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Unidade 4. Migrações no Brasil
LEGENDA: Apresentação de música no Tanabata Matsuri (Festival das Estrelas), festividade japonesa que ocorre todos os anos no bairro da Liberdade, no município de São Paulo, estado de São Paulo. Fotografia de 2017. FIM DA LEGENDA.
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Boxe complementar:
Vamos conversar
A palavra migração diz respeito ao deslocamento de pessoas de uma região para outra. Esses movimentos possibilitam o contato entre inúmeras culturas, modos de viver e de conviver.
1. O que é retratado na imagem? A cultura de qual nacionalidade é representada na fotografia?
2. No lugar em que você vive existem costumes e influências de diferentes tradições? Se existem, quais?
Fim do complemento..
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Capítulo 1. Imigração no Brasil
Muitos deslocamentos de população aconteceram pelo mundo ao longo da história por diversas razões, como necessidade econômica, guerras ou problemas políticos. A história do Brasil também é marcada pelo intenso fluxo de pessoas de diferentes partes do planeta.
Durante o período colonial, quando o Brasil esteve sob o domínio de Portugal, entre os séculos XVI e XIX, a presença de portugueses na colônia era expressiva. Além deles, franceses, holandeses e outros europeus, ligados especialmente ao comércio, também se estabeleceram no país. Entre os séculos XVI e XIX, cerca de 5 milhões de pessoas do continente africano, provenientes principalmente de Angola, Moçambique, Golfo de Benin (sudoeste da atual Nigéria) e Costa do Marfim, foram escravizadas e trazidas ao Brasil.
Imigração a partir do século XIX
Em 1822, o Brasil se tornou independente de Portugal e, em certa medida, isso favoreceu a entrada de pessoas de outras nacionalidades no país, afinal, a metrópole exercia um grande controle sobre o território colonial.
Com a campanha pela libertação dos escravizados e o declínio do sistema escravista, a partir do final do século XIX, novas relações de trabalho foram criadas com o uso de mão de obra livre e assalariada na lavoura. Esse trabalho foi desempenhado por imigrantes, muitos de origem europeia, que chegavam ao Brasil por meio de viagens incentivadas por proprietários de terras e pelo governo da época.
Entre 1870 e 1930, mais de 3 milhões de pessoas de origens diversas, como alemães, italianos, espanhóis, japoneses e árabes, chegaram ao país.
LEGENDA: Os emigrantes, de Antonio Rocco. 1910. Óleo sobre tela, 131 cm # 202 cm. FIM DA LEGENDA
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Imigração e cultura do café
Para aumentar a produção agrícola, sobretudo a do café, que passou a ser o principal produto de exportação do país em 1830, e com a proibição do tráfico de escravizados em 1850, o governo brasileiro moveu uma campanha para atrair trabalhadores estrangeiros.
Entusiasmados com a propaganda imigratória e provindos de locais onde ocorriam sérios conflitos, problemas econômicos e escassez de alimentos, os imigrantes viajaram de terras distantes para o Brasil, atuando, no início, como trabalhadores rurais. Entretanto, muitos encontraram também uma vida difícil: nem sempre recebiam corretamente os seus pagamentos ou os lotes de terra prometidos, os contratos por vezes não eram cumpridos e eles eram submetidos a desgastantes jornadas de trabalho.
- Quais foram as principais razões da imigração para o Brasil no século XIX?
- Observe a imagem a seguir e responda à questão no caderno.
LEGENDA: O descanso no cafezal, de Mara D. Toledo. 2013. Óleo sobre tela, 60 cm # 90 cm. FIM DA LEGENDA.
- Quem são e o que estão fazendo as pessoas retratadas na pintura? Como elas são representadas?
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Travessia para o Brasil
Os imigrantes que chegaram ao Brasil no final do século XIX e início do século XX eram atraídos por campanhas imigratórias que prometiam melhores condições de vida do que aquela à qual realmente teriam acesso.
As viagens até o Brasil eram cansativas. Muitas vezes os imigrantes tinham que viajar da sua cidade, no interior do país, até os portos onde iriam embarcar. Então, começava a longa e difícil travessia. Nas primeiras viagens, o governo e os proprietários de terras financiavam as passagens, que deveriam ser pagas com o trabalho ao chegar às lavouras. As condições de viagem eram péssimas: muitas pessoas dividiam um pequeno espaço nos porões dos navios e ficavam submetidas a condições de higiene e de alimentação precárias.
Muitos imigrantes tinham a intenção de trabalhar temporariamente no Brasil, juntar algum dinheiro e voltar para a terra de origem. Mas raramente isso era possível, pois, logo que chegavam ao destino, tinham que trabalhar para pagar as despesas da viagem. Isso gerava uma situação de dependência. Como não tinham dinheiro, também assumiam dívidas nos armazéns das fazendas onde trabalhavam, para obter artigos de primeira necessidade, como roupas e comida.
LEGENDA: Desembarque de imigrantes no porto de Santos, no estado de São Paulo, em 1907. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Hora da leitura
• Mamma Mia! História de uma imigrante italiana, de Ricardo Dreguer. São Paulo: Moderna, 2015.
O livro conta a história de Lucía, jovem italiana que, no final do século XIX, vem para o Brasil em busca de melhores condições de vida. Por meio dessa obra de ficção, os jovens leitores podem conhecer um pouco mais sobre a história das migrações e dos imigrantes no país em que vivemos.
Fim do complemento.
115
Boxe complementar:
Você sabia?
Na revista O Immigrante, os textos eram publicados em italiano, francês, alemão, inglês e árabe, pois destinavam-se às populações que falavam esses idiomas. Observe como o estado de São Paulo é representado na capa. A proporção do espaço ocupado por esse estado não corresponde ao tamanho real do território. Por que teriam representado dessa maneira?
LEGENDA: Capa da revista O Immigrante, ano 1, n. 1, jan. 1908.
LO
Fim do complemento.
- Observe a imagem e leia a legenda. Em seguida, responda às questões.
LEGENDA: Cartaz de propaganda para atrair imigrantes italianos para o Brasil no final do século XIX. O cartaz está escrito em italiano, no qual se lê: “Na América. Terras no Brasil para os italianos. Navios partindo toda semana do porto de Gênova. Venham construir seus sonhos com a família. Um país de oportunidades. Clima tropical e abundância. Riquezas minerais. No Brasil vocês podem ter o seu castelo. O governo dá terras e ferramentas para todos”. FIM DA LEGENDA
- Qual é a mensagem da propaganda sobre o Brasil?
- A propaganda descreve corretamente o que os imigrantes encontraram ao chegar ao Brasil? Por quê?
- Muitos aspectos culturais brasileiros tiveram influência da imigração. A culinária é um exemplo. Escolha uma nacionalidade de imigrantes e pesquise em casa, junto com seus familiares, um prato típico dessa nação que se tornou popular no Brasil. Depois, apresente para a turma o alimento escolhido, a nacionalidade de origem e a importância desse alimento para a cultura de seu povo.
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Escravidão e trabalho livre
No Brasil, a principal força de trabalho explorada durante o período colonial era composta de pessoas escravizadas originárias do continente africano. Elas foram empregadas como mão de obra nos principais ciclos econômicos da história brasileira, como o da produção de cana-de-açúcar, no litoral do Nordeste nos séculos XVI e XVII, e o do ciclo do ouro, na região de Minas Gerais no século XVII. No século XIX, com a produção de café no Sudeste (em especial, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), a situação não foi diferente.
Tabela: equiv alente textual a seguir
População brasileira de livres, escravizados e imigrantes (1872) |
|||
---|---|---|---|
Total |
Livres |
Escravizados |
Imigrantes |
9.930.000 |
8.031.000 |
1.511.000 |
388.000 |
FONTE: Atlas Histórico do Brasil. FGV. CPDOC. 2016. Disponível em: https://atlas.fgv.br/ . Acesso em: 20 fev. 2021.
Fim do regime escravista
A maior parte do trabalho nas lavouras de café inicialmente foi realizada por pessoas escravizadas. Contudo, a campanha abolicionista – que exigia o fim da escravidão –, a pressão internacional pelo fim do tráfico de escravizados e a resistência das pessoas escravizadas (com a formação de quilombos, por exemplo) contribuíram para o fim do regime escravista, que ocorreu em 1888, com a assinatura da Lei Áurea.
O trabalho assalariado difundiu-se no campo. Entretanto, a nova população de trabalhadores libertos foi substituída pelos imigrantes nas lavouras. Essa mudança não ocorreu de um instante para o outro. Na verdade, ex-escravos e imigrantes trabalharam juntos em diversos lugares.
LEGENDA: Quilombolas em frente a uma casa tradicional da comunidade Kalunga do Vão do Moleque. Município de Cavalcante, no estado de Goiás, em 2017. FIM DA LEGENDA
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- Reúna-se com um colega. Observem as imagens abaixo e, com base em seus conhecimentos, elaborem uma descrição para cada uma delas.
LEGENDA: Colonos italianos no município Nova Europa, no estado de São Paulo, em 1911. FIM DA LEGENDA
LEGENDA: Imigrantes japoneses em plantação de café no início dos anos 1900. FIM DA LEGENDA
- O trabalho nas fazendas de café é o tema de muitas obras do artista Candido Portinari (1903-1962). Reúna-se em grupo com os colegas e pesquisem sobre a história desse artista e suas obras. Cada grupo deverá:
- selecionar duas obras desse artista que tenham relação com o tema do trabalho nas fazendas de café;
- explicar como os trabalhadores da lavoura cafeeira foram representados nas obras escolhidas.
LEGENDA: Café, de Candido Portinari. 1935. Óleo sobre tela, 130 cm # 195 cm. FIM DA LEGENDA.
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Para ler e escrever melhor
Quais são as semelhanças e as diferenças entre as condições de vida e trabalho dos imigrantes nas lavouras de café e nas colônias estabelecidas no Brasil no século XIX? Saiba mais no texto a seguir.
O fluxo migratório da Europa para o Brasil se intensificou a partir de 1845. Com isso, surgiram diversas colônias criadas pelo governo e também por particulares.
Colônias de imigrantes
A imigração europeia para o estado do Rio Grande do Sul no século XIX caracteriza-se pela posse da pequena propriedade de áreas ainda não colonizadas. Os imigrantes dirigiram-se para essas regiões com o objetivo [de praticar a] agricultura de base familiar e com a missão de transformar economicamente e culturalmente as áreas ocupadas. Nesse processo destacam-se, numericamente, os alemães e os italianos. Diferentemente do processo do Sudeste do país, esses fluxos imigratórios não estão ligados à substituição de mão de obra escrava.
[…]
Os processos imigratórios dos séculos XIX e XX [...] caracterizam uma trajetória de transformação cultural das localidades envolvidas neles. [...] Uma nova identidade foi constituída para a população local através dessa experiência imigratória.
FONTE: Cristine Fortes Lia e Roberto Radünz. Os processos imigratórios dos séculos XIX e XX: diálogos entre o saber acadêmico e a Educação Básica. Educar em Revista , Curitiba, n. 61, p. 258 e 260, jul./set. 2016. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/46330/29237 . Acesso em: 21 mar. 2021.
LEGENDA: Família italiana na colônia Dona Isabel, onde hoje se localiza o município de Bento Gonçalves, no estado do Rio Grande do Sul, cerca de 1920.FIM DA LEGENDA
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- Identifique as principais características do trabalho dos imigrantes nos seguintes contextos: nos núcleos coloniais no Sul e na lavoura cafeeira do Sudeste.
- Quais eram os principais grupos de imigrantes que se estabeleceram no Sul do Brasil?
- No século
XIX,
a região Sul do Brasil era habitada, também, por povos indígenas de origem Guarani e Jê (como Xokleng e Kaingang). Com base
nessa
informação, releia o texto da página anterior, em seguida, reúna-se com os colegas e
conversem
sobre a questão a seguir.
- O que se entendia, naquele período, por “missão de transformar economicamente e culturalmente as áreas ocupadas”?
LEGENDA: Estudantes da etnia Kaingang no pátio externo da escola, na Reserva do Guarita. Município de Redentora, no estado do Rio Grande do Sul. Fotografia de 2014. FIM DA LEGENDA
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Capítulo 2. Diversidade de povos e costumes
O deslocamento das populações contribui para intensas trocas entre povos diversos. A riqueza cultural de cada um inclui seus hábitos e também os que foram adquiridos no contato com outros grupos ao longo do tempo. A população brasileira tem hábitos, por exemplo, das populações indígenas, portuguesas, africanas, italianas, japonesas, alemãs, árabes, entre outras.
A pluralidade de costumes é evidente na vida brasileira cotidiana: na culinária, nas vestimentas, na arquitetura, no idioma, nas músicas e religiões. Para os novos habitantes que chegavam, manter os costumes do país de origem era um meio de preservar sua identidade. As pessoas podiam, assim, sentir-se mais unidas e menos excluídas, afinal, existia também discriminação pelas diferentes maneiras de viver.
- Observe as fotografias e as legendas. Depois, responda às questões.
LEGENDA: Chef de um restaurante em Lagos, Nigéria, prepara akará. Fotografia de 2016. O akará é um bolinho feito de feijão-fradinho e frito em azeite de dendê. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Baiana preparando massa de acarajé em Salvador, no estado da Bahia, em 2016. O acarajé é uma massa feita de feijão-fradinho e frita em azeite de dendê. FIM DA LEGENDA.
- Em quais locais esses alimentos são vendidos?
- Explique a semelhança entre esses dois alimentos.
121
Imigração e identidade
Nas migrações que ocorreram entre os séculos XIX e XX para o Brasil, um grupo que teve intensa presença em algumas regiões foi o de italianos. Uma maneira de preservarem sua identidade é a realização de festas populares religiosas dedicadas aos santos de seus locais de origem, como as festas Nossa Senhora Achiropita, San Gennaro, São Vito e Nossa Senhora de Casaluce. Nelas, descendentes dos imigrantes vestem roupas tradicionais e preparam pratos típicos, mantendo hábitos da Itália que foram trazidos com a imigração.
LEGENDA: Apresentação de dança e música de grupo folclórico italiano em Festa do Imigrante. Município de São Paulo, no estado de São Paulo, em 2017. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Você sabia?
A Pomerânia localizava-se entre o norte da Alemanha e a Polônia. Há mais de 150 anos, muitas pessoas dessa região migraram para o Brasil, estabelecendo-se nos estados do Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em 1856, o primeiro grupo de pomeranos chegou ao estado do Espírito Santo. Atualmente, é no Espírito Santo que se encontra a maior concentração de pomeranos no Brasil. Já na região Sul, a chegada dos pomeranos ocorreu em 1857. Com as guerras frequentes que ocorreram na Europa, a cultura pomerana foi perseguida e perdeu muitas de suas características. No entanto, ela ficou preservada no Brasil, de modo que a língua pomerana (que não se fala mais na Europa) é, ainda hoje, falada no Sul do país.
LEGENDA: Fachada do Museu Casa do Imigrante Carl Weege, de arquitetura germânica. Município de Pomerode, no estado de Santa Catarina, em 2017. FIM DA LEGENDA.
Fim do complemento.
- Converse com um familiar sobre a diversidade de influências na cultura brasileira e procure descobrir com ele alguns exemplos de tradições relacionados aos costumes na cidade em que você vive e registre-os no caderno. Depois, compartilhe com a turma em sala de aula e troque informações com os colegas e o professor.
122
Preservação da diversidade cultural
Muitos imigrantes preservaram sua cultura e identidade mantendo, no Brasil, os hábitos de seus locais de origem. Com o tempo, em maior ou menor intensidade, os costumes dos imigrantes misturaram-se aos dos brasileiros.
Em Santa Catarina, as mulheres descendentes de imigrantes açorianos realizam a prática artesanal da renda de bilro, cuja técnica é passada de mãe para filha. Hoje, o costume tradicional da renda, comum em muitas tradições do Brasil, corre o risco de se perder, pois a compra de artigos industrializados é mais frequente que a de artesanais.
A variedade e a riqueza culinária do Brasil são produto da mistura de sabores vindos de diferentes lugares do mundo. Os pratos feitos com massas à base de trigo, por exemplo, passaram a ser muito consumidos no país por causa dos italianos. Os alemães trouxeram o gosto pelos embutidos, como a salsicha e a linguiça. Os japoneses trouxeram pratos como o sushi , o sashimi e o temaki.
LEGENDA: Rendeira fazendo renda de bilro, no vilarejo de Lagoa da Conceição, município de Florianópolis, no estado de Santa Catarina, em 2013. Essa técnica chegou ao Sul do Brasil por meio da imigração açoriana. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: As receitas de origens diversas são comuns no Brasil e revelam a diversidade cultural do país. FIM DA LEGENDA.
123
Boxe complementar:
Você sabia ?
Uma das versões sobre a origem do pastel diz que esse alimento é uma adaptação dos rolinhos primavera chineses e que foi inventado por imigrantes chineses que viviam em São Paulo, no fim do século XIX. Contudo, foram os japoneses que popularizaram a produção e o consumo do pastel, abrindo pastelarias em vários lugares do Brasil a partir do final dos anos 1940.
Fim do complemento.
- Leia a seguir o trecho da carta de um imigrante de origem alemã recém-chegado ao Brasil e responda às questões.
Colônia Santa Justa, 24 de junho de 1852
Caros amigos! Estamos no momento em pleno inverno, mas podemos ainda andar descalços [...]. Para a minha família foram dados 2000 pés de café, montando 500 para cada pessoa; eles não são mais altos do que se pode alcançar e estão tão carregados que basta passar as mãos. Pepinos, ervas, feijão, alface e batatas pode-se obter ainda frescos; mas no inverno não cresce nada. Como na Alemanha, é possível obter de tudo aqui. Além de algumas galinhas, ainda não comprei nada, pois não estamos completamente instalados. Desde o dia 27 de maio, quando chegamos à nossa colônia, encontramos-nos bem e com saúde. [...] Sobre o nosso ganho ainda não posso escrever muito a respeito; mas o nosso senhor [patrão] [...] garante que quem for em certa medida fiel conseguirá dentro de 2 anos quitar as suas dívidas. [...] Uma igreja e uma escola para as nossas três colônias estão sendo construídas [...] termino aqui e desejo a vocês todos tudo de bom na vida.
FONTE: Georg Ludwigstadt. In : Débora Bendocchi Alves. Cartas de imigrantes como fonte para o historiador: Rio de Janeiro – Turíngia (1852-1853). Revista Brasileira de História , São Paulo, v. 23, n. 45, jul. 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbh/v23n45/16524.pdf . Acesso em: 20 fev. 2021.
LEGENDA: A presença de imigrantes alemães influenciou a arquitetura em diversas cidades do país. Município de Blumenau, no estado de Santa Catarina, em 2019. FIM DA LEGENDA.
- Quais são as notícias que o imigrante dá aos amigos dele?
- Essa carta foi publicada em 1852 em um jornal alemão. Você acredita que ela pode ter sido usada como propaganda para incentivar a emigração? Por quê?
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O mundo que queremos
O número de migrantes e, especialmente, de refugiados no mundo atualmente é o maior de que se tem registro na história: mais de 65 milhões de pessoas foram forçadas a deixar seus lugares de origem. Elas enfrentam grandes desafios para preservar e reconstruir suas vidas.
Dignidade para migrantes e refugiados
A migração é um fenômeno mundial provocado por muitas forças, entre elas, aspirações por dignidade, segurança e paz, disse a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, na ocasião do Dia Internacional dos Migrantes [...].
“Milhões de mulheres e homens estão deixando seus lares à procura de trabalho e educação. Milhões de pessoas estão se deslocando porque não tiveram escolha, estão fugindo da guerra e da perseguição ou estão tentando escapar do círculo vicioso da pobreza, da insegurança alimentar e da degradação do meio ambiente”, disse ela [...].
[...] Cerca de 50 milhões de crianças em todo o mundo estão em movimento. Parte dessa migração é positiva, com as crianças e suas famílias se movendo de forma voluntária e segura. No entanto, a experiência de migração para milhões de crianças não é nem voluntária nem segura, mas repleta de riscos e perigos [...].
[...] Muitos governos [...] em todo o mundo já escolheram tomar medidas positivas para proteger e cuidar de crianças migrantes.
FONTE: Campanha do Unicef atenta para a migração segura de crianças e adolescentes. Nações Unidas no Brasil . 18 dez. 2017. Disponível em: https://www.tjrr.jus.br/cij/index.php/noticias/841-campanha-do-unicef-atenta-para-a-migracao-segura-de-criancas-e-adolescentes . Acesso em: 21 fev. 2021.
- De acordo com o texto, quais são as principais razões das migrações?
- Qual seria a diferença entre a migração voluntária e a não voluntária? Explique.
PROFESSOR
Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
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- o local onde você vive existem comunidades de migrantes e/ou refugiados que chegaram há pouco tempo ao país? Se preciso, faça uma pesquisa e converse com colegas, professores e familiares.
LEGENDA: Participantes de oficina sobre a culinária dos refugiados, realizada no município de São José dos Campos, no estado de São Paulo, em 2019. FIM DA LEGENDA.
- Reúnam-se em grupos e leiam o texto a seguir.
O deslocamento forçado afeta mais de 1% da humanidade (uma em cada 97 pessoas), sendo que um número cada vez menor de pessoas forçadas a fugir consegue voltar para suas casas. Até o fim de 2019, 79,5 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas [a] deixar suas casas. O deslocamento forçado praticamente dobrou na última década.
O número de crianças deslocadas (entre 30 e 34 milhões, sendo dezenas de milhares desacompanhadas) é tão grande quanto as populações da Austrália, Dinamarca e Mongólia juntas.
FONTE: DADOS sobre refúgio. Acnur Brasil . jun. 2020. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/dados-sobre-refugio/ . Acesso em: 20 fev. 2021.
- Façam uma pequena pesquisa na internet. Realizem a pesquisa, se possível, no site do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), a agência da ONU que se dedica ao estudo e à proteção dos direitos das pessoas refugiadas; o site da instituição está disponível em: https://www.acnur.org/portugues/ . Acesso em: 20 fev. 2021. Procurem descobrir quais são os principais países de origem dos refugiados na atualidade.
- Conversem sobre medidas que podem ser tomadas para proteger e cuidar de pessoas refugiadas, garantindo respeito e dignidade a elas.
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Capítulo 3. Migrações internas no Brasil
Muitas pessoas saem de seus lugares de origem em busca de melhores empregos e melhores condições de vida. Há também aquelas que migram por causa de guerras, conflitos sociais ou, até mesmo, pelas condições adversas da natureza, como secas e desastres naturais.
No Brasil, entre as décadas de 1920 e 1970, muitas pessoas deixaram sua terra natal e migraram para outras regiões do país. Os períodos prolongados de seca no Nordeste causaram escassez de água, dificuldade de cultivar a terra, desemprego e situações de fome e miséria, levando várias famílias a migrar em busca de condições de sobrevivência. Especialmente entre os anos de 1930 e 1960, esse fluxo migratório ocorreu em direção às regiões Sul e Sudeste, onde havia oferta de trabalho em construções, indústrias, fazendas e outros setores.
LEGENDA: Retirantes, de Candido Portinari. 1944. Óleo sobre tela, 190 cm # 180 cm. A obra representa a seca no Nordeste, que sofreu com uma grande estiagem nos anos 1930. FIM DA LEGENDA.
Construção de Brasília e fluxos de migração
Na década de 1950, decidiu-se construir uma nova capital para o Brasil: a cidade de Brasília. A construção da cidade na região Centro-Oeste do país causou uma grande onda de migração interna. Milhares de pessoas, sobretudo naturais de Minas Gerais, Goiás e Bahia, estados próximos à nova capital que se construía, migraram para trabalhar nas obras, que duraram cerca de três anos. Muitas pessoas que chegaram a Brasília procuravam por condições dignas de vida e se estabeleceram em cidades localizadas no entorno da nova capital.
LEGENDA: Trabalhadores nas obras de construção da nova capital. Brasília, Distrito Federal, em 1959. FIM DA LEGENDA.
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Boxe complementar:
Você sabia?
O trecho de reportagem a seguir trata das migrações internas no Brasil por volta do período entre 2000 e 2010, chamando a atenção para as migrações de retorno.
A migração entre regiões do país perdeu intensidade na última década [entre 2000 e 2010], e estados do Nordeste, além de reter população, começaram a receber de volta os que deixaram seus estados rumo ao centro-sul do país. É o que diz um levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) [em 2011].
Segundo o instituto, na última década começou a haver um movimento de retorno da população às regiões de origem em todo o país. A corrente migratória mais expressiva continua a ser entre o Nordeste e o Sudeste, mas houve redução. A região Nordeste foi a que apresentou o maior número de migrantes retornando para seus estados, seguida, em menor escala, pela região Sul.
FONTE: NORDESTE é região com maior retorno de migrantes, segundo IBGE. G1 , 15 jul. 2011. Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/07/nordeste-e-regiao-com-maior-retorno-de-migrantes-segundo-ibge.html . Acesso em: 20 fev. 2021.
Fim do complemento..
- A tabela a seguir registra a população não natural, ou seja, que não nasceu no município em que reside, de alguns estados brasileiros no ano de 2015. Observe-a e responda às questões.
Tabela: equivalente textual a seguir
População não natural do município de residência (2015)
Estado (UF)
Porcentagem (%)
Estado (UF)
Porcentagem (%)
Alagoas
32,22
Piauí
26,98
Amazonas
30,92
Rio de Janeiro
29,35
Ceará
27,87
Rondônia
56,89
Goiás
52,62
Roraima
53,90
Mato Grosso
60,14
Tocantins
54,41
Fonte: IBGE. Migrações - Não naturais do município de residência, por grupos de idade. Séries históricas e estatísticas. Disponível em: https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=PD368&t=migracoes-nao-naturais-municipio-residencia-grupos . Acesso em: 21 fev. 2021.
- Quais desses estados têm maior porcentagem de habitantes que são migrantes? Quais têm a porcentagem menor?
- A partir dos dados da tabela, indique quais estados de quais regiões do Brasil receberam mais habitantes novos. Por que isso teria ocorrido?
128
Identidade cultural dos migrantes
A cultura do povo brasileiro não é homogênea. Diferentes regiões, cidades e populações têm costumes e tradições próprias. Nos processos de migração, as pessoas se adaptam a novos costumes, mas também promovem trocas, encontros e transformações, buscando manter a sua identidade cultural. Essas transformações podem ser observadas em muitos bairros, espaços sociais, nos costumes e nas festas.
LEGENDA: A festa Entoada Nordestina resgata as tradições do Nordeste brasileiro, incluindo apresentações musicais. Município de São Caetano do Sul, no estado de São Paulo, em 2016. FIM DA LEGENDA.
A região das cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema, na área metropolitana de São Paulo, é conhecida como ABCD Paulista. Nessa área, mais de 20% de sua população é composta de migrantes da região Nordeste, que se mudaram entre os anos de 1930 e 1960, em busca de trabalho nas indústrias locais. Por isso, em muitos bairros existem comércios e feiras que vendem produtos típicos dos lugares de origem dos migrantes.
LEGENDA: Centro de Tradições Gaúchas Ronda Crioula, município de São Sepé, no estado do Rio Grande do Sul, em 2017. A entidade, tradicional da cultura gaúcha, foi fundada em 1999 no estado de Rondônia e existe também em várias cidades da região Sul. FIM DA LEGENDA.
129
Na cidade de Porto Velho, em Rondônia, o Centro de Tradições Gaúchas Ronda Crioula (CTG) é formado por migrantes que deixaram o Rio Grande do Sul em busca de trabalho. O CTG promove eventos, como o Festival de Arte e Tradição Gaúcha da Amazônia, com músicas, danças e comidas tradicionais do Rio Grande do Sul. Além de ser espaço de convívio para os migrantes, também é importante para os habitantes locais conhecerem as tradições de outras regiões do país.
- Explique por que há muitos migrantes e descendentes de migrantes na região metropolitana de São Paulo conhecida como ABCD.
- Observe a imagem abaixo, leia a legenda e responda às questões.
LEGENDA: Centro de Tradições Nordestinas, no município de São Paulo, no estado de São Paulo, em 2017. O local, fundado em 1991, é um espaço de encontro dos migrantes da região Nordeste e de divulgação da cultura dessa região. FIM DA LEGENDA.
- Que espaço é retratado na fotografia? Qual é a função dele?
- Esse tipo de espaço é importante para a cultura das populações migrantes? Por quê?
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Como as pessoas faziam para...
Migrar dentro do Brasil
Hoje conhecemos vários relatos de pessoas que migraram para viver em outras cidades ou países. Muitas travessias são arriscadas, realizadas em embarcações superlotadas. Às vezes, para chegar ao destino, os migrantes usam diversos tipos de meios de transporte. No passado, os transportes eram menos acessíveis que atualmente; então, como eram as viagens daqueles que deixavam o sertão e migravam para outras regiões do Brasil?
LEGENDA: Morador do povoado Nascimento recolhe água de açude no período de seca no município de São Raimundo Nonato, no estado do Piauí, em 2018.FIM DA LEGENDA.
Em muitas regiões do Nordeste, a seca é um fenômeno natural e sazonal (que acontece de tempos em tempos). Com a falta de água, as pessoas não podem sobreviver, e o solo se torna improdutivo, resultando na escassez de alimentos e de trabalho. Por isso, muitas pessoas precisaram deixar suas casas para migrar com suas famílias.
Era comum famílias inteiras migrarem juntas. Crianças, adultos e idosos caminhavam em pequenos grupos. Viajar de ônibus não era barato, e poucas pessoas tinham recursos para pagar pelas passagens. Por isso, muitos faziam trajetos a pé e com a ajuda de animais. A viagem era longa, cansativa e podia prolongar-se durante meses.
LEGENDA: Família do sertão brasileiro fugindo da seca, viajando com cavalos e poucos pertences em busca de um lugar melhor para cultivar a terra, 1942.FIM DA LEGENDA.
131
Durante a viagem, os migrantes montavam pequenos acampamentos próximos aos acostamentos das estradas para passar a noite ou dormiam em redes amarradas em árvores. A maioria das famílias enfrentava o frio e a fome durante o trajeto. Como o percurso era longo e às vezes incerto, não se levava muita coisa. A maioria das pessoas migrava apenas com algumas trocas de roupa e pequenos objetos pessoais.
LEGENDA: Migrantes nordestinos no alojamento de empregados de fazenda no interior do estado de São Paulo, em 1930.FIM DA LEGENDA.
Depois de meses de viagem, ao chegar à cidade de destino, os retirantes precisavam procurar por emprego, moradia e se adaptar à nova paisagem e aos costumes locais. Além disso, muitas vezes, eram discriminados pelos moradores da cidade. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, alguns se alojavam em hospedarias ou pensões.
LEGENDA: Migrantes chegando a hotel no município de São Paulo, no estado de São Paulo, década de 1930. FIM DA LEGENDA.
Outros iam morar em casarões antigos, nos centros urbanos, chamados de cortiços, onde viviam várias famílias. Quando encontravam trabalho, as famílias de migrantes alugavam pequenas casas, geralmente em bairros distantes do centro da cidade.
LEGENDA: Migrantes trabalhando nas obras de construção da cidade de Brasília, no Distrito Federal, em 1959. FIM DA LEGENDA.
- Explique como era a viagem dos migrantes brasileiros no passado.
- Como era a vida dos migrantes ao chegar a uma nova cidade?
- Converse com seus familiares e pergunte se na sua família há alguém que tenha migrado, e, se sim, qual o motivo do deslocamento. Depois converse em sala de aula com os colegas sobre as diferentes experiências de migração.
132
Capítulo 4. Conhecendo a diversidade cultural do Brasil
Como vimos nos capítulos anteriores, a cultura brasileira foi formada por uma diversidade de povos e etnias, culturas e tradições. Muitos costumes são compartilhados pela população, herdados dos diferentes grupos que compõem essa sociedade. Há, também, as culturas regionais que apresentam muitas diferenças e podem ser observadas em danças, festas, comidas e, até mesmo, em expressões verbais.
O processo de migração interna contribui para a diversidade cultural brasileira porque aproxima pessoas de origens e histórias muito diferentes.
No cotidiano das grandes cidades circulam e convivem pessoas vindas de diversas regiões do Brasil.
LEGENDA: O maracatu é um tipo de dança e música popular presente especialmente no estado de Pernambuco. Inspirados em tradições africanas, os músicos dos blocos usam chocalhos e tambores. Município de Olinda, no estado de Pernambuco, em 2020. FIM DA LEGENDA.
Comunicação e cultura
Hoje, os meios de comunicação, como rádio, jornais impressos e digitais, programas de televisão e internet, possibilitam acessar e conhecer com mais facilidade a diversidade cultural, tanto brasileira quanto de outros países. O contato com diferentes hábitos, costumes e formas de se expressar possibilita romper com muitos preconceitos.
Entretanto, alguns meios de circulação da informação também podem favorecer a valorização de uma dada cultura em relação a outras, resultando em processos de exclusão de alguns grupos sociais.
Boxe complementar:
Hora da leitura
• Histórias à brasileira, vol. 1, de Ana Maria Machado. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002.
A obra apresenta dez histórias tradicionais brasileiras recontadas pela autora Ana Maria Machado.
Fim do complemento..
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Hoje, aplicativos e redes virtuais possibilitam conhecer diferentes culturas de lugares distantes. Nem todas as pessoas têm acesso aos meios digitais; é possível, contudo, também aprender sobre a diversidade por meio do convívio. Por isso, é importante utilizar diversos meios de conhecer outros costumes, pessoas e histórias, como os centros culturais e os espaços de convivência.
LEGENDA: Festa de Nossa Senhora do Rosário, realizada no estado de São Paulo. Fotografia de 2019. A festa conta com apresentações de grupos de congada e maracatu. FIM DA LEGENDA.
- De que maneiras podemos conhecer a diversidade cultural do Brasil?
- Reúna-se com os colegas para produzir um álbum sobre a riqueza cultural de um estado ou região do Brasil. Para isso, façam uma pesquisa (em livros, jornais, revistas ou internet) conforme as indicações a seguir.
- Escolham um estado ou região do Brasil do qual gostariam de saber mais sobre os costumes populares.
- Pesquisem quais são as tradições culturais do local escolhido. Selecionem músicas, danças, influências no idioma, alimentos típicos, festas ou histórias populares.
- Reúnam imagens, textos e outros materiais sobre o lugar e produzam um álbum sobre esses costumes. Depois, indiquem o que há de comum com os costumes do local em que vocês vivem.
LEGENDA: Estudantes utilizam computador no ambiente escolar. Município de Várzea Grande, no estado de Mato Grosso, em 2018. FIM DA LEGENDA.
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Identidade nacional e comunicação
Os meios de comunicação são importantes modos de transmissão cultural. Há cerca de 70 anos, por volta de 1950, o rádio tornou-se um meio de comunicação muito popular no Brasil. A primeira emissora de rádio foi fundada em 1923, no Rio de Janeiro, um ano após essa tecnologia chegar ao país. Pouco tempo depois, na década de 1930, várias emissoras de rádio surgiram. Os programas transmitiam notícias, jogos de futebol, festivais de música, propagandas e radionovelas. Para as pessoas que haviam migrado, o rádio era também uma maneira de entrar em contato com notícias, músicas e outros aspectos da vida do local de onde tinham partido.
A era do rádio
Na década de 1930, no governo do presidente Getúlio Vargas, o rádio foi usado como um meio de difundir a ideia de que o Brasil tinha uma única identidade cultural. Eram exaltados aspectos da cultura popular comuns a muitos brasileiros, como o samba e o futebol, para criar um sentimento de pertencimento à identidade nacional. Algumas emissoras de rádio tinham programações inteiras apenas com canções brasileiras.
O rádio também foi muito utilizado na propaganda política. Em 1938, foi criado o programa Hora do Brasil. Ele era transmitido por todas as emissoras, diariamente, durante 1 hora, com o objetivo de fazer propaganda das políticas públicas do governo. Sua programação começava com a ópera “O Guarani” , de Carlos Gomes, que fazia referência à cultura indígena, uma composição muito utilizada nesse período.
LEGENDA: A cantora Carmen Miranda e as canções que interpretou representavam as ideias do período sobre a unidade da cultura brasileira. Década de 1940. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Seleção brasileira (à direita) em jogo contra a equipe da Polônia na Copa do Mundo de 1938, na França. O rádio foi muito importante na divulgação do futebol como um símbolo da cultura nacional. FIM DA LEGENDA.
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- Leia o texto a seguir e responda à questão.
Rádio e identidade nacional
Desde 1931, [...] o governo já vinha implantando uma política de controle da informação transmitida pelo rádio e pela imprensa. [...] em 1938, inaugurou-se o programa “Hora do Brasil” [...].
LEGENDA: Família reunida ouvindo o rádio. Fotografia da década de 1940, no Brasil. FIM DA LEGENDA.
Além de informar detalhadamente sobre os atos do presidente da República e as realizações do Estado, “Hora do Brasil” incluía uma programação cultural que pretendia incentivar o gosto pela “boa música” através da audição de autores considerados célebres. A música brasileira era privilegiada, já que 70% do acervo eram de compositores nacionais. Comentários sobre a arte popular, em suas mais variadas expressões regionais, e descrições dos pontos turísticos do país também eram incluídos na programação. Quanto à parte cívica, era composta de “recordações do passado”, em que se exaltavam os feitos da nacionalidade. Nas peças de radioteatro, para as quais eram convidados os mais destacados dramaturgos da época, como Joraci Camargo, enfocavam-se dramas históricos como a retirada da Laguna, a abolição da escravidão e a proclamação da República.
FONTE: CPDOC/FGV. Hora do Brasil . Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/EducacaoCulturaPropaganda/HoraDoBrasil . Acesso em: 20 fev. 2021.
- Como foram utilizados os programas de rádio durante o governo de Getúlio Vargas?
- Faça um levantamento em sua casa com seus familiares sobre o rádio. Registre quais deles têm ou tinham o costume de ouvir rádio, quais programas acompanhavam e em que momentos. Procurem um programa do interesse de vocês para ouvirem juntos. Hoje, é possível escutar rádio por diversos meios, inclusive pela internet.
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O impacto da comunicação
A partir de 1950, a televisão começou a popularizar-se no Brasil. Naquele ano, existiam apenas 100 aparelhos em funcionamento. Hoje, 96% dos brasileiros têm aparelhos de TV em casa, no qual assistem a notícias, programas culturais, esportivos e propagandas.
Até 1990, os telefones eram caros, e poucas pessoas tinham um aparelho. No final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, o uso de celulares tornou-se comum e, atualmente, a maioria das pessoas possui um aparelho e pode se comunicar com facilidade, não importando a distância.
Atualmente, por meio da internet, é possível conversar com pessoas que estão em lugares distantes, conhecer diferentes culturas e ter acesso a muitos conhecimentos.
LEGENDA: Estabelecimentos comerciais adquiriram aparelhos de televisão para atrair o público. Município de São Paulo, no estado de São Paulo, década de 1950. FIM DA LEGENDA.
Contudo, muitas pessoas não têm acesso a computadores e internet ou não foram ensinadas a usá-los. A falta de contato com essa tecnologia de comunicação se chama exclusão digital e causa desigualdade social, econômica e cultural.
Por exemplo, nos últimos anos, muitas pessoas nas grandes cidades passaram a utilizar aplicativos de celular, por meio de smartphones, para locomover-se por meio de carros, bicicletas e patinetes, para comunicar-se e para comprar comidas, produtos e serviços. Quem tem acesso a essas facilidades, porém, são apenas as pessoas que podem adquirir celulares com acesso à internet e sabem usá-los.
LEGENDA: Jovem utiliza aparelho de celular. Município de São Paulo, no estado de São Paulo, 2020. FIM DA LEGENDA.
- Qual é a importância das inovações nos meios de comunicação?
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- Como os aplicativos de celular têm afetado a vida das pessoas?
- Leia o texto a seguir e responda às questões.
O uso do celular para acessar a internet cresceu no Brasil. Os aparelhos são o principal meio de acesso à rede no país, usados por quase todos os brasileiros. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (PNAD Contínua TIC) 2018, divulgada [em abril de 2020] pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Até o ano passado, três em cada quatro brasileiros tinham acesso à internet e, entre eles, o celular era o equipamento mais usado. Entre 2017 e 2018, o percentual de pessoas de 10 anos ou mais que acessaram a internet pelo celular passou de 97% para 98,1%. O aparelho é usado tanto na área rural, por 97,9% daqueles que acessam a internet, quanto nas cidades, por 98,1%.
[...]
Enquanto o celular ganha espaço, outros equipamentos perdem. O uso de computadores caiu de 56,6% para 50,7% e de tablets , de 14,3% para 12% de 2017 para 2018.
FONTE: Mariana Tokarnia. Celular é o principal meio de acesso à internet no país. Agência Brasil , 29 abr. 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-04/celular-e-o-principal-meio-de-acesso-internet-no-pais . Acesso em: 21 fev. 2021.
LEGENDA: Jovem indígena da etnia Guarani Mbya utiliza aparelho celular. Município de São Paulo, no estado de São Paulo, em 2017. FIM DA LEGENDA.
- Segundo a reportagem, qual é o meio mais utilizado para acessar a internet no Brasil, hoje?
- A reportagem afirma que, até 2019, 3 em cada 4 brasileiros tinham acesso à internet. Em números totais, isso representa quase 46 milhões de brasileiros que não acessam a internet. Você acha que esses números mostram inclusão ou exclusão digital? Por quê?
- Quais podem ser os principais motivos para a falta de acesso à internet? O que pode ser feito para modificar esse cenário?
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O que você aprendeu
- Leia as afirmativas abaixo e faça o que se pede.
- Identifique quais são as afirmativas verdadeiras e quais são as falsas.
- Registre suas respostas no caderno.
- Depois, escolha uma das afirmativas falsas e elabore um parágrafo explicando, com base em seus conhecimentos de História, por que ela é falsa. Reescreva a afirmativa do modo correto.
- - Os imigrantes que vieram para o Brasil entre os séculos XIX e XX eram de apenas uma nacionalidade.
- - O grande fluxo migratório da Europa para o Brasil foi incentivado por proprietários de terras e pelo governo brasileiro daquela época.
- - As propagandas que incentivavam a imigração não tiveram influência sobre os imigrantes que vieram ao Brasil.
- - O café era o principal produto de exportação do Brasil no século XIX.
- - Grande parte dos imigrantes foi trabalhar nas lavouras de café.
- Quais eram as condições de vida e de trabalho dos imigrantes que chegaram ao Brasil no século XIX?
- Registre no
caderno
as frases abaixo. Complete-as com as informações dos quadros a seguir.
conflitos e escassez de alimentos
fim do regime escravista
regiões produtoras de café
imigrantes de origem europeia
- Os imigrantes que chegaram ao Brasil no final do século XIX se estabeleceram principalmente nas _____.
- Durante o século XIX, a propaganda e o incentivo à imigração para o Brasil se direcionavam aos _____.
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Avaliação processual
- Os imigrantes procuravam melhores condições de vida em consequência de _____ nos países de origem.
- A pressão internacional e a resistência das pessoas escravizadas contribuíram para o _____ no Brasil.
- Observe a imagem, leia a legenda e responda à questão.
LEGENDA: Mulheres bolivianas na marcha dos imigrantes no município de São Paulo, no estado de São Paulo, em 2017. A marcha defende os direitos dos imigrantes e destaca a importância deles no desenvolvimento da sociedade brasileira. FIM DA LEGENDA.
- A situação retratada na fotografia se relaciona a um novo hábito ou à conservação da cultura tradicional? Explique sua resposta.
140
- Observe as fotografias abaixo e responda à questão.
LEGENDA: O Tanabata Matsuri (Festival das Estrelas) é uma festa de tradição japonesa. Município de São Paulo, no estado de São Paulo, em 2017. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Apresentação do Grupo Folclórico Ucraniano Spomen, no município de Antonina, no estado do Paraná, em 2017. FIM DA LEGENDA.
- O que as imagens têm em comum? Qual é a relação entre a imigração e o que é retratado nas imagens?
- A tabela a seguir apresenta o percentual de casas que possuíam alguns meios de comunicação entre 2003 e 2015. Observe-a e responda às questões.
Tabela: equivalente textual a seguir
Bens em domicílios (2003-2015)
Meios de comunicação
2003
2008
2015
Rádio
87,81
88,89
69,23
Televisor
90,02
95,04
97,14
Telefone (fixo)
11,19
37,53
58,02
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD. Séries Históricas. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/ciencia-tecnologia-e-inovacao/9127-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios.html?=&t=series-historicas . Acesso em: 20 fev. 2021.
- Quais meios de comunicação se tornaram mais comuns no Brasil entre 2003 e 2008?
- Entre 2008 e 2015, quais mudanças ocorreram? Por quê?
141
- Em 2018, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) investigou aspectos da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) nos domicílios brasileiros, considerando o acesso à internet e à televisão e a posse de telefone e microcomputadores, em comparação com o ano anterior. Veja, nos gráficos abaixo, alguns resultados da pesquisa.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2017-2018. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101705_informativo.pdf . Acesso em: 20 fev. 2021.
- Os dados dos gráficos acima são relativos ao ano de 2018. Anteriormente, em 2015, de acordo com dados do IBGE, apenas 57,8% das casas do Brasil tinham acesso à internet. O equipamento mais utilizado para o acesso à
rede
era o celular (92,1%), seguido do computador (70,1%) e do
tablet
(21,1%).
- E em 2018, o acesso à internet aumentou ou diminuiu em relação aos anos anteriores?
- Quais eram os equipamentos mais utilizados para acessar a internet em 2018? O que mudou em relação aos dados de 2015?
- É possível dizer que há telefone (qualquer que seja o tipo) na maioria dos domicílios brasileiros? Por quê?
- Agora, reflita sobre os impactos da exclusão digital na vida dos estudantes brasileiros. Elabore um texto indicando que medidas poderiam ser tomadas para superar esse problema.