MP019
3 º ANO
UNIDADE 1. BRINCADEIRAS E JOGOS
LEGENDA: Crianças posando. Fotografia de 2019. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Habilidades e competências presentes nesta unidade
(EF35EF01) Experimentar e fruir brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e recriá-los, valorizando a importância desse patrimônio histórico cultural.
(EF35EF02) Planejar e utilizar estratégias para possibilitar a participação segura de todos os estudantes em brincadeiras e jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana.
(EF35EF03) Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita, audiovisual), as brincadeiras e os jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana, explicando suas características e a importância desse patrimônio histórico cultural na preservação das diferentes culturas.
(EF35EF04) Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e demais práticas corporais tematizadas na escola, adequando-as aos espaços públicos disponíveis.
Competências Gerais: 1, 2, 3, 4, 6, 8, 9 e 10
Competências de Educação Física: 1, 2, 7, 8 e 10
Fim do complemento.
Objetivos
- Conhecer e experimentar brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo e os de matriz indígena e africana.
- Valorizar as diferentes culturas advindas das brincadeiras e dos jogos.
- Reconhecer a influência da cultura indígena e africana na formação da cultura brasileira.
- Ampliar a consciência corporal, o planejamento e as estratégias na superação dos objetivos propostos pelas brincadeiras e pelos jogos.
MP020
CONVERSANDO SOBRE BRINCADEIRAS E JOGOS
A formação da história do Brasil está ligada diretamente à influência de vários povos e nações. Inicialmente havia os povos indígenas, que já viviam aqui até a chegada dos portugueses, e, posteriormente, vieram os demais povos da Europa. Também foram trazidos povos de diversas partes do continente africano, que chegaram aqui na condição de escravizados. E vieram, ainda, diversos povos asiáticos. Como resultado, o povo brasileiro origina-se de um processo de miscigenação, havendo um grande repertório de manifestações culturais.
A diversidade presente na formação da sociedade brasileira influenciou nossas músicas, danças, culinária e, claro, nossas brincadeiras e jogos. Muitas das brincadeiras que praticamos atualmente têm origens nas matrizes europeias, asiáticas, indígenas ou africanas. Possibilitar a experimentação de diferentes práticas contribui para o processo de aprendizagem do estudante, fazendo também com que valorize e respeite diferentes culturas, em especial no caso brasileiro, ao conviver com muitas delas simultaneamente.
Existe uma grande variedade de etnias indígenas, o que torna essa cultura muito rica e abrangente, com hábitos e costumes diferentes. O mesmo vale para a cultura africana. Quando os povos da África foram trazidos ao Brasil durante o período da colonização na condição de escravizados, apesar de todo o sofrimento, eles persistiram para preservar sua identidade e suas origens. Por isso, é de fundamental importância conhecer, respeitar e valorizar sua cultura, seus hábitos e suas manifestações, pois passaram a ser parte da cultura brasileira.
As culturas indígena e africana, além de possuírem os próprios rituais e tradições, têm também seus jogos e brincadeiras, muitos deles parecidos com os praticados por crianças de todo o país e do mundo, com adaptações e elementos da cultura própria de cada um.
Segundo a pesquisadora Artemis Soares, que realizou uma pesquisa com o povo Tikuna, a etnia indígena com a maior população no Brasil, residente no centro-oeste do Amazonas, próximo ao rio Solimões, foi possível observar com as crianças:
[...] vários tipos de brincadeiras similares às que conhecemos, estando aí, provavelmente, a sua origem. Vimos também outras brincadeiras que são totalmente localizadas, ou seja, próprias da cultura dos Tikuna. As brincadeiras envolvem uma boa variedade de formações como colunas, fileiras, rodas, e ações como corridas, pega-pega e esconde-esconde, utilizando figuras de animais locais como o gavião e a onça, além de figuras mitológicas como o curupira (SOARES, n. p., 2008) 1 .
Nesse sentido, é evidente que as brincadeiras e os jogos são ferramentas essenciais e devem ser trabalhados com as crianças ao longo de toda a infância, não só pelo desenvolvimento e pelo aprimoramento das capacidades físicas que proporcionam, mas também pelo valor cultural que guardam.
Em especial, no 3º ano do Ensino Fundamental, essa vivência se dará por meio das brincadeiras e dos jogos populares do Brasil e do mundo, de matrizes indígenas e africanas, e suas adaptações para o contexto regional dos estados brasileiros, que, além de trabalhar elementos relacionados ao próprio corpo, inserem a criança no universo histórico, cultural e social que acompanha a tradição dessas práticas, possibilitando-lhe vivenciá-las ainda sob esse aspecto, contribuindo ainda mais para o seu desenvolvimento pleno como ser social.
PRATICANDO BRINCADEIRAS E JOGOS
Prática 1: HEINÉ KUPUTISU
Conhecendo a prática corporal
Heiné kuputisu, cuja tradução é “correr em um pé só” ou “corrida do equilíbrio”, como é conhecida em alguns lugares, é uma prática do povo Kalapalo, etnia indígena da região do Mato Grosso. A atividade consiste em corrida de equilíbrio e resistência, pois exige que os participantes saltem em um pé só o máximo que conseguirem. Em alguns locais do Brasil, também é conhecida como “corrida do saci”, famoso personagem do folclore brasileiro.
É uma atividade excelente para os estudantes conhecerem a cultura indígena de maneira lúdica, por meio das brincadeiras e dos jogos, e aprimorarem as capacidades físicas e as habilidades motoras. Além disso, é muito comum nos jogos indígenas a atividade ser realizada em um ambiente de descontração e diversão. Por isso, reforce que também são objetivos da aula, em meio à assimilação do conhecimento de novas culturas, aprender novas práticas e ampliar o acervo motor.
Heiné kuputisu é uma atividade bastante simples; é uma corrida de um pé só, na qual vence aquele que chegar primeiro à linha demarcada.
Nota de rodapé: 1 SOARES, A. Brincadeiras e jogos da criança indígena da Amazônia: algumas brincadeiras da criança Tikuna. Motricidade On-line – Portal dos professores e profissionais de Educação Física e desporto. Disponível em: http://fdnc.io/MV. Acesso em: 17 mar. 2021. Fim da nota.
MP021
É interessante incluir novos desafios ao longo da prática e incentivar os estudantes a superar suas marcas gradativamente.
Inicie com algumas perguntas para ativar o conhecimento e a curiosidade das crianças:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Vocês conhecem alguma brincadeira ou algum jogo indígena?
Quem consegue se equilibrar em um pé só por bastante tempo?
De quais habilidades precisamos para correr em um pé só?
Fim do complemento.
Você pode ainda exibir um vídeo para que os estudantes observem qual é a proposta da brincadeira, como este disponível em: http://fdnc.io/fbb. Acesso em: 26 abr. 2021.
Vivenciando a prática corporal
Materiais: giz e fita métrica.
Escolha com os estudantes um espaço adequado para a realização da atividade e faça demarcações com giz dos pontos de largada e de chegada, que servirão como um objetivo ou uma meta a alcançar.
Na sequência, organize como a prática será vivenciada.
Em um primeiro momento, pode-se propor que todos partam em corrida em um pé só rumo à linha de chegada, não sendo permitido trocar os pés no percurso. Cada um deve ir até onde consegue chegar. Quem ultrapassar a meta já é considerado um vencedor, mas, se não a alcançarem, o importante é ir o mais distante possível. No final, vencem os que foram mais longe, os que alcançaram a meta ou quem alcançou a meta primeiro.
Em um segundo momento, você pode propor a prática a cada dois estudantes, para que disputem quem consegue chegar primeiro à meta. Posteriormente, pode formar dois grandes grupos, sugerindo o desafio em duplas, sendo um de cada equipe e somando pontos a cada rodada, de acordo com a disputa entre os jogadores representantes de cada time. Assim, haverá uma equipe vencedora ao final da disputa, como uma forma de estabelecer e superar metas individuais e coletivas.
Também é possível, em um terceiro momento, aumentar o grau de dificuldade para a realização da meta. Por exemplo, ampliando a distância a cada rodada, acrescentando a dificuldade de pular em um pé só com os braços imóveis atrás do corpo ou segurando o pé que está suspenso para trás com uma das mãos ou, ainda, alternando a perna a ser usada em cada rodada, ora correr saltando com a perna direita, ora com a perna esquerda. Desse modo, ocorre uma progressão de nível de dificuldade para avançar a fases cada vez mais desafiadoras da atividade.
Incentive-os a superar suas marcas a cada rodada, criando objetivos individuais para aqueles que não apresentem resistência para cumprir o percurso completo. Você pode, por exemplo, usar uma fita métrica e ir marcando as distâncias alcançadas por eles a cada rodada, como incentivo à superação.
LEGENDA: Brincadeira Heiné kuputisu. FIM DA LEGENDA.
Dialogando sobre a prática
Ao final da aula, realize uma roda de conversa com os estudantes e retome as perguntas iniciais: Vocês já conheciam alguma brincadeira ou algum jogo indígena? Quem conseguiu se equilibrar por bastante tempo? Quem conseguiu superar as próprias marcas? Quem ficou muito cansado? Quais são as principais habilidades motoras e capacidades físicas presentes na atividade? De que outras formas percebemos a cultura indígena presente em nosso dia a dia?
Permita que expressem as próprias percepções e opiniões, exercitando a oralidade como forma de expressão e argumentação das próprias opiniões sobre o que foi vivenciado. Se julgar necessário, faça registros das respostas dos estudantes para compor a avaliação final.
Registrando
Oriente os estudantes a fazer uma pesquisa sobre a atividade realizada e a descrever o que encontraram sobre o Heiné kuputisu.
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Essa pesquisa também vai compor a avaliação. Os estudantes devem descrever qual(is) povo(s) pratica(m) a atividade; se há modos diferentes de prática; como é o local onde praticam; se utilizam algum material (roupa ou implementos); se tanto meninos como meninas participam dela; qual o significado dessa prática para a cultura indígena e se conhecem outra brincadeira ou jogo que utiliza os mesmos movimentos.
Avaliação
Para compor a avaliação, utilize suas observações e anotações realizadas durante a prática e as conversas com os estudantes e considere ainda a pesquisa realizada por eles.
Prática 2: TERRA-MAR
Conhecendo a prática corporal
Terra-mar é uma brincadeira típica originária de Moçambique, país localizado no sudeste da África, trazida para o Brasil pelos negros escravizados. Em algumas regiões pode ser conhecida como “sol-chuva”.
A cultura brasileira é formada pela influência de muitos povos, entre eles os africanos. Podemos reconhecer a influência africana na culinária, nas brincadeiras, na dança e em diversos outros aspectos da nossa cultura.
A brincadeira é bastante simples, não demanda quase nenhum material e pode ser praticada por um grande número de estudantes simultaneamente, desenvolvendo o tempo de reação, a atenção e a concentração.
A prática consiste em fazer um risco no chão, denominando um lado como “terra” e o outro como “mar”. Ao comando do professor, que diz “terra” ou “mar”, todos devem pular para o lado “terra” ou para o lado “mar”, de acordo com o comando dado.
Antes de praticarem, converse com os estudantes sobre a brincadeira.
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Quem já praticou a brincadeira terra-mar?
Quem conhece uma brincadeira parecida, mas com nome diferente?
Alguém conhece outras brincadeiras de origem africana?
Fim do complemento.
Vivenciando a prática corporal
Material: giz ou corda para dividir o espaço.
Divida ao meio o espaço no qual a brincadeira será praticada, utilizando giz ou uma corda para marcar uma linha reta no chão. Caso a brincadeira seja realizada em uma quadra, aproveite as linhas demarcatórias desse espaço.
Organize todos os estudantes em um mesmo lado e determine qual dos lados representará a “terra” e qual representará o “mar”.
Ao seu comando de voz pronunciando a palavra “terra”, por exemplo, os estudantes devem saltar para o lado em que está a terra. Quando ouvirem “mar”, eles devem saltar para o lado que representa o mar. A sequência de comandos é livre e pode ser realizada pelo professor ou mesmo por um estudante. Por exemplo: “terra”, “mar”, “mar”, “mar”, “terra”, “mar”, “terra”, “terra”, induzindo o estudante ao erro caso não esteja concentrado.
A ideia é que os comandos sejam dados com aumento de velocidade, demandando maior agilidade de reação, atenção e concentração dos estudantes. Os tipos de estímulo também podem ser diversificados, utilizando, por exemplo, comandos visuais, como um lenço azul para representar o “mar” e um vermelho para representar a “terra”. Assim, quando o professor mostrar um dos lenços, a criança deve saltar ou permanecer onde está, de acordo com o comando dado. Misturar os estímulos visuais e auditivos, simultaneamente, também é uma possibilidade interessante.
LEGENDA: Brincadeira terra-mar. FIM DA LEGENDA.
MP023
Lembre aos estudantes como essa brincadeira é parecida com “morto-vivo”, muito comum em todas as regiões brasileiras, requerendo igual concentração e atenção para atender corretamente aos comandos de “vivo”, em que a criança deve ficar na posição em pé, e “morto”, na qual deve se agachar. A ideia, assim como na brincadeira “terra-mar”, é aumentar a velocidade dos comandos dados, levando ao erro o participante que não conseguir se manter atento, concentrado e com rápida resposta de reação aos comandos. Também torna a brincadeira mais desafiadora incrementar comandos auditivos e visuais. Não deixe de praticar essa divertida brincadeira com os estudantes, promovendo associações entre as semelhanças contidas nessas duas práticas.
LEGENDA: Brincadeira morto-vivo. FIM DA LEGENDA.
Dialogando sobre a prática
Pergunte aos estudantes sobre as experiências e os saberes deles a respeito dessa brincadeira. Quem já a praticou? Quem conhece uma brincadeira parecida, mas com nome diferente? Sabiam que essa brincadeira é de origem africana? Alguém já ouviu falar de um país chamado Moçambique? Alguém conhece outras brincadeiras de origem africana?
Prossiga com o diálogo, desta vez a respeito do que sentiram. Pergunte-lhes: Como foi manter a concentração na brincadeira? Conseguiram perceber melhora no próprio tempo de reação? Preferiram o estímulo visual ou o auditivo?
Solicite-lhes que ouçam atentamente os colegas, questionando-os quando tiverem dúvidas, e pontuem as próprias impressões, valorizando a oralidade e exercitando a fluência e a compreensão oral.
Registrando
Solicite aos estudantes que façam uma pesquisa que possibilite a interação com outros componentes. Eles devem pesquisar sobre Moçambique, localizando esse país no mapa da África e identificando quais etnias fazem parte dele, além de qual é o idioma predominante. As pesquisas podem aprofundar questões importantes, como os motivos pelos quais o idioma falado é o português e como esse povo chegou ao Brasil, trazendo consigo as brincadeiras do seu país de origem. Esse procedimento pode levá-los a reflexões sobre a escravidão, a colonização e a influência dos povos africanos em nossa cultura.
Instrua-os para que pesquisem também sobre outras brincadeiras praticadas nesse país ou em outros e comentem se reconhecem as práticas na própria cultura, apresentando-as para a turma conhecê-las e experimentá-las. Pode-se sugerir aos estudantes que façam uma avaliação em pares, pedindo-lhes que pontuem dúvidas sobre as pesquisas e verifiquem se falta algum elemento do que foi solicitado. Esse procedimento exercita a produção de escrita, a compreensão de texto e a oralidade dos estudantes. É importante também que anotem palavras que não conhecem e as procurem no dicionário, ampliando o vocabulário.
Avaliação
Proceda aqui da mesma forma como foi feito na prática anterior, pautando a avaliação dos estudantes nas suas observações e anotações e na pesquisa realizada por eles, a fim de compor a avaliação final desta unidade.
Prática 3: CABRA-CEGA
Conhecendo a prática corporal
Cabra-cega, também conhecida em algumas regiões como “cobra-cega”, é uma brincadeira praticada em grupo na qual uma pessoa tem os olhos vendados e tenta encontrar os outros participantes. Caso consiga tocar em um deles, ela se livra da venda e passa-a para a pessoa que foi pega, trocando os papéis na brincadeira.
Acredita-se que essa brincadeira seja bastante antiga. É possível, inclusive, observá-la sendo praticada por adultos, representada em um dos quadros de Goya, pintor espanhol do século XVIII.
LEGENDA: Jogo da cabra-cega, de Francisco de Goya (1746-1828). 1788-1789. Óleo sobre tela, 269 cm × 3.350 cm. FIM DA LEGENDA.
MP024
A brincadeira é conhecida em toda a Europa com diferentes nomes: na Itália, mosca cieca (“mosca-cega”); na Alemanha, Blinde Kuh (“vaca-cega”) e, na França, colin-maillard, chamada assim em uma espécie de homenagem a um homem chamado Colin que ficou cego em uma luta medieval.
Direcione alguns questionamentos e possibilite que as crianças relatem suas experiências pessoais.
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Já conheciam a brincadeira e já se divertiram com ela?
De quais habilidades precisamos quando estamos de olhos vendados?
De quais estratégias precisamos para, de olhos vendados, conseguir encontrar os colegas?
O que acontece quando perdemos um dos sentidos?
Fim do complemento.
É relevante que as crianças percebam quanto a brincadeira é antiga e como foi transmitida entre povos e gerações até os dias atuais, possibilitando o exercício das capacidades físicas, o brincar, divertir-se e interagir com os amigos. É importante que elas observem, inclusive, que, pela demanda de pouco espaço, a brincadeira é viável em diversos outros ambientes sociais além da escola, tendo em vista a dificuldade que, atualmente, as crianças têm em brincar na rua.
Vivenciando a prática corporal
Material: lenço ou venda.
Na atividade, um dos participantes deve ser a cabra-cega e ter os olhos vendados com um lenço ou uma venda.
A brincadeira inicia quando a criança vendada der três giros em torno de si mesma e sair em busca dos outros participantes. O objetivo é conseguir tocar em alguém e adivinhar quem é a pessoa encontrada, que, ao ser pega, deve dizer uma palavra, uma frase ou emitir algum som, para que a “cabra-cega” tente reconhecer quem é pela voz ou pelo tato. Caso acerte, a criança encontrada deverá trocar de lugar com ela, tornando-se a “cabra-cega”. Do contrário, a “cabra-cega” continuará tentando pegar alguém.
Enquanto a “cabra-cega” estiver procurando os fugitivos, os participantes podem bater palmas, pronunciar o nome da “cabra” ou outras palavras, fazendo com que a “cabra-cega” se oriente pelo som em busca deles.
Dialogando sobre a prática
Ao final da experimentação, converse com os estudantes sobre aquilo de que mais gostaram na brincadeira e sobre o que foi mais difícil. Em geral, eles sentem-se bastante inseguros durante a prática. Com esse espaço de fala, podem trocar experiências a respeito do que sentiram e propor adaptações na atividade, de acordo com os espaços e materiais disponíveis, observando se as dificuldades foram superadas.
Possibilite que reflitam sobre as adaptações do corpo quando não se tem um dos sentidos, orientando-os a se imaginar nessa situação e a descrever como seria o dia a dia deles se lhes faltasse a visão. Pergunte-lhes de quais adaptações eles precisariam para que continuassem interagindo com as pessoas.
Então, dê-lhes papéis e canetinhas e instrua-os a desenhar situações do cotidiano, do parque, da escola, de casa etc. em que eles precisariam de adaptações no ambiente, como resultado da reflexão feita.
Organize um mural da inclusão com os desenhos deles e possibilite que apreciem as produções uns dos outros, notando situações percebidas pelos colegas, ampliando o repertório de alternativas. Esse processo é uma oportunidade de desenvolver a produção de escrita, a compreensão de texto e a fluência oral dos estudantes.
LEGENDA: Brincadeira cabra-cega. FIM DA LEGENDA.
MP025
Registrando
Assim como na atividade anterior, proceda com a solicitação de uma pesquisa sobre a cabra-cega. Os estudantes devem pesquisar sobre a sua origem, onde fica o país de procedência e qual é a língua predominante dele, como as pessoas desse país chegaram ao Brasil e qual a influência dele em nossa cultura. A seguir, devem pesquisar outras brincadeiras com origem nesse mesmo país e trazerem-nas registradas para que todos as experimentem. É importante considerar que os estudantes talvez encontrem a origem da cabra-cega em países diferentes, uma vez que, por ser muito antiga, a sua criação original pode ter sido perdida. Considere essa uma oportunidade para que percebam como as brincadeiras que praticam estão espalhadas pelo mundo, como chegam até nós, e conheçam brincadeiras de diferentes países.
Avaliação
Proceda aqui também com uma avaliação por pares sobre as pesquisas realizadas, desta vez mudando as duplas. Solicite aos estudantes que leiam as pesquisas e, como leitores, registrem as próprias dificuldades em compreender algum ponto da pesquisa realizada pelo colega; se a pesquisa contém tudo o que lhes foi solicitado; se as descrições estão compreensíveis; se sugerem algo para que o texto tenha mais clareza. Esse procedimento exercita a produção e a compreensão de texto.
Boxe complementar:
NÃO PARE POR AQUI
Essa unidade trouxe algumas sugestões para a prática de brincadeiras e jogos que valorizam a cultura de diferentes povos.
Você pode incluir outras experimentações, lembrando-se de construir os roteiros de aula com base nas dimensões do conhecimento e competências, tanto as gerais quanto as específicas de Educação Física e suas habilidades.
As brincadeiras e os jogos sugeridos podem ser adaptados, respeitando-se a estrutura física da unidade escolar, a disponibilidade de materiais e, principalmente, a diversidade e as características dos estudantes, possibilitando a vivência para todos.
Outros materiais sobre brincadeiras e jogos podem ser encontrados em:
Apostila de jogos e brincadeiras africanas: http://fdnc.io/dhH. Acesso em: 17 mar. 2021. Brincadeiras e jogos africanos: http://fdnc.io/fbc. Acesso em: 17 mar. 2021.
Brincadeiras indígenas: http://fdnc.io/fbd. Acesso em: 17 mar. 2021.
Brinquedos e brincadeiras indígenas: http://fdnc.io/2Aw. Acesso em: 17 mar. 2021.
CORRÊA, Denise Aparecida. Brincadeiras indígenas kalapalo: a abordagem da diversidade etno-cultural na educação física escolar, 2009. Disponível em: http://fdnc.io/fbe. Acesso em: 17 mar. 2021.
Fim do complemento.
MP026
3º ANO
UNIDADE 2. ESPORTES
LEGENDA: Crianças jogando futebol. Fotografia de 2015. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Habilidades e competências presentes nesta unidade
(EF35EF05): Experimentar e fruir diversos tipos de esportes de campo e taco, rede/parede e invasão, identificando seus elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas básicas para sua execução, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo.
(EF35EF06): Diferenciar os conceitos de jogo e esporte, identificando as características que os constituem na contemporaneidade e suas manifestações (profissional e comunitária/lazer).
Competências Gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9 e 10
Competências de Educação Física: 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10
Fim do complemento.
Objetivos
- Conhecer os elementos comuns dos esportes de campo e taco.
- Conhecer os elementos comuns dos esportes de rede e parede.
- Conhecer os elementos comuns dos esportes de invasão.
- Elaborar ações estratégicas individuais e coletivas nas modalidades esportivas de campo e taco, rede/parede e invasão.
- Comparar os elementos comuns dos esportes de campo e taco, rede/parede e invasão.
- Conscientizar-se da importância do trabalho coletivo e do protagonismo nas práticas corporais.
MP027
CONVERSANDO SOBRE ESPORTES
A Base Nacional Comum Curricular – BNCC – prevê, para o 3º ano do Ensino Fundamental, a abordagem de um grupo de modalidades esportivas classificadas em: esportes de campo e taco, rede/parede e invasão. De acordo com Brasil (2018) 1 :
Campo e taco: são as modalidades que se caracterizam por rebater o mais longe possível a bola lançada pelo adversário, visando a percorrer o maior número de vezes as bases ou a maior distância possível entre elas, enquanto os defensores não recuperam o controle da bola, e, assim, somar pontos. São exemplos dessa modalidade o beisebol, o críquete e o softbol.
Rede/parede: são modalidades de rede/parede aquelas cujo objetivo seja arremessar, lançar ou rebater a bola em direção ao espaço do adversário, de modo que o oponente seja incapaz de devolvê-la, ou que o leve a cometer um erro na devolução do objeto do jogo, por exemplo, no caso do tênis, do tênis de mesa, do badminton e do voleibol.
Invasão: são consideradas modalidades de invasão as que se caracterizam pelo objetivo de uma equipe em levar um objeto até a meta adversária, enquanto defende a própria meta, ocupando o próprio campo e o campo adversário, simultaneamente, como ocorre no basquetebol, futebol e rugby, por exemplo.
Ao abordar o fenômeno esportivo, faz-se necessário estimular experiências que se apoiem em critérios de cooperação, de relação com o oponente, de ação tática e de desempenho motor. Assim, podem-se agrupar as modalidades esportivas de acordo com esses critérios.
É importante propor aos estudantes atividades compatíveis com os níveis de desenvolvimento deles, que, gradativamente, vão se familiarizando com modalidades esportivas mais complexas, não apenas em relação à execução das habilidades motoras, mas também quanto à inserção de novos elementos. Pode-se verificar isso nos esportes coletivos, nos quais a interação com os companheiros de equipe e seus oponentes possibilita novas experiências, diferentes daquelas que o estudante experimentou nas modalidades de marca e precisão, propostas para o 1º e o 2º anos do Ensino Fundamental, que eram vivências esportivas mais centradas na individualidade, sem a ação direta com o oponente ou parceiros de equipe. Nos três esportes abordados nesta unidade, a relação com o adversário é direta, possibilitando a construção de novos significados a partir das experiências das práticas corporais.
A ampla divulgação dos esportes profissionais e de seus campeonatos através dos meios de comunicação, além de sua prática esportiva em diversos contextos por todo o mundo, torna-se objeto de estudo valioso para a criança, não apenas para conhecimento, mas como objeto de interação, recriação e aprendizagens.
As modalidades esportivas apresentam regras institucionalizadas, ou seja, um órgão como uma federação internacional regulamenta a sua prática, definindo como são determinadas as formas de disputa. Porém, a influência do esporte não se apresenta unicamente no campo formal, pois a prática é reconstruída de acordo com o sentido e o significado para quem a realiza, especialmente quando está inserida em um contexto de lazer ou de educação.
A programação dessa unidade apresenta uma sugestão na qual os estudantes iniciam as práticas e as aprendizagens por meio dos esportes de campo e taco, passando pelos de rede/parede e, por fim, pelos de invasão.
Sugerimos que as práticas sejam organizadas de modo a atender às necessidades da criança, cujo objetivo principal é a apropriação do novo conhecimento e do desenvolvimento motor e cognitivo que elas proporcionam.
Portanto, o intuito desta unidade é apresentar as características formais que definem cada uma dessas modalidades esportivas e vivenciar formas tipificadas, adequando a prática à infraestrutura, às características e às necessidades dos participantes. Assim, eles podem desenvolver-se e desfrutar das práticas corporais.
PRATICANDO ESPORTES
Prática 1: TACOBOL
Conhecendo a prática corporal
Nas modalidades de campo e taco, sugerimos uma contextualização sobre as características desse modelo esportivo, ressaltando sua representatividade e sua importância mundial, embora no Brasil a prática não seja comum.
LEGENDA: Beisebol. Eli White, do Texas Rangers, durante o jogo entre o Toronto Blue Jays e o Texas Rangers no Globe Life Field, Arlington, Texas, 2021.
É possível apresentar imagens de esportes de campo e taco e verificar se os estudantes reconhecem algumas dessas práticas:
Nota de rodapé: 1. BRASIL. Ministério da Educação . Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://fdnc.io/b9o. Acesso em: 5 abr. 2021. Fim da nota.
MP028
LEGENDA: Críquete. Campeonato County Specsavers, jogo entre Essex e Gloucestershire, Inglaterra, 2016. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Softbol. Campeonato Mundial ISF de Softbol Países Baixos, 2014. FIM DA LEGENDA.
Para essa prática, sugerimos a tipificação do críquete, propondo a experimentação do tacobol, que pode receber outros nomes, como bets, bete ou becha, de acordo com o local de prática.
De acordo com o International Cricket Council (ICC): 2
Há um consenso de opinião de especialistas de que o críquete pode ter sido inventado durante os tempos saxões ou normandos por crianças que viviam em Weald, uma área de densas florestas e clareiras no sudeste da Inglaterra. A primeira referência ao críquete como esporte adulto foi em 1611 e, no mesmo ano, um dicionário definiu o críquete como um jogo de meninos. Existe também a ideia de que o críquete pode ter derivado do boliche, pela intervenção de um batedor tentando impedir a bola de atingir seu alvo, rebatendo-a.
O jogo de críquete é disputado por duas equipes de onze jogadores, e sua dinâmica ocorre da seguinte maneira:
- A equipe atacante fica com a posse dos tacos, os quais defendem o wicket, chamada no tacobol de “casinha”, representada por um objeto de madeira com três varetas.
- No centro do campo, fica o pitch, onde se postam o arremessador e o rebatedor. Em cada extremidade do pitch fica um wicket.
- A equipe adversária terá um arremessador que deverá arremessar, ação chamada de bowl, e acertar o wicket do outro lado do campo, e, caso ele acerte, o rebatedor é eliminado.
- O rebatedor, por sua vez, tentará rebater o arremesso o mais longe possível, ação chamada de bat, e tentará trocar de bases enquanto a bola estiver longe, e, cada vez que corre e troca de lado, marca 1 ponto, chamado de run.
Sugerimos exibir este vídeo, que explica as regras do críquete, para facilitar a compreensão dos estudantes: http://fdnc.io/fbf. Acesso em: 25 abr. 2021.
O tacobol é uma tipificação do críquete, por isso conhecer seus elementos ajudará na compreensão da prática pelos estudantes, fazendo com que percebam que podem adaptar modalidades esportivas e fruir em outros espaços e contextos.
Pergunte-lhes se já viram algum jogo semelhante ao críquete, reconhecendo-o como semelhante ao tacobol.
Apresente as semelhanças entre o críquete e o tacobol, como: os arremessadores devem lançar a bola com o objetivo de derrubar a “casinha”, objeto feito de madeira, com três pés, que pode ser substituído por uma latinha ou garrafa PET.
LEGENDA: Jogo de tacobol, Rio das Ostras, Rio de Janeiro, 2015. FIM DA LEGENDA.
Proponha algumas questões geradoras para a prática:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Quais materiais são necessários para jogar o tacobol?
Quais ações são requisitadas no jogo?
Qual é o espaço necessário?
Fim do complemento.
Nota de rodapé: 2. ICC (International Cricket Council). History of the cricket. Disponível em: http://fdnc.io/fbg. Acesso em: 25 jun. 2022. Fim da nota.
MP029
Vivenciando a prática corporal
Materiais: tacos, giz e bola.
Para facilitar a compreensão, você pode exibir um vídeo de como se joga tacobol, disponível em: http://fdnc.io/fbh. Acesso em: 5 abr. 2021.
Escolha uma bola que tenha características que permitam que ela seja rebatida no espaço disponível para a prática. Escolha também materiais para o taco e para a casinha a ser derrubada. Se possível, faça minicampos, a fim de que diversos grupos possam praticar o jogo.
Utilize o giz para demarcar a área da casinha, na qual o rebatedor deverá ficar posicionado.
Retome como se desenvolve o jogo, quais são as regras e as pontuações, construindo com os estudantes adaptações, se necessário.
Quadro: equivalente textual a seguir.
Regras do tacobol: 1. Cada casinha é separada por uma distância de 20 metros. 2. Uma circunferência de 60 cm de diâmetro é desenhada em volta de cada casinha. 3. Cada jogador da dupla que está com o taco se posiciona em uma casinha. 4. O taco deve sempre tocar o chão, dentro da circunferência da casinha, protegendo-a. 5. Quando a bola é rebatida, enquanto a dupla adversária corre atrás da bola, a dupla que rebateu deve trocar de base quantas vezes forem possíveis, sempre batendo os tacos no meio do trajeto e encostando-os na circunferência da casinha, marcando 1 ponto para cada vez que os tacos forem batidos e as circunferências das casinhas forem alcançadas. 6. Se a dupla que recuperou a bola derrubar uma das casinhas ou acertar a bolinha em um dos rebatedores (queimar) antes de voltarem às suas respectivas casinhas, essa dupla ganha a posse dos tacos. 7. É importante ressaltar que o arremessador só pode arremessar para derrubar a casinha que está do outro lado. Caso o rebatedor esteja com o taco fora da base, no entanto, ele pode derrubar a casinha que está no seu lado do campo e ganhar a posse dos tacos. 8. O jogo se encerra quando uma das duplas somar 24 pontos. |
Observe algumas jogadas do tacobol.
LEGENDA: Arremesso da bola em direção à casinha do adversário. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Rebatida da bola do adversário para longe. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Cruzamento de tacos e troca de bases, enquanto o adversário recupera a bola. FIM DA LEGENDA.
Dialogando sobre a prática
Retome as questões geradoras para que os estudantes reflitam sobre as aprendizagens desencadeadas pela prática corporal.
Possibilite que verbalizem as próprias impressões.
MP030
Conduza a conversa para que percebam as habilidades motoras solicitadas na prática, como correr, rebater, girar e lançar; as capacidades físicas de velocidade, potência muscular, agilidade, entre outras; e como foi deslocar-se pelos espaços e combinar as estratégias entre as duplas.
Observe e registre as aprendizagens referidas pelos estudantes, intervindo quando julgar necessário.
Reforce como as tipificações esportivas possibilitam a apropriação dos esportes e sua fruição em outros espaços e contextos para o lazer.
Registrando
Oriente os estudantes a pesquisar sobre o modo como o tacobol costumava ser uma prática vivenciada com frequência nas ruas. Proponha-lhes que façam uma entrevista com as pessoas da comunidade, visando a coletar informações sobre o tacobol. Sugerimos um modelo para a entrevista; faça adaptações de acordo com as características dos estudantes.
Quadro: equivalente textual a seguir.
PESQUISA SOBRE A PRÁTICA DO TACOBOL/BETS/BETE/BECHA
Entreviste dez pessoas da sua comunidade, fazendo-lhes perguntas sobre a prática do tacobol.
ENTREVISTA
1. Na infância, você costumava brincar de tacobol? (Registre quantas pessoas responderam “sim” e quantas pessoas responderam “não”.)
Respostas: _____
2. Onde você costumava brincar de tacobol? Na escola, no clube, na rua ou em outro lugar? (Registre quantas pessoas responderam “na escola”, “no clube”, “na rua”, “em outro lugar”.)
Respostas: _____
ORGANIZAÇÃO DOS DADOS
Quantas pessoas entrevistadas costumavam brincar de tacobol? Preencha a resposta graficamente, pintando o número de quadradinhos que corresponde à quantidade de respostas “sim” e “não” dadas pelos entrevistados.
Onde as pessoas costumavam brincar de tacobol? Preencha a resposta graficamente, pintando o número de quadradinhos que corresponde à quantidade de respostas “na escola”, “no clube”, “na rua”, “em outro lugar” dadas pelos entrevistados.
OBSERVAÇÃO
Observe em quais locais da sua comunidade o tacobol poderia ser praticado atualmente.
Resposta: _____
MP031
Avaliação
Sugerimos uma autoavaliação dos estudantes na qual devem relatar tudo o que aprenderam até aqui: as experimentações dos movimentos; a capacidade de adaptar os espaços; os procedimentos com as entrevistas; as interações com o seu parceiro de dupla, propondo estratégias para o jogo. Compile os registros dos estudantes. Proceda da mesma forma em relação às outras experimentações dessa unidade para compor uma avaliação final do 3º ano das aprendizagens sobre os esportes.
Prática 2: MINIVOLEIBOL
Conhecendo a prática corporal
Nas modalidades de rede/parede, o jogador arremessa, lança ou rebate a bola de maneira estratégica, a fim de dificultar ao adversário rebatê-la ou, até mesmo, torná-lo incapaz disso.
Apresente aos estudantes alguns desses esportes para que compreendam sua dinâmica.
LEGENDA: Tênis. Thiago Seyboth Wild, tenista brasileiro, durante Campeonato de Tênis, Rio de Janeiro, 2020. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Tênis de mesa. Hugo Hoyama, mesatenista brasileiro, durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, 2007. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Voleibol. Seleção brasileira de vôlei feminino durante a Copa do Mundo do Japão, 2019. FIM DA LEGENDA.
Para essa vivência, sugerimos a prática de minivoleibol, uma tipificação do voleibol. O voleibol é uma modalidade amplamente praticada em nosso país, inclusive com a conquista de várias medalhas olímpicas, além de termos uma forte liga nacional com jogadores profissionais.
De acordo com o site da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), 3 o voleibol, como modalidade esportiva, surgiu nos Estados Unidos, quando, no final do século XIX, as principais modalidades praticadas pelos jovens eram o basquete e o futebol americano.
Na intenção de criar uma modalidade de menos contato físico, o professor de Educação Física Willian Morgan inventou o voleibol, que inicialmente era mais praticado por idosos. No Brasil, o voleibol chegou no início do século XX e, com o passar dos anos, a modalidade foi se desenvolvendo, até chegar a várias conquistas olímpicas, tanto no masculino quanto no feminino, o que fez com que o país se tornasse um grande expoente dela.
Comente com os estudantes que, além do voleibol de quadra, existe a prática do vôlei de praia, muito difundida não apenas em contexto profissional, mas também como forma de lazer, já que o Brasil possui, além de muitas praias, muitas quadras de areia em espaços de lazer dentro de áreas públicas.
Explique aos estudantes a dinâmica do voleibol:
- O esporte é praticado por duas equipes, as quais devem defender um campo, não permitindo que a bola caia no chão e tentando fazer com que ela atinja o campo adversário.
Nota de rodapé: 3 FIVB (Federação Internacional de Voleibol). The origins. Disponível em: http://fdnc.io/fbi. Acesso em: 25 abr. 2021. Fim da nota.
MP032
- A partida é iniciada com o saque de bola de um lado do campo em direção à área da outra equipe.
- A equipe que recebe a bola tem direito a três toques para devolvê-la à área do adversário, e um mesmo jogador não pode realizar dois toques seguidos.
- O ponto é marcado se o adversário deixar a bola cair no chão, não conseguir rebater a bola ou cometer uma falta.
- Se a equipe que fez o saque marcar o ponto, mantém-se o mesmo sacador. Caso contrário, a equipe adversária realiza o próximo saque, fazendo com que a equipe execute uma movimentação de rodízio no sentido horário.
Você pode exibir um vídeo que demonstra como é a prática do voleibol, disponível em: http://fdnc.io/fbj. Acesso em: 5 abr. 2021.
Ressalte aos estudantes que eles experimentarão uma prática tipificada do voleibol, o minivoleibol, que consiste em adaptar o esporte ao número de jogadores e a altura da rede à estatura das crianças, além de disponibilizar bola com peso adequado aos participantes e ajustar as regras de pontuação de acordo com uma definição prévia.
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
De quais habilidades precisamos para passar a bola aos companheiros de equipe e para o outro lado da quadra?
Como devem ajustar os próprios movimentos de acordo com a distância do companheiro e da rede?
Em quais outros jogos necessitamos das capacidades e habilidades utilizadas nessa prática, e em quais situações do cotidiano elas estão presentes?
Fim do complemento.
LEGENDA: Crianças adaptando um jogo de voleibol com uma rede de tênis. Fotografia de 2012. FIM DA LEGENDA.
Vivenciando a prática corporal
Materiais: rede ou corda, bola e fita crepe ou giz, para a demarcação da quadra.
Mostre aos estudantes os principais movimentos do voleibol e proponha a eles a prática desses movimentos em duplas, para posteriormente experimentá-los em uma partida de minivoleibol.
LEGENDA: Posição de manchete para rebater ou levantar a bola. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Levantamento de bola. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Tipos de saque de bola. FIM DA LEGENDA.
MP033
LEGENDA: Posição de ataque e bloqueio. FIM DA LEGENDA.
Após a experimentação dos movimentos específicos, organize algumas partidas, definindo a formação de acordo com materiais e espaços disponíveis.
Com base na habilidade e nas características dos estudantes, reconstrua as regras, estabelecendo, por exemplo, se a bola poderá quicar no chão entre os passes ou não.
A experimentação do minivoleibol é uma oportunidade para dialogar com os estudantes acerca da inclusão nos esportes, fazendo com que reflitam sobre as possibilidades de participação das pessoas com necessidades especiais nas modalidades esportivas. Você pode perguntar a eles: Uma pessoa sem o movimento das pernas poderia jogar minivoleibol? Para isso, o que poderíamos fazer?
Então, proponha que vivenciem a situação de jogar sentados a fim de que percebam que, por meio da própria ação no ambiente, é possível propor práticas que incluam pessoas com necessidades especiais ou, até mesmo, interferir nos locais em que convivem e os quais frequentam, adaptando-os para a realização da prática corporal.
Dialogando sobre a prática
Ao final da prática, proceda com uma reflexão do mesmo modo que foi sugerido na atividade anterior. Os estudantes devem perceber as habilidades motoras solicitadas na prática, como correr, saltar, sacar, bater, rebater, girar; as capacidades físicas exigidas pelos movimentos, como a força e a potência muscular, a agilidade, a flexibilidade, o equilíbrio, o tempo de reação; a relação com o ambiente físico no qual praticaram; e como foi organizar a equipe para conseguir defender e enviar a bola para o outro lado.
Observe e registre as aprendizagens referidas pelos estudantes, intervindo nas suas colocações quando julgar necessário. Proceda da mesma forma em relação à atividade adaptada. É importante que valorizem a inclusão, utilizando as aprendizagens para adaptar as práticas a fim de que todos participem, independentemente das limitações, incentivando além da inclusão, o combate ao preconceito com relação aos padrões estéticos.
As adaptações também são importantes para as práticas das modalidades em outros ambientes fora da escola.
Registrando
Oriente-os a realizar uma pesquisa completa sobre a modalidade com relatos pessoais. A pesquisa sobre a modalidade deve conter: os principais movimentos do voleibol; a sua origem; como chegou ao Brasil; as diferenças entre o voleibol de quadra e o voleibol de areia.
Sugerimos que inclua algumas perguntas cujas respostas sejam pessoais, como: Que alterações nas regras e nos materiais podem ser feitas para deixar a atividade mais prazerosa e justa? Em relação ao trabalho em equipe, respeito ao adversário e respeito às regras, vocês acham que fizeram um bom trabalho? O que acharam de praticar a atividade sentados? Vocês acreditam que, além de jogar minivoleibol, uma pessoa com necessidade especial pode praticar outros esportes e participar de outras atividades da vida cotidiana? Os esportes podem ser acessíveis e praticados por todos?
Avaliação
Proponha aos estudantes que formem duplas. Peça-lhes que compartilhem as pesquisas entre si e façam uma avaliação da pesquisa do colega, observando se as perguntas foram respondidas de modo compreensível. Eles devem observar também se as pesquisas dos colegas trouxeram algo diferente em relação à deles e anotar, verificando com o professor e a turma o motivo dessa distinção. Devem dialogar com os colegas sempre de modo a entender o que foi pesquisado, perguntando a eles sobre pontos que não compreenderam ou que julgaram incompletos. Podem também dialogar sobre as respostas pessoais e verificar as diferenças de opiniões. Nesse procedimento, é importante que não façam julgamentos dos outros, mas que percebam as diferenças de opiniões pessoais, respeitando-as. Os estudantes devem entregar um relatório de avaliação sobre o trabalho dos colegas com as próprias produções. Compile novamente os registros dos estudantes para compor uma avaliação final das aprendizagens do 3º ano sobre os esportes.
Prática 3: TAG RUGBY
Conhecendo a prática corporal
Nos esportes de invasão, as equipes tentam invadir a área defendida pelos adversários para marcar pontos, gols e cestas, como no caso do futebol e do futsal, dois esportes entre os mais conhecidos em nosso país.
Apresente aos estudantes modalidades que fazem parte dessa dinâmica de jogo, como o basquetebol, o futebol e o Rugby.
MP034
LEGENDA: Basquetebol. Seleção brasileira de basquete feminino durante o Torneio de Qualificação Olímpica Feminina da Fiba, França, 2020. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Futebol. Seleção brasileira durante a Copa do Mundo na Rússia, 2018. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Rugby. Seleção brasileira de rugby feminino durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, 2016. FIM DA LEGENDA.
Para a vivência dessa modalidade sugerimos uma atividade que utiliza as mãos, o tag rugby, uma tipificação do rugby.
O rugby apresenta conceitos táticos básicos, pois trata-se de um jogo com uma bola oval cujo objetivo é cruzá-la na linha final da defesa adversária e impedir que o adversário faça o mesmo.
É uma modalidade muito praticada na Europa, na Oceania, na Argentina e na África do Sul, e vem crescendo no Brasil.
Conheça algumas regras básicas do esporte, baseadas no site da Confederação Brasileira de Rugby: 4
- O esporte é praticado por onze jogadores em cada equipe, os quais tentarão levar uma bola até a área do adversário para tentar o try, que tem o mesmo significado do touchdown no futebol americano.
- A equipe pode realizar o tackle, que é a derrubada do adversário para interromper um ataque, obter a posse de bola e contra-atacar.
- Os passes só podem ser feitos para o lado e para trás.
- Outra forma de pontuar é o chute a gol, em uma trave em forma de “H”.
Para facilitar a compreensão, você pode exibir um vídeo disponível em: http://fdnc.io/fbk. Acesso em: 5 abr. 2021.
Como diferenciação desse grupo de modalidades, a ação tática está inclusa nessas experiências durante toda a partida, incentivando os estudantes para a resolução de problemas que aparecem nas mais diversas situações.
LEGENDA: Tag rugby. Aviva Premiership Rugby, Inglaterra, 2012. FIM DA LEGENDA.
Proponha aos estudantes algumas questões para que reflitam durante a prática e respondam a elas ao final:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Como pode ser feita a organização da equipe para atacar e defender?
Quais movimentos podem ser realizados durante o jogo?
Quais são as principais capacidades físicas solicitadas?
Como se devem tratar os companheiros e adversários em situação de jogo?
Por que é importante seguir as regras do jogo?
Quais são as diferenças entre os movimentos do esporte de invasão e os outros esportes que experimentaram?
Fim do complemento.
Nota de rodapé: 4 BRASIL RUGBY (Confederação Brasileira de Rugby). Conheça o esporte. Disponível em: http://fdnc.io/fbm. Acesso em: 25 abr. 2021. Fim da nota.
MP035
Como dica, solicite aos estudantes que escrevam as palavras que não conhecem para compor a pesquisa do momento de registro e avaliação, como meio de ampliar o vocabulário.
Vivenciando a prática corporal
Materiais: bola oval (ou outro objeto), fitas coloridas e fita crepe ou giz, para demarcações da quadra.
Organize equipes de mais ou menos cinco atletas, ajustando-as de acordo com o número de estudantes e a disponibilidade de espaço.
Para diferenciar as equipes, prenda fitas de cores distintas nas laterais da cintura dos jogadores. As fitas precisam ser grandes e penduradas tanto do lado direito quanto do lado esquerdo, pois no tag rugby, em vez de derrubar o adversário, a ideia é que, ao se retirar a fita de um oponente, a ação seja equivalente a bloquear a jogada.
Para iniciar a experimentação, pontue com os estudantes algumas regras básicas, principais jogadas e objetivos do tag rugby.
Quadro: equivalente textual a seguir.
Regras básicas do tag rugby Duração do jogo: 10 minutos (5’ × 5’ com 1’ de intervalo). Pontuação: cada try /ensaio vale 1 ponto. Jogadores: cinco a sete jogadores por equipe. |
Veja algumas jogadas do tag rugby:
LEGENDA: Pontapé para o início do jogo. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Passe de bola. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Tag – retirada da fita para interromper a progressão do ataque adversário.
LEGENDA: Try ou ensaio – objetivo do jogo de chegar à área do adversário. FIM DA LEGENDA.
Caso haja disponibilidade de espaço para apenas duas equipes jogarem por vez, amplie o revezamento entre elas, diminuindo o tempo do jogo, ou propondo aos estudantes que analisem os movimentos dos colegas para responder às perguntas geradoras.
Neste site você encontra um manual do professor para a prática do tag rugby, elaborado pela Confederação Brasileira de Rugby: http://fdnc.io/fbn. Acesso em: 5 abr. 2021.
MP036
Dialogando sobre a prática
Retome as perguntas realizadas antes da atividade, possibilitando aos estudantes que verbalizem as próprias impressões. Produza um relatório de observação de acordo com o que verificou durante as práticas e as falas deles. É importante que os estudantes percebam as diferenças entre os elementos comuns dos esportes, possam relatar as próprias preferências e o que precisam fazer para contribuir para o desenvolvimento do jogo, como o respeito às regras, ao adversário e à equipe.
Prossiga com indagações sobre as diferenças entre as exigências físicas dos esportes, a complexidade de regras e de movimentações, as adaptações aos espaços e materiais que podem ser aplicadas.
Registrando
Como registro, oriente os estudantes a compor uma produção escrita sobre as impressões que tiveram em relação ao esporte de invasão praticado e a comparação dele com os outros modelos de esporte.
Avaliação
A avaliação para essa unidade pode ser composta de um portfólio que reúna: as suas anotações e as observações dos estudantes durante as práticas; a entrega das pesquisas e da entrevista; os relatórios de avaliação por pares e o relato de comparações entre os modelos de esporte. É possível, inclusive, propor a eles um modelo de avaliação formal, conforme sugerido a seguir.
Depois de os estudantes vivenciarem os esportes de taco e campo, rede e invasão, destaque as diferenças quanto aos esportes de marca e precisão, vivenciados no 1º e 2º anos, em que as tarefas geralmente tinham características fechadas, ou seja, apenas um padrão de resposta. Para os três grupos de modalidades abordadas, grande parte das tarefas é aberta, ou seja, eles têm de fazer escolhas em situações com mais de um padrão de resposta.
Quadro: equivalente textual a seguir.
ESPORTES DE CAMPO E TACO/REDE/INVASÃO
1. Identifique as características de cada modalidade esportiva vivenciada nas aulas de Educação Física. Informe, na coluna do lado direito, a que modalidade as características apresentadas se referem.
(A) Campo e taco
(B) Rede
(C)Invasão
( ) Arremessar a bola na área do adversário, impossibilitando que ele a rebata.
( ) Invadir a área do adversário, levando a bola até o gol para marcar pontos.
( ) Rebater a bola lançada o mais longe possível e percorrer o maior número de vezes as bases até o adversário recuperar o controle da bola.
2. Identifique o que os três esportes (tacobol, minivoleibol e tag rugby) têm em comum. Marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso.
( ) Não são jogados em equipes ou duplas.
( ) Exigem estratégias de como vencer o adversário.
( ) Utilizam uma bola como objeto do jogo.
3. Em quais situações as capacidades físicas são importantes? Cite um exemplo em um esporte que praticou e um exemplo do seu dia a dia.
Velocidade
Esporte: _____
Dia a dia: _____
Força muscular
Esporte: _____
Dia a dia: _____
Agilidade
Esporte: _____
Dia a dia: _____
Equilíbrio
Esporte: _____
Dia a dia: _____
4. Proceda da mesma maneira em relação aos conceitos abaixo. Cite um exemplo de um esporte que praticou e um exemplo do seu dia a dia.
Respeito às regras
Esporte: _____
Dia a dia: _____
Respeitar o(s) colega(s)
Esporte: _____
Dia a dia: _____
Trabalho coletivo
Esporte: _____
Dia a dia: _____
LEGENDA: Modelo de avaliação. FIM DA LEGENDA.
MP037
Boxe complementar:
NÃO PARE POR AQUI
As atividades apresentadas são algumas possibilidades para a prática das modalidades esportivas de campo e taco, rede/parede e invasão, mas várias outras podem ser utilizadas, lembrando-se sempre de elaborá-las com base nas dimensões do conhecimento da Educação Física e observando o desenvolvimento das competências tanto as gerais quanto as específicas de Educação Física e suas habilidades.
As atividades sugeridas podem ser adaptadas de acordo com a estrutura física escolar, a disponibilidade de materiais e a diversidade dos estudantes, garantindo a oportunidade de vivência para todos.
Pode-se pesquisar e encontrar informações em:
Associação Brasileira de Críquete: http://fdnc.io/dLL. Acesso em: 5 abr. 2021. Confederação Brasileira de Rugby: http://fdnc.io/fbm. Acesso em: 5 abr. 2021. Confederação Brasileira de Voleibol (CBV): http://fdnc.io/fbo. Acesso em: 5 abr. 2021.
Esporte de campo e taco: http://fdnc.io/fbp. Acesso em: 5 abr. 2021.
Esporte de invasão: http://fdnc.io/fbq. Acesso em: 5 abr. 2021.
Esporte de rede e parede: http://fdnc.io/fbr. Acesso em: 5 abr. 2021.
GALLAHUE, David L. et al. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. Porto Alegre: AMGH, 2013.
REVERDITO, Riller Silva; SCAGLIA, Alcides José. Pedagogia do esporte: jogos coletivos de invasão. São Paulo: Phorte Editora, 2020.
SADI, Renato Sampaio et al. Pedagogia do esporte. Brasília: Ed. da UnB/MEC, 2004.
Fim do complemento.
MP038
3 º ANO
UNIDADE 3. GINÁSTICAS
LEGENDA: Pirâmide humana composta de crianças. Fotografia de 2006. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Habilidades e competências presentes nesta unidade
(EF35EF07) Experimentar e fruir, de forma coletiva, combinações de diferentes elementos da ginástica geral (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais), propondo coreografias com diferentes temas do cotidiano.
(EF35EF08) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios na execução de elementos básicos de apresentações coletivas de ginástica geral, reconhecendo as potencialidades e os limites do corpo e adotando procedimentos de segurança.
Competências Gerais: 1, 2, 3, 4, 7, 8, 9 e 10
Competências de Educação Física: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8 e 10
Fim do complemento.
Objetivos
- Experimentar e fruir diversos movimentos combinados das ginásticas.
- Criar coreografias, planejando e utilizando estratégias para as composições e as execuções.
- Praticar os movimentos das ginásticas, conhecendo e respeitando as regras de segurança.
- Desenvolver o senso de coletividade.
- Apreciar e valorizar diferentes práticas de ginásticas em grupo.
MP039
CONVERSANDO SOBRE GINÁSTICAS
As ginásticas se desenvolveram de modo mais contundente na Grécia antiga. Ao longo da história, a ginástica ganhou diversos significados de acordo com as necessidades para as quais era direcionada, como a preparação ou a recuperação do corpo, o condicionamento físico, o relaxamento, o lazer, a saúde, tornando-se, inclusive, uma modalidade competitiva.
As práticas pedagógicas da ginástica nas escolas devem propor uma abordagem não competitiva, normalmente distribuindo colchonetes às crianças e ensinando-lhes movimentos como equilíbrios, saltos, giros e acrobacias, pois estudantes dos anos iniciais possuem menos repertório motor.
No entanto, à medida que crescem, as crianças ultrapassam a fase prioritariamente egocêntrica e heterônoma, direcionando-se à ampliação do olhar sobre o mundo, de sua independência e do progressivo senso de alteridade. Sob esse prisma, as ginásticas enfatizam as formações coletivas e suas inúmeras possibilidades de combinações dos elementos básicos característicos da ginástica.
No 3º ano do Ensino Fundamental, a unidade de ginástica engloba a ginástica geral, também chamada de ginástica para todos, realizada de maneira, prioritariamente, coletiva. Assim, as produções dos estudantes são em grupos, passando do conhecer e experimentar acrobacias ao criar variações e apresentar-se para os colegas.
Dessa maneira, as práticas corporais coletivas como as pirâmides humanas e o malabarismo circense são possibilidades para experimentar tais aprendizagens nas aulas.
No malabarismo, os indivíduos tentam manusear com destreza diferentes objetos como claves, bolas, facas, chapéus, argolas, que são arremessados e recuperados sem cair no chão. O impacto visual causado por tais proezas fascina os espectadores.
O mesmo acontece nas formações de figuras acrobáticas, popularmente conhecidas como pirâmides humanas, acrobacias coletivas que envolvem o equilibrar-se sobre o outro e o unir forças para suportar o peso sobre si. A pessoa que fica embaixo é a base da pirâmide, e os que sobem são os intermediários e os volantes. A interação e a cooperação são fundamentais para a boa sustentação dessa formação.
É importante considerar que, apesar de a Educação Física nessa faixa etária ser, prioritariamente, focada no âmbito do saber fazer os movimentos, os processos de contextualização sobre a prática da ginástica são necessários.
Existe um potencial expressivo presente na prática ginástica, visando ao poder transformador nas relações corporais e colaborativas.
A próxima seção trará algumas práticas de ginástica geral em grupo. Dentro de cada prática, há sugestões de elementos para a construção de roteiros de aula que podem ser adaptados e contextualizados de acordo com cada realidade educacional.
PRATICANDO GINÁSTICAS
Prática 1: PIRÂMIDES HUMANAS
Conhecendo a prática corporal
A pirâmide do psiquiatra estadunidense William Glasser 1 (1925-2013) mostra como nosso cérebro guarda as informações, enfatizando que metodologias passivas, como apenas ler e escutar, trazem baixa porcentagem de assimilação e retenção de conteúdo. Por outro lado, nas metodologias ativas, esse número aumenta significativamente, indicando que no discutir, fazer e ensinar há um impacto extremamente positivo na aprendizagem.
Nessa perspectiva, participar da prática corporal das pirâmides humanas proporciona uma possibilidade grande de aprendizagens sólidas além do ouvir, ler ou fazer, alcançando o interagir, criar e ensinar o outro.
Nessa prática, os estudantes do 3º ano experimentarão elementos acrobáticos circenses realizados coletivamente, tendo a oportunidade de ser a base, o intermediário e o volante das pirâmides propostas, criando novas possibilidades de formações corporais com mais de um participante.
O poder lúdico dessas atividades é tão grande quanto a imprescindível necessidade de estabelecer regras de segurança.
Incentivar os estudantes a ultrapassar barreiras e a vencer medos, mesmo que lhes falte experiência, é parte da tarefa do professor. Além disso, é importante adequar o grau de dificuldade das práticas ginásticas sugeridas a fim de criar um ambiente de aprendizagem motivador e estimulante para todos, não esquecendo o aspecto colaborativo entre os estudantes, fortalecendo vínculos e propiciando práticas significativas.
Antes de começar, propomos que se façam perguntas disparadoras para avaliar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre as pirâmides humanas.
Com essa reflexão, verifique se os estudantes começam a identificar as acrobacias coletivas presentes em alguma atividade que já viram, assim como a imaginar como seria atuar como integrante dessas experiências corporais.
Nota de rodapé: 1. William Glasser pôs em prática a teoria da escolha para a educação, propondo que o estudante aprenda por meio da prática, não tentando memorizar, porque a maioria dos estudantes esquece o que tentou decorar. Fim da nota.
MP040
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Vocês já tentaram subir nas costas de alguém ou carregaram um colega de “cavalinho”?
Em quais lugares vocês já viram pirâmides humanas?
Como vocês se sentem ao pensar em demonstrar formações de figuras ginásticas realizadas em grupo para outros colegas da turma ou da escola?
Fim do complemento.
O processo de escolha de equipes de trabalho é muito importante. Um pouco de liberdade nas escolhas é sempre interessante, mas é preciso fazer mediações a fim de evitar acidentes, como no caso de uma criança com peso corporal mais elevado apoiar-se na coluna vertebral de outra mais leve. Atente à formação dos trios e grupos e interfira, se necessário.
Nesse tópico, os aspectos sobre as dimensões corporais e o respeito às individualidades vêm à tona e devem ser discutidos amplamente, em um esforço para uma reflexão contra preconceitos. O professor tem papel essencial de antecipar e intervir.
Após formarem trios ou grupos e compartilharem as experiências prévias, sugerimos apresentar imagens e/ou vídeos previamente escolhidos com formações de pirâmides.
Mostre aos estudantes a figura a seguir e apresente as funções dos participantes em uma pirâmide, permitindo que percebam qual função seria ideal para cada um.
LEGENDA: Funções dos participantes na pirâmide humana. FIM DA LEGENDA.
Apresente aos estudantes, então, imagens como as seguintes, com várias possibilidades de acrobacias coletivas, e oriente-os a identificar em cada uma delas as funções de volante, intermediário e base para que os papéis fiquem evidentes.
LEGENDA: Acrobacias em trio, quarteto e quinteto. FIM DA LEGENDA.
MP041
Então, pergunte aos estudantes:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Quais habilidades são requeridas em cada função?
Qual vocês acham que seria mais apropriada para vocês? Por quê?
Vocês acham que ter a função de base é mais difícil do que estar no topo?
O que acontecerá com quem estiver em cima, se a base se desfizer?
Que medidas/atitudes temos de adotar para que a pirâmide funcione com sucesso?
Observando as figuras, vocês sabem dizer quem é a base? E o intermediário? E o volante?
Fim do complemento.
Por razões biomecânicas, para estabilizar as pirâmides, o indivíduo da base é o mais pesado e forte, o intermediário tem agilidade e versatilidade, enquanto o volante é mais leve e tem relativa coragem para ficar no topo. Mas essas características não limitam a participação de todos na escola, pois o professor deve selecionar as figuras mais simples e com maiores possibilidades de alterar papéis para que todos possam experimentar todas as funções.
Você pode exibir para a turma alguns vídeos para ilustrar, expandir conhecimentos e fruir:
Ginástica acrobática: http://fdnc.io/fbs. Acesso em: 23 mar. 2021.
Cirque du Soleil (30 min 20 s a 31 min 01 s): http://fdnc.io/fB4. Acesso em: 25 jun. 2022.
A animação disponível em: http://fdnc.io/fbu (acesso em: 23 mar. 2021) é uma maneira divertida de envolver as crianças na cultura de cooperação para fortalecer o grupo quanto ao cuidado consigo e com os outros.
Vivenciando a prática corporal
Pirâmides em trios, quartetos e quintetos
Material: forrar o chão com colchonetes ou tatames é opcional para trazer mais conforto, porém qualquer piso liso ou gramado pode ser utilizado.
Em um espaço adequado para iniciar a prática, proponha aos estudantes um aquecimento articular, especialmente focado no pescoço, nos punhos, nos ombros, nos quadris e nos joelhos.
Inicie pela formação em trios com integrantes de estruturas físicas semelhantes para equilibrar os pesos e as forças.
Agora sugira-lhes um desafio: um dos integrantes do trio não poderá tocar mais o chão. Deixe que explorem todas as possibilidades de pirâmides. Recomende que alterem as funções dos participantes: base, intermediário e volante.
A montagem das pirâmides humanas tem duas fases: o monte e o desmonte. O subir chama-se monte, com o contato inicial com os colegas, e o desmonte é a descida, quando o volante perde esse contato.
Para garantir a segurança nessa prática corporal, procure:
- Ficar perto dos estudantes nas primeiras tentativas, assegurando que poderão realizar a prática com autonomia.
- Estimular que executem todos os movimentos lentamente, ganhando confiança e competência a cada tentativa.
- Ensinar as pegas adequadas para cada figura montada.
- Discutir os locais corretos para se apoiar nos colegas, evitando machucá-los, conforme indicação da figura a seguir.
LEGENDA: Pegas de acrobacias: pegas simples, de punho, entrelaçadas, pé/mão. FIM DA LEGENDA.
MP042
Usualmente, quanto maior o número de partes em contato com o chão a base tiver, mais fácil é realizá-la. Procure as que mais se adequarem à realidade da escola. A seguir há algumas sugestões das pirâmides mais apropriadas para crianças de 3º ano pela simplicidade e pelas facilidades biomecânicas.
Pirâmide em seis apoios: as bases executam a posição de seis apoios (mãos, joelhos e pés) e o volante faz o monte por trás, posicionando-se também em seis apoios ou em pé. Deve-se realizar tudo lentamente e apoiar-se na região sacral (parte baixa da coluna vertebral), ou na escapular (próximo aos ombros). A base deve evitar fazer a hiperextensão da coluna lombar, e todos devem deixar o corpo bem firme pela contração muscular e o olhar fixo em um ponto à frente.
LEGENDA: Pirâmide em seis apoios. FIM DA LEGENDA.
Beliche de três andares: a base deita-se com os pés apoiados no chão e os braços elevados apoiando as mãos nas escápulas do intermediário. O intermediário deita-se sobre a base e senta-se sobre os seus joelhos. No nível inicial, o volante sobe em pé sobre as coxas do intermediário. Deve-se executar tudo lentamente, atentando-se aos apoios e à postura firme e concentrada.
LEGENDA: Beliche de três andares. FIM DA LEGENDA.
Pirâmide meia altura: as bases ficam em pé, com os joelhos levemente flexionados, e o volante fica entre as bases. Na fase do monte, o volante apoia um dos pés na coxa de uma das bases, dá um impulso e estende quadris e joelhos, permanecendo em uma postura esticada sobre as bases, enquanto elas fazem um suporte entrelaçando os punhos atrás do volante para lhe dar equilíbrio.
LEGENDA: Pirâmide meia altura. FIM DA LEGENDA.
Banquinho: dois estudantes como base fazem a pegada nos punhos, entrelaçando-os, e o volante senta sobre esse apoio.
LEGENDA: Banquinho. FIM DA LEGENDA.
MP043
Apresente aos estudantes variações de pirâmides em trios, quartetos e quintetos, respeitando os limites de cada criança e enfatizando suas potencialidades para a inclusão de espacates, paradas de mãos e pontes.
Mostre-lhes algumas imagens para que tentem reproduzi-las.
LEGENDA: Pirâmides em trios. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Pirâmides em quintetos. FIM DA LEGENDA.
Dialogando sobre a prática
Ao final das experiências, reúna os estudantes em roda e converse sobre as práticas das pirâmides humanas.
Pergunte-lhes: Quais foram suas atividades preferidas? O que vocês sentiram ao ser o volante nas acrobacias coletivas? Qual função vocês preferem nas pirâmides: base, intermediário ou volante? Quais capacidades físicas vocês utilizaram na função que assumiram? Como foi o trabalho em grupo? Vocês notaram que cada pessoa tem uma importância de acordo com suas características? Qual é a importância da segurança e do cuidado consigo mesmo e com o outro durante a prática? Reflita com os estudantes como cada um é importante e necessário, de acordo com suas características, reforçando a autoaceitação e a apreciação dos colegas.
Deixe-os verbalizar as próprias impressões, ressaltando o respeito às diferenças e ao gosto pessoal. O diálogo exercita a comunicação, a argumentação e a fluência oral.
Registrando
Como registro, proponha aos estudantes que elaborem, criem e apresentem uma coreografia coletiva.
Organize a turma em grupos de quatro a seis integrantes e proponha a elaboração de uma pequena coreografia composta de duas a três pirâmides humanas realizadas em série. Os grupos devem planejar quais acrobacias coletivas pretendem fazer. Os registros devem ser compostos de escrita e desenho das pirâmides, com o papel de cada um na formação. Os registros e as experimentações das pirâmides devem ocorrer sob o acompanhamento do professor, que precisa verificar a segurança das propostas.
Valorize o processo de criação e recriação das coreografias coletivas, incentivando a criatividade, pois isso leva os estudantes a construir o próprio conhecimento, ampliar o repertório, testar possibilidades e adquirir autonomia dentro de um grupo.
Ao final, sugira um dia de apresentações dos grupos proporcionando um momento de apreciação das produções dos colegas.
Além dos registros de planejamento, procure tirar fotografias do processo de criação e das apresentações, construindo um portfólio contendo o objetivo da prática, a fase inicial, o desenvolvimento e o resultado alcançado por grupo.
Avaliação
Em posse do portfólio, faça as observações necessárias, retornando de maneira escrita as suas percepções em relação aos estudantes. Possibilite que, se tiverem dúvidas, façam questionamentos acerca do que escreveu para que compreendam os componentes da avaliação.
Prática 2: O CIRCO CHEGOU!
Conhecendo a prática corporal
Nesta atividade, vamos propor práticas de malabarismo. Inicie questionando os estudantes sobre o que entendem por malabarismo, se já viram pessoas manipularem objetos fazendo malabarismos, se já experimentaram a prática, se consideram os movimentos fáceis ou difíceis.
MP044
Com base nessas constatações, aprofunde algumas reflexões sobre o malabarismo e a possibilidade de praticá-lo na escola.
A modalidade de manusear diferentes objetos no ar, utilizando partes variadas do corpo, não está somente vinculada ao circo, mas também a artistas de rua, ginastas, dançarinos e atores.
Os malabaristas demonstram muita habilidade porque, para manter os objetos no ar, necessitam praticar por muitas horas diárias e por muitos anos. Não existe um segredo ou talento para ser um bom malabarista, pois a habilidade é adquirida pela prática constante.
Apresente essa tradição cultural aos estudantes, enfatizando o aspecto artístico admirável do malabarismo, a estética, o ritmo sincronizado dos movimentos que quase parecem uma dança e a possibilidade de diversão ao assistir a apresentações ou praticar nos momentos de lazer.
Mostre-lhes a variedade de tipos de malabarismo: com bolinhas, argolas ou arcos, claves, diabolôs, bastões, lenços, chapéus, pratos, barangandões, entre outros instrumentos.
LEGENDA: Claves. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Argolas. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Bastões. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Diabolôs. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Lenços. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Pratos. FIM DA LEGENDA.
MP045
LEGENDA: Bolinhas. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Swing poi ou barangandões. FIM DA LEGENDA.
Para enriquecer ainda mais o conhecimento, exiba para os estudantes um vídeo para que possam fruir espetáculos de malabarismo, como este disponível em: http://fdnc.io/fbv. Acesso em: 23 mar. 2021.
Sugerimos a divisão dessa prática em duas aulas: uma para a produção dos malabares e outra para experimentação.
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Alguém já viu alguma apresentação de malabarismo? Onde?
Vocês acham fácil manipular e equilibrar vários objetos ao mesmo tempo? De quais habilidades precisamos para isso?
É possível reutilizar sucatas e objetos em desuso para construir malabares? Que tipos de material poderiam ser empregados?
Fim do complemento.
Vivenciando a prática corporal
Para a construção de malabares com material reciclável, não se esqueça de preparar os materiais ou solicitá-los aos estudantes com antecedência, de acordo com a quantidade necessária.
Vejamos o passo a passo para algumas confecções.
Bolas
Materiais: bexiga, saco plástico, tesoura de pontas arredondadas e sementes.
Passo a passo:
- Encha um saquinho com sementes; pode ser de pipoca, em uma proporção em que o saquinho caiba na palma da mão da criança.
- Corte a ponta de duas bexigas.
- Encape o saquinho de sementes com uma bexiga.
- Encape mais uma vez com outra bexiga, pelo lado oposto do primeiro encape.
LEGENDA: Bolinhas feitas de material reutilizável. FIM DA LEGENDA
Claves
Materiais: garrafa PET do tamanho de uma garrafa de água de 500 mL, cano de PVC de aproximadamente 30 cm de comprimento, com largura suficiente para que entre pela boca da garrafa, e fita-crepe.
Passo a passo:
- Insira o tubo de PVC na garrafa e fixe o bocal com fita-crepe.
- Encaixe a tampinha da garrafa na extremidade do tubo que ficou para fora da garrafa e fixe com fita-crepe.
- É opcional revestir com fita adesiva colorida.
MP046
LEGENDA: Claves feitas de material reutilizável. FIM DA LEGENDA.
Barangandão
Materiais: papel crepom, tesoura de pontas arredondadas, grampeador, folhas de revista e barbante.
Passo a passo:
- Corte fitas de crepom de 70 cm de comprimento e 4 cm de largura.
- Coloque as pontas das tiras uma por cima da outra e grampeie-as.
- Dobre uma folha de revista em formato de uma sanfona e grampeie uma das extremidades às fitas de crepom, unindo-a à extremidade em que as fitas estejam fixas e grampeadas.
- Enrole a sanfona, formando um rolinho, e grampeie para que ele não se desfaça.
- Corte um pedaço de barbante de 70 cm a 80 cm de comprimento, passe-o pelo rolinho e amarre, deixando sobrar fio para servir de pega.
- Faça uma argolinha no barbante e dê um nó, de modo que caiba o encaixe no dedo indicador.
LEGENDA: Barangandão feito de material reutilizável. FIM DA LEGENDA.
Arcos
Material: papelão, tesoura de pontas arredondadas e fita adesiva.
Passo a passo:
- Desenhe no papelão um círculo com 28 cm de diâmetro.
- Desenhe dentro dele um círculo com 25 cm.
- Recorte o aro.
- Encape com fita adesiva ou durex colorido para dar firmeza e decorar.
LEGENDA: Arcos feitos de material reutilizável. FIM DA LEGENDA.
Lenços
Materiais: tesoura de pontas arredondadas e tule.
LEGENDA: Lenços feitos de material reutilizável. FIM DA LEGENDA.
Passo a passo:
- Recorte o tecido (tule) na forma de um quadrado de 50 cm × 50 cm.
- Pegue-o exatamente pelo ponto central.
MP047
Distribua os objetos e atente para que comecem a manipulá-los apenas com uma mão, jogando-os para cima e recuperando-os, aumentando a destreza. Depois, devem experimentar com a outra mão. Treinem jogando de uma mão para a outra e, por fim, pratiquem com três objetos.
Antes de propor desafios aos estudantes, deixe-os explorar livremente tudo o que podem criar com os materiais.
Utilize movimentos variados, como arremessos unilaterais, alternados, cruzamento à frente do corpo de uma mão para outra, passada por baixo da perna, giros nos dedos, lançamentos em duplas ou quartetos formando um “X” no ar, entre outros.
É importante manter a postura do corpo ereta e os olhos em contato direto com os objetos, ajustando o ritmo, a força e a velocidade de lançamento.
Dialogando sobre a prática
Ao fim das experiências, retome as questões geradoras e pergunte-lhes: Com qual das mãos foi mais fácil manusear o objeto, a direita ou a esquerda? Qual dos objetos foi mais fácil de manusear? Quais habilidades foram requeridas para obter sucesso na prática?
Pergunte ainda sobre a experiência de confeccionar os malabares: Como foi criar os próprios malabares? Vocês acreditam que muitas vezes compramos objetos prontos que poderíamos construir em casa com material que já temos? O que vocês pensam sobre consumismo? Como podemos analisar se precisamos comprar algo ou não? O consumismo prejudica o meio ambiente? O que podemos fazer para colaborar para a preservação do planeta?
Peça aos estudantes que, após a discussão, anotem as próprias respostas no caderno. Esse procedimento exercita a fluência oral e a produção de texto.
Registrando
Proponha aos estudantes que ponham em prática o que aprenderam produzindo um show de circo, no qual cada estudante ou grupo de estudantes apresentará uma atração composta de uma sequência de movimentos com os malabares construídos.
A produção deve incluir também outras tarefas, como tirar fotografias ou fazer vídeos; criar um roteiro de apresentação; escolher as músicas e as falas do apresentador; distribuir os materiais durante a execução da sequência coreográfica, entre outras.
Crie um ambiente colaborativo, enfatizando a importância de que cada um tenha uma função e, ao mesmo tempo, respeitando os limites e as potencialidades de cada indivíduo. Depois, organize uma exposição com fotografias e com os objetos produzidos.
Sugira aos estudantes que se autoavaliem durante o processo, registrando como foi o próprio empenho de acordo com as tarefas propostas, qual foi a contribuição de cada um para a produção do show, se pediram ajuda aos colegas e se ofereceram ajuda quando necessitaram.
Avaliação
Componha a avaliação utilizando: os registros produzidos pelos estudantes após os diálogos, as observações que fez das produções dos estudantes e o relatório de autoavaliação deles. É importante que eles tenham um retorno após a sua avaliação, seja por escrito, seja em um diálogo aberto, no qual todos possam ouvir as suas considerações.
Boxe complementar:
NÃO PARE POR AQUI
De acordo com os recursos disponíveis na estrutura escolar, é possível ampliar ou adaptar as atividades sugeridas, a fim de assegurar oportunidades adequadas de aprendizagem para todos os estudantes, pensando nos processos de inclusão e cooperação. É importante considerar as dimensões do conhecimento da Educação Física, as competências do componente e as gerais.
A seguir há outros materiais de consulta:
Ginástica acrobática: http://fdnc.io/fbw. Acesso em: 19 mar. 2021.
Confecção de malabares:
Argolas: http://fdnc.io/fbx. Acesso em: 25 jun. 2022.
Barangandão: http://fdnc.io/fby. Acesso em: 25 jun. 2022.
Bolas: http://fdnc.io/fbz. Acesso em: 19 mar. 2021.
Claves: http://fdnc.io/fbA. Acesso em: 19 mar. 2021.
Publicações e download gratuito de livros sobre o circo na escola: http://fdnc.io/fbB. Acesso em: 19 mar. 2021.
AYOUB, Eliana. Ginástica geral e a Educação Física escolar. 3ª ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2018.
BORTOLETO, Marco; PINHEIRO, Pedro. Jogando com o circo. Várzea Paulista: Fontoura, 2010.
BORTOLETO, Marco; PAOLIELLI, Elisabeth. Ginástica para todos: um encontro com a coletividade. Campinas: Editora da Unicamp, 2018.
NUNOMURA, Myrian. Fundamentos das ginásticas. 2ª ed. Várzea Paulista: Fontoura, 2016.
Fim do complemento.
MP048
3 º ANO
UNIDADE 4. DANÇAS
LEGENDA: Crianças dançando. Fotografia de 2018. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Habilidades e competências presentes nesta unidade
(EF35EF09) Experimentar, recriar e fruir danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana, valorizando e respeitando os diferentes sentidos e significados dessas danças em suas culturas de origem.
(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos) em danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana.
(EF35EF11) Formular e utilizar estratégias para a execução de elementos constitutivos das danças populares do Brasil e do mundo, e das danças de matriz indígena e africana.
(EF35EF12) Identificar situações de injustiça e preconceito geradas e/ou presentes no contexto das danças e demais práticas corporais e discutir alternativas para superá-las.
Competências Gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 8, 9 e 10
Competências de Educação Física: 1, 2, 6, 7, 8 e 10
Fim do complemento.
Objetivos
- Experimentar e comparar os elementos constitutivos das danças do Brasil, do mundo, de matrizes africanas e indígenas.
- Perceber as diferenças e as semelhanças entre as danças brasileiras, do mundo, indígenas e africanas.
- Utilizar estratégias para a experimentação da dança, de modo a superar preconceitos em relação à sua prática.
- Elaborar estratégias em conjunto para resolver os desafios impostos pelas danças.
MP049
CONVERSANDO SOBRE DANÇAS
Parece uma mágica: quando uma música começa a tocar, naturalmente o corpo se movimenta sozinho ao ritmo do som. Pequenas marcações corporais involuntárias começam a se esboçar, surge um clima de espontaneidade no ar e, pronto, o ritmo deixa o ambiente descontraído e cheio de energia.
Não importa a nomenclatura: dançar, bailar ou mover o corpo de acordo com o ritmo, as danças são um patrimônio histórico-cultural da humanidade que atravessa os tempos e envolve as pessoas de maneira única.
Pensar no processo de construção das danças, ou seja, onde surgiram, quais influências e modificações sofreram ao longo do tempo e onde continuam a ser uma tradição, e valorizar suas contribuições para os dias atuais são reflexões essenciais para os estudantes fazerem no ambiente escolar.
Estudar, experimentar, refletir e valorizar as danças do Brasil e do mundo e as de matrizes africana e indígena constituem o eixo dessa unidade, que apresenta aos estudantes os ritmos peculiares de cada cultura. Não se trata de copiar movimentos prontos coreografados; pelo contrário, a ideia é conhecer e fruir diferentes ritmos, compreendendo o movimento como forma de expressão e comunicação.
Ao conhecer culturas e ritmos diferentes, expressos por meio das danças que representam cada povo, os estudantes têm a oportunidade de se conectar com o conhecimento e expressá-lo por meio dos gestos e movimentos corporais.
Quando um estudante é desafiado a perceber os movimentos de uma dança, é preciso que compreenda uma série de processos: em que momento e como eles acontecem, em que ordem aparecem, em quais velocidades, quais são as sequências que se repetem e, principalmente, como os praticantes se movem revela o que a dança expressa acerca de determinada cultura, por meio de seus gestos.
Não se pode perder de vista que experimentar os diversos movimentos de danças deve fazer parte da aprendizagem, como um elemento fundamental de vivência do dançar com significado, com reflexões e com respeito às diferentes culturas.
PRATICANDO DANÇAS
Prática 1: O BRASIL TODO DANÇA!
Conhecendo a prática corporal
No Brasil todo, todo mundo dança! Cada região possui a sua cultura e a sua história representadas nas danças típicas que as retratam.
Algumas regiões possuem uma variedade de danças de acordo com as comunidades específicas que nelas habitam, bem como há danças que se manifestam em diferentes lugares. Porém, de maneira geral, podemos destacar uma dança típica de cada região brasileira.
Carimbó: dança típica do Norte. É um tipo de quadrilha marcada por movimentos giratórios e uso de saia rodada pelas mulheres.
LEGENDA: Carimbó. Apresentação de carimbó pela Cia. Trupé de Artes durante o evento Arraial Arte na Rua, Pirapora do Bom Jesus, SP, 2019. FIM DA LEGENDA.
Pau de fita: dança típica do Sul, tem formação em roda, utilizando fitas presas no topo de um mastro, seguradas pelas pontas pelos participantes, que as trançam ao som da música gaúcha.
LEGENDA: Pau de fita. Apresentação da dança Pau de Fitas durante a JuvEnart, Concurso Estadual de Danças Tradicionais categoria juvenil, Santa Maria, RS, 2017. FIM DA LEGENDA.
Xiba: dança típica do Sudeste, dançada ao som de violas, com formação circular, batidas de mãos e pés e elementos semelhantes à quadrilha.
MP050
LEGENDA: Xiba. FIM DA LEGENDA.
Catira: dança típica do Centro-Oeste, caracterizada por batidas ritmadas de mãos e pés.
LEGENDA: Catira. Festa do Divino Espírito Santo, São Luiz do Paraitinga, SP, 2014. FIM DA LEGENDA.
Bumba meu boi: dança típica do Nordeste, que combina elementos teatrais sobre a história de um boi que sabia dançar roubado por um funcionário de uma fazenda para satisfazer o desejo de sua esposa grávida. O fazendeiro descobre seu animal morto e, com a ajuda de um pajé, o animal volta a viver. Na dança, os participantes realizam movimentos típicos dos ritmos nordestinos, tendo “o boi” como dançarino.
LEGENDA: Bumba meu boi. Celebração de solstício de junho no centro histórico de São Luís, MA, 2016. FIM DA LEGENDA.
Há alguns vídeos que podem ser exibidos aos estudantes para que conheçam cada uma dessas danças típicas.
Carimbó: http://fdnc.io/fbC. Acesso em: 5 abr. 2021.
Pau de fita: http://fdnc.io/fbD. Acesso em: 5 abr. 2021.
Xiba: http://fdnc.io/fbE. Acesso em: 5 abr. 2021.
Bumba meu boi: http://fdnc.io/fbF. Acesso em: 5 abr. 2021.
Catira: http://fdnc.io/fbG. Acesso em: 5 abr. 2021.
Para integrar as crianças ainda mais ao tema da aula, você pode perguntar a elas:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Quem gosta de dançar?
Será que todo mundo pode dançar? Crianças? Adultos? Meninos? Meninas?
Vocês conheciam alguma dessas danças? Já dançaram alguma delas?
Quais outras vocês conhecem além dessas?
Sabem quais são as danças típicas da nossa região?
Que movimentos com o corpo fazemos ao dançar?
Vocês perceberam que as danças têm ritmos diferentes?
Perceberam que elas têm coreografia?
Quem consegue se lembrar de como é a catira? E a xiba? E o bumba meu boi? E o carimbó? E o pau de fita?
Vocês observaram que cada dança recebe influência das características da comunidade e da história que representam?
Notaram que algumas danças são praticadas aos pares, outras, em grupo e outras, ainda, com uma pessoa sozinha?
Fim do complemento.
Peça às crianças que relatem características de cada uma das danças regionais apresentadas, e, se quiserem, podem demonstrá-las. Elas podem, ainda, reproduzir outras danças típicas que conhecem, além das apresentadas.
Vivenciando a prática corporal
Catira do passarinho
Material: equipamento audiovisual.
Nessa prática, as crianças vão experimentar os movimentos da catira, coordenando os ritmos com o movimento do corpo, batendo as mãos e os pés, conforme sugere a melodia da canção “Catira do passarinho”.
Apresente o vídeo para as crianças e a pratiquem. Posicione-se de frente para elas a fim de executarem os movimentos de maneira espelhada até que as crianças adquiram autonomia na percepção de tempo, ritmo e movimentos.
MP051
Quadro: equivalente textual a seguir.
CATIRA DO PASSARINHO
Celso Pan e Jacqueline Baumgratz
Rodas e brincadeiras cantadas. Cia. Cultural Bola de Meia.
http://fdnc.io/fbH. Acesso em: 5 abr. 2021.
No pé da laranjeira
Tem um ninho de barro
Pode ser do João
João-de-barro
Sabiá-laranjeira
Tem o peito dourado
Voa, canta canção
Pros namorados
(Batidas de mãos e pés)
Queria ser passarinho
Pra poder olhar pra baixo
Ver tudo pequenininho
Casa, cavalo e riacho
(Batidas de mãos e pés)
LEGENDA: Crianças batendo palmas. Fotografia de 2015. FIM DA LEGENDA.
CRÉDITO: VALERKA STEPANKOV/SHUTTERSTOCK
Dialogando sobre a prática
Ao fim da aula, explore as sensações dos estudantes ao praticar as danças. Pergunte a eles se foi difícil, fácil, se gostaram; quais foram as habilidades motoras envolvidas, como bater palmas e pés; quais são as capacidades físicas, como o ritmo e a coordenação motora; e como devem adaptar os espaços para que o som das pisadas seja ouvido. Converse, ainda, sobre a diversidade cultural brasileira, comentando que existem muitas danças que são praticadas de acordo com a região e a localidade.
Registrando
Como registro, peça aos estudantes que façam a atividade de reconhecimento das danças regionais aprendidas.
Organize-os em grupos e solicite a cada um deles que pesquise uma das danças demonstradas. Os estudantes devem pesquisar o histórico da dança, onde é praticada, quais são os principais movimentos dela e o seu significado.
As pesquisas devem ser compiladas em um cartaz.
Avaliação
Cada grupo deve apresentar os resultados da pesquisa e propor uma experimentação para o restante da turma. Os estudantes farão perguntas aos integrantes do grupo, visando a elucidar dúvidas sobre as danças e avaliar a qualidade do trabalho apresentado. É importante que o professor especifique o que é avaliado, se as informações estão compreensíveis e se pesquisaram o que foi solicitado. Observe as apresentações e os questionamentos dos estudantes. Registre os pontos que julgar relevantes, construindo um relatório de observação. Esse procedimento desenvolve as competências de comunicação e argumentação dos estudantes, além de exercitar a fluência, a compreensão oral e a produção de escrita.
Prática 2: O MUNDO TODO DANÇA!
Conhecendo a prática corporal
Como bem sabemos, a dança e o conhecimento sobre ela não se restringem à cultura brasileira. O mundo todo dança! É importante que as crianças compreendam que os ritmos, os sons e as danças estão presentes em outras culturas, de acordo com a história e os hábitos delas, compreendendo diferentes contextos, similaridades e diferenças no fruir das experiências culturais e motoras.
Com o intuito de exemplificar quais são os diferentes ritmos e as formas de dançar em todo o mundo, apresente aos estudantes algumas danças bastante conhecidas.
MP052
A salsa, por exemplo, é uma dança típica cubana, um ritmo que mistura chá-chá-chá, mambo, rumba e reggae, como se pode observar no vídeo disponível em: http://fdnc.io/fbQ. Acesso em: 5 abr. 2021.
LEGENDA: Salsa. FIM DA LEGENDA.
O tango, uma dança típica dos nossos vizinhos argentinos, praticada em par ao som de violão, flauta, violino, piano e acordeão, possui ritmo próprio e pode ser vista no vídeo disponível em: http://fdnc.io/fbP. Acesso em: 5 abr. 2021.
LEGENDA: Tango. FIM DA LEGENDA.
A tarantela é uma dança típica italiana, dançada aos pares, de maneira animada e festiva, ao som do bandolim e do pandeiro. Veja no vídeo disponível em: http://fdnc.io/fbN. Acesso em: 5 abr. 2021.
LEGENDA: Tarantela. FIM DA LEGENDA.
O flamenco é símbolo da dança e da cultura espanholas, em alguns lugares dançada com sapateado, em outros com castanholas ou ainda com os dois. Veja os movimentos e ritmos dessa dança em: http://fdnc.io/fbM. Acesso em: 25 jun. 2022.
LEGENDA: Flamenco. FIM DA LEGENDA.
Questione os estudantes quanto às percepções em relação às danças:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Que similaridades e diferenças há entre essas danças?
Em relação às danças brasileiras, quais similaridades e diferenças podemos notar?
Fim do complemento.
Convide os estudantes a experimentar uma dança de outro país, para vivenciar e comparar gestos, ritmo e espaço.
Vivenciando a prática corporal
Alunelul
Materiais: equipamento com recurso de áudio. O uso de paus é opcional, de acordo com a versão adotada.
Para a experimentação, foi selecionada uma dança romena, o alunelul, característica da região da Oltenia e transmitida por gerações no continente europeu, com diferentes formas de dançar. Apresente-as aos estudantes.
Em roda: http://fdnc.io/fbJ. Acesso em: 5 abr. 2021.
Com batida de paus: http://fdnc.io/fbK. Acesso em: 5 abr. 2021.
Com braços entrelaçados: http://fdnc.io/fbL. Acesso em: 5 abr. 2021.
LEGENDA: Alunelul com batida de paus. FIM DA LEGENDA.
MP053
LEGENDA: Alunelul com braços entrelaçados. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Alunelul em roda. FIM DA LEGENDA.
Ao som do alunelul, disponível em: http://fdnc.io/fbR (acesso em: 5 abr. 2021), oriente os estudantes a acompanhar o ritmo da música com deslocamentos, andares, saltitos, corridinhas, batidas de mãos, batidas de pés, batidas nas mãos uns dos outros ou qualquer outra forma que queiram. Lembre-se de que o movimento da dança é simétrico e sequencial, assim como nossa forma de deslocamento.
Observe essa prática, percebendo os pontos de similaridade dos passos executados pelos estudantes com os passos tradicionais da dança, e anote suas percepções.
Quando você notar que os estudantes estão se deslocando no ritmo da música, converse com eles para que experimentem os passos do alunelul.
Para dançar, é necessário incorporar a relação ritmo e movimento. A palavra “incorporar”, muitas vezes esquecida, é aplicável a situações de todo o processo de aprendizagem motora, pois, literalmente, para aprender um movimento ou uma sequência de elementos, é preciso que o processo seja colocado, sentido, explorado, vivenciado pelo corpo, em uma busca pela experimentação completa.
Volte-se para o fazer dos estudantes e perceba a ação de cada um; observe aqueles que têm mais facilidade e aqueles que têm mais dificuldade na execução do passo de maneira individual. Organize pares de trabalho dirigido, de modo que aqueles que tenham mais facilidade na execução possam ajudar aqueles com mais dificuldade.
Dê tempo para o fazer; esse momento é fundamental, pois o processo é altamente cognitivo. As crianças estão pensando em como organizar a sequência, estão se perguntando mentalmente: Quantos passos devo dar para o lado? Em que momento devo bater o pé para voltar? Agora é o momento em que o número de passos diminui? É impressão ou a música está acelerando?
Quando os estudantes avançarem no processo e já estiverem em uma fase menos cognitiva e mais automatizada de execução, forme quartetos.
Nessa etapa do trabalho, é fundamental dialogar com os estudantes para perceber as dificuldades e as conquistas, abordando a possibilidade da junção de todos os integrantes da turma para formar uma coreografia única.
Agora, que tal construir uma coreografia coletiva? Combinem os passos, as formações e sintam o prazer de dançar!
Dialogando sobre a prática
Após a experimentação, procure explorar todos os elementos das danças e as aprendizagens advindas das experimentações: Conheciam essas danças? Conhecem os países de origem, onde ficam? Quais são as principais habilidades motoras presentes nas danças? Quais são as capacidades físicas apresentadas durante a prática? Quais são os espaços necessários para a prática? Como é a interação com o outro? Existem semelhanças entre essas danças e as danças brasileiras que experimentaram? De quais gostaram mais?
Observe principalmente como os estudantes se comportam durante os diálogos: Respeitam a vez de fala? Respeitam as diferenças de gosto pessoal? Valorizam a aquisição de movimentos? Procuram defender o próprio ponto de vista com argumentos plausíveis? Comunicam-se adequadamente? Ouvem o outro com atenção?
Faça um registro dessas observações, intervindo quando julgar necessário.
Registrando
Peça aos estudantes que registrem as respostas das perguntas da seção anterior. Elas podem compor um relatório a ser entregue constituindo também a avaliação, uma vez que expressarão as aprendizagens advindas da experimentação.
Avaliação
Como subsídios para a avaliação, considere as suas observações e as suas anotações feitas nos momentos em que houve diálogo entre vocês e entre os estudantes e nos momentos em que eles interagiram entre si durante a atividade prática proposta.
Considere, ainda, o relatório feito pelos estudantes, conforme a proposição de atividade de registro.
Prática 3: BATE-PAU
Conhecendo a prática corporal
Bate-pau é uma dança indígena típica da aldeia Terena, localizada no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul.
MP054
Para os indígenas, a dança é a tipificação de um ritual, podendo ser utilizada para homenagear os mortos, agradecer ou pedir algo à natureza, dramatizar lutas e conflitos que marcaram seu povo, como forma de preservação da história, entre outros motivos.
Na dança bate-pau, os participantes organizam-se em dois grupos, que, utilizando bastões, simulam uma espécie de batalha, batendo os bastões de maneira cruzada, batendo-os também no chão, marcando o compasso, e fazendo uma sonoridade própria, parecida com o som de batidas de pés.
LEGENDA: Dança bate-pau. FIM DA LEGENDA.
Mostre aos estudantes a dança em vídeo, disponível em: http://fdnc.io/dL6. Acesso em: 5 abr. 2021.
Provoque reflexões iniciais sobre a dança, perguntando-lhes:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Vocês perceberam alguma semelhança entre a dança do bate-pau com as batidas de alguma dança típica brasileira?
Em relação ao ritmo, o que vocês perceberam?
O que notaram sobre a forma de dançar, em comparação a outras danças conhecidas por vocês até o momento?
Fim do complemento.
Vivenciando a prática corporal
Materiais: bastões.
Para iniciar a prática, organize dois grupos. No ambiente, os dois grupos estarão em fila, posicionados um ao lado do outro.
As crianças dão três passos laterais para fora, movimentando o bastão para fora, e três passos para dentro da formação, movimentando o bastão para dentro, quase encostando-o no bastão da criança do outro grupo, “seu adversário de batalha”.
Depois dão três passos para fora, batem o bastão no chão, dão três passos para dentro e batem o bastão no chão.
Novamente, dão três passos para fora, batem o bastão no chão, dão três passos para dentro, batem o bastão no chão, batem o bastão cruzado no bastão do “adversário” (uma batida de dois tempos) e batem em cruzamento com o “adversário” três vezes (essas três batidas são mais rápidas, de um tempo cada uma).
MP055
Essa sequência de eventos pode ser repetida três vezes.
Dialogando sobre a prática
Ao final da experiência, converse com os estudantes sobre a experimentação da dança indígena. Pergunte o que acham de uma dança como representação de uma batalha para que percebam as diferentes manifestações das danças, desta vez como um ritual.
Explore as percepções corporais, perguntando-lhes sobre os movimentos realizados; as capacidades físicas e quais regiões corporais foram envolvidas nas danças; quais foram as próprias estratégias para acompanhar o ritmo da dança e combiná-la com uma sequência de eventos; a coordenação dos passos e da manipulação do bastão, incentivando-os a ativar a reflexão sobre o corpo, ampliando a consciência corporal.
Registrando
Como registro, peça aos estudantes que façam uma comparação entre os movimentos das danças experimentadas até aqui, que será concluída após a atividade prática final.
Avaliação
Para a avaliação desta unidade, sugerimos que peça aos estudantes que realizem uma pesquisa sobre as diversas formas de utilização das danças pela cultura indígena. Devem pesquisar uma dança, a respectiva tribo, a localização dela, o nome da dança, como é dançada e o ritual que ela representa. Devem também trazer um link com um vídeo da dança para que todos observem e analisem a sua manifestação ritualística. É importante que o professor intervenha, em especial, pontuando a importância de respeitar e valorizar as diferentes manifestações culturais.
Ao final, podem compor um mural com as danças pesquisadas, escrevendo abaixo de cada uma delas a sua função ritual.
Prática 4: SAMBA DE RODA
Conhecendo a prática corporal
O samba de roda é uma dança de matriz africana que surgiu por volta dos anos 1860, na Bahia, nas festas de terreiro, como forma de os negros manterem viva a sua cultura e honrar o legado do povo negro escravizado.
O samba de roda representa a cultura africana por meio dos seus gestos, pela formação em roda, pelos instrumentos de percussão e pelos movimentos que misturam a dança e a religião africana.
Os movimentos livres, não coreografados, permitem uma experiência natural do corpo e seu ajuste ao ritmo, embora o professor possa ensinar alguns passos para que sejam executados ao som do samba de roda a fim de exemplificar as expressões corporais típicas da cultura negra.
O samba de roda é dançado com os pés descalços, em uma conexão direta entre o corpo e o solo, originalmente de chão batido.
Mostre aos estudantes um vídeo do samba de roda, disponível em: http://fdnc.io/fbS (acesso em: 5 abr. 2021), e pergunte-lhes:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Fazendo uma comparação de ritmo com as danças experimentadas, catira, alunelul e bate-pau, como vocês perceberam o ritmo do samba de roda?
É parecido ou diferente? É mais lento ou mais acelerado?
E a forma de dançar, tem alguma semelhança?
Fim do complemento.
MP056
Vivenciando a prática corporal
Material: equipamento com recurso de áudio.
Você pode utilizar como música para fundo está disponível em: http://fdnc.io/fbX. Acesso em: 5 abr. 2021.
Oriente os estudantes a ficar descalços e a experimentar o ritmo livremente, e depois proponha a prática de alguns passos em duplas.
Organize, então, uma roda de samba, mas antes explique os rituais da dança:
- Duas pessoas entram na roda, enquanto os colegas ficam no círculo batendo palmas no ritmo da música para incentivar os dançarinos.
- Quando alguém que estiver na roda quiser entrar para dançar, deve executar os passos na direção de quem quer tirar do centro dela, ficando na frente do colega. Outra forma de revezar quem está dentro da roda é quem está no interior ir saindo dela dançando, e outros dois integrantes vão entrando, ao perceber que a roda está ficando vaga.
- A roda deve ficar com apenas duas pessoas em seu interior.
LEGENDA: Samba de roda. FIM DA LEGENDA.
Dialogando sobre a prática
Ao final da experiência, converse com os estudantes sobre como foi a experimentação do ritmo e a melhora de coordenação conforme o avanço do tempo da prática. Peça-lhes que relatem também as habilidades motoras requisitadas na prática e as comparem com as habilidades das danças anteriores. Converse a respeito da timidez para dançar e possíveis preconceitos com a prática corporal, reconhecendo e valorizando as tentativas e a disponibilidade de participação dos estudantes. Comente sobre a cultura negra e sua influência na dança e em outros aspectos da cultura brasileira.
Questione-os, ainda, quanto às percepções corporais em relação ao ritmo experimentado e às demais vivências já experimentadas na unidade de danças, objetivando discutir semelhanças, diferenças e estratégias de memorização de sequência, deslocamento no espaço e coordenação rítmica.
Registrando
Como registro, peça aos estudantes que pesquisem a influência africana na dança brasileira e em folha avulsa identifiquem as seguintes informações: título da dança, desenho ou colagem de figura/fotografia e breve descrição de como ela é praticada. Ao final, proponha a eles a elaboração de um mural com a documentação produzida durante as aprendizagens do 3º ano a respeito das danças.
Avaliação
Considere as aprendizagens propostas para essa prática percebidas nas suas observações, nos diálogos dos estudantes, nas suas anotações e nos registros deles, para compor a avaliação final da unidade de danças do 3º ano.
Boxe complementar:
NÃO PARE POR AQUI
As práticas aqui sugeridas são possibilidades de conhecer e experimentar as danças do Brasil, do mundo, e as de matrizes indígena e africana.
Você pode, de acordo com a unidade escolar e a região, selecionar outras práticas para ampliar os significados da prática corporal.
A seguir há outros materiais de consulta:
Acervo de danças do mundo: http://fdnc.io/fbT. Acesso em: 5 abr. 2021.
Danças regionais brasileiras: http://fdnc.io/fbU. Acesso em: 5 abr. 2021.
Influências culturais presentes nas danças brasileiras: http://fdnc.io/fbV. Acesso em: 5 abr. 2021.
SOUZA, Nilza et al. A dança na escola: um sério problema a ser resolvido. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 2 p. 496-505, abr./jun. 2010. Disponível em: http://fdnc.io/fbW. Acesso em: 17 mar. 2021
TATIT, Ana; LOUREIRO, Maristela. Festas e danças brasileiras. São Paulo: Melhoramentos, 2016.
VERDERI, Erica. Dança na escola: uma proposta pedagógica. Várzea Paulista: Phorte, 2009.
Fim do complemento.
MP057
3 º ANO
UNIDADE 5. LUTAS
LEGENDA: Jogo de oposição cabo de guerra. Fotografia de 2012. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Habilidades e competências presentes nesta unidade
(EF35EF13) Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.
(EF35EF14) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana experimentadas, respeitando o colega como oponente e as normas de segurança.
(EF35EF15) Identificar as características das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana, reconhecendo as diferenças entre lutas e brigas e entre lutas e as demais práticas corporais.
Competências Gerais: 1, 2, 3, 4, 6, 8 e 9
Competências de Educação Física: 1, 2, 5, 6, 7, 8 e 10
Fim do complemento.
Objetivos
- Experimentar os movimentos das lutas regionais e comunitárias.
- Experimentar, fruir e valorizar os movimentos das lutas de origem indígena e africana, valorizando essas culturas.
- Utilizar estratégias básicas das lutas, diferenciando o lutar e o brigar nas práticas vivenciadas.
- Reconhecer a luta como um patrimônio cultural humano que teve sua origem na Antiguidade e continua presente nos dias de hoje.
MP058
CONVERSANDO SOBRE LUTAS
Lutar é uma ação humana cuja origem está diretamente ligada à sobrevivência, como caçar animais para conseguir alimento ou defender-se de possíveis ataques de predadores. Nos primórdios da humanidade, o uso de ferramentas de madeira, como varas e tacapes, ou pedra lascada, era um recurso para ajudar na luta pela vida.
Com a revolução agrícola e a formação de povoados, houve a necessidade de proteção da terra e da produção. Essa função era realizada por sociedades militares, que utilizavam técnicas bélicas de atacar e defender. No entanto, além desse aspecto instrumental e funcional das lutas, essa prática corporal segue ocupando nas sociedades contemporâneas um papel de autossatisfação, ou seja, as pessoas lutam porque sentem prazer na ação. É justamente com esse modelo de práticas de artes marciais, que se diversifica ao longo do tempo e do espaço histórico-cultural, que se compõe uma vasta cultura de lutas.
De acordo com Rufino e Darido (2015) 1 , existe uma resistência de alguns professores de Educação Física para trabalhar com essa temática, com os argumentos de que pode ser violenta, não há espaço, faltam materiais ou que eles não se sentem preparados. Obviamente, há uma lacuna de alguns tópicos relacionados às lutas na formação docente; no entanto, não é necessário dominar a fundo todos os conhecimentos teóricos e práticos. Com conhecimentos básicos, é possível abordar essa prática corporal presente na cultura, assim como levar os estudantes a essa rica experiência.
No entanto, a luta não pode entrar no ambiente escolar sem que antes seja muito bem caracterizada e entendida. Na escola não se pretende ensinar a lutar, mas sim experimentar as lutas, ou seja, vivenciar os gestos corporais, conhecer o contexto histórico-cultural das lutas de algumas modalidades selecionadas nos âmbitos comunitário e regional, e de matriz indígena e africana, transferindo esses conhecimentos para a vida cotidiana e ampliando as relações da criança com o mundo.
Alguns jogos de disputas atravessam gerações e são opções pertencentes às lutas comunitárias para praticar o enfrentamento de oponentes, a percepção de potencialidades e limitações, a abordagem da frustração do perder e do saber comemorar a vitória. Nessas práticas, quando uma criança tenta tirar um objeto do adversário ou desequilibrá-lo, busca recursos diversos e consegue discernir que a luta não se trata de uma briga, mas de uma prática corporal, com regras combinadas e sem violência.
Neste material escolhemos cuidadosamente tipificar lutas que possam contribuir para a capacidade humana de movimentar-se, reconhecer as lutas de matrizes indígena e africana e as lutas comunitárias, ao mesmo tempo em que aprofunda o olhar sobre a história e a cultura humana. Nesse primeiro contato com o tema lutas, no 3º ano, é fundamental estabelecer que lutar não é brigar e que todos devem colaborar para a criação de um espaço seguro de aprendizagem.
PRATICANDO LUTAS
Prática 1: JOGOS DE OPOSIÇÃO
Conhecendo a prática corporal
As lutas regionais e comunitárias pertencem a determinada população e são transmitidas por gerações. São pequenas disputas realizadas em duplas ou grupos de pessoas para testar quem é o mais forte ou quem é o mais rápido.
Para iniciar o trabalho com a luta, é fundamental definir o seu alcance de ação realizando uma avaliação diagnóstica sobre o que os estudantes têm como conhecimento prévio da temática.
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
O que vocês acham que são lutas?
Como vocês imaginam que seja uma aula com esse tema em Educação Física?
Quais lutas vocês já observaram em sua comunidade?
Fim do complemento.
Anote na lousa, cartaz ou painel todas as ideias dos estudantes. Tente elaborar uma definição com base nos relatos deles. Esse momento é fundamental para o desenvolvimento do trabalho, pois todo o viés ligado a narrativas vinculadas à violência, à briga de rua, à confusão, ao medo de participar das aulas pode aparecer. Lembre-se de discutir todos esses assuntos antes das experiências corporais com os estudantes.
A seguir, há uma lista de assuntos importantes a serem abordados, de modo a formar um conceito básico sobre a temática:
LEGENDA: Assuntos para discussão na contextualização de lutas. FIM DA LEGENDA.
Nota de rodapé: 1. RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto; DARIDO, Suraya Cristina. O ensino das lutas na escola: possibilidades para a Educação Física. Porto Alegre: Penso, 2015. Fim da nota.
MP059
Após o levantamento de hipóteses sobre lutas na escola e a nomeação dos termos comuns a essa prática corporal, é o momento de conhecer algumas lutas de contexto regional e comunitário.
Apresente-lhes imagens como esta a seguir e pergunte a eles: O que os personagens estão fazendo? Deixe que os estudantes falem suas ideias. Com base nas sugestões que aparecerem, faça a contextualização do tema da unidade.
LEGENDA: Disputa por bola. FIM DA LEGENDA.
Mas, afinal, eles estão brigando ou lutando? Vocês já participaram desse tipo de jogo de luta? Por que é necessário combinar as regras dos jogos? Como devemos agir para evitar que o colega se machuque nos jogos de oposição? Vocês conhecem outros jogos de disputa possíveis de realizar na escola para testar força e agilidade?
As questões sociais aparecem fortemente nas práticas de jogos de lutas. Por isso, converse com os estudantes sobre a necessidade de respeito aos colegas durantes as experiências. Explique-lhes que haverá confrontos entre dois ou mais estudantes, porém o foco é o processo de aprendizagem ao atacar e ao se defender com a mediação do professor, e não quem vai ganhar ou perder.
O atacar e defender acontecem de maneira simultânea, o que pode gerar um confronto entre estudantes, mas o objetivo da atividade deve ser evidenciado, informando-os também de que qualquer ação fora dos objetivos deixa de ser luta e passa a ser briga. Traçar essa linha tênue no início do trabalho é fundamental para o desenvolvimento harmonioso da sequência do processo de aprendizagem.
Apresente aos estudantes, então, o conceito de jogos de oposição e como eles podem ser compreendidos como lutas conforme os princípios que os regem, como: impor-se fisicamente ao oponente; ter o objetivo de vencer o adversário; manter o respeito às regras e ao adversário, visando à segurança.
Boxe complementar:
DICAS
É bastante comum os estudantes sentirem-se em um ringue de lutas durante algumas práticas. No entanto, mostre-lhes que a aula é um laboratório para experimentação e aprendizagem. Não permita torcidas a favor de um estudante em detrimento de outro, evite o clima competitivo e eleja a participação como o elemento principal.
Uma forma de reforçar o respeito envolvido na prática de lutas é apresentar a importância e o significado das saudações de início e fim delas, que demonstram respeito às regras e aos oponentes.
Sugira aos estudantes que criem uma saudação para um pacto de respeito e cordialidade.
Fim do complemento.
Vivenciando a prática corporal
Arranca-rabo
Materiais: pedaços de fitas, panos ou sacolas plásticas para pendurar na cintura e giz para traçar o espaço da luta.
Dê a cada estudante um objeto para pendurar na cintura, como um pedaço de fita, tecido ou saco plástico, de modo que, ao ser pendurado, o objeto fique na parte de trás do corpo, com comprimento próximo à altura do joelho, assemelhando-se à cauda de um animal. É possível colocar dois objetos, se a intenção for aumentar o grau de dificuldade.
LEGENDA: Cauda para a prática arranca-rabo. FIM DA LEGENDA.
O objetivo é proteger o próprio objeto sem segurá-lo com as mãos, fazendo deslocamentos, giros, gingados e dribles para fugir do colega que tenta arrancar-lhe o “rabo”. E, ao mesmo tempo, tentar arrancar o do oponente.
Forme duplas e desenhe ou marque o piso onde a prática vai acontecer, delimitando um espaço mínimo de 2 m × 2 m. Você pode desenhar vários espaços para que, simultaneamente, várias duplas possam praticar a atividade.
MP060
LEGENDA: Formação do espaço de luta. FIM DA LEGENDA.
Estabeleça um tempo para a duração da ação e, na sequência, faça alguns rodízios de duplas para que os estudantes possam experimentar a prática com outros colegas.
Essa vivência aproxima a brincadeira de uma situação de luta. Nessa tipificação, o objetivo é conseguir se defender, não perder o objeto colocado na cintura e, simultaneamente, atacar para tentar tirar da cintura do outro o seu objeto.
Essa bola é minha!
Materiais: bolas médias ou outro objeto que estiver disponível.
Mantenha a estrutura de ação da experiência anterior: uma dupla por espaço delimitado, uma bola ou outro material de disputa que mantenha a segurança dos participantes.
Os oponentes devem sentar sobre as pernas, com os corpos encaixados, e disputar a posse de um objeto.
Os estudantes vão agarrar o objeto para protegê-lo, e o oponente vai tentar puxá-lo para obtê-lo para si. Ao conseguir trazer o objeto para si, o outro colega deve tentar recuperá-lo da mesma forma, agarrando e puxando.
Dê um tempo para que a experiência ocorra entre as duplas e, na sequência, faça um rodízio entre elas.
Como variação, dificulte o jogo pedindo a ambos que fiquem de cócoras ou também sentados no chão.
LEGENDA: Disputa de bola. FIM DA LEGENDA.
Pé com pé
Material: não é necessário nenhum material específico.
Ainda em duplas, sentados no chão, os estudantes vão encostar um no outro apenas pelos pés e deixar as mãos fora do solo, com o apoio apenas dos glúteos. A um sinal, devem empurrar-se pela extensão dos joelhos e equilibrar-se a fim de não encostar outras partes do corpo no chão. Trata-se de uma disputa que exige força, equilíbrio e concentração. Alterne as duplas para que experimentem as habilidades com outros oponentes.
LEGENDA: Jogo de oposição pé com pé. FIM DA LEGENDA.
Dialogando sobre a prática
Inicialmente, peça aos estudantes que exponham as próprias sensações corporais. Quais foram as principais regiões corporais solicitadas? Quais capacidades físicas estavam presentes nas experimentações? Quais habilidades motoras foram requisitadas? Como deve ser o local de prática? Deve haver alguma segurança? Possibilite aos estudantes que verbalizem as suas sensações. As lutas envolvem uma série de interações com os outros que nem sempre são agradáveis aos estudantes. Parta de reflexões sobre as sensações corporais, mas aprofunde os diálogos pedindo-lhes que comentem as próprias impressões. Registre as falas dos estudantes que julgar importantes para compor a sua avaliação.
Retome outras reflexões importantes sobre a prática: Quais são as diferenças entre lutar e brigar? Por que é necessário combinar as regras dos jogos? Como se deve agir para evitar que o colega se machuque nos jogos de oposição? As práticas vivenciadas mudaram a sua visão sobre lutas?
Registrando
Nas experiências motoras, é muito comum não computar à aprendizagem o saber fazer. No contexto escolar, à medida que praticam, existe uma aprendizagem em diferentes níveis de habilidades. No entanto, a avaliação dos aspectos corporais é acompanhada por meio da observação processual em relação ao esforço, à determinação e às adaptações elaboradas pela criança.
MP061
Explique aos estudantes que nem toda aprendizagem pode ser quantificada a todo o momento, pois muitas mudanças acontecem simultaneamente, e nosso autoconhecimento é importante para percebê-las. Reforce, também, que mudanças são fundamentais para gerar novas habilidades, capacidades, formas de relacionar-se com o ambiente físico e social a fim de nos tornarmos mais habilidosos em diversos aspectos.
Por isso, com fins de registro, dê aos estudantes uma folha avulsa e oriente-os a fazer individualmente uma autorreflexão e produzir uma frase sobre o que mais aprendeu com a prática de lutas. A frase pode ser acompanhada de uma ilustração de livre escolha do estudante de como produzir o registro.
Faça um varal no pátio da escola para a exposição das produções.
Avaliação
Para compor a avaliação dos estudantes, utilize suas anotações e observações quanto à assimilação da proposta de aprendizagens nas atividades desenvolvidas, considerando também a atividade de registro.
Prática 2: LUTA MARAJOARA
Conhecendo a prática corporal
A luta marajoara, também conhecida como agarrada marajoara, é uma luta de combate corpo a corpo muito praticada no Norte do Brasil, mais especificamente na ilha de Marajó.
De acordo com Freitas et al. (2020) 2 , a luta marajoara é uma criação com elementos socioculturais dos negros e indígenas, como resultado do entrelaçamento cultural ocorrido em solos marajoaras, difundida através de gerações até os tempos atuais.
Salles (2004) 3 pontua que, além de a luta marajoara trazer elementos socioculturais dos negros e indígenas que viviam nessa região, também há indícios de que ela tenha surgido inspirada na briga entre búfalos da região.
O objetivo do combate corpo a corpo é projetar o oponente com as costas no chão e imobilizá-lo, recorrendo a gestos como agarrar e, ao mesmo tempo, ser agarrado.
Outros nomes populares dessa prática remetem à ludicidade e à mistura de teses que refletem sobre o seu surgimento: lambuzada, derrubada, cabeçada e agarrada. Trata-se de uma luta genuinamente brasileira com raízes indígenas e africanas.
Um ritual bem peculiar compõe essa luta tão cheia de significados na ilha de Marajó. No verão, as chuvas são muito aguardadas nessa região; por isso, as lutas passavam do profano ao religioso, como forma de lambuzarem-se na lama formada pela água sobre a terra, em uma forma de agradecimento pela bênção divina: a chuva!
A luta marajoara ganhou nome oficial, regras e foi reconhecida pelo estado do Pará na década de 1990, e também alcançou destaque internacional com os irmãos marajoaras Iuri Alcântara e Ildemar Marajó, que utilizaram as derrubadas, típicas dessa luta, nos combates de UFC.
Trata-se de uma luta considerada leve, com golpes suaves, para todas as idades e sem violência. Só é permitido agarrar o adversário, tentar desequilibrá-lo e lançá-lo de costas no chão. Socos, joelhadas, cotoveladas, chutes e estrangulamentos são proibidos.
LEGENDA: Luta marajoara. Cachoeira do Arari, PA, 2019. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Por que a luta marajoara é feita sem camiseta, assim como outras lutas com raízes indígenas e africanas?
Como projetar o oponente com as costas no chão sem machucá-lo?
Quais são os maiores desafios nessa luta?
As mulheres podem participar também?
Fim do complemento.
Enfatize que o ritual de prática corporal, assim como tantas outras, é relacionado à tradição e aos costumes locais. É uma especificidade de cada tribo; não há como senti-los. No entanto, o respeito e a apreciação fazem parte dessa experimentação.
Antes de experimentar a luta marajoara, faça alguns aquecimentos com jogos de luta de matriz indígena e africana.
Nota de rodapé: 2. FREITAS, Rogério Gonçalves et al. Luta marajoara: lugar ou não lugar no currículo de uma IES pública do estado do Pará. Florianópolis: Revista Motrivivência, Universidade Federal de Santa Catarina, v. 32, n. 61, p. 1-24, jan./mar. 2020. Disponível em: http://fdnc.io/fbY. Acesso em: 5 abr. 2021. Fim da nota.
Nota de rodapé: 3. SALLES, Vicente. O negro na formação da sociedade paraense: textos reunidos. Belém: Paka-Tatu, 2004. Fim da nota.
MP062
Vivenciando a prática corporal
Bread and butter : jogo de luta africana
Material: não é necessário nenhum material específico.
Antes de praticar a luta marajoara, uma vez que ela traz elementos tanto da matriz indígena quanto da africana, sugere-se fazer alguns aquecimentos corporais em forma de jogos de luta e oposição como o da figura a seguir, que demonstra um jogo de oposição nigeriano parecido com o cabo de guerra.
LEGENDA: Jogo de oposição nigeriano bread and butter. FIM DA LEGENDA.
O jogo remete ao cabo de guerra, porém sem a corda, no qual duas equipes ficam frente a frente, alinhadas e agarradas, formando uma corrente com um elo central entre dois participantes, cada um de uma equipe, que se seguram pelas mãos. Um é o pão e o outro a manteiga, tradução de bread and butter.
Eles cantam uma cantiga, enquanto os dois participantes que constituem o elo central colocam as mãos para cima e batem palmas de maneira ritmada. No final da canção, puxam-se em direções opostas até que as mãos dos participantes do centro escorreguem e se soltem. A equipe que cair é vencida pela equipe oponente.
Veja um vídeo sobre esse jogo de oposição em: http://fdnc.io/fbZ. Acesso em: 12 abr. 2021.
Fique atento ao número de participantes e às quedas descontroladas no chão. Oriente os estudantes a ser cuidadosos a fim de não machucar os colegas.
Briga de galo e luta do saci: jogos de luta indígena
Material: não é necessário nenhum material específico.
Esses dois jogos de luta com raízes indígenas são interessantes para o preparo do trabalho em duplas. São disputas cujo objetivo é aquecer o corpo e desequilibrar o oponente, estratégia presente na luta marajoara.
Briga de galo: mãos unidas e posição de cócoras, o oponente deve empurrar o colega e, simultaneamente, equilibrar-se. Perde quem cair no chão primeiro ou encostar glúteos, joelhos, mãos ou cotovelos no chão. Apesar de o nome popular carregar o termo “briga”, é um jogo de oposição com regras simples e seguras.
Alterne as duplas sempre que possível para uma variação de estímulos e relações sociais.
LEGENDA: Jogo de oposição briga de galo. FIM DA LEGENDA.
Luta do saci: esse jogo é inspirado na tradicional brincadeira da corrida do saci. Nesse embate em duplas, os oponentes devem, com uma mão, segurar um dos pés para trás e, com a outra, segurar a mão do adversário. A ideia é, com apoio unipodal, manter o equilíbrio, empurrar e puxar o adversário, para desequilibrá-lo. Quem apoiar o pé suspenso no chão ou cair perde o jogo.
LEGENDA: Jogo de oposição luta do saci. FIM DA LEGENDA.
Luta marajoara
Material: giz ou fita-crepe para demarcar a área da disputa.
Apresente aos estudantes as regras da luta e reconstruam-nas para o ambiente escolar. Conversem sobre quais adaptações serão necessárias, por exemplo: Como resolver a questão da camiseta, dá para fazer com ela? Teremos duplas mistas nas disputas? Como demarcaremos o espaço da luta?
Antes de começar, reforce as regras combinadas, assim como a importância dos combinados de segurança da atividade.
MP063
Marque o espaço (riscar o chão com giz ou delimitar o espaço no tatame) com um círculo. Dependendo do número de estudantes, pode haver dois espaços separados para uma experimentação maior em número de disputas. Os espectadores ficam ao redor da roda e uma dupla inicia a disputa.
Faça o ritual completo:
- Forma-se a roda, uma dupla de oponentes fica no centro e os outros, ao redor.
- Escolhe-se uma
postura
para iniciar – há quatro variações.
- Oponentes em pé com as mãos espalmadas encostadas.
- Oponentes agachados frente a frente.
- Oponentes agachados e com os joelhos opostos unidos (“joelho casado”).
- Idem ao anterior, acrescentando “braços casados”.
- Ao início da luta, o objetivo é agarrar o adversário e projetá-lo de costas no chão, além de imobilizá-lo.
O tempo oficial de uma rodada é de 5 minutos. Ganha-se quando um lutador desiste, quando o tempo termina e na contagem do melhor de três partidas.
Na escola, sugere-se que o tempo seja por volta de 2 minutos. Observe quanto os estudantes suportam e se mantêm motivados. Troque as duplas, deixando-os desafiar-se livremente e com a sua mediação.
Dialogando sobre a prática
Agora reúna os estudantes em uma roda e converse sobre as experiências. Peça-lhes que descrevam os movimentos e as sensações corporais durante as práticas, verbalizando as habilidades motoras, como agarrar, empurrar, rolar, agachar e equilibrar-se, e as capacidades físicas, como força muscular, agilidade, resistência e equilíbrio. Questione-os sobre as estratégias, os movimentos de ataque e defesa, os cuidados com o adversário e as dificuldades encontradas. Comente que as lutas são importantes para conhecermos a nós mesmos, pois nos permitem perceber os movimentos do nosso corpo, as sensações provocadas pelo toque do adversário na tentativa de se defender ou de atacar, além do autocontrole para não machucar o oponente e a si mesmo.
Converse, ainda, sobre a participação feminina nas lutas, indagando como meninas e meninos se sentiram em relação a isso, buscando quebrar paradigmas e conceitos preestabelecidos que levem à discriminação dos participantes das práticas corporais.
Registrando
Como registro, proponha à turma a elaboração de uma obra coletiva.
Abra no chão um papel kraft ou emende cartolinas no sentido horizontal em uma metragem em que todos os estudantes possam sentar-se no chão para se expressarem sobre os próprios aprendizados quanto à luta marajoara, tanto em relação aos princípios guardados por ela quanto aos aprendizados sobre o próprio corpo, expressando as percepções por meio de palavras, frases ou desenhos.
Se o recurso fotográfico estiver disponível, coloque algumas imagens dos estudantes nessa experimentação. A ideia é deixar esse cartaz gigante e coletivo exposto no ambiente escolar, em um lugar de passagem, para a divulgação dessa luta brasileira pouco conhecida, que guarda em sua essência os elementos culturais das matrizes indígena e africana.
Avaliação
Peça aos estudantes que façam uma autoavaliação, desta vez de modo individual, sobre as aprendizagens das lutas. Eles devem descrever o que as lutas possibilitam desenvolver em aspectos físicos, como a força muscular, o equilíbrio, a flexibilidade e a resistência, entre outras capacidades que identificaram; mas também outros aspectos como o autoconhecimento, a empatia, a importância do respeito às regras, o autocontrole, a valorização de diferentes culturas e a percepção dos preconceitos em relação às práticas corporais. Esse procedimento exercita a produção de escrita dos estudantes.
Leia atentamente a autoavaliação deles e dê uma devolutiva a cada um por meio da escrita. Parabenize atitudes positivas, observe se conseguem perceber as possibilidades de aprendizagens com a prática das lutas, comente e dê aos estudantes sugestões de como podem avançar em suas aprendizagens.
Boxe complementar:
NÃO PARE POR AQUI
Lembre-se de que é possível selecionar outras práticas que façam mais sentido à sua unidade escolar e à sua localidade, organizando as atividades de acordo com as orientações das dimensões do conhecimento, e ainda das competências gerais e as específicas da Educação Física.
A seguir estão alguns materiais de consulta que podem ampliar as opções de aprendizagens segundo as possibilidades da unidade escolar.
Diferenças entre lutas e brigas: http://fdnc.io/fc1. Acesso em: 12 abr. 2021.
Luta marajoara: http://fdnc.io/fc2. Acesso em: 12 abr. 2021.
RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto; DARIDO, Suraya Cristina. O ensino das lutas na escola: possibilidades para a Educação Física. Porto Alegre: Penso, 2015.
SANTOS, Sergio Luiz Carlos dos. Jogos de oposição: ensino de lutas na escola. São Paulo: Phorte, 2012.
Fim do complemento.