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Capítulo 5. Arte indígena brasileira
LEGENDA: JANNES. Colheita do milho. 2005. Acrílico sobre tela, 30 cm × 50 cm. Galeria Jacques Ardies, São Paulo (SP). FIM DA LEGENDA.
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Boxe complementar
O que eu vejo
Converse com os colegas.
- O que mostra a reprodução desta obra de arte?
- Você reconhece elementos de arte indígena nesta pintura? Quais?
- Você já viu peças de arte indígena brasileira? Quais?
Fim do complemento
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Tradições culturais indígenas
Mesmo depois do ano de 1500, quando teve início a colonização portuguesa, os povos indígenas nativos do Brasil mantiveram as tradições culturais herdadas de seus antepassados.
Entre essas tradições, destacam-se a arte de produzir objetos de cerâmica, os trançados de palha e enfeites para o corpo, incluindo a pintura corporal.
Dentro da grande diversidade de culturas indígenas do Brasil, cada uma tem seu próprio modo de produzir esses artefatos.
Os materiais usados nesses trabalhos são coletados na natureza: madeira, sementes, frutos secos, fibra de palmeiras, cipós, argila, ossos, couro, carapaças, garras, dentes, conchas e penas de animais.
LEGENDA: Boneca ritxoko da etnia Karajá. Sem data. Cerâmica, 13,5 cm de altura. Coleção particular. FIM DA LEGENDA.
Cerâmica
A cerâmica dos indígenas brasileiros ainda hoje é produzida com base na antiga técnica das civilizações pré-coloniais, que usavam roletes de argila para desenvolver suas peças.
Os artefatos de cerâmica são fabricados principalmente pelas mulheres, que criam potes, alguidares , esculturas e até brinquedos. Elas também continuam utilizando antigas técnicas para pintar e cozer ao fogo essas peças.
LEGENDA: Indígena Waurá da aldeia Piyulaga colocando peças de cerâmica para queima em forno artesanal. Gaúcha do Norte (MT), 2019. FIM DA LEGENDA.
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Cestaria
Os cestos produzidos pelos indígenas atualmente são para uso doméstico, sendo empregados para armazenar ou transportar alimentos, coar líquidos e peneirar farinha.
A cestaria é feita por mulheres e homens, que mantêm a tradição dos desenhos dos trançados e dos diferentes usos e formatos dos cestos.
LEGENDA: Indígena Mbyá Guarani confeccionando cesto. Aldeia Kalipety, São Paulo (SP), 2017. FIM DA LEGENDA.
Arte plumária
Cocares, cintos, brincos e outras peças feitas com penas e plumas de aves geralmente são produzidas pelos homens, que fazem a coleta e a seleção desse material.
Para compor esse tipo de peça, as penas e as plumas são amarradas umas às outras com fibras vegetais e às vezes usadas com couro de animais, folhas e sementes.
LEGENDA: Cocar feito pelos Kamaiurá, Xingu (MT). Sem data. Cocar de penas e fibra de palmeira, 34,3 cm × 43,9 cm. Coleção particular. Fotografia de 2014. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Brincos feitos pelos Kalapalo, Xingu (MT). Sem data. Brincos de penas, plumas, madeira e fibra de palmeira, 15 cm de comprimento. Fotografia de 2011. FIM DA LEGENDA.
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Cintos, braceletes e brincos são objetos da arte plumária considerados adornos, isto é, eles têm a função de enfeite entre os povos indígenas.
- Que objetos ou peças de vestuário podem ser considerados adornos na sua comunidade? _____.
- Na sua opinião, que outra função têm os adornos, além de enfeitar? _____.
- Reflita sobre as roupas e os acessórios que você
gosta
ou gostaria de usar. Você acha que eles fazem parte da sua identidade? Faça um desenho para representar o que você pensou.
- _____
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Pintura corporal
Para pintar o corpo, os indígenas utilizam tintas naturais, preparadas com folhas e frutos.
As cores mais usadas são a vermelha, feita com o urucum moído, e a preta, extraída do jenipapo.
Há tribos que utilizam cores diferentes em crianças e em adultos. Os desenhos também têm diversos significados. Por exemplo, existem desenhos feitos para comemorações e outros usados exclusivamente em rituais.
LEGENDA: Indígena da etnia Waurá com cabelos pintados e pintura corporal como preparativo para o Quarup. Aldeia Piyulaga, Gaúcha do Norte (MT), 2019. FIM DA LEGENDA.
Música e dança
A música e a dança têm um papel importante na vida social das tribos indígenas. Eles cantam, dançam e tocam nos rituais e também para celebrar fatos do dia a dia. São várias as ocasiões de festejo: as boas colheitas e pescarias, a chegada dos adolescentes à idade adulta e os rituais para homenagear os mortos ou espantar doenças e malefícios.
Entre os rituais e danças mais conhecidos dos indígenas brasileiros estão o Toré e o Quarup.
LEGENDA: Indígenas Pankararu trajados como as personagens místicas conhecidas por praiás, durante o Toré. Aldeia Brejo dos Padres, Tacaratu (PE), 2014. FIM DA LEGENDA.
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A dança do Quarup é um ritual de reverência aos mortos praticado por povos indígenas do Alto Xingu, em Mato Grosso.
Os homens dançam e cantam em frente a troncos de árvore que representam os mortos homenageados. Esses troncos são colocados no local onde os mortos foram enterrados.
Em nosso folclore, há muitas danças e ritmos de origem indígena, como o cururu, dança de origem tupi-guarani.
LEGENDA: Indígenas Waurá celebrando o Quarup. Aldeia Piyulaga, Gaúcha do Norte (MT), 2019. FIM DA LEGENDA.
Instrumentos musicais
Os indígenas também produzem os próprios instrumentos musicais, como flautas, trombetas, tambores e chocalhos.
LEGENDA: Flautas de diversas etnias indígenas (medidas aproximadas, da esquerda para a direita - flautas: 55 cm, 34 cm, 37 cm e 26 cm; flautas nasais: de 5 a 10 cm de diâmetro; flauta de Pã: 35 cm; flauta tríplice de bambu: 19 cm). Museu Paulista da Universidade de São Paulo, São Paulo (SP). Sem data. FIM DA LEGENDA.
Os instrumentos musicais não estão reproduzidos na proporção real.
Converse com os colegas e, depois, registre sua resposta.
- De tudo o que aprendeu sobre a arte indígena, do que você mais gostou? Por quê? _____.
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Para fazer com os colegas
Agora, vamos criar uma representação teatral inspirada naquilo que aprendemos até aqui, retomando os conteúdos e relembrando nossas experiências.
Ouça o professor e siga as orientações do roteiro.
- O professor organizará uma roda com a turma para que vocês conversem sobre os temas que mais chamaram atenção de todos nos três últimos capítulos deste livro. Lembrem-se das lendas que ouviram e das histórias que criaram.
- Depois de participar da roda, forme um grupo. Decidam que história querem contar. Conversem sobre qual situação ou quais acontecimentos vocês representarão, quais são as personagens que vivem essa situação e em que lugar se passa a história.
- Escolham uma intervenção que envolva o uso de uma tecnologia e que deverá ocorrer durante a apresentação. Vocês podem usar sons gravados como elementos da narração ou da sonoplastia, ou podem inserir, em vídeo, uma personagem que entrará em cena.
- Com diferentes materiais, de preferência que possam ser reutilizados, criem máscaras ou adereços para suas personagens.
- Ensaiem a peça quantas vezes for necessário, utilizando os adereços e as gravações em áudio ou vídeo.
- Apresentem para a turma a sua criação e apreciem a criação dos demais colegas.
- Após a apresentação de todos os grupos, conversem sobre as descobertas que fizeram com este trabalho.
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O que aprendemos
Olá! Agora você fará algumas atividades e descobrirá que já aprendeu muitas coisas!
- A civilização maia produziu grandes pinturas murais. Você já viu alguma obra de arte na atualidade que se parece com as pinturas murais? Justifique sua resposta. _____.
- Nas sociedades pré-colombianas a música era muito importante. Que funções a música tinha naquela época? E na sociedade atual, a música tem as mesmas funções? _____.
- Dê exemplos de eventos em que a música é um elemento importante. _____.
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Avaliação processual
- A argila é um material utilizado por diversos povos desde a Antiguidade. Assinale a alternativa que não corresponde a esse material.
- ( ) É fácil de ser moldado.
- ( ) É facilmente encontrado na natureza.
- ( ) É um material sintético (feito em laboratório ou indústria).
- ( ) Apresenta cores diferentes.
- Como as cerâmicas marajoaras eram tingidas? _____.
- No capítulo 3, você criou uma história inspirada nas lendas que ouviu. Relembre a criação do seu grupo e faça um desenho que represente as personagens que vocês inventaram.
- _____
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Para terminar
Para encerrar o trabalho com este livro, faça as atividades a seguir com atenção.
- No início do ano, foram estudadas as cores primárias, secundárias e terciárias. Também foi feita uma reflexão sobre como as cores são capazes de gerar emoções nas pessoas. Pense sobre como você se sente ao terminar o ano e faça um desenho utilizando as cores que representam essa sensação para você.
- _____
- Qual obra de arte você mais gostou de conhecer neste ano? Escreva o nome da obra, o nome do artista e faça um comentário sobre ela. _____.
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Avaliação de resultado
- Neste ano, você também conheceu diferentes povos que, desde a Antiguidade, criam objetos e pinturas com materiais encontrados na natureza. Em algumas atividades, você também explorou materiais naturais. Que materiais foram esses? Escreva um comentário refletindo sobre suas experiências. _____.
- Faça um desenho que represente esses materiais.
- _____
- Leia as perguntas com atenção e responda marcando com um
X
.
- Quadro: equivalente textual a seguir.
Sim |
Não |
Às Vezes |
|
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Foi prazeroso aprender novos conteúdos este ano? |
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O grau de dificuldade na execução das tarefas aumentou? |
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Percebi mudanças significativas no desempenho das atividades corporais? |
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Meu relacionamento com o grupo evoluiu positivamente? |
|||
Houve cooperação entre os colegas na execução das tarefas mais difíceis? |
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Vamos ler
Meu livro de Arte – Tudo sobre as cores
Rosie Dickins.
São Paulo: Usborne, 2015.
Esse livro apresenta uma introdução divertida ao mundo da arte. O leitor vai descobrir como os pigmentos e as tintas surgiram e como foram utilizadas por artistas famosos. Para despertar o interesse do leitor, são apresentadas diversas obras de arte, além de curiosidades e fatos divertidos sobre a história da arte mundial.
As cores de Van Gogh
Claire Merleau-Ponty.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2008.
O artista Vincent Van Gogh morreu sem ver sua arte reconhecida como é atualmente. Mas pintou 879 quadros, que posteriormente se tornaram extremamente famosos. Esse livro apresenta aos leitores vários desses quadros e muita informação sobre o artista e a época em que ele viveu.
Uma cor, duas cores, todas elas
Lalau e Laurabeatriz.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1997.
Nesse livro, o leitor encontrará poemas ilustrados que falam de cada cor. Azul é a cor da Terra. Vermelho é a cor do fogo. Amarelo é a cor do sol.
Cada cor tem sua beleza, cada uma desperta nossa imaginação. E, juntas, elas alegram ainda mais a nossa vida.
Cores, jogos e experiências
Ann Forslind.
São Paulo: Callis, 2011.
De onde vêm as cores? O que acontece quando elas se misturam? Esse livro responde a essas perguntas e faz o leitor entrar no mundo das cores por meio de descobertas e experiências apaixonantes.
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Érica e os girassóis
James Mayhew.
São Paulo: Moderna, 2002.
Essa é uma verdadeira aventura em um museu de arte. Tudo começa quando Érica, uma garota cheia de imaginação, tenta pegar algumas sementes de girassol do quadro de Van Gogh.
A menina de uma pintura ao lado sai da tela e tenta ajudá-la, mas tudo se complica quando um cachorrinho entra na história. Você vai se divertir muito com o livro e ainda aprender coisas novas nesse passeio ao museu.
Encontro com Krajcberg
Rosane Acedo e Cecília Aranha.
São Paulo: Formato, 2019.
Esse livro coloca o leitor em contato com a vida e a obra do artista polonês Frans Krajcberg.
Ele morou no sul da Bahia desde a década de 1970 até 2017, quando morreu, e lá manteve o ateliê. O artista denunciou, por meio das obras que criou, o descaso com as florestas e a incapacidade da sociedade de proteger seu patrimônio natural e humano.
Arte rupestre
Hildegard Feist.
São Paulo: Moderna, 2010.
Nesse livro, a autora trata da arte rupestre, daquelas imagens desenhadas, pintadas ou gravadas por homens pré-históricos em pedras e cavernas. Muitos desenhos que eles fizeram sobreviveram ao tempo e hoje podem ser observados. Para essa obra foram selecionadas algumas das mais famosas e mais impressionantes artes rupestres.
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Vamos ler
Rupi! O menino das cavernas
Timothy Bush.
São Paulo: Brinque-Book, 2002.
Nesse livro, você vai conhecer a história de Rupi, um menino das cavernas que, por não ter habilidade para caçar, enfrenta preconceitos da tribo dele. Um dia, porém, Rupi descobre que seus desenhos são mágicos e consegue, com isso, ganhar o respeito e a admiração de todos, levando a tribo a uma nova forma de subsistência.
A Pré-História passo a passo
Colette Swinnen.
São Paulo: Claro Enigma, 2014.
Como surgiu a espécie humana? Quem foi Neanderthal? Desde a aparição do primeiro homem na Terra até o surgimento do Homo sapiens, passaram-se milhões de anos. Esse livro apresenta, de maneira simples e completa, esse vasto e rico período da História e as ciências que o estudam.
Irakisu – o menino criador
Renê Kithãulu.
São Paulo: Peirópolis, 2002.
Os mitos estão muito presentes nas sociedades indígenas. Esse livro traz algumas histórias dos povos tradicionais e que revelam a verdadeira dimensão do existir.
Arte indígena
Hildegard Feist.
São Paulo: Moderna, 2010.
Esse livro traz expressões artísticas tradicionais de vários povos indígenas. A autora selecionou alguns exemplos bem interessantes, bonitos e significativos da arte plumária, da pintura corporal, da cerâmica e de outras manifestações artísticas dos indígenas brasileiros.
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Sou indígena e sou criança
César Obeid.
São Paulo: Moderna, 2014.
Nesse livro, o leitor vai conhecer a história de uma criança indígena brasileira que faz muitas coisas que toda criança faz, mas com uma diferença: a criança indígena não perdeu o contato com a natureza, não tirou o pé da terra e sabe escutar os sinais da floresta.
Coisas de índio – versão infantil
Daniel Munduruku.
São Paulo: Callis, 2003.
Esse livro apresenta um relato sobre as comunidades indígenas do Brasil e possibilita ao leitor sensível compreender toda a riqueza e a pluralidade das coisas de nossos indígenas.
Catando piolhos, contando histórias
Daniel Munduruku.
São Paulo: Brinque-Book, 2006.
Essa obra traz memórias de infância de um menino indígena que fala das tradições do povo Munduruku.
As histórias eram transmitidas oralmente em momentos felizes na aldeia, quando ele, sentado no colo dos mais velhos ou ao lado da fogueira, ouvia histórias enquanto catavam piolhos nos cabelos dele e lhe faziam carinhos na cabeça.
O que é, o que é? – O pajé e as crianças numa aldeia guarani
Luis Donisete Benzi Grupioni.
São Paulo: Moderna, 2014.
Nesse livro, o autor mostra como é o Mbaravija, ou adivinhação. Nessa arte tradicional, os indígenas mais velhos de uma aldeia fazem perguntas aos que estão em volta deles para estimular a busca por respostas.