os seres humanos desenvolverem conhecimentos e modos de vida para possibilitar o equilíbrio com o meio ambiente.

    Fotografia em preto e branco. Mulheres em uma manifestação. Carregam cartazes feitos à mão. À esquerda, um homem fotografa a passeata.
    Manifestação de mulheres pela igualdade de direitos durante a cerimônia de posse do presidente Rítchar Níquisan, em Washington, Estados Unidos. Foto de 1969. Em um dos cartazes está escrito: “Julguem as mulheres como pessoas, e não como esposas”.
    Fotografia em preto e branco. Algumas pessoas em um protesto na frente de um prédio. Elas carregam cartazes feitos à mão com palavras de ordem.
    Protesto de ambientalistas em Londres, Reino Unido. Foto de 1973. No cartaz à esquerda lê-se: “Pedale, você vai gostar!” e à direita, “Carros? Que sufoco!”.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Um dos objetivos do movimento feminista era combater os discursos e as relações de poder em que as mulheres não eram consideradas seres autônomos, sendo relegadas à esfera doméstica, como se esse fosse seu espaço natural. Já a ascensão do movimento ambientalista contou com a publicação de importantes obras, como Primavera silenciosa, da bióloga Reichel Carson, e Nosso ambiente sintético, do filósofo Múrei Búctim, em 1962. Ambos abordaram o impacto de pesticidas e de aditivos químicos alimentares na saúde humana e denunciaram os efeitos negativos da depredação do meio ambiente para a vida no planeta.

    Respostas e comentários

    Tema Contemporâneo Transversal

    Ao tratar da formação do movimento ambientalista e das organizações da sociedade civil que atuam em defesa do meio ambiente, colocando em pauta a necessidade de buscar modos de vida sustentáveis, o conteúdo envolve o Tema Contemporâneo Transversal Educação ambiental.

    Lembre aos estudantes que, embora as décadas de 1960 e 1970 tenham ficado marcadas como o boom do feminismo como movimento organizado no mundo, a luta das mulheres data de séculos antes. Durante a Revolução Francesa, por exemplo, Olamp de Gúge escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã para contestar a exclusão delas dos direitos conquistados no processo revolucionário e expressos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Já no século dezenove, as mulheres se organizaram pelo voto feminino no Reino Unido, tornando-se conhecidas como sufragistas. No Brasil, essa luta pelo voto também data pelo menos da década de 1920. Vale destacar o fato de que muitas das reivindicações do feminismo da década de 1970 não foram completamente atendidas, e as mulheres seguem em intensa atuação por igualdade de direitos e condições em relação aos homens. Questione a turma sobre o conhecimento a respeito do movimento na atualidade e de suas conquistas ao longo dos últimos séculos no Brasil ou em outros países.

    Em 2015, no Brasil foi registrada a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. Além disso, as mulheres vivem situações de desigualdade em relação aos homens em diversos campos, como o do trabalho, em que recebem menores salários pelas mesmas funções. Essas são algumas das questões que mobilizam as mulheres brasileiras na luta feminista.

    Curadoria

    Não me cálo (Site)

    Disponível em: https://oeds.link/IwMK2g. Acesso em: 2 junho 2022.

    Caso considere interessante, recomende aos estudantes o texto “O movimento feminista no Brasil: trajetórias e conquistas”, disponível nesse site. Trata-se de uma boa introdução sobre o percurso histórico do feminismo no mundo, com atenção especial para o Brasil. São abordadas as pautas, as conquistas e os desafios atuais do movimento. Dessa fórma, pode-se conectar o conteúdo estudado com o contexto brasileiro.

    O movimento pelos direitos civis

    Nos Estados Unidos, o movimento negro dedicava-se à luta contra o racismo, institucionalizado por diversas leis de segregação racial em estados do sul do país. Essas leis burlavam a décima quarta emenda da Constituição, adotada em 1868, que estabelecia a igualdade de direitos sem distinções entre os cidadãos (exceto para mulheres e indígenas).

    Na década de 1960, muitas dessas leis ainda estavam em vigor. O lema “separado, mas igual” se tornou símbolo da segregação imposta por lei. Na prática, direitos fundamentais, como o de votar, eram negados às pessoas negras. Em diversos estados do sul dos Estados Unidos, além da segregação em escolas e outros espaços públicos, homens e mulheres negros eram obrigados por lei a ocupar um espaço menor dentro do transporte público e até a ceder seu assento a pessoas brancas em caso de lotação.

    Episódios de resistência negra, como o ocorrido em 1955, quando a costureira Rosa Parcs se recusou a ceder seu lugar para um branco em um ônibus e foi presa em razão disso, e o aumento de ataques de supremacistas brancos com o ressurgimento, a partir de 1950, da Cu Clús Clã(KKK) – que pregava o ódio e a violência contra os negros – inflamaram a sociedade estadunidense.

    O movimento pelos direitos civis ganhou fôrça nesse contexto. Em uma sociedade em que os negros eram discriminados, segregados institucionalmente e, na prática, condenados à pobreza, o movimento reuniu milhares de pessoas defendendo a igualdade não só de direitos, mas também de oportunidades.

    Fotografia em preto e branco. Homem negro de chapéu e calça escuros e camisa clara bebendo água em um copo. À sua frente, um bebedouro em formato cilíndrico com a informação: COLORED.
    Homem usando bebedouro destinado a negros no estado de Oklahoma, Estados Unidos. Foto de 1939.
    Fotografia em preto e branco. Menina negra, de cabelos curtos. Usa óculos de armação quadrada.
    Retrato de Clódet Côlvin. Foto de 1954.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Antes de Rosa Parcs, Clódet Côlvin, uma jovem negra de 15 anos, já havia sido presa na cidade de Momgomery por se recusar a ceder seu assento a uma pessoa branca em um ônibus lotado. Com seu gesto de recusa, Rosa Parcs procurou apoiar o de Claudette e acabou presa, mas também deu início ao boicote aos ônibus de Montgomery, movimento em que a população negra organizada se recusou a utilizar os ônibus da cidade para se opor à segregação racial. O boicote se estendeu por cêrca de um ano (entre 1955 e 1956) e só foi encerrado quando uma decisão judicial permitiu aos passageiros negros sentar-se onde quisessem.

    Respostas e comentários

    Bê êne cê cê

    Ao apresentar movimentos em defesa de valores democráticos e sustentáveis, direitos humanos e civis, respeito e inclusão de grupos sociais considerados minorias, o conteúdo abordado fornece subsídios para a atuação consciente dos estudantes na luta por uma sociedade mais justa e igualitária, contribuindo para o desenvolvimento da Competência Específica de Ciências Humanas nº 6. Da mesma fórma, ao fornecer informações que podem servir de base a argumentações consistentes para defender ideias democráticas, sustentáveis e favoráveis aos direitos humanos, o texto-base promove o desenvolvimento da Competência Geral da Educação Básica nº 7.

    Tema Contemporâneo Transversal

    O Tema Contemporâneo Transversal Educação em direitos humanos é acionado quando os movimentos sociais iniciados nos anos 1960 são relacionados aos atuais, que buscam, por exemplo, igualdade social e racial.

    Curadoria

    Do blues ao movimento pelos direitos civis: o surgimento da “black music” nos Estados Unidos (Artigo)

    Amanda Palomo Alves. Revista de História, Salvador, volume 3, número 1,página 50-70, 2011.

    O artigo apresenta reflexões sobre o desenvolvimento da black music nos Estados Unidos, nos anos 1960, junto ao movimento pelos direitos civis.

    As vertentes do movimento

    O movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos tinha diferentes orientações políticas e modos de atuação. Entre suas principais lideranças destacaram-se o ativista islâmico Malcolm équis, o grupo dos Panteras Negras (Black Panther Party) e o reverendo batista Mártin Lúter Quing Júnior.

    Malcolm équis, ativista do nacionalismo negro, defendia o orgulho e a autossuficiência dos afro-americanos. A princípio, não acreditava na união entre brancos e negros, sendo favorável à autodefesa. Em 1965, foi assassinado na séde de sua organização em Nova iórque.

    Fotografia em preto e branco. Homem negro de rosto comprido e queixo quadrado. Usa óculos e tem os lábios finos. Está com uma das mãos levantadas e o dedo apontando para frente.
    Malcolm équis discursando no bairro do Rárlem, em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 1963.

    Já os Panteras Negras tinham como missão inicial a autoproteção armada da comunidade negra, a denúncia de seus opressores e, principalmente, da brutalidade policial.

    Mártin Lúter Quing Júnior, por sua vez, inspirou-se nos ensinamentos do líder indiano Marrátma Gândi a respeito da desobediência civil e da não violência, reunindo milhares de pessoas em marchas e protestos pacíficos pelo reconhecimento dos direitos das pessoas negras, como as Marchas de Selma a Montgomery, realizadas em 1965.

    Ganhador do Prêmio Nobél da Paz em 1964, Quíngui abordava em seus discursos temas como a exploração econômica e a pobreza e se declarou contrário à participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Foi assassinado em 1968 em Memphis, enquanto se preparava para uma marcha em apôio à greve dos trabalhadores da limpeza pública da cidade.

    O movimento pelos direitos civis foi um dos mais importantes da história dos Estados Unidos. Entre suas conquistas, estão a formulação de diversas leis que proibiram a discriminação racial nos setores públicos, no mercado de trabalho e nas eleições.

    Fotografia. Grupo de pessoas em um protesto. Carregam cartazes com palavras de ordem. Em um dos cartazes a foto de Eric Garner, rapaz negro.
    Protesto contra a discriminação racial na cidade de Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 2019.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Uma das placas retratadas na imagem faz referência a ériqui garner, assassinado em 2014 por um policial. Apesar das conquistas alcançadas com o movimento pelos direitos civis, o racismo ainda é evidente nos Estados Unidos. O assassinato de pessoas negras por policiais deu origem a movimentos como o Black Lives Matter (“Vidas Negras Importam”).

    Dica

    FILME

    Se a Rua Bíal falasse

    Direção: Barry Jenkins. Estados Unidos, 2018. Duração: 117 minutos

    O filme se passa na década de 1970 e aborda a luta da jovem “Tish Rivers para provar a inocência de seu companheiro, “Fonny rãnt, preso injustamente pela polícia de Nova iórque.

    Respostas e comentários

    Classificação indicativa de Se a Rua Bíal falasse: 14 anos.

    Atividade complementar

    Nesse capítulo são estudados movimentos sociais das décadas de 1960 e 1970 – o ambientalista, o feminista e o negro. Outros movimentos não foram abordados, mas também têm relação com o contexto, como o da população éle gê bê tê quê i a mais. Uma ação em comum foi a organização de protestos. Na atualidade, esses movimentos continuam existindo. Algumas reivindicações são as mesmas e outras são novas.

    Peça aos estudantes que se organizem em grupos. Cada um deve escolher um movimento e pesquisar informações sobre ele na atualidade, suas demandas e recentes conquistas. Em seguida, o grupo deve elaborar cartazes de reivindicação dessas pautas, imaginando-se em uma ação de protesto de rua. Os cartazes podem ter dados estatísticos, frases de efeito e desenhos, como os apresentados nas imagens reproduzidas no capítulo.

    No final, os grupos devem apresentar para a turma o tema escolhido, as pautas, os dados pesquisados e os cartazes. Pode-se fazer um mural com os cartazes. Além da conexão do conteúdo histórico com o presente e da análise das mudanças e permanências nas demandas e atuações dos movimentos sociais, a atividade contribui para a exploração de importantes pautas contemporâneas.

    Curadoria

    Eu não sou seu negro (Filme)

    Direção: raúl péqui. Estados Unidos, 2016. Duração: 95 minutos.

    Esse documentário trata da história do movimento negro dos Estados Unidos, baseando-se em três principais lideranças da década de 1960: Medgar Evers, Malcolm X e Mártin Lúter Quing Júnior.

    Analisando o passado

    Leia alguns trechos do discurso I have a dream (“Eu tenho um sonho”), de Mártin Lúter King júnior, e, em seguida, faça o que se pede.

    reticências o negro ainda não está livre; cem anos depois a vida do negro ainda é tristemente aleijada pelas leis de segregação e pelas correntes de discriminação; cem anos depois, o negro vive numa solitária ilha de pobreza no meio de um oceano de prosperidade material; cem anos depois, o negro é ainda debilitado nas esquinas da sociedade americana e encontra-se isolado em seu país.

    reticências Agora é o momento de tornar reais as promessas da democracia; agora é o momento de se alçar do escuro e desolado vale da segregação para o ensolarado caminho da justiça racial reticências.

    reticências Então eu digo para vocês, meus amigos, que, embora nós precisemos enfrentar as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda tenho um sonho.

    reticências Eu tenho um sonho de que um dia, nas montanhas da Geórgia, filhos de ex-escravos e filhos de ex-senhores sejam capazes de se sentar juntos à mesa como irmãos.

    reticências Eu tenho um sonho de que um dia meus quatro filhinhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo seu caráter.

    Eu tenho um sonho hoje!

    Eu tenho um sonho de que um dia, no Alabama, reticências meninos e meninas negros e meninos e meninas brancos possam dar-se as mãos, como irmãos.

    Eu tenho um sonho hoje!

    reticências a chegada do dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão se dar as mãos e cantar juntos reticências:

    ‘Livres, finalmente! Livres, finalmente! Graças a Deus, todo-poderoso, estamos livres finalmente.’”

    KING JUNIOR., M. L. I have a dream. ápud: The 1963 March on Washington. êne a a cê pê. Disponível em: https://oeds.link/VCyTZL. Acesso em: 20 abril 2022. Tradução nossa.

    Fotografia em preto e branco. Martin Luther King, homem negro de rosto arredondado, cabelos curtos e bigode fino. Veste terno e gravata. Está sobre um palanque e acena para a multidão ao redor.
    Mártin Lúter Quing Júnior durante a Marcha sobre Washington, que reuniu aproximadamente duzentas mil pessoas para reivindicar liberdade e justiça racial, em Washington, Estados Unidos. Foto de 1963.

    Responda no caderno.

    1. Explique a referência temporal utilizada por Quíngui em seu discurso. Por que ele se refere ao intervalo de tempo “cem anos depois”?
    2. Indique as leis de segregação e as correntes de discriminação denunciadas no texto.
    3. Explique qual seria, paraMártin Lúter King , o “ensolarado caminho da justiça racial”.
    Respostas e comentários

    Analisando o passado

    A seção auxilia no desenvolvimento da prática de análise documental por envolver a análise de trechos de um discurso proferido por Mártin Lúter Quing Júnior, em 1963. Os estudantes precisarão perceber quem emite o discurso, o contexto vivido pelos negros nos Estados Unidos e as escolhas para a construção desse discurso. A ideia central é contribuir para que os estudantes relacionem o texto com os movimentos por direitos civis e os problemas enfrentados pela população negra dos Estados Unidos em função das leis de segregação racial. Para tanto, as atividades demandam a contextualização de eventos, termos e noções (como a de justiça racial) utilizados no discurso.

    Atividades

    1. O texto se refere ao processo de abolição da escravidão, em 1863, durante a Guerra Civil nos Estados Unidos (1861-1865). Esse tema foi abordado no capítulo 10 do volume do 8o ano desta coleção. Se preciso, retome esse contexto com os estudantes, promovendo conexões que permitam tal inferência.

    2. Com base no conteúdo do capítulo, é possível relacionar as leis que na década de 1960 se mantinham: o direito de votar era negado aos negros; em alguns estados do sul dos Estados Unidos, homens e mulheres negros eram obrigados a ocupar um espaço menor no transporte público, devendo ceder o assento para pessoas brancas em caso de lotação. Entre as correntes de discriminação, é possível falarda retomada da Cu Clús Clã (ká ká ká), que ganhou fôrça nas décadas de 1950 e 1960 com o discurso de ódio racial e perseguição aos negros.

    3. Mártin Lúter King júnior acreditava, segundo o trecho selecionado do discurso, na construção de uma nação onde seus filhos não seriam “julgados pela côr de sua pele, mas sim pelo seu caráter”. A justiça racial, portanto, deveria basear-se na lógica da igualdade racial e do fim das políticas de segregação. Mártin Lúter King júnior também defendeu a construção de um mundo onde os seres humanos pudessem conviver de fórma pacífica e harmoniosa, apesar de suas diferenças.

    Bê êne cê cê

    Ao abordar a historicidade do racismo e da opressão contra a população negra nos Estados Unidos, explorando as mudanças e permanências desde a escravidão até a luta pelos direitos civis na década de 1960, a atividade da seção “Analisando o passado” contribui para o desenvolvimento das Competências Específicas de História nº 1 e nº 2. Além disso, por envolver a análise de uma fonte histórica primária (o discurso de Luther King Junior), ações como elaboração de hipóteses, interpretação e argumentação, a atividade possibilita o desenvolvimento da Competência Específica de História nº 3.

    O fim da União Soviética

    Uma série de acontecimentos marcou a decadência do sistema soviético e o fim da Guerra Fria. Um deles foi a chegada de Mikhail Gorbachev ao poder, em 1985, como secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética.

    Durante a década de 1980, a União Soviética entrou em um período de instabilidade política e econômica. Com o objetivo de acelerar a economia e reorganizar a política, Gorbatchóvi lançou uma série de medidas orientadas pelos princípios da perestróica e da glasnóst.

    A perestróica foi uma reestruturação econômica da União Soviética que a aproximou do modelo ocidental de liberalismo, facilitando a abertura ao mercado mundial.

    Essa reestruturação possibilitou, por exemplo, a existência de fórmas de propriedade não estatal e a participação das empresas, que eram então estatizadasglossário , no comércio internacional por conta própria. O objetivo central do govêrno com essas medidas era promover o crescimento econômico no país por meio da descentralização.

    Fotografia. Dois homens de terno conversam na rua. À esquerda, Ronald Reagan, homem alto, de rosto comprido e cabelos escuros penteados de lado. Usa terno escuro. À direita, Mikhail Gorbachev, homem mais baixo, calvo e rosto arredondado. Usa terno claro. Ao fundo, catedral com diversas torres. Cada torre tem uma cúpula colorida.
    Rônald Rêiguen e micaíl gorbatchóv reunidos na Praça Vermelha, em Moscou, durante encontro em 1988.

    A glasnóst, por sua vez, consistiu em um conjunto de medidas para garantir à população a liberdade de expressão e de escolha. O termo, que significa “transparência”, orientou a promoção de debates críticos ao govêrno e a realização de eleições um pouco mais livres, das quais puderam participar candidatos independentes, ainda que o Partido Comunista continuasse a ser oficialmente o único.

    Com essa política interna e externa, a União Soviética estava cada vez mais próxima de seu fim. Em meio a uma série de tentativas de golpes e de acordos frustrados entre as repúblicas soviéticas, em 25 de dezembro de 1991, Gorbatchóvi entregou seu cargo e anunciou o fim da União Soviética.

    Fotografia. Pessoas em uma longa fila em um estabelecimento de esquina. Todos estão de casaco e touca ou chapéu de frio. Na rua há neve.
    Fila para comprar pão em Moscou, Rússia. Foto de 1992.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Após a dissolução da União Soviética, a população da Rússia continuou a vivenciar um cenário de crise econômica na década de 1990. Nesse período, os russos tinham de enfrentar longas filas para comprar itens básicos, como açúcar e trigo.

    Respostas e comentários

    Bê êne cê cê

    Ao destacar os acontecimentos que marcaram a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética, o conteúdo promove o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

    Interdisciplinaridade

    O fim da Guerra Fria e da bipolarização se relacionam aos conteúdos de geografia. É possível fazer relações sobretudo com a habilidade ê éfe zero nove gê ê zero cinco – “Analisar fatos e situações para compreender a integração mundial (econômica, política e cultural) comparando as diferentes interpretações: globalização e mundialização”.

    Ampliando

    Apesar do fim da União Soviética, diversos problemas ainda decorreriam de conflitos gerados e alimentados na Guerra Fria. Talvez o principal exemplo seja o do Afeganistão, onde grupos foram armados pelos Estados Unidos para combater os soviéticos. Tais grupos continuariam suas disputas armadas internas e, futuramente, os grupos dominantes se voltariam contra os Estados Unidos. Segundo róbisbáum:

    “Desta fórma a Guerra Fria se perpetuou. As guerrinhas que antes punham clientes de uma superpotência contra os de outra continuaram depois que o conflito cessou, em base local, resistindo aos que as haviam lançado e agora queriam encerrá-las. reticências No Afeganistão, os Estados Unidos da América distribuíram a rodo mísseis antiaéreos portáteis ‘Stinger’, com lançadores, a guerrilheiros tribais anticomunistas, calculando, corretamente, que eles contrabalançariam o domínio soviético. Quando os russos se retiraram, a guerra continuou como se nada houvesse mudado, a não ser que, na ausência de aviões, as tribos podiam agora explorar elas mesmas a florescente demanda por Stingers, que vendiam lucrativamente no mercado internacional de armas”.

    róbisbáum, E. J. Era dos extremos: o breve século vinte: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página251.

    A queda do muro de Berlim

    No fim da década de 1980, um acontecimento marcou o fim das hostilidades entre os blocos capitalista e socialista. Após uma onda de protestos contra a divisão da Alemanha e a impossibilidade de os moradores de Berlim Oriental passarem livremente para o lado ocidental, o govêrno da parte socialista da cidade resolveu relaxar a vigilância.

    Na tarde de 9 de novembro de 1989, ao perceber que os guardas não estavam de sentinela, muitos berlinenses começaram a atravessar o muro para o lado ocidental. No momento em que os moradores da parte ocidental da cidade perceberam o que estava acontecendo, saíram para ajudar os vizinhos. Juntos, os berlinenses dos dois lados começaram a demolir o muro que os separava havia 28 anos.

    Durante dias, os moradores da cidade utilizaram diferentes ferramentas, como pás, picaretas, machados e porretes, além das próprias mãos, para pôr o muro abaixo. Aos poucos, o muro de Berlim foi derrubado e, com ele, a Guerra Fria.

    A queda do muro de Berlim em 1989 marcou um processo no qual os países que um dia fizeram parte da chamada “cortina de ferro” saíram do domínio soviético. As repúblicas que faziam parte da União Soviética voltaram a ser independentes. Teve fim uma longa disputa entre duas fórmas de pensar e produzir distintas, que quase levou o planeta à destruição.

    Fotografia. Pessoas no topo do muro de Berlim. À frente do muro, outras pessoas observam. Ele está pichado com símbolos e frases em inglês e alemão.
    Manifestantes durante a derrubada do muro de Berlim, na Alemanha. Foto de 1989.
    Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

    Imagens em contexto!

    Na foto desta página, tirada na noite de 9 de novembro de 1989, foi registrado um momento em que o muro estava tomado pelos manifestantes. Pouco depois da queda do muro, em 21 de novembro, o Comitê Central do Partido Comunista da érre dê a informou que a União Soviética estava disposta a aceitar uma confederação alemã. No dia 3 de outubro de 1990, a Alemanha foi reunificada.

    Agora é com você!

    Responda no caderno.

    1. Explique o que foi a Crise dos Mísseis.
    2. O que foram os movimentos contraculturais? Nomeie dois desses movimentos e o que os participantes deles defendiam.
    3. Crie uma linha do tempo indicando os acontecimentos que marcaram o fim da Guerra Fria.
    Respostas e comentários

    Orientação para as atividades

    Oriente os estudantes a desenvolver duas estratégias de estudo dos conteúdos: a criação de uma cronologia, no caderno ou usando meios digitais, e a criação de um quadro com os movimentos sociais abordados. No quadro, peça-lhes que incluam: suas denominações; quando surgiram; as reivindicações; as fórmas de organização e de luta empregadas.

    Agora é com você!

    1. Para retaliar a invasão da Baía dos Porcos e o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, o govêrno cubano permitiu a instalação de mísseis soviéticos em seu território. Quando os Estados Unidos identificaram esses mísseis, teve início a Crise dos Mísseis, um dos momentos mais tensos da Guerra Fria.

    2. Os movimentos contraculturais foram uma série de movimentos, ocorridos entre as décadas de 1960 e 1970, de contestação aos costumes e padrões culturais da sociedade ocidental. Os estudantes podem citar: o movimento hippie, cujos participantes defendiam a liberdade sexual, o contato com a natureza e a adoção de um estilo de vida simples; o Maio de 1968, cujos participantes contestaram as políticas conservadoras, autoritárias e colonialistas do presidente Charles de Gaulle; o movimento feminista, cujas participantes contestaram a desigualdade de gênero nos campos político, dos direitos civis e do trabalho; o movimento ambientalista, cujos participantes reivindicaram a aplicação de políticas públicas voltadas ao meio ambiente; o movimento pelos direitos civis, dedicado à luta contra o racismo e as leis de segregação racial dos Estados Unidos.

    3. A linha do tempo pode conter os seguintes acontecimentos: posse de Mirraíl gorbatchóv como secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, em 1985; instauração de medidas orientadas pela perestróica e pela glasnóst; encontros do líder soviético micaíl gorbatchóv com o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, em 1988; queda do muro de Berlim, em novembro de 1989; reunificação da Alemanha, em 1990, e anúncio, por Gorbatchóvi, do fim da União Soviética, em 1991.

    Curadoria

    Adeus, Lenin! (Filme)

    Direção: Vôlfigan Béquer. Alemanha, 2003. Duração: 121 minutos.

    Esse filme contribui para o aprofundamento das discussões sobre as diferenças entre o modo de vida nos dois lados da Alemanha e os efeitos da reunificação após a queda do muro.

    Atividades

    Responda no caderno.

    Organize suas ideias

    1. Em seu caderno, identifique as afirmações verdadeiras e as falsas.
      1. A Otan e o Pacto de Varsóvia são alianças militares, vigentes até hoje, que representam, respectivamente, o Ocidente capitalista e o Oriente socialista.
      2. A Crise dos Mísseis ocorreu porque, na década de 1970, os Estados Unidos e a União Soviética aumentaram seus arsenais atômicos, em um processo conhecido como Política de Distensão.
      3. A reorganização do território europeu após a Segunda Guerra Mundial resultou da negociação entre os países vencedores do conflito, ocorrida em conferências como a de Teerã e a de Ialta.
      4. Na Guerra da Coreia, a parte sul do país foi apoiada por estadunidenses, enquanto a porção norte recebeu apôio de soviéticos e chineses, resultando, ao fim de três anos de conflito, no estabelecimento da Coreia do Sul e da Coreia do Norte.
      5. A Guerra do Vietnã inseriu-se na lógica da Guerra Fria, em um contexto em que os Estados Unidos tentavam fortalecer sua posição geopolítica na Ásia.
    2. No caderno, identifique as alternativas corretas e, depois, reescreva as incorretas, corrigindo-as.
      1. O senador estadunidense Joséf macárti promoveu a perseguição daqueles que ele suspeitava ser comunistas ou simpatizantes dos soviéticos.
      2. No movimento realizado na França, em maio de 1968, os estudantes reivindicavam a reforma do ensino universitário do país, para nivelá-lo ao de outros países capitalistas, como o dos Estados Unidos.
      3. Durante a corrida espacial entre as superpotências, os soviéticos lançaram na órbita terrestre os primeiros satélites e o primeiro homem, e os estadunidenses foram responsáveis pela chegada do ser humano à Lua, em 1969.
      4. O movimento ambientalista global não teve relevância nos anos 1960 e 1970.
      5. A perestróica, a glasnóst e a queda do muro de Berlim são marcos do processo de dissolução da União Soviética.

    Aprofundando

    3. Durante a Guerra Fria, a disputa envolvendo Estados Unidos e União Soviética estendeu-se a todos os setores da sociedade, com o amplo uso da propaganda. A seguir, estão reproduzidos dois cartazes de propaganda feitos nos Estados Unidos, um na época da Segunda Guerra Mundial e outro durante a Guerra Fria.

    Cartaz. No centro, fotografia em preto e branco de um jovem soldado sorridente portanto uma arma de fogo apoiada em seu ombro. O cartaz apresenta frases em inglês.
    Cartaz estadunidense produzido em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. Nele, está representado um soldado russo junto às seguintes frases: “Este homem é seu AMIGO” e “Ele luta pela LIBERDADE”.
    Cartaz. Ilustração de pessoas entre grandes labaredas de fogo. Em meio às chamas, a bandeira dos Estados Unidos. O cartaz apresenta frases em inglês.
    Cartaz estadunidense elaborado em cêrca de 1947, durante a Guerra Fria, em que se lê: “Este é o amanhã” e “América sob o comunismo!”.
    1. De que modo são representados o soldado russo (na imagem de 1943) e o comunismo (na imagem de 1947)?
    2. Como a relação entre Estados Unidos e União Soviética se modificou no período? Explique o contexto histórico de produção de cada cartaz.
    3. Em sua opinião, a propaganda pode afetar o modo como as pessoas se sentem em relação a alguém, a algum produto ou a elas mesmas? Justifique sua resposta.
    Respostas e comentários

    Bê êne cê cê

    Por envolver a interpretação das fontes visuais por meio da retomada do conteúdo estudado, a atividade 3 reforça o desenvolvimento das capacidades analíticas dos estudantes, colaborando para o desenvolvimento das Competências Específicas de História nº 3 e nº 4, bem como da Competência Específica de Ciências Humanas nº 7. A atividade 5, ao demandar a análise de anúncios publicitários para a compreensão dos modos de pensar e de compreender o mundo na atualidade, contribui para o desenvolvimento das Competências Específicas de Ciências Humanas nº 1, nº 2 e nº 4, assim como das Competências Específicas de História nº 3 e nº 7.

    Atividades

    Organize suas ideias

    1. a) F; b) F; c) V; d) V; e) V.

    2. Alternativas corretas: a, c e ê.

    Correções: b) No movimento realizado na França, em maio de 1968, os estudantes protestaram contra as políticas conservadoras, autoritárias e colonialistas do presidente charle dê gôle, a divisão dos dormitórios entre homens e mulheres na Universidade de Nanterre, a burocracia dessa instituição e, posteriormente, lutaram pela melhora dos salários e das condições de trabalho para os franceses.

    d) O movimento ambientalista global teve muita relevância nos anos 1960 e 1970.

    Aprofundando

    3. a) Espera-se que os estudantes percebam na imagem de 1943 que o soldado soviético é representado de maneira amigável, o que é comunicado por meio das palavras “amigo” e “liberdade”, articuladas a uma fotografia em que um soldado ri agradavelmente. Já na imagem de 1947, o comunismo é representado de maneira violenta e catastrófica, o que é comunicado principalmente por meio da articulação do conceito de comunismo a um grande incêndio e a pessoas agindo com violência.

    b) A imagem de 1943 dialoga dire-tamente com o contexto histórico em que foi produzida: o da Segunda Guerra Mundial. Naquele período, os Estados Unidos e a União Soviética eram aliados no conflito contra os regimes totalitários nazifascistas; por isso, os estadunidenses retratavam o soldado soviético como um aliado. A imagem de 1947, por sua vez, dialoga com o contexto da Guerra Fria. Naquele período, os dois países eram rivais que representavam ideologias opostas no mundo bipolarizado da Guerra. Logo, o comunismo, que era a ideologia da superpotência rival dos Estados Unidos, foi representado no cartaz veiculado nos Estados Unidos de fórma pejorativa.

    c) Espera-se que os estudantes sejam capazes de debater a importância da propaganda como formadora de opiniões. Aprofunde o debate incentivando-os a refletir se já foram influenciados por algum comercial, sensibilizando-os para o grande poder que as mídias têm de influenciar as pessoas.

    4. A partir da década de 1940, o Brasil passou a ser muito influenciado pela cultura estadunidense. A estratégia dos Estados Unidos era aumentar sua influência sobre os países da América do Sul e promover a adoção, pelos sul-americanos, de novos hábitos de consumo. Leia o texto a seguir, sobre a relação entre a propaganda e esses novos hábitos, e analise as imagens. Depois, responda às questões propostas.

    reticências Em várias matérias publicadas reticências o público-alvo das publicidades foi tema de análises cuidadosas. Dentre os vários pontos destacados sobressai a mulher como o elemento diferenciador no consumo de produtos para casa, beleza, indumentária, alimentação e para os filhos reticências. Ao gênero masculino ficava reservada a propaganda de remédios, indumentária, reticências e automóveis esportivos. De um modo geral valorizam-se a juventude reticências.

    MAUAD, Ana Maria. Embrulhado para presente?: fotografia, consumo e cultura visual no Brasil (1930-1960). Domínios da Imagem, Londrina, volume1, número 2, página 32, 2008.

    Cartaz com um anúncio. Na parte superior, a inscrição: ELA MELHOROU A MINHA VIDA... Abaixo, algumas informações e a imagem de um homem sorridente. Ele usa um terno escuro, e segura uma valise marrom com uma das mãos. A outra está apoiada sobre uma pequena moto branca e azul, conhecida como lambreta. Abaixo, imagem de um casal fazendo um piquenique com a moto em um parque.
    Anúncio de motocicleta produzido no Brasil na década de 1950.
    Cartaz em preto e branco com anúncio publicitário. Na parte superior, o texto: ASSIM, A VIDA É MELHOR. Abaixo, uma mulher sorridente, de vestido escuro, apoiada em uma enceradeira. Ao seu redor, imagens de diversos eletrodomésticos, como liquidificador, chuveiro elétrico e batedeira. Na parte inferior do cartaz, a inscrição INDÚSTRIAS REUNIDAS INDIAN EPEL LTDA.
    Anúncio de eletrodomésticos produzido no Brasil em 1947.
    1. De acordo com o texto, em que tipos de anúncio as mulheres e os homens aparecem? O que se pode concluir a respeito disso?
    2. De que modo esses anúncios articulam o consumo de produtos ao bem-estar e à satisfação dos indivíduos?
    1. Agora, você vai fazer uma atividade de pesquisa sobre o papel da propaganda nos dias atuais para responder à seguinte questão: como a publicidade influencia o que as pessoas desejam, suas ambições, suas ideias sobre o mundo e o modo como elas se relacionam com as outras? Para isso, siga estes procedimentos:
      1. Escolha uma categoria de produtos (como automóveis, vestuário, artigos esportivos, produtos de beleza, eletrodomésticos, alimentos ou eletroeletrônicos).
      2. Pesquise, na internet ou em materiais impressos, anúncios recentes (divulgados há, no máximo, um ano) dos produtos que você escolheu. Selecione dois e analise as estratégias utilizadas para convencer o consumidor a adquirir as mercadorias.
      3. Reúna-se com os colegas que pesquisaram a mesma categoria de produtos que você e preparem uma apresentação para a turma expondo as imagens selecionadas e os resultados das análises.
      4. Depois das apresentações, debatam a questão proposta no início desta atividade de pesquisa.
    Respostas e comentários

    4. a) A resposta à questão demanda a localização de elementos explícitos no texto. As mulheres figuravam majoritariamente em propagandas de produtos de beleza, para casa, vestuário, alimentação e produtos para os filhos. Os homens figuravam mais em propagandas de remédios, vestuário e automóveis esportivos.

    b) Espera-se que os estudantes articulem a análise das imagens ao texto da atividade, assim como a própria experiência como consumidores no mundo atual. Na imagem da década de 1950, a aquisição de uma lambreta é relacionada à satisfação em vários aspectos: ganho financeiro, economia de tempo e melhora da qualidade do lazer, representada na foto em que duas pessoas fazem um piquenique com a lambreta ao fundo. Na imagem de 1947, a aquisição de diversos produtos, como liquidificador, batedeira, enceradeira, chuveiro, rádio e ebulidor elétrico, é articulada a uma vida com mais conforto e praticidade para as donas de casa; a imagem de uma mulher bem-vestida e sorrindo auxilia a comunicar a ideia de felicidade e satisfação.

    5. Trata-se de uma atividade de pesquisa, que incentiva os estudantes a desenvolver o método científico por meio do levantamento e da análise de fontes assim como da reflexão sobre a influência de estratégias de publicidade na produção das subjetividades (desejos, anseios e medos) no mundo atual.

    A apresentação pode ser produzida em diferentes suportes, como cartazes e slides. Oriente os estudantes a verificar se as estratégias utilizadas pela publicidade para divulgar produtos da mesma categoria são semelhantes. Se as estratégias forem diferentes, eles poderão desenvolver um quadro comparativo.

    Sensibilize os estudantes para a centralidade que as propagandas têm no mundo atual, caracterizado por uma sociedade consumista e imediatista. Incentive-os a debater o modo como esses anúncios apelam para os sentimentos de bem-estar e felicidade, auxiliando-os a compreender que eles influenciam a produção de desejos nas pessoas. Essas propagandas carregam um grande poder de convencimento, e grande parte delas produz um culto a aspectos como a magreza. É possível articular a discussão às experiências dos estudantes, demonstrando que o culto à magreza está intrinsecamente relacionado a práticas de bullying e a doenças como a anorexia.

    Glossário

    Taxa de fecundidade
    : taxa que indica a quantidade de filhos que uma mulher tem em média.
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    Jornada
    : nesse caso, série de atividades realizadas em um dia.
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    Intergeracional
    : que envolve a relação entre diferentes gerações.
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    Inerente
    : que constitui ou é uma característica essencial de alguém ou de algo.
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    Enclave
    : território encravado, encaixado em outro.
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    Embargo econômico
    : proibição de realizar comércio internacional com determinado país.
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    Contracultura
    : movimento de rejeição e questionamento dos valores e das práticas da cultura dominante em uma sociedade.
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    Estatizado
    : controlado pelo Estado.
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