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Capítulo 4. Arte pré-colonial
LEGENDA: Detalhe de petróglifos da Pedra do Ingá, localizada no sítio arqueológico de Itacoatiara, no município de Ingá, estado da Paraíba. Esse monumento tem 50 metros de comprimento por até 3,8 metros de altura. Fotografia de 2014. FIM DA LEGENDA.
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Boxe complementar
O que eu vejo
Converse com os colegas.
- Você já ouviu falar de sítios arqueológicos?
- Você consegue identificar os desenhos esculpidos (petróglifos) nesta imagem? Que desenhos você vê?
- Na sua opinião, por que as civilizações antigas faziam desenhos como estes?
Fim do complemento
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Civilizações pré-coloniais
O Brasil foi habitado por várias civilizações antes da chegada dos colonizadores europeus. Por isso, elas são chamadas de civilizações pré-coloniais. Essas civilizações tinham o próprio modo de viver e desenvolveram ferramentas, cerâmica, esculturas etc.
Os arqueólogos trabalham para tentar descobrir como era o lugar onde essas civilizações se desenvolveram e como era o modo de vida das pessoas naquela época.
As civilizações pré-coloniais pintavam ou entalhavam em pedras o que viam, o que existia ao redor delas e as atividades que faziam. A palavra rupestre refere-se a rocha, pedra.
LEGENDA: Reprodução de pintura rupestre que retrata cena de dança. Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI). Fotografia de 2010. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Arqueólogos trabalhando em fósseis de costelas, vértebras, tíbias e partes da cintura escapular de dinossauros, ainda presas às rochas originais, durante escavações no Bairro São Bento, na cidade de Uberaba (MG), 2015. FIM DA LEGENDA.
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- A fotografia da pintura rupestre na página anterior representa uma cena de dança. Observe-a e responda: o que indica que as figuras estão em movimento? _____.
- Faça um desenho representando uma pessoa em movimento.
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Parque Nacional Serra da Capivara
O Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí, foi criado em 1979 para preservar um dos mais importantes patrimônios rupestres do Brasil.
A arqueóloga Niède Guidon foi uma das pessoas responsáveis pela criação do parque. Ela dedicou mais de 40 anos de sua vida à preservação e ao estudo dos achados nos sítios arqueológicos do local.
LEGENDA: A arqueóloga Niède Guidon (1933-) em 2016. FIM DA LEGENDA.
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Em 1986, no Parque Nacional Serra da Capivara, foi criada a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) para auxiliar nos trabalhos arqueológicos.
LEGENDA: Urnas funerárias expostas no Museu do Homem Americano, em São Raimundo Nonato (PI), 2016. FIM DA LEGENDA.
A Fumdham tem uma escola que prepara estudantes para trabalhar nas diversas atividades ligadas à visitação dos sítios arqueológicos e também na produção de cerâmica artesanal, que faz parte da cultura piauiense.
LEGENDA: Na escola de cerâmica da Fumdham, os mais experientes ensinam o ofício de ceramista aos aprendizes. Fotografia de 2015. FIM DA LEGENDA.
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Uma das formas de preservar os sítios arqueológicos da região é empregar a população local como guia no parque. Essa é também uma das principais fontes de renda do entorno.
O parque está aberto à visitação e é protegido pela Unesco como patrimônio mundial.
LEGENDA: Visitação noturna no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), 2017. FIM DA LEGENDA.
Agora, converse com os colegas e, depois, registre suas respostas.
- Você já conhecia o trabalho dos arqueólogos? O que mais chamou sua atenção no trabalho desses profissionais? _____.
- Você gostaria de ter essa profissão? Por quê? _____.
- Na sua opinião, o que podemos aprender com as civilizações pré-coloniais? _____.
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Tintas pré-coloniais
Na época em que o ser humano produzia pinturas rupestres não existiam tintas industrializadas. Elas eram naturais, produzidas com ossos queimados, sangue e gordura de animais, carvão, sumo de plantas e minerais coloridos, que eram moídos até serem transformados em pó.
Os pincéis eram feitos de pelos e penas. Muitas vezes, até os dedos e a mão inteira eram usados como pincel.
LEGENDA: Pintura rupestre na Pedra da Inscrição, localizada no Parque Nacional de Sete Cidades, Piracuruca (PI). Fotografia de 2016. FIM DA LEGENDA.
As pinturas rupestres cujas imagens são reproduzidas nesta página foram criadas dessa maneira.
LEGENDA: Pintura rupestre na Lapa dos Desenhos, Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, Januária (MG). Fotografia de 2019. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Pintura rupestre na Gruta do Pilão, Parque Estadual de Monte Alegre (PA). Fotografia de 2019. FIM DA LEGENDA.
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Boxe complementar
Mãos à obra
Que tal fazer uma pintura com tintas naturais como as usadas em pinturas rupestres?
Para isso, forme um grupo com três colegas.
Materiais
- Terra, carvão, folhas de espinafre, sementes de urucum e beterraba (para dar cor à tinta)
- Cola branca para diluir em água (para fixar a cor)
- Vinagre ou óleo de cravo (para a tinta não estragar)
- Lápis
- Uma cartolina para cada grupo
- Um copo plástico por grupo (para preparar cada cor de tinta)
- Água
- Recipiente plástico
- Colheres de sopa
- Glicerina para deixar a tinta fluida (opcional)
- Um pincel para cada estudante
- Folhas de jornal
Como fazer
LEGENDA: Forrem uma mesa grande, ou duas carteiras juntas, com jornal e arrumem os materiais sobre ela. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: No recipiente plástico, diluam a cola branca com água, em partes iguais, e coloquem um pouco dessa mistura no copo plástico de cada grupo. FIM DA LEGENDA.
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LEGENDA: Em seguida, escolham um pigmento para seu grupo e coloquem uma colher dele no copo com a mistura de cola. Mexam com um pincel até obterem uma cor uniforme. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Acrescentem uma colher de sopa de vinagre no copo de cada grupo. E, se optaram por usar glicerina, coloquem também uma colher de sopa na mistura de cada grupo e mexam novamente até diluir bem esses produtos. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Com as tintas prontas, planejem o que vão desenhar na cartolina e esbocem o desenho com o lápis. Ou façam o desenho com a própria tinta. Depois, pintem. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Exponham os trabalhos dos grupos em um mural da escola para que colegas de outras turmas, funcionários da escola, pais e responsáveis possam apreciá-los. FIM DA LEGENDA.
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As civilizações pré-coloniais brasileiras
Os arqueólogos dividem as antigas civilizações que habitaram o nosso país em três grupos, de acordo com o local onde viviam, os hábitos que tinham e os artefatos que produziam. Esses grupos foram chamados pelos europeus de “índios”.
Os povos caçadores-coletores habitavam áreas do Nordeste ao Sul, aproximadamente entre 60 e 2,5 mil anos atrás. Boa parte deles vivia em cavernas ou florestas. Esses povos criaram a arte rupestre.
Há 6 mil anos, os povos do litoral habitaram a costa do Brasil, desde onde atualmente se localiza o estado do Espírito Santo até o atual estado do Rio Grande do Sul. Além de outros alimentos, eles comiam os moluscos que coletavam. As conchas desses animais e os objetos que não usavam mais eram empilhados em montes enormes chamados de sambaquis. A palavra sambaqui, de origem indígena, significa “amontoado de conchas”.
LEGENDA: Zoólito em forma de peixe. Sem data. Pedra, 19 cm de altura × 26 cm de comprimento. Sambaqui do Rio Grande do Sul. Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (RJ). FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Sambaqui Garopaba do Sul, em Jaguaruna (SC), 2017. No detalhe, conchas encontradas no local. FIM DA LEGENDA.
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Entre 3500 a.C. e 1500, os povos agricultores ocuparam várias regiões do país e construíram cabanas para morar. Eles produziam cerâmica e corantes naturais, e sabiam usar ervas medicinais.
A cerâmica pré-colonial brasileira
A arte da cerâmica faz parte da cultura dos povos desde a Antiguidade.
Cerâmica é a arte e a técnica da fabricação de objetos que usa a argila como matéria-prima. Alguns desses objetos são de uso comum, como potes para água e pratos, ou decorativos, enquanto outros são utilizados em rituais religiosos, entre outras funções.
A argila é um material fácil de ser moldado e endurece com o calor.
A cor, a porosidade e a dureza de uma peça podem mudar de acordo com os elementos minerais que estiverem na composição da argila.
Esses elementos também determinam a temperatura em que a peça pode ser cozida para não sofrer rachaduras.
Dependendo da variação da temperatura, as cerâmicas podem ter consistência e aparência diferentes. Observe as peças de cerâmica a seguir.
LEGENDA: À temperatura de 800 a 1.100 °C produz-se a terracota, uma cerâmica porosa e dura ao tato, que quebra com facilidade. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Entre 1.100 e 1.300 °C são produzidas peças de cerâmica quase sem porosidade, duras, lisas e que têm maior durabilidade que a terracota. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: À temperatura de 1.300 a 1.500 °C são produzidas cerâmicas ainda mais duras; a superfície delas pode ficar vitrificada, pois a areia que compõe a argila se transforma em vidro. FIM DA LEGENDA.
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A cerâmica marajoara
Os povos agricultores do Brasil produziram artefatos de cerâmica de grande beleza.
Uma das cerâmicas mais conhecidas foi a produzida pelo povo marajoara durante o período de 400 a 1400, na ilha de Marajó, localizada na foz do rio Amazonas, no estado do Pará.
Os marajoaras produziam vasilhas, potes, apitos, chocalhos, tangas, urnas funerárias, além de outras peças.
LEGENDA: Tanga marajoara. 400-800. Cerâmica, 15 cm de altura. Museu de História Natural de Nova York, Nova York, EUA. Fotografia de 2013. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Urna funerária marajoara. 1000-1250. Cerâmica, 90 cm de altura. Museu de História Natural de Nova York, Nova York, EUA. FIM DA LEGENDA.
Os marajoaras tingiam as peças, ainda úmidas, aplicando uma mistura de argila diluída em água e pigmentos. Por exemplo, para colorir a peça de vermelho, usavam urucum moído.
LEGENDA: A técnica de tingimento de peças de argila crua é chamada de engobe. Ela ainda é utilizada, mas atualmente são empregados pigmentos industrializados no processo. Na fotografia, a artesã aplica engobe marrom em um vaso de argila recém-moldado no torno. FIM DA LEGENDA.
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Depois de tingir as peças, os marajoaras cavavam um buraco no chão e faziam fogo com pedaços de madeira e folhas secas envolvendo as peças de argila que já haviam secado ao sol. Assim, as peças eram cozidas.
LEGENDA: A queima de cerâmica em fogueiras é usada ainda hoje. Na fotografia, vemos fornos de queima de peças de cerâmica na província de Hebei, China, 2019. FIM DA LEGENDA.
Para manter a tradição da cultura marajoara, na ilha de Marajó há diversos ateliês de cerâmica onde são reproduzidas peças copiadas das originais.
- Converse com os colegas e, depois, registre sua resposta. O que mais chamou sua atenção nas cerâmicas marajoaras? _____.
- Faça um desenho inspirado nas cerâmicas marajoaras, criando padrões de linhas, pontos e formas.
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A cerâmica Santarém
Outra cerâmica pré-colonial muito famosa foi produzida pelos santaréns que viveram ao longo do rio Tapajós, onde hoje fica a cidade de Santarém, no estado do Pará. Essa população começou a se instalar no local a partir do ano 1200 a.C.
Os colonizadores que chegaram à região que hoje é Santarém, em 1542, chamavam os santaréns de tupaiús ou tapajós.
A luta contra os portugueses pela posse das terras fez os santaréns desaparecerem.
LEGENDA: Vaso zoomorfo santarém de duplo gargalo. 1000-1400. Cerâmica, 13,5 cm de altura × 24 cm de comprimento. Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém (PA). FIM DA LEGENDA.
A magia dos sapos
O muiraquitã é uma pequena escultura em forma de sapo feita em pedra. Esse artefato, originário da cultura santarém e considerado um amuleto sagrado, é mundialmente conhecido e admirado.
Conta a lenda que os muiraquitãs eram produzidos pelas icamiabas, guerreiras indígenas do Amazonas. Em certa noite de lua cheia, elas mergulhavam em um lago para recolher, do fundo, um tipo de argila especial e com ela modelavam o muiraquitã enquanto ainda estavam embaixo da água. Quando emergiam, a argila endurecia em contato com o ar.
Segundo a crença, esses amuletos, que eram usados como pingentes, protegiam dos perigos as pessoas que os portavam.
LEGENDA: Muiraquitã dos santaréns. Local de origem: Óbidos (PA). Sem data. Jadeíte, 3,4 cm de altura. Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (RJ). FIM DA LEGENDA.
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Sapos na arte
Os sapos costumam ser retratados em pinturas e esculturas e aparecem como personagens em contos de fadas, cantigas infantis, desenhos animados e no cinema.
O grafite reproduzido abaixo faz parte do projeto Paredes de Viena, que oferece áreas para jovens grafiteiros mostrarem seu talento. Nesse grafite, o artista representou um sapo da Amazônia que é da mesma espécie dos que são reproduzidos nos muiraquitãs.
LEGENDA: MANTCKA. Detalhe de Sapo entre latas de tinta. 2013. Muro de tijolos e tinta spray, 6 m de altura ×10 m de comprimento. Viena, Áustria. Fotografia de 2015. FIM DA LEGENDA.
Converse com os colegas e, depois, registre suas respostas.
- As peças zoomorfas da cerâmica santarém têm forma de:
- ( ) pessoas.
- ( ) objetos geométricos
- ( ) animais.
- ( ) plantas.
- Você conhece alguma canção ou algum filme que tenha um sapo como personagem? Qual? _____.
Boxe complementar
Mãos à obra
Que tal experimentar imitar os movimentos de diferentes animais?
- Forme uma dupla para trabalhar.
- Vocês deverão criar uma personagem imitando os movimentos do animal que escolherem.
- Sigam as orientações do professor.
Fim do complemento
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Musicando
O ritmo
Uma música é composta de sons e silêncios. Às vezes, ela é composta apenas dos sons de instrumentos musicais. Outras vezes, é composta de uma mistura da voz de um ou mais cantores, de sons de instrumentos, ou de outros sons produzidos pelo corpo ou por objetos do cotidiano.
Na música, o ritmo é a forma como os sons e o silêncio se organizam no tempo.
Para perceber o ritmo da música, é necessário prestar atenção no modo como os sons estão ordenados em determinados intervalos de tempo. Podem aparecer sons longos, sons curtos ou pausas (momentos de silêncio).
Podemos produzir um ritmo com sons do nosso corpo, batendo palmas, por exemplo.
Vamos testar?
- Primeiro, experimentaremos diversos ritmos, individualmente, batendo palmas.
- O professor contará os tempos, de um a quatro, e indicará em que momento vocês deverão bater palmas.
- Depois de treinar individualmente, forme um grupo com três colegas.
- Cada grupo deverá criar e ensaiar uma sequência rítmica.
- Quando a sequência rítmica criada pelo grupo estiver pronta, mostrem para o restante da turma.