74
Unidade 3. A vida no campo e as migrações
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Boxe complementar:
Vamos conversar
1. Observe as duas ilustrações desta abertura. Que produtos estão sendo colhidos em cada uma?
2. Qual ilustração mostra uma colheita manual? E qual mostra uma colheita mecanizada? Como você descobriu isso?
3. É possível considerar que o trabalho tradicional e o trabalho mecanizado, com tecnologia e máquinas, convivem no campo atualmente? Explique.
Fim do complemento
76
Capítulo 1. As grandes plantações: a cana-de-açúcar
Há cerca de 500 anos, os colonizadores portugueses decidiram montar no Brasil engenhos para produzir açúcar, produto muito valorizado na Europa nesse período. Algumas regiões que hoje fazem parte do Nordeste brasileiro apresentavam clima e solo favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar e o negócio prosperou.
O trabalho nas plantações de cana-de-açúcar e nos engenhos era realizado por africanos escravizados, que eram enviados pelos portugueses ao continente americano por meio do tráfico. A venda do açúcar na Europa e o comércio de pessoas escravizadas davam muito lucro a Portugal e aos comerciantes.
LEGENDA: Moagem da cana na Fazenda Cachoeira, em Campinas, de Benedito Calixto. Cerca de 1880. Óleo sobre tela, 105 cm × 136 cm. FIM DA LEGENDA.
- Por que o governo português resolveu cultivar cana-de-açúcar no Brasil?
_____
77
Observe a ilustração que representa a organização de um engenho de açúcar no Brasil durante o período colonial.
Capela
Pequena igreja onde ocorriam cerimônias religiosas.
Casa-grande
Construção com salas, quartos, cozinha e despensa onde morava a família proprietária do engenho. O dono da fazenda, chamado senhor de engenho, era a autoridade máxima local. Todos deviam obediência a ele.
Moenda
Equipamento usado para moer a cana e obter um caldo, que depois era cozido até engrossar.
Senzala
Construção simples que abrigava os africanos escravizados.
Jirau
Armação na qual as fôrmas de açúcar secavam.
LEGENDA: Ilustração atual representando um engenho colonial de açúcar há cerca de 300 anos. FIM DA LEGENDA.
Fonte: Nelson Aguilar (org.). Mostra do redescobrimento: o olhar distante. São Paulo: Associação Brasil 500 Anos. Artes Visuais, 2000. p. 98.
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O trabalho na lavoura
Para produzir açúcar, era necessária uma grande quantidade de trabalhadores. Os africanos escravizados realizavam as mais diversas atividades, como derrubar a mata, preparar o solo, plantar e colher a cana, cortar lenha, construir cercas e poços.
Os africanos escravizados moravam nas senzalas, sem condições de higiene nem conforto. Eram submetidos a várias formas de violência, como castigos físicos e até à morte.
Resistência à escravidão
Os africanos escravizados lutaram e resistiram contra o cativeiro queimando lavouras, organizando revoltas e fugas. Muitas vezes aqueles que fugiam formavam povoados organizados, conhecidos como quilombos. Nesses locais, além dos escravizados fugidos, viviam alguns indígenas e pessoas livres pobres.
O mais conhecido, e um dos maiores, foi o Quilombo dos Palmares, criado há mais de 350 anos, na Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas.
- Quais tipos de atividade eram realizados pelos africanos escravizados nos engenhos?
_____
- Quais eram as condições de vida dos escravizados?
_____
LEGENDA: Ilustração atual representando um quilombo há cerca de 300 anos. FIM DA LEGENDA.
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LEGENDA: Réplicas de construções que utilizam técnicas de origem indígena, importantes para a criação dos quilombos. Parque Memorial Quilombo dos Palmares, no município de União dos Palmares, estado de Alagoas, 2015. FIM DA LEGENDA.
- Cite algumas formas de resistência contra a escravidão praticadas por africanos escravizados.
_____
- Observe a imagem desta página e responda.
- Trata-se de uma construção de mais de 300 anos ou atual? Justifique sua resposta.
_____
- Trata-se de uma construção de mais de 300 anos ou atual? Justifique sua resposta.
80
Para ler e escrever melhor
O texto a seguir explica o que são, onde estão localizadas e quais os objetivos das comunidades quilombolas hoje. Se possível, sob orientação do professor, leia o texto em voz alta.
Comunidades quilombolas
No Brasil atual há quase 4 mil comunidades quilombolas. Essas comunidades também são conhecidas como comunidades negras rurais, quilombos contemporâneos ou comunidades remanescentes de quilombos.
As terras das comunidades quilombolas estão localizadas tanto em áreas rurais como em áreas urbanas.
Foi somente em 1988 que a Constituição brasileira (conjunto de leis do país em que vivemos) reconheceu a existência e os direitos das comunidades quilombolas, assegurando a elas o direito à propriedade de suas terras.
Hoje, entre os principais objetivos das comunidades quilombolas no Brasil estão a valorização da cultura afro-brasileira, a manutenção dos costumes, da língua e da religiosidade dos antepassados africanos e a regularização de suas terras.
LEGENDA: Quilombolas reunidos para dançar e tocar jongo. Quilombo Boa Esperança, município de Presidente Kennedy, estado do Espírito Santo, 2019. FIM DA LEGENDA.
81
- Que outros nomes são dados às comunidades quilombolas no Brasil?
_____
- Onde se localizam as terras das atuais comunidades quilombolas?
_____
- Leia o artigo 68 da Constituição Federal de 1988.
Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos.
Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil . São Paulo: Fisco e Contribuinte, 1988. p. 135.
- O que o Estado (Governo Federal)
deve
fazer para garantir que as comunidades quilombolas continuem ocupando suas terras?
_____
- O que o Estado (Governo Federal)
deve
fazer para garantir que as comunidades quilombolas continuem ocupando suas terras?
- Por que a Constituição garantiu às comunidades quilombolas a posse das terras que ocupavam?
_____
82
Capítulo 2. Pecuária e ocupação do interior
No Brasil, a ocupação do território pelos colonizadores começou no litoral, com a extração do pau-brasil e com a produção de açúcar. Lentamente, o interior também foi sendo povoado, principalmente com a expansão da pecuária.
O gado bovino era utilizado para transportar a cana até o engenho e para mover a moenda, equipamento que moía a cana.
Os bois eram criados próximo aos engenhos. Contudo, frequentemente entravam nos canaviais para se alimentar, destruindo as plantações de cana. Por isso, em 1701, o governo português criou uma lei que proibia a criação de gado perto do litoral.
Os criadores de gado levaram os animais para lugares mais distantes dos engenhos, perto de rios, em direção ao interior. Com o tempo, foram abertos campos de pastagem para os rebanhos se alimentarem, formando fazendas de gado.
LEGENDA: Ilustração atual retratando vaqueiro acompanhando o gado nos anos 1700. FIM DA LEGENDA.
Fonte: Nelson Aguilar (org.). Mostra do redescobrimento: o olhar distante. São Paulo: Associação Brasil 500 Anos. Artes Visuais, 2000. p. 98.
83
- Observe a imagem. O local representado é adequado para a criação de gado?
LEGENDA: Rio São Francisco, de Frans Post. 1639. Óleo sobre tela, 60 cm × 88 cm. FIM DA LEGENDA.
_____
- Como as áreas que hoje correspondem ao interior da região Nordeste foram ocupadas pelos colonizadores?
_____
- Em quais situações o gado bovino era utilizado?
_____
- Qual medida foi adotada pelo governo português em 1701? Houve alguma consequência após essa medida?
_____
84
Ocupação da terra e colonização
No início da colonização, alguns aristocratas portugueses receberam lotes de terras no Brasil, as capitanias hereditárias. Chamados de donatários, eles podiam distribuir o direito de uso da terra a algumas pessoas. As terras doadas eram chamadas de sesmarias e quem as recebia era chamado de sesmeiro.
Com o tempo, muitos vaqueiros, mestiços de portugueses com indígenas, construíram fazendas de gado, que foram se expandindo pelo interior. Houve muitas disputas e conflitos entre esses colonos e os grupos de indígenas que lá viviam.
Resistência indígena
Grande parte das terras localizadas perto do rio Parnaíba (no atual estado do Piauí) e do rio São Francisco (no atual estado da Bahia) era ocupada por grupos de indígenas Cariri. Esses grupos de indígenas se reuniram, formando a Confederação dos Cariri, e lutaram contra os colonos que queriam tomar suas terras para instalar fazendas.
A luta desses indígenas começou em 1686 e durou até 1713, quando tropas paulistas derrotaram a Confederação dos Cariri.
LEGENDA: Detalhe de Dança tapuia, de Albert Eckhout. Cerca de 1700. Óleo sobre madeira,
168
cm
× 294 cm. FIM DA LEGENDA.
85
- Quem vivia nas terras que os vaqueiros começaram a ocupar? Por que houve conflitos nessas terras?
_____
- O que foi a Confederação dos Cariri?
_____
- Observe as imagens abaixo. Que grupo está representado? O que mudou e o que permaneceu igual, apesar da diferença de quase 200 anos entre uma imagem e outra?
LEGENDA: Sertanejo ou vaqueiro do sertão de Pernambuco, de Charles Landseer. 1827. Aquarela e lápis, 38,5 cm × 21,1 cm. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Vaqueiro do município de Antas, estado da Bahia, 2015. FIM DA LEGENDA.
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O mundo que queremos
A preservação da cultura indígena
Quando os portugueses chegaram ao território que atualmente forma o Brasil, havia cerca de 5 milhões de indígenas. Ao longo do tempo, durante o contato entre esses povos, grande parte da população indígena foi morta ou escravizada.
Atualmente, as populações indígenas lutam para preservar sua cultura. Escolas indígenas foram organizadas para restaurar e fortalecer a identidade dos diversos povos indígenas e preservar suas próprias formas de ver o mundo.
Na escola indígena, os estudantes aprendem a língua e as tradições do seu povo, além de estudar a língua portuguesa e conteúdos de componentes curriculares, como Matemática, História e Ciências. O objetivo é que essas pessoas estejam preparadas para entender os não indígenas e defender os seus direitos, sem perder as suas raízes ancestrais
87
- O que aconteceu com os povos indígenas após a chegada dos portugueses?
_____
- Por que a escola indígena é importante para esses povos?
_____
- Leia o texto abaixo e marque com um
X
a alternativa correta.
A escola indígena
A escola indígena, além de abordar muitos conteúdos que os não índios aprendem, ensinar a fazer conta, a ler e a escrever na língua indígena, também passou a incluir os conhecimentos locais na sala de aula. Os alunos aprendem, por exemplo, como usar os recursos naturais e cuidar do ambiente e do território onde vivem, aprendem sobre a história de seus antepassados, seus mitos etc. [...]
LEGENDA: Indígenas do grupo Kayapó em sala de aula na Aldeia Moikarako. Município de São Félix do Xingu, estado do Pará, 2016. FIM DA LEGENDA.
( ) A escola indígena tem como objetivo a catequização.
( ) Os professores indígenas ensinam apenas sobre sua cultura.
( ) Os estudantes aprendem tanto sobre a sua cultura como sobre a dos não indígenas.
88
Capítulo 3. A cafeicultura e a formação da população
No Brasil, o café começou a ser produzido a partir de 1830, nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. As principais áreas de cultivo localizavam-se na região do Vale do Rio Paraíba do Sul.
Com o tempo, o cultivo do café se expandiu para Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Mato Grosso do Sul. O aumento da produção incentivou a construção de ferrovias para o transporte do café, geralmente exportado para países da Europa e para os Estados Unidos.
Fonte: ARRUDA, José Jobson de Andrade. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1995. p. 43.
Em 1850, o tráfico de escravizados trazidos da África foi proibido e os donos de fazendas de café começaram a comprar escravizados no Nordeste, onde a produção de açúcar diminuía.
LEGENDA: Colhedores de café. Marc Ferrez. Estado do Rio de Janeiro, 1882. FIM DA LEGENDA.
89
Com o tempo, os fazendeiros e o governo começaram a incentivar a vinda de imigrantes europeus e asiáticos para o Brasil, para trabalharem nas plantações de café. Esses imigrantes começaram a chegar em grande número por volta de 1880.
Boxe complementar:
Você sabia?
Os imigrantes que chegaram ao Brasil há cerca de 150 anos eram de diversas nacionalidades: italianos, portugueses, espanhóis, alemães, poloneses, libaneses, japoneses, entre outros. Uma parte deles se fixou em núcleos coloniais, em especial nas regiões Sul e Sudeste, e em pequenas propriedades. Eles formaram comunidades que, mais tarde, deram origem a cidades.
LEGENDA: Município de Blumenau, estado de Santa Catarina, 2019. A cidade foi fundada por imigrantes alemães. FIM DA LEGENDA.
Fim do complemento
- Numere os acontecimentos na ordem correta.
( ) Fazendeiros compravam trabalhadores escravizados no Nordeste para trabalhar na produção de café.
( ) Imigrantes europeus e asiáticos vieram ao Brasil para trabalhar nas plantações de café.
( ) O café começou a ser cultivado nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
( ) A lavoura cafeeira se expandiu para Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Mato Grosso do Sul.
- Por que os fazendeiros passaram a comprar trabalhadores escravizados no Nordeste e incentivaram a vinda de imigrantes?
_____
90
Condições de vida e trabalho: os imigrantes
A partir de meados de 1880, um grande número de imigrantes foi enviado para trabalhar nas fazendas de café do estado de São Paulo. Os fazendeiros, acostumados ao regime escravista, ofereciam condições de trabalho muito hostis aos recém-chegados. Os salários eram baixos, os pagamentos atrasavam, as moradias eram precárias e, geralmente, não havia escolas nem assistência médica para os imigrantes.
LEGENDA: Colônia de imigrantes europeus. Município de Santa Leopoldina, estado do Espírito Santo, 1877. FIM DA LEGENDA.
Condições de vida e trabalho: livres e libertos
Em 1888 o regime escravista chegou ao fim, com a abolição da escravidão. Entretanto, os ex-escravizados passaram por dificuldades, somando-se à população pobre em busca de ofertas de emprego.
Nas lavouras de café do estado de São Paulo, onde o trabalho, antes, era realizado por escravizados, os fazendeiros deram preferência aos trabalhadores imigrantes. Os ex-escravizados muitas vezes eram contratados para trabalhos temporários nas lavouras, por um curto período de tempo.
Sem acesso a moradia, trabalho e educação, muitos ex-escravizados migraram do campo para as cidades em busca de melhores oportunidades.
LEGENDA: Trabalhadores livres. Município de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, 1910. FIM DA LEGENDA.
91
- Leia o texto a seguir e responda às questões.
Imigração e conflito
O tratamento que os imigrantes recebiam nas fazendas provocava atritos não apenas com os próprios trabalhadores, mas com os governos dos seus países de origem, os quais chegaram a proibir a vinda dos seus cidadãos a São Paulo com passagem paga, levando as autoridades brasileiras, em várias ocasiões, a procurar novas fontes de mão de obra.
Michael Hall. Imigrantes na cidade de São Paulo. In : Paula Porta (org.). História da cidade de São Paulo : a cidade na primeira metade do século XX – 1890-1954. São Paulo: Paz e Terra, 2004. p. 122
- Como era a vida dos imigrantes nas fazendas de café?
_____
- De acordo com o texto, qual foi a consequência dessas condições?
_____
- O trabalho temporário no campo (concentrado no período de colheita, por exemplo) é, ainda hoje, bastante comum na produção agrícola no Brasil. Essa prática representa uma continuidade ou uma mudança em relação à vida no campo no passado?
_____
92
Como as pessoas faziam para...
Adoçar os alimentos
No Brasil, a maioria das pessoas usa o açúcar feito da cana-de-açúcar para adoçar os alimentos. Mas será que sempre foi assim? O que as pessoas usavam há cerca de 500 anos? Ao longo do tempo, houve mudanças no modo de adoçar os alimentos. É essa história que você vai conhecer agora.
93
Os diferentes tipos de açúcar
Você já deve ter visto no supermercado que existem vários tipos de açúcar. Os mais comuns são: o mascavo, o cristal e o refinado. Quais são as diferenças entre eles?
Mascavo. É o açúcar obtido após o cozimento do caldo da cana, sem passar por processos químicos. Por isso, é o tipo mais rico em nutrientes.
Cristal. Recebe tratamento químico que o deixa bem mais claro que o mascavo e em formato de cristais. Cerca de 90% de seus nutrientes são perdidos nesse processo.
Refinado. O açúcar torna-se branco e fino após passar pelo refinamento, quando é peneirado e recebe tratamento químico. É o tipo mais saboroso e consumido, mas contém pouquíssimo. nutrientes.
ATIVIDADES
- O Brasil era um grande produtor de açúcar há cerca de 400 anos. Por que as pessoas que o produziam, pobres e negros escravizados, não o consumiam? O que eles utilizavam para adoçar os alimentos?
- Por que é tão mais fácil comprar um quilo de açúcar atualmente do que há 400 anos? Considere as informações a seguir para responder.
- O preço de um produto aumenta quando há muita procura e/ou pouca oferta.
- O preço de um produto diminui quando há pouca procura e/ou muita oferta.
94
Capítulo 4. Do campo para a cidade: as fábricas e os operários
Entre 1887 e 1930, 3,8 milhões de estrangeiros chegaram ao Brasil.
Com o passar do tempo, as condições precárias de trabalho no campo, as crises na produção do café e a diminuição na produção, o crescimento urbano e a criação de indústrias no Brasil estimularam o deslocamento dos imigrantes para as cidades.
Entre os imigrantes que buscavam trabalho nas cidades, havia aqueles que exerciam profissões como sapateiros, pedreiros e marceneiros. Muitos, porém, se tornaram operários nas fábricas recém-criadas.
Na cidade de São Paulo, por volta de 1890, o número de estrangeiros era maior que o número de nativos e, na indústria, a maior parte dos operários era de origem europeia.
LEGENDA: Colheita de café em fazenda. Estado de São Paulo, 1910. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Imigrantes italianos trabalhando em fábrica de caixas de papelão e tipografia. Município de Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, 1925. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Hora da leitura
• Meu avô alemão, de Martin Wille. São Paulo: Panda Books, 2012.
Nessa obra, o garoto Max vai passar alguns dias com seus avós, que moram na região Sul do Brasil. Conversando com eles, o garoto faz várias descobertas sobre seus antepassados, pois seu avô nasceu na Alemanha e migrou para o Brasil quando jovem.
Fim do complemento
95
- Quais foram os principais motivos que estimularam a mudança dos imigrantes do campo para as cidades?
_____
- Atualmente, quais são os maiores fluxos de imigração no Brasil e no mundo? Em grupo, faça uma pesquisa e identifique os locais de partida, os destinos e as principais causas da imigração hoje. Registre o resultado da pesquisa em seu caderno.
Boxe complementar:
Você sabia?
Criada em 1897, a Hospedaria de Imigrantes era um dos principais locais que recebiam os imigrantes que chegavam à cidade de São Paulo. Lá ficavam alojados até que fossem enviados ao trabalho nas lavouras ou nas indústrias. Localizada próximo à linha de trem, a hospedaria foi um dos maiores centros de alojamento de imigrantes do Brasil.
A hospedaria guardou os registros de entrada das pessoas que chegaram ao país, arquivos que hoje são importantes documentos históricos. Atualmente, o local abriga o Museu da Imigração, que dispõe, também, de um importante acervo digital sobre os fluxos de migração.
LEGENDA: Vista da antiga Hospedaria de Imigrantes, atual Museu da Imigração. Município de São Paulo, estado de São Paulo, 2017. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Passaporte do italiano Alfonso Grilli, que imigrou para o Brasil em 1909. FIM DA LEGENDA.
Fim do complemento
96
Migrações internas
Apesar do aumento do número de fábricas, há cerca de 100 anos a maior parte da população brasileira trabalhava na agricultura, que era, então, a principal atividade econômica do país. Em 1920, quase 70% dos brasileiros trabalhavam no campo. Ao longo do tempo, porém, esse cenário se transformou.
Muitas das novas oportunidades de trabalho e dos modos de vida que surgiam estavam ligados à industrialização e à urbanização. As ofertas de emprego nas cidades e as progressivas secas em áreas rurais levaram pequenos agricultores e trabalhadores do campo a migrar das mais diversas partes do Brasil para as cidades, em especial as da região Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Desse modo, o número de imigrantes estrangeiros diminuía, mas as migrações internas, de brasileiros mudando de cidade, cresciam.
LEGENDA: Migrantes nordestinos chegando ao município de São Paulo, estado de São Paulo, 1958. FIM DA LEGENDA.
O trabalho nas cidades
Além do trabalho na indústria, o comércio e a prestação de serviços também cresceram nas cidades, representando possibilidades de trabalho aos que chegavam. Muitos migrantes encontravam emprego em lojas e em serviços urbanos, trabalhando como vendedores, construtores, eletricistas, mecânicos, cozinheiros, motoristas, costureiras, lavadeiras, entregadores, artesãos e em outras funções.
97
- Leia o texto a seguir e responda à questão.
A viagem de Artur
Vilarejo de Caem, município de Jacobina, interior da Bahia, dezembro de 1947. Ansioso, Artur [...] despede-se da família e deixa para trás a casa e o sítio onde vivera seus primeiros 17 anos de vida. O rapaz, cheio de esperanças de uma vida melhor e com “aquele sonho de estudar na cabeça”, contaminara-se com a “febre da época”: São Paulo. [...]
Artur seguia os passos de um irmão mais velho, que se mudara alguns meses antes e já estava trabalhando como operário [...] juntou seus parcos pertences e partiu para uma longa jornada.
[...] No início de janeiro de 1948, Artur desembarcava na famosa estação Norte do bairro paulistano do Brás. De lá, mais um trem e finalmente chegava ao seu destino, São Miguel Paulista [...]. Era ali que Artur trabalharia por mais de 40 anos [...].
Paulo Fontes. Um Nordeste em São Paulo : trabalhadores migrantes em São Miguel Paulista (1945-1966). Rio de Janeiro: FGV, 2008. p. 41-42.
- Segundo o texto, quais motivos levaram Artur a iniciar sua viagem rumo a São Paulo?
- Você conhece alguma pessoa que mudou de cidade, estado ou país? Procure uma pessoa conhecida ou que more com você para entrevistar. Para isso, siga o roteiro.
- Qual é seu nome?
- Qual é seu local de origem?
- Quais foram os motivos da mudança?
Registre as respostas no caderno e escreva um pequeno texto contando a história dessa pessoa. Depois, leia-o para a turma.
98
Tecnologia e indústria no campo: agroindústria
Nos últimos 100 anos, a crescente industrialização no campo também foi responsável pela intensificação das migrações para as cidades.
Muitas atividades que empregavam o trabalho humano, ligadas ao cultivo da terra e ao processamento dos produtos agrícolas, como a secagem e a separação de grãos, passaram a ser realizadas por máquinas em procedimentos industriais cada vez mais sofisticados. Por esse motivo, as possibilidades de trabalho no campo reduziram e muitas pessoas tiveram de migrar para outros locais em busca de novas formas de sustento.
LEGENDA: Colheita de soja. Município de Cornélio Procópio, estado do Paraná, 2020. FIM DA LEGENDA
Agroindústria e meio ambiente
Além das transformações sociais, a prática de atividades agrícolas em escala industrial requer um cuidado especial com o meio ambiente. O desmatamento de áreas florestais para a criação de campos de cultivo em regiões como a Amazônia Legal ameaça o equilíbrio ambiental.
LEGENDA: Área desmatada para agricultura na Floresta Amazônica. Estado do Amazonas, 2020. FIM DA LEGENDA.
Desmatamento, queimadas e uso de produtos químicos, como os agrotóxicos utilizados para eliminar pragas das lavouras, são procedimentos comumente empregados na agroindústria e representam riscos à diversidade das espécies de animais e vegetais, à riqueza do solo e à qualidade das águas dos rios.
99
- Analise as afirmações a seguir e assinale um X em verdadeiro ou falso.
- Com a aceleração do
processo
de industrialização, os fluxos de migração acabaram.
( ) Verdadeiro
( ) Falso
- A industrialização modificou as relações de trabalho e as oportunidades de emprego no campo.
( ) Verdadeiro
( ) Falso
- Observe a tabela a seguir e responda às questões.
Tabela: equivalente textual a seguir.
Taxa consolidada de desmatamento na Amazônia Legal (2012-2020) |
|
---|---|
Ano |
Taxa de desmatamento (km²) |
2012 |
4.571 |
2013 |
5.891 |
2014 |
5.012 |
2015 |
6.207 |
2016 |
7.893 |
2017 |
6.947 |
2018 |
7.536 |
2019 |
10.129 |
2020 |
11.088 |
Fonte: PRODES. Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 2017. Disponível em: http://fdnc.io/9a9. Acesso em: 28 jan. 2021.
- De acordo com a tabela, o desmatamento na Amazônia Legal diminuiu ou aumentou entre os anos de 2012 e 2020?
_____
- Na sua opinião, que medidas podem ser tomadas para a preservação da floresta
nessa
região?
_____
100
Atividade divertida
Descubra e circule nos quadros da página as imagens que não se referem à festa, e sim à produção do caqui.
101
Página sem conteúdo.
102
O que você aprendeu
- Leia as charadas e escreva as respostas abaixo das figuras.
- Lugar onde era produzido o açúcar e onde viviam a família do senhor de engenho e os africanos escravizados.
LEGENDA: Obra de Frans Post. Cerca de 1600. Óleo sobre tela, 50 cm × 74,5 cm. FIM DA LEGENDA
_____
- É feito da cana-de-açúcar e é usado para adoçar alimentos.
LEGENDA: Detalhe da obra de Johann-Moritz Rugendas. 1835. Gravura, 52 cm × 67 cm. FIM DA LEGENDA
_____
- Leia o texto e responda às questões localizadas na próxima página.
O ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado por muitos. [...] Servem ao senhor do engenho em vários ofícios, além dos escravos de enxada e foice que têm nas fazendas e na moenda e fora os mulatos e mulatas, negros e negras de casa ou ocupados em outras partes, barqueiros, canoeiros, [...] carreiros, oleiros [pessoas que fabricavam peças de cerâmica], vaqueiros, pastores e pescadores.
André João Antonil. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas . 1ª edição de 1711. São Paulo: Edusp, 2007. p. 79.
103
Avaliação processual
- Quem
escreveu
esse texto? Em que ano foi publicado o livro do qual o trecho foi extraído?
_____
- De acordo com o autor, por que muitos gostariam de ser senhores de engenho?
_____
- Quem servia ao senhor de engenho?
_____
- Observe a imagem, leia a legenda e responda às questões.
LEGENDA: Detalhe de Paisagem com plantação (O engenho), de Frans Post. 1668. Óleo sobre tela,
71,5
cm
× 91,5 cm. FIM DA LEGENDA
- Qual construção foi representada? Que produto era obtido nesse local?
_____
- Que tipo de mão de obra era utilizado?
_____
104
- Observe as imagens, leia as legendas, complete a tabela e responda à questão a seguir.
LEGENDA: Na colonização, a cana-de-açúcar era cortada e colhida em um processo totalmente manual e exigia o trabalho de muitas pessoas, em sua maioria escravizadas. A cana era usada, sobretudo, para a produção de açúcar, rapadura e álcool. FIM DA LEGENDA
LEGENDA: Atualmente, o trabalho de cortar a cana é automatizado e utiliza maquinário de grande porte, que precisa de poucos operários assalariados para ser operado. A cana é utilizada para a produção de açúcar, rapadura, álcool e, também, para fazer combustível. FIM DA LEGENDA
Colonização |
Atualmente |
|
---|---|---|
Quantidade de pessoas |
_____ |
_____ |
Regime de trabalho |
_____ |
_____ |
Produtos gerados com a cana |
_____ |
_____ |
- Quais as diferenças entre o trabalho apresentado nas duas imagens?
_____
105
- Observe as duas imagens a seguir, leia as legendas e depois responda às questões.
LEGENDA: Imigrantes italianos colhendo café em fazenda do interior do estado de São Paulo, em 1930. FIM DA LEGENDA
LEGENDA: Operários da Fábrica Santana da Companhia Nacional de Tecidos de Juta, no município de São Paulo, estado de São Paulo, em 1931. FIM DA LEGENDA
- Que tipo de trabalho está sendo realizado em cada uma das fotografias?
_____
- Qual fotografia foi tirada no campo? E qual foi tirada na cidade?
_____
- Essas fotografias se relacionam com qual processo de transformação que ocorreu ao longo do tempo na sociedade brasileira?