MP102

Unidade 3. A formação do Brasil

Imagem: Fotografia complementar das páginas 76 e 77. Mulheres de roupas coloridas em tons de amarelo, branco e vermelho. Estão cantando juntas sobre a praia. Há homens e mulheres sentados entre elas tocando instrumentos musicais. Ao fundo, vegetação fechada. Fim da imagem.

LEGENDA: Grupo de samba de roda se apresenta no município de Vera Cruz, no estado da Bahia, em 2019. FIM DA LEGENDA.

MANUAL DO PROFESSOR

Introdução

A unidade 3, intitulada A formação do Brasil, trata de aspectos das matrizes étnico-culturais de formação do Brasil, abordando a história e a cultura dos povos indígenas, a chegada dos europeus à América e a diáspora africana.

Desse modo, a unidade trabalha as contribuições dos povos envolvidos na formação do Brasil, a colonização portuguesa e as tentativas dirigidas por franceses e holandeses em ocupar terras brasileiras. Ao longo da unidade, eles também terão contato com aspectos das diversas etnias indígenas nativas que aqui se encontravam e com as principais características dos povos africanos trazidos em regime de escravidão para o país.

Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica 1, 3, 6, 9 e 10 da BNCC, a unidade estimula os estudantes a utilizar os conhecimentos históricos e a valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais de diferentes povos. A unidade também incentiva os estudantes a exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação. Em consonância com as Competências Específicas de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental 3, 5 e 7 da BNCC, a unidade busca incentivar o estudante a identificar a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade; a comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espaço e em espaços variados; e a utilizar diferentes linguagens no desenvolvimento do raciocínio espaço-temporal.

A proposta da unidade relaciona-se ainda com as Competências Específicas de História 1, 3, 4 e 5 da BNCC, e desse modo visa contribuir para que o estudante possa compreender acontecimentos históricos, relações de poder e analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço e seus significados históricos.

Unidades temáticas da BNCC em foco na unidade:

  • Transformações e permanências nas trajetórias dos grupos humanos
  • Circulação de pessoas, produtos e culturas
  • As questões históricas relativas às migrações

    Objetos de conhecimento em foco na unidade:

    A ação das pessoas, dos grupos sociais e das comunidades no tempo e no espaço: nomadismo, agricultura, escrita, navegações, indústria, entre outras.

MP103

Box complementar

Vamos conversar

A sociedade e a cultura brasileiras são formadas por diversos grupos étnicos. Os indígenas já ocupavam o território antes da chegada dos portugueses e do tráfico forçado dos africanos. Outros grupos vieram da Europa e da Ásia apenas nos anos 1800.

  • Quais desses grupos étnicos compõem a sua identidade?

Fim do complemento.

MANUAL DO PROFESSOR

Continuação das orientações para o professor:

  • A circulação de pessoas e as transformações no meio natural.
  • O surgimento da espécie humana no continente africano e sua expansão pelo mundo.
  • Os processos migratórios para a formação do Brasil: os grupos indígenas, a presença portuguesa e a diáspora forçada dos africanos.
  • Os processos migratórios do final do século XIX e início do século XX no Brasil.
  • As dinâmicas internas de migração no Brasil a partir dos anos 1960.

    Habilidades da BNCC em foco nesta unidade:

    EF04HI01, EF04HI05, EF04HI09, EF04HI10 e EF04HI11.

    Roteiro de aula

    A aula prevista para os conteúdos da abertura da unidade 3 pode ser trabalhada na semana 21.

    Objetivos pedagógicos da unidade:

  • Avaliar os impactos da exploração e da imposição do modo de vida dos europeus sobre os povos indígenas.
  • Reconhecer que os europeus atribuíram valor comercial à escravidão e integraram o trabalho escravo à economia colonial.
  • Compreender o conceito de diáspora e sua utilização no tratamento das migrações forçadas de povos africanos.
  • Compreender as matrizes étnico-culturais de formação do Brasil.

    Orientações

    As atividades de abertura da unidade podem ser conduzidas como atividades preparatórias para o trabalho com conteúdos, competências e habilidades que serão desenvolvidos com os estudantes. Sugerimos que inicie as propostas da unidade com as seguintes atividades preparatórias:

    Apresente a questão de abertura da unidade, explicando aos estudantes o conceito de etnia, se necessário. Etnia se refere a um grupo de pessoas que têm algumas características comuns, como a língua, a origem e a forma de se vestir, por exemplo.

    Em seguida, peça a eles que reflitam sobre as influências étnicas que vêm de suas famílias ou de outros meios em que convivem.

MP104

Capítulo 1. Os povos indígenas

Quando os portugueses chegaram às terras que mais tarde formariam o Brasil, encontraram vários povos e um território muito diferente do europeu. O desconhecimento e o estranhamento os levaram a criar ideias sobre o recém-alcançado continente. Nos relatos enviados a Portugal, os viajantes descreviam as paisagens do Brasil como exóticas , com frutos e vegetais desconhecidos, florestas densas e cheias de animais perigosos. Por causa da riqueza natural e do calor, o Brasil era descrito como “paraíso terrestre”.

Os indígenas tinham hábitos diferentes daqueles dos europeus: não usavam vestimentas, seguiam outra crença e viviam da caça, da pesca e da agricultura de subsistência.

O estranhamento fez com que os portugueses considerassem os indígenas ora bondosos, ora selvagens.

Imagem: Ilustração. Homem indígena de cabelo curto, nu e descalço, segurando um arco e flechas. Atrás do homem há uma mulher de cabelo longo, segurando um menino. Fim da imagem.

LEGENDA: Tupinambás, de Jean de Léry. 1580. Gravura do livro História de uma viagem feita à Terra do Brasil. Genebra. FIM DA LEGENDA.

Imagem: Ilustração. Homens indígenas cortando lenha em floresta. Há animais aos arredores da imagem. Fim da imagem.

LEGENDA: Detalhe de Terra Brasilis, um dos mapas do Atlas Miller, produzido pelos cartógrafos portugueses Lopo Homem, Pedro Reinel e Jorge Reinel, com ilustrações de António de Holanda. 1519. FIM DA LEGENDA

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos das páginas 78 e 79 pode ser trabalhada na semana 21.

Objetivos pedagógicos do capítulo

  • Compreender o modo de representação dos europeus sobre os povos indígenas, levando em conta seus elementos ideológicos e a mentalidade do período.
  • Conhecer características do modo de vida dos Tupi à época da chegada dos portugueses.
  • Refletir sobre as trocas culturais realizadas com os povos indígenas para a adaptação dos portugueses ao território americano.
  • Avaliar os impactos da exploração e da imposição do modo de vida dos europeus sobre os povos indígenas.
  • Refletir sobre os direitos indígenas e a necessidade de sua efetivação.

    Orientações

    A abordagem desta dupla de páginas apresenta alguns aspectos do pensamento etnocêntrico vigente na Europa no século. Estimule os estudantes a refletir sobre como a visão que é nutrida sobre o outro representa, muitas vezes, valores e limitações de nossa própria visão de mundo.

    Pergunte aos estudantes o que eles sentiriam e como se comportariam diante de pessoas com quem nunca tiveram contato antes, com hábitos e aparência diferentes daqueles a que estão acostumados. Deixe que se expressem livremente, buscando compreender como foi a interação e quais foram as impressões mútuas entre indígenas e portugueses.

    O conteúdo e as atividades propostas ao longo do capítulo 1 favorecem o aprofundamento do trabalho com o tema atual de relevância em destaque neste volume, “Migrantes e migrações, ontem e hoje”. O estudo dos movimentos imigratórios para a América portuguesa, da colonização e da convivência entre os europeus e os diversos povos indígenas permite que os estudantes tenham contato com a temática das migrações em uma perspectiva histórica.

MP105

Boxe complementar:

Você sabia?

Na época da chegada dos portugueses ao território do atual Brasil, os relatos que esses viajantes faziam sobre as terras e os povos que encontraram foram usados por artistas europeus para produzir obras, pinturas e cartas marítimas. Essas produções circularam por anos na Europa e reproduziam uma visão muitas vezes fantasiosa do Brasil e dos indígenas.

É importante notar que essas representações europeias dos povos indígenas eram formuladas com base no mundo que os próprios europeus conheciam. Muitos daqueles artistas nunca estiveram no Brasil nem sequer viram um indígena. Por isso, retratavam os costumes indígenas com base em seus valores e suas crenças.

Fim do complemento..

  1. Por que os europeus retratavam os indígenas de maneira fantasiosa?
    PROFESSOR Resposta: Porque tinham como referência a Europa e seus costumes para representar as demais culturas.
  1. Observe o mapa feito em 1519 para responder às questões.
Imagem: Ilustração. Mapa do Brasil antigo com ilustração de homens indígenas cortando árvores, animais espalhados pela imagem, e navios indo em direção a terra. Fim da imagem.

LEGENDA: Terra Brasilis, um dos mapas do Atlas Miller, produzido pelos cartógrafos portugueses Lopo Homem, Pedro Reinel e Jorge Reinel, com ilustrações de António de Holanda. 1519. FIM DA LEGENDA.

  1. Que momento o mapa retrata? Essa imagem é uma representação real do Brasil ou imaginada pelos portugueses? Justifique.
  1. Faça uma descrição detalhada de como o Brasil e a população nativa são representados no mapa.
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
MANUAL DO PROFESSOR

Atividade 1. Explique aos estudantes que é possível saber sobre a visão que os europeus tinham sobre os indígenas, muitas vezes irreal, com base nos relatos e nas ilustrações feitas na época em que chegaram até os dias de hoje. A impressão dos indígenas sobre os europeus, no entanto, se perdeu ao longo do tempo, uma vez que esses povos têm tradição oral, não escrita, de registro.

Ao realizar a atividade 2 com os estudantes, comente que o manuscrito Terra Brasilis foi elaborado no século XVI e representa a concepção dos europeus sobre a América. Explique à turma que os contornos territoriais não eram iguais aos apresentados hoje nos mapas. Se possível, leve um mapa do Brasil atual para a sala de aula e peça aos estudantes que identifiquem algumas semelhanças e diferenças entre esses contornos.

Atividade 2. a) O mapa retrata a chegada dos portugueses ao Brasil. Em 1519, no entanto, os portugueses conheciam apenas o litoral do Brasil; portanto, o mapa retrata o imaginário dos viajantes sobre o território.

b) O Brasil é representado por florestas com diversos tipos de animais, e os indígenas são retratados realizando várias atividades, como a extração do pau-brasil.

As atividades 1 e 2 mobilizam aspectos da habilidade EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

Visões do “paraíso”

A possibilidade sempre iminente de algum prodígio, que ainda persegue os homens daquele tempo, [...] não deixará de afetá-los, mas quase se pode dizer que os afeta de modo reflexo: através de idealizações estranhas, não em virtude da experiência. É possível que, para muitos, quase tão fidedignos quanto o simples espetáculo natural, fossem certos partos da fantasia: da fantasia dos outros, porém, não da própria. Mal se esperaria coisa diversa, aliás, de homens em quem a tradição costumava primar sobre a invenção, e a credulidade sobre a imaginativa. De qualquer modo, raramente chegavam a transcender em demasia o sensível, ou mesmo a colori-lo, retificá-lo, complicá-lo, simplificá-lo, segundo momentâneas exigências.

FONTE: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do paraíso : os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 36.

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O encontro entre os Tupi e os portugueses

Em 1500, as terras que hoje correspondem ao estado da Bahia eram ocupadas pelos Tupi. Eles não se chamavam “índios”. Esse nome foi dado pelos portugueses por acreditarem terem chegado às Índias, na Ásia. Os Tupi viviam no litoral brasileiro, em aldeias com cerca de 300 a 2 mil habitantes. Além de caçar e pescar, cultivavam mandioca, milho, batata-doce, algodão, abacaxi, guaraná e pimenta.

Imagem: Ilustração. Homem e mulheres indígenas caminhando. Homem de cabelo curto castanho, carregando sacos apoiados a cabeça, possui alargadores nas orelhas e boca, segurando flechas e arco. Atrás, há mulher de cabelo curto preto, carregando sacos apoiados a cabeça, possui alargadores na orelha, segurando um bebê. E por fim, há mulher de cabelo curto preto, carregando sacos apoiados a cabeça, possui alargadores na orelha, segurando dois bebês. Fim da imagem.

LEGENDA: O botocudos June (Kerengnatnuck) em viagem com suas duas mulheres, seus três filhos, armas e utensílios, de Maximiliano de Weid-Neuwied. 1816. Aquarela e pena, 21,2 cm # 33,6 cm. FIM DA LEGENDA

O trabalho era dividido entre homens e mulheres e visava à subsistência. Eles se banhavam várias vezes ao dia, pintavam seus corpos com tintas extraídas de frutos como o urucum e o jenipapo e usavam colares, brincos e pulseiras feitos de sementes e de penas de aves.

Além dos Tupi, outros povos, como os Guarani, os Botocudo, os Kaingang e os Tupinambá, viviam no litoral brasileiro.

Imagem: Ilustração. Floresta com homens indígenas pelados ao lado de vasos e caldeirões. Há homens brancos de roupas observando-os. Fim da imagem.

LEGENDA: Índios Kaingang, de Johann Baptist von Spix. Século XIX. Gravura. FIM DA LEGENDA.

Quando os portugueses chegaram, houve um estranhamento entre os dois povos. Como não conheciam o território, os portugueses tiveram de se adaptar aos costumes tupis. Eles fizeram alianças em busca de segurança, alimentação e facilidades para extrair o pau-brasil. Assim como as especiarias, o pau-brasil era muito valorizado na Europa. Além do uso da madeira para fazer móveis e instrumentos musicais, sua tinta era usada para escrever e tingir tecidos.

Boxe complementar:

Hora da Leitura

• Poemas d a minha terra tupi, de Maté. São Paulo: Brinque-Book, 2018.

Apresenta diversos poemas inspirados no cotidiano indígena, feitos especialmente para crianças e acompanhados de belas ilustrações.

Fim do complemento.

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos da página 80 pode ser trabalhada na semana 21.

Orientações

Ao trabalhar com os textos das páginas 80 e 81 em sala de aula, converse com os estudantes sobre o início da colonização portuguesa na América da perspectiva do indígena. Pergunte a eles como supõem que era o modo de vida dos indígenas quando os europeus chegaram ao continente americano. Anote as respostas na lousa e peça que as copiem no caderno. Após a leitura do texto e a explicação do conteúdo, repita a pergunta.

Compare as respostas que eles deram antes e depois da explicação. Se houver respostas diferentes, peça que justifiquem por que mudaram de opinião. Em seguida, destaque as trocas culturais entre indígenas e europeus e a importância da tradição indígena na formação cultural brasileira.

Estimule os estudantes a refletir sobre o choque de valores entre indígenas e portugueses. Enquanto uns tinham o modo de vida completamente integrado à natureza e precisavam de seu equilíbrio, os outros buscavam explorar os recursos para gerar lucros no comércio europeu.

Comente que nas sociedades indígenas do grupo Tupi, no início da colonização do Brasil, havia uma clara divisão das tarefas: os homens caçavam e derrubavam a mata, ao passo que as mulheres se dedicavam ao plantio e ao cuidado das crianças. Comente também que existiam atividades que cabiam a todos, homens, mulheres e crianças, como a pesca e a coleta de frutos, raízes e folhas.

Dois grandes grupos indígenas

Quando os europeus chegaram à terra que viria a ser o Brasil, encontraram uma população ameríndia bastante homogênea em termos culturais e linguísticos, distribuída ao longo da costa e na bacia dos rios Paraná-Paraguai. Admitida a homogeneidade, podemos distinguir dois grandes blocos subdividindo essa população: [...] Os tupis, também denominados tupinambás, dominavam a faixa litorânea do norte até Cananeia, no sul do atual Estado de São Paulo; os guaranis localizavam-se na bacia Paraná-Paraguai e no trecho do litoral entre Cananeia e o extremo sul do que viria a ser o Brasil. Apesar dessa localização geográfica diversa, falamos em conjunto tupi-guarani, dada a semelhança de cultura e de língua.

FONTE: FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil . São Paulo: Edusp/Imprensa Oficial do Estado, 2002. p. 14.

MP107

A exploração do pau-brasil

O pau-brasil era derrubado pelos indígenas. Em troca da madeira, os indígenas recebiam dos europeus tecidos, facas e outros objetos. Contudo, os indígenas recusavam-se a cortar grandes quantidades da árvore, pois, para eles, não havia necessidade de “lucro” (como havia para os europeus). Isso gerou conflitos entre eles, e os portugueses começaram a aprisionar os indígenas e explorar sua mão de obra. A colonização foi intensificada, e os portugueses começaram a impor seu modo de vida aos indígenas.

Imagem: Fotografia. Destaque de árvore com copa alta e larga formando grande sombra abaixo sobre campo de grama e terra. Ao fundo há árvores diversas. Fim da imagem.

LEGENDA: Árvore de pau-brasil no município de Porto Seguro, no estado da Bahia, em 2019. FIM DA LEGENDA.

Imagem: Fotografia. Viola de madeira com curva acentuada entre parte superior corpo e parte inferior.  Fim da imagem.

LEGENDA: Viola nordestina fabricada com partes de madeira do pau-brasil. Fotografia de 2019. FIM DA LEGENDA

  1. Como eram os hábitos dos Tupi?
  1. Explique por que os portugueses precisaram se adaptar aos costumes indígenas.

    Imagem: Ícone: Atividade em grupo. Fim da imagem.

    Imagem: Ícone: Uso de tecnologias. Fim da imagem.

  1. Reúna-se com três colegas e pesquisem quais povos indígenas viveram ou ainda vivem na região em que vocês moram. Vocês podem realizar a pesquisa no site do Instituto Socioambiental, instituição que se dedica ao estudo dos povos indígenas no Brasil, no seguinte endereço: https://pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_principal . Acesso em: 16 fev. 2021. Façam uma lista de seus hábitos, costumes e crenças religiosas. Depois, em uma folha de papel sulfite, façam uma ilustração representando o cotidiano desse grupo.
    PROFESSOR Atenção professor: Atividades 1, 2 e 3: ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos da página 81 pode ser trabalhada na semana 22.

Orientações

Destaque que a descrição do modo de vida indígena apresentado diz respeito somente aos indígenas do grupo Tupi na época das navegações portuguesas. Comente ainda que as culturas indígenas mudam com o passar do tempo e que as culturas indígenas de hoje podem ser diferentes daquelas do passado.

Explique aos estudantes que, a princípio, os portugueses precisaram se adaptar aos costumes indígenas para sobreviver: alimentação, caça, pesca, vestuário, medicamentos, entre outros. Somente depois do início da colonização eles passaram a trazer alimentos e utensílios e a transmitir alguns de seus costumes aos indígenas.

Atividade 3. Eles praticavam a agricultura de subsistência, vivendo da caça, da pesca e do cultivo de frutos e vegetais, viviam em aldeias e dormiam em redes e esteiras.

Atividade 4. Como eles não conheciam o território, precisaram se adaptar para ter segurança, alimentar-se e conseguir praticar o comércio de pau-brasil.

Atividade 5. Incentive a pesquisa, orientando os estudantes a navegar pelo site do Instituto Socioambiental. O site dessa instituição apresenta textos, fotografias e mapas sobre os povos indígenas no Brasil. Esta atividade permite o uso de tecnologia, representado pela utilização da internet, aliado à construção do conhecimento histórico por meio da pesquisa.

As atividades 3, 4 e 5 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo e EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

MP108

O território indígena

Em 1500, a população indígena era de cerca de 4 milhões de pessoas, organizadas em mais de mil grupos étnicos, que ocupavam todo o território brasileiro. Com a colonização, as terras indígenas e a quantidade de povos nativos diminuíram muito. Os indígenas eram vistos pelos colonizadores como um “obstáculo” à ocupação das terras, pois resistiram ao processo de colonização criando estratégias, alianças e até guerras para defender seu território.

A partir de 1530, as terras indígenas do litoral brasileiro foram sendo ocupadas pelos portugueses com o objetivo de extrair pau-brasil e instalar feitorias (entreposto comercial construído nas colônias; espécie de armazém e fortificação) e engenhos de cana-de-açúcar.

Nos anos 1600 e 1700, com a descoberta das minas de ouro, as terras indígenas na região onde hoje estão localizados os estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás começaram a ser exploradas. As terras indígenas foram ocupadas por pequenas vilas comerciais e aldeamentos jesuíticos. Com a ocupação do seu território, muitos indígenas fugiram para o interior das matas para evitar o aprisionamento e outros passaram a viver nos aldeamentos.

Imagem: Ilustração. Homens brancos com armas de fogo lutando contra homens indígenas pelados, segurando arco e flecha e lanças de madeiras no interior de floresta. Fim da imagem.

LEGENDA: Guerrilhas, gravura do álbum Viagem pitoresca através do Brasil, de Johann Moritz Rugendas. 1835. Paris. FIM DA LEGENDA.

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos das páginas 82 e 83 pode ser trabalhada na semana 22. A aula prevista para dar continuidade aos conteúdos da página 83 pode ser trabalhada na semana 23.

Orientações

Destaque para os estudantes que, para as sociedades indígenas, a terra era um bem coletivo, assim como o alimento obtido com o plantio, da pesca, da caça ou da coleta de frutos e de raízes. Dessa forma, não havia entre eles nem ricos, nem pobres, pois os bens eram comuns à aldeia. Por isso, os nativos tinham grande dificuldade em compreender a noção de propriedade individual dos europeus.

Como aponta o breve panorama descrito nas páginas 82 e 83, o avanço da colonização portuguesa na América significou cada vez mais morticínio de indígenas, fosse pela posse e exploração de suas terras, fosse por mazelas como doenças e guerras trazidas por sua presença. É importante ressaltar aos estudantes o declínio contínuo do número de indígenas no continente: desde 1500, foi progressiva a redução das populações indígenas, que sofreram períodos de exploração, deslocamento e extermínio, sendo os povos que vivem hoje marcados por uma trajetória de resistência. De acordo com o Instituto Socioambiental, há, porém, boas notícias: tem-se verificado um crescimento populacional entre os indígenas no século XXI.

MP109

Após 1750, os portugueses começaram a ocupação dos chamados “sertões” do Brasil, sobretudo na região amazônica. Nos anos 1900, o cultivo de café nas regiões Sul e Sudeste e a construção de ferrovias desalojaram mais indígenas de suas terras.

O processo de colonização levou à extinção centenas de grupos indígenas e reduziu muito as áreas ocupadas por eles. Em 1823, o número de indígenas no Brasil não chegava a 1 milhão. Hoje, esse número é de 817,9 mil indivíduos, distribuídos em 305 etnias.

Imagem: Ilustração. Homens trabalhando em corte de árvores de uma floresta em morro. Ao fundo há uma casa de madeira pequena e poucas árvores. Fim da imagem.

LEGENDA: Desmatamento de uma floresta, gravura do álbum Viagem pitoresca através do Brasil, de Johann Moritz Rugendas. 1835. Paris. FIM DA LEGENDA

Imagem: Ícone: Atividade oral. Fim da imagem.

  1. Converse com os colegas e o professor sobre a seguinte questão: Por que os indígenas eram vistos pelos colonizadores como um “obstáculo”?
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
  1. Observe a imagem acima para responder às questões.
    1. Descreva a imagem e o que ela representa.
      PROFESSOR Resposta: A derrubada de florestas brasileiras com mão de obra africana escravizada.
    1. Explique como essa atividade colaborou para diminuir o número de terras indígenas.
      PROFESSOR Resposta: A abertura das matas para a exploração do pau-brasil e das minas de ouro e para a criação de rotas comerciais obrigava os indígenas a migrar para outras regiões, retirando-os de seus territórios.

      Imagem: Ícone: Atividade para casa. Fim da imagem.

      Imagem: Ícone: Atividade oral. Fim da imagem.

  1. Converse com as pessoas que moram na sua casa sobre as influências indígenas na região que vocês vivem. Podem ser mencionados hábitos, alimentos, palavras e objetos, entre outros. Depois, compartilhe as informações com os colegas em sala de aula.
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
MANUAL DO PROFESSOR

Atividade 6. Porque os colonizadores queriam ocupar a terra, e os indígenas resistiam e defendiam seu território.

Atividade 7. Auxilie os estudantes a interpretar a imagem da página 83 e a refletir sobre as consequências da ação nela representada. Este pode ser um bom momento para conversar com a turma sobre a mão de obra africana escravizada utilizada no Brasil nesse período. Problematize também o nome da gravura e as intenções do pintor ao representar tal acontecimento.

Atividade 8. Sugerimos que a atividade seja realizada em casa, possibilitando um momento de literacia familiar, de leitura oral e dialogada e interação verbal. Dessa forma, a atividade favorece a troca de ideias entre os estudantes e seus familiares, o reconto do que foi estudado e a integração dos conhecimentos construídos por eles em casa e na escola. Para consolidar os conhecimentos de literacia e de alfabetização, essa atividade trabalha a interpretação e a relação de ideias e informação.

Os estudantes e seus familiares podem, inclusive, realizar pesquisas sobre os povos indígenas estabelecidos na região, registrando suas descobertas.

As atividades 6, 7 e 8 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo e EF04HI05: Relacionar os processos de ocupação do campo a intervenções na natureza, avaliando os resultados dessas intervenções.

Para o estudante acessar

Quadro geral dos povos indígenas do Brasil

Quadro com informações sobre os povos indígenas no Brasil, constantemente atualizado pelo Instituto Socioambiental.

Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/c/quadrogeral . Acesso em: 27 maio 2021.

MP110

Para ler e escrever melhor

O texto que você vai ler apresenta algumas consequências da chegada dos portugueses às terras indígenas e informações de como interpretar um mapa.

A violência contra os indígenas

Quando os portugueses chegaram ao território que atualmente forma o Brasil, havia cerca de 4 milhões de indígenas. Ao longo do tempo, com o contato entre esses povos, grande parte da população indígena foi morta.

Imagem: Fotografia. Crianças indígenas de cocar com penas amarelas e pretas e tanga de cipó marrom. Estão formando círculo de dança na areia de um campo. Ao fundo há uma oca. Fim da imagem.

LEGENDA: Indígenas da etnia Kamaiurá realizando a dança Tawarawanã, no Parque Indígena do Xingu, no estado de Mato Grosso. Fotografia de 2019. FIM DA LEGENDA.

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos desta seção pode ser trabalhada na semana 23.

Objetivos pedagógicos da seção

  • Identificar contextos de violência contra os povos indígenas na História do Brasil.
  • Reconhecer alguns dos direitos fundamentais dos povos indígenas na atualidade.
  • Compreender a importância da educação indígena.
  • Apresentar um evento e enumerar suas causas e consequências.
  • Observar e interpretar informações contidas em um mapa.

    Orientações

    Leia o texto em voz alta e pergunte aos estudantes o que compreenderam. Explique a eles que, no passado, também havia leis contra a violência aos indígenas, mas eram menos rigorosas que as atuais. Além disso, tanto no passado como no presente as leis que visam proteger os povos indígenas são frequentemente desrespeitadas.

    Destaque que nos dias de hoje uma das principais razões da violência contra indígenas é a disputa por suas terras. Explique a eles que a terra é um bem essencial ao modo de vida de muitos grupos indígenas.

    Converse com os estudantes sobre a educação indígena e sobre a importância de as escolas indígenas terem professores indígenas que fazem parte da comunidade e ensinam tanto os conhecimentos tradicionais quanto outros considerados “universais”.

    Mortandade indígena

    Povos e povos indígenas desapareceram da face da terra como consequência do que hoje se chama, num eufemismo envergonhado, “o encontro” de sociedades do Antigo e do Novo Mundo. Esse morticínio nunca visto foi fruto de um processo complexo cujos agentes foram homens e microrganismos, mas cujos motores últimos poderiam ser reduzidos a dois: ganância e ambição, formas culturais da expansão do que se convencionou chamar o capitalismo mercantil. Motivos mesquinhos e não uma deliberada política de extermínio conseguiram esse resultado espantoso de reduzir uma população que estava na casa dos milhões em 1500 aos parcos 800 mil índios que hoje habitam o Brasil.

    FONTE: CUNHA, Manuela Carneiro da. Introdução a uma história indígena. In : CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil . São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 12.

MP111

Assim, todas as riquezas naturais das terras em que vivem, como a madeira das árvores, os peixes do rio, as plantas, os animais e os minérios, podem ser exploradas somente para a sobrevivência dos indígenas. Nem sempre, porém, é o que acontece. Todas essas riquezas atraem empresas e não indígenas interessados em explorá-las.

Imagem: Mapa. Terra Indígenas regularizadas (2017). Mapa do Brasil destacando predominância de terras regularizadas no Norte, dividindo pelo estado com maior destaque ao menor: AM, PA, RR, RO, AC e AP. Seguido por Centro-Oeste, dividindo pelo estado com maior destaque ao menor: MT, MS, GO. Há pequenos pontos demarcados nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. No canto inferior esquerdo, há uma rosa dos ventos indicando noroeste, norte, nordeste, leste, sudeste, sul, sudoeste e oeste, abaixo, escala de 0 a 440 km. Fim da imagem.

LEGENDA: Terras indígenas regularizadas (2017) FIM DA LEGENDA

FONTE: Fundação Nacional do Índio. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br . Acesso em: 8 mar. 2021.

  1. Em qual região está localizada a maior parte das terras indígenas regularizadas?
  1. Quais regiões tinham menos terras indígenas regularizadas em 2017?
  1. Identifique 3 causas que provocaram a morte de um grande número de indígenas.
    PROFESSOR Atenção professor: Atividades 1, 2 e 3: ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
MANUAL DO PROFESSOR

Atividade 1. Solicite aos estudantes que observem o mapa e chame a atenção para as áreas em vermelho, que representam as terras indígenas regularizadas. Explique a eles que a maioria se concentra no interior e na região Norte, pois, ao longo do tempo, os indígenas tiveram de fugir da escravidão e da violência de não indígenas.

Atividade 2. Regiões Sul e Sudeste. Retome as principais formas de violência a que ficaram submetidos os povos indígenas no contato com europeus e seus descendentes: disputa pela terra, escravidão, doenças e migrações forçadas.

Atividade 3. Os estudantes podem citar: doenças às quais os povos indígenas não eram imunes; trabalho forçado como escravos; confrontos entre indígenas e colonizadores.

As atividades 1, 2 e 3 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino e EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

A atividade 3, de interpretação de texto, contribui para o desenvolvimento da Competência Específica 5 de Ciências Humanas da BNCC: Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos em tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados.

Literacia e História Sempre que há necessidade de escrever sobre as consequências causadas por algum evento, é melhor começar pela enumeração para organizar os acontecimentos. Além disso, pela enumeração para organizar os acontecimentos. Além disso, pela observação de um mapa, é possível sugerir hipóteses sobre o que ocorreu naquele lugar e naquela época.

Os direitos dos indígenas na Constituição Federal

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1º. São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural [...].

FONTE: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Título VIII da Ordem Social. Capítulo VIII dos Índios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm . Acesso em: 27 maio 2021.

MP112

Capítulo 2. A diáspora africana

A partir de 1550, milhares de homens e mulheres africanos foram trazidos à força para a América e obrigados a trabalhar como escravos. Esse processo é conhecido como diáspora africana. Apenas para o Brasil, entre 1550 e 1850, vieram mais de 4 milhões de africanos.

No Brasil, os primeiros africanos foram trazidos da região do Golfo da Guiné, onde hoje se localizam os países Guiné-Bissau, Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Congo, Guiné, Angola e República Democrática do Congo. Nessa região viviam os povos iorubás e os bantos. Entre os povos africanos havia, portanto (e ainda existe), muita diversidade, com estruturas sociais, culturais e linguísticas bastante diferentes umas das outras.

Os reinos iorubás, por exemplo, eram organizados em cidades com até 20 mil habitantes e tinham um comércio ativo com outros povos. Eles partilhavam costumes religiosos e culturais e falavam a mesma língua.

Os reinos bantos eram divididos em províncias administradas por chefes escolhidos pelo rei, a exemplo do reino do Congo, onde o rei governava junto a um conselho de nobres. Os membros do conselho exerciam diversas atividades, como a de fiscal e a de coletor de impostos.

Também vieram para o Brasil pessoas de outros povos, como os malês, que eram da cultura islâmica .

Ao chegarem ao Brasil, os indivíduos desses grupos eram separados e vendidos como escravos. Além disso, tinham de viver em um lugar desconhecido, com pessoas que não falavam sua língua e tinham hábitos e costumes diferentes.

Imagem: Fotografia. Escultura de madeira de homem com rosto maior que o corpo. Está com as pernas cruzadas. Há ornamentos pelos braços e cabeça. Fim da imagem.

LEGENDA: Estátua representando um dos governantes do reino do Congo, que governou na década de 1650. Século XVII. Madeira. FIM DA LEGENDA

Boxe complementar:

Hora da leitura

A África que você fala, de Cláudio Fragata. São Paulo: Globinho, 2021.

O autor desta obra apresenta, com textos bem-humorados, diversas palavras da língua portuguesa que são de origem africana.

Fim do complemento.

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos das páginas 86 e 87 pode ser trabalhada na semana 24.

Objetivos pedagógicos do capítulo

  • Conhecer aspectos do comércio realizado entre os europeus e os povos africanos.
  • Compreender que existiam algumas formas de escravidão no continente africano antes da chegada dos europeus e que a chegada desses povos à África alterou a prática da escravidão naquele continente.
  • Reconhecer que os europeus atribuíram valor comercial à escravidão e integraram o trabalho escravo à economia colonial.
  • Entender o modo de realização do tráfico de pessoas escravizadas neste contexto.
  • Compreender o conceito de diáspora e sua utilização no estudo das migrações forçadas de povos africanos.
  • Reconhecer a diversidade de povos africanos.
  • Criticar situações de racismo e preconceito étnico.
  • Discutir a importância de ações afirmativas compreendendo a situação do negro no Brasil contemporâneo.

    Orientações

    Inicie a abordagem do assunto apresentando o conceito de diáspora aos estudantes. Comente que esse termo é utilizado para caracterizar grandes deslocamentos populacionais que partem de um lugar em direção a vários lugares. Esses deslocamentos são geralmente provocados por motivações políticas, como perseguições, ou econômicas, como a exploração do trabalho dos africanos.

    Diversidade cultural africana e afro-brasileira

    Os africanos, que aportaram em nosso território na condição de escravos, são vistos como mercadoria e objeto nas mãos de seus proprietários. Nega-se ao negro a participação na construção da história e da cultura brasileiras, embora tenha sido ele a mão de obra predominante na produção da riqueza nacional, trabalhando na cultura canavieira, na extração aurífera, no desenvolvimento da pecuária e no cultivo do café, em diferentes momentos de nosso processo histórico. Quando se trata de abordar a cultura dessas minorias, ela é vista de forma folclorizada e pitoresca, como mero legado deixado por índios e negros, mas dando-se ao europeu a condição de portador de uma “cultura superior e civilizada”.

MP113

Boxe complementar:

Você sabia?

Por muito tempo existiu a ideia de que a África era um continente sem diversidade étnica e que todos os africanos que vieram para o Brasil pertenciam a um mesmo povo e não possuíam registros históricos. No entanto, a África é um imenso continente que abriga diversos povos e culturas diferentes.

Fim do complemento.

  1. Explique o que foi a diáspora africana.
    PROFESSOR Resposta: Foi a migração forçada de povos africanos para a América entre os anos 1550 e 1850.
  1. Por muito tempo, afirmou-se que os africanos que vieram para o Novo Mundo pertenciam a um mesmo povo. Explique por que essa afirmativa está errada.
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.

    Imagem: Ícone: Atividade em grupo. Fim da imagem.

  1. A fotografia representa uma festa regional muito comum no Brasil: a congada. Você conhece ou já participou dessa festa? Reúna-se em grupo com alguns colegas, façam uma pesquisa e respondam às questões.
Imagem: Fotografia. Homens, mulheres e crianças de chapéu vermelho com papéis brilhantes colados. Vestem túnicas amarelas, andando em uma rua com casas e árvores na calçada. Destaque de homem idoso segurando um violão, ao lado, um homem leva uma vara com fitas coloridas amarradas na ponta. Fim da imagem.

LEGENDA: Festa do Congo ou de Nossa Senhora do Rosário, município de Milagres, no estado do Ceará, em 2016.FIM DA LEGENDA

  1. Quais são as características dessa festa?
  1. Em quais estados do Brasil ela acontece?
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
  1. Qual é a relação dessa festa com a cultura dos povos africanos que vieram para o Brasil?
    PROFESSOR Resposta: A congada é uma referência à festa de coroação dos reis no Congo e tem influência dos povos bantos que vieram para o Brasil.
MANUAL DO PROFESSOR

Currículos e manuais didáticos que silenciam e chegam até a omitir a condição de sujeitos históricos às populações negras e ameríndias têm contribuído para elevar os índices de evasão e repetência de crianças provenientes dos estratos sociais mais pobres. A grande maioria adentra nos quadros escolares e sai precocemente sem concluir seus estudos no ensino fundamental por não se identificar com uma escola moldada ainda nos padrões eurocêntricos, que não valoriza a diversidade étnico-cultural de nossa formação.

FONTE: FERNANDES, José Ricardo Oriá. Ensino de História e diversidade cultural: desafios e possibilidades. Cadernos Cedes , Campinas, v. 25, n. 67, p. 378-388, set./dez. 2005.

Pergunte aos estudantes como eles imaginam as populações e o meio natural do continente africano. É bastante forte, na imaginação popular, a ideia de sociedades tribais e da região de savana, com animais típicos, como leões, zebras e hienas. Amplie esse quadro trazendo fotografias de grandes cidades e diversos países da África.

Comente que na África, na época das navegações, havia diversos reinos e oriente-os a ler o texto da página 86, que trata sobre alguns deles. Explique aos estudantes que tais reinos eram muito diferentes dos que existiam na Europa, pois se formavam a partir de alianças entre os chefes de aldeias.

Atividade 1. Para consolidar os conhecimentos de literacia e de alfabetização, essa atividade trabalha a localização e a retirada de informação explícita do texto.

Atividade 2. Porque a África é um continente enorme que possui diferentes povos e culturas. Apenas para o Brasil, vieram três diferentes grupos culturais: os bantos, os malês e os iorubás.

Atividade 3. a) Os grupos escolhem um rei e uma rainha para a festa, fazem cortejos e danças.

b) Em vários estados, como Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Ceará e outros.

As atividades 1, 2 e 3 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino, EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira e EF04HI11: Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).

MP114

O contato entre africanos e europeus

Vários mercadores europeus se interessaram em comprar e vender produtos na África. Eles levavam diversas mercadorias para ser comercializadas com os povos africanos, como tecidos da Índia, armas de fogo, bebidas e cavalos. Em contrapartida, buscavam na África ouro, marfim e africanos para serem vendidos como escravos.

No momento em que eram comprados na África, os prisioneiros capturados tinham o corpo examinado para avaliar suas condições de saúde. Depois, eram embarcados nos navios negreiros com destino à América, onde trabalhariam como escravos.

As condições nos navios eram péssimas: os africanos capturados viajavam amontoados em porões baixos e abafados, onde mal se podia ficar em pé, eram mal alimentados e recebiam castigos. Muitos não suportavam as duras condições, adoeciam e morriam durante a viagem.

Imagem: Ilustração. Vista superior de aldeia com homens vestindo armaduras e lanças sobre pátio da aldeia. Fim da imagem.

LEGENDA: Gravura de Théodore de Bry, fim do século XVI, representando trocas entre africanos e europeus em uma feitoria da costa africana. FIM DA LEGENDA.

Imagem: Fotografia. Monumento retangular horizontal com alto-relevo de homens enfileirados com árvore no centro. Abaixo, há colunas retangulares verticais formando arcos no interior com escultura de homens por toda a coluna. Fim da imagem.

LEGENDA: Porta do Não Retorno, monumento na cidade de Ajudá, na República do Benim. Fotografia de 2019. Esse monumento foi construído no local de embarque de africanos escravizados que eram enviados para as Américas. No local, há uma placa com os seguintes dizeres: “Simboliza a última etapa da maior deportação jamais conhecida na humanidade: o comércio negreiro”. FIM DA LEGENDA.

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos das páginas 88 e 89 pode ser trabalhada na semana 24.

Orientações

Converse com os estudantes sobre trabalho assalariado e trabalho voluntário. Explique a eles que nem todo trabalho é remunerado, mas que, por lei, todo trabalho deve ser livre. Complemente que está incluída nessa liberdade o direito de mudar de empregador, o que é bastante comum.

Compare o trabalho livre ao trabalho escravo. Explique a eles que o trabalho escravo, além de não ser remunerado, não é livre, pois o escravizado não pode escolher “mudar de dono”.

Solicite aos estudantes que leiam o texto das páginas 88 e 89 e pergunte se há dúvidas. Descreva o cenário econômico da América portuguesa, que era baseado na produção agrícola de exportação, especialmente a de açúcar.

Explique que a escravidão que existia na África era muito diferente da escravidão na América portuguesa. Por ser uma atividade comercial, a escravização do negro africano pelos colonizadores europeus atingiu grandes proporções, causando o despovoamento de muitas regiões da África e mudando a composição étnica da população do continente americano.

O conteúdo e as atividades propostas ao longo do capítulo 2 favorecem o aprofundamento do trabalho com o tema atual de relevância em destaque neste volume, “Migrantes e migrações, ontem e hoje”. Sugerimos, desse modo, explorar com os estudantes o processo conhecido como diáspora africana: a partir de 1550, milhares de homens e mulheres africanos foram trazidos para a América e obrigados a trabalhar como escravos. É fundamental, ao longo deste capítulo, trabalhar a noção de deslocamento forçado dos africanos que foram escravizados.

MP115

A escravidão já existia na África antes da chegada dos europeus. Em algumas regiões da Europa, como na Itália e na Grécia, a escravidão também já havia sido praticada na Antiguidade. Na África, na maioria das vezes, uma pessoa poderia tornar-se escrava ao ser capturada como prisioneira durante uma guerra, ao não pagar dívidas ou ao cometer um crime. A compra e a venda de escravos, porém, não eram frequentes. A chegada dos europeus modificou a prática da escravidão, transformando-a em uma atividade comercial muito lucrativa de compra e venda de seres humanos.

  1. Sobre o comércio entre europeus e africanos, responda no caderno.
    1. O que os europeus buscavam na África?
      PROFESSOR Resposta: Ouro, marfim e africanos, que eram vendidos como escravos.
    1. Que produtos os europeus levavam para ser comercializados na África?
      PROFESSOR Resposta: Tecidos, cavalos, armas de fogo e bebidas.
  1. Responda no caderno: Como era a escravidão na África:
    1. antes da chegada dos europeus?
      PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
    1. depois da chegada dos europeus?

      Imagem: Ícone: Atividade para casa. Fim da imagem.

  1. Observe junto com um familiar a ilustração a seguir e conversem sobre ela. Com base na observação da ilustração e nos conhecimentos trocados, elabore um texto explicando as condições de viagem nos navios negreiros.
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
Imagem: Ilustração. Navio em corte dividindo em três camadas. Na camada inferior há insumos como sacas cheias, marfim e barris. Na camada central, estreita, há homens amontoados amarrados por cordas. Acima, na camada superior e externa há homens amarradas por grades um ao outro e pena porta de abertura para camada central. Fim da imagem.

LEGENDA: Ilustração atual representando o interior de navio negreiro do século XVI. FIM DA LEGENDA

MANUAL DO PROFESSOR

Atividade 4. Converse com os estudantes sobre o fato de pessoas serem consideradas como objeto de comércio, como o ouro e o marfim. Destaque que, na atividade comercial europeia, os seres humanos eram tratados como coisas, podendo ser comprados ou vendidos. Para consolidar os conhecimentos de literacia e de alfabetização, essa atividade trabalha a localização e a retirada de informação explícita do texto.

Atividade 5. a) As pessoas eram escravizadas em guerras, por dívida ou por cometerem crimes, mas eram raras as vendas de escravos.

b) A venda de escravos tornou-se um comércio muito lucrativo. Com isso, muitos africanos passaram a ser perseguidos e caçados para ser vendidos na América.

Atividade 6. As condições eram péssimas. Eles viajavam amontoados nos abafados porões dos navios, sem condições de higiene e com uma alimentação precária. Sugerimos que a atividade seja realizada em casa, possibilitando um momento de literacia familiar, de leitura oral e dialogada e interação verbal. Dessa forma, a atividade favorece a troca de ideias entre os estudantes e seus familiares e a integração dos conhecimentos construídos por eles em casa e na escola. Para consolidar os conhecimentos de literacia e de alfabetização, essa atividade trabalha inferências diretas.

As atividades 4, 5 e 6 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino e EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

Os portugueses e a escravidão

[...] A primeira remessa de cativos da África chegou a Lisboa em 1441, e em três anos formou-se uma companhia no Algarve para explorar esse comércio. Por volta de 1448 mais mil africanos haviam sido levados a Portugal [...]. Entre 1490 e 1496, Lagos, no Algarve, recebeu mais de setecentos escravos africanos, número equivalente a um décimo da população local. O impacto econômico e demográfico desse comércio foi enorme. Por volta de 1551, somente em Lisboa havia 9.950 escravos em uma população total de 100 mil habitantes.

FONTE: SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos : engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 23.

MP116

Boxe complementar:

Você sabia?

Os jogos africanos chamados mancala tiveram origem na África, há mais de 7 mil anos, e com o passar do tempo tornaram-se conhecidos no mundo todo. Esses tipos de jogo exigem raciocínio matemático e elaboração de estratégias. Por isso, eles são chamados de “xadrez africano”. Que tal ler o texto a seguir, para conhecer mais sobre as mancalas?

Alguns jogos africanos permanecem até hoje. De tradição milenar, estes podem ser alguns dos mais antigos jogos do mundo. Eles exigem dos participantes raciocínio matemático e rapidez no pensamento e são encontrados em várias regiões da África onde recebem diferentes nomes. Quase todos pertencem a uma mesma família, as mancalas.

A mancala é um jogo de estratégia e raciocínio matemático. [...]

A palavra mancala significa “mover”. A ideia é mover as sementes. O que caracteriza uma mancala é que as sementes pertencem aos dois jogadores ao mesmo tempo. Isso significa que eles têm que compartilhar as peças e, para ganhar o jogo, têm que “semear” suas peças nas casas dos oponentes. [...]

Imagem: Fotografia. Tabuleiro retangular com dois lados. Há superfícies arredondadas aprofundadas por toda a estrutura, formando pequenos potes. Há bolinhas de pedras no interior. Destaque de duas mãos sobre as superfícies.  Fim da imagem.

LEGENDA: Jogo de mancala no Senegal. Fotografia de 2011. FIM DA LEGENDA

Imagem: Fotografia. Tabuleiro retangular com quatro fileiras onde há superfícies arredondadas aprofundadas por toda a estrutura, formando pequenos potes. Há bolinhas de pedras no interior. Destaque de três mãos sobre as superfícies.  Fim da imagem.

LEGENDA: Pessoas jogando mancala na cidade de Dar Es Salaam, na Tanzânia. Fotografia de 2020. FIM DA LEGENDA

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos desta seção pode ser trabalhada na semana 25.

Orientações

Ao trabalhar com esta seção em sala de aula, comente com os estudantes que, segundo pesquisadores, há mais de 200 jogos diferentes de mancala; por isso, o mais adequado é tratarmos a mancala como uma “família de jogos”. Algumas características gerais comuns a essa “família” são as seguintes:

  1. são jogados por duas pessoas, uma em frente à outra, com o tabuleiro longitudinalmente colocado entre elas;
  2. antes de começar o jogo, o mesmo número de semente é distribuído em cada uma das cavidades do tabuleiro;
  3. os jogadores se alternam para jogar, distribuindo as sementes da cavidade escolhida, uma a
  4. sempre há captura das sementes, sendo a forma de captura diferente, dependendo do jogo em questão;
  5. a partida termina quando restam muito poucas sementes para o jogo continuar ou quando resta apenas uma semente em cada lado;
  6. ganha quem tem o maior número de sementes;
  7. as estratégias do jogo envolvem movimentos calculados, que exigem muita concentração, antecipação e esforço intelectual.

    FONTE: MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia Sícoli. Aprender com jogos e situações-problema . Porto Alegre: ArtMed, 2000. p. 71.

MP117

As mancalas são jogadas em tabuleiros de madeira, mas, no tempo dos engenhos de açúcar do Brasil, eram jogadas pelos africanos no terreiro, onde cavavam pequenos buracos em linha reta. Eles utilizavam pedrinhas, seixos, conchas e anéis como ketes [peças] para realizar os movimentos. Há pouco tempo foram registradas comunidades no interior do Rio Grande do Sul que jogavam uma variação de mancala chamada etim bamba. Os participantes traçavam desenhos de escadas no chão do terreiro e jogavam com caroços de pêssegos, rodelas de cascas de laranjas, ou pedaços de sabugo de milho. Hoje já existem mancalas à venda em lojas de brinquedos nas cidades brasileiras.

FONTE: Nereide Schilaro Santa Rosa. Jindanji: as heranças africanas no Brasil. São Paulo: Duna Dueto, 2008. p. 34-35.

Imagem: Fotografia. Meninas de cabelo curto preto, vestindo túnicas coloridas. Estão sobre um chão de terra com quatro fileiras de buracos arredondados sobre ela. Estão colocando pedrinhas no interior. Fim da imagem.

LEGENDA: Garotas jogando mancala em um campo de refugiados em Uganda. Fotografia de 2009.FIM DA LEGENDA.

Uma das regras dos jogos de mancala é a seguinte: o jogador não pode deixar o campo de seu adversário sem sementes. Caso isso aconteça, o jogador deve fazer uma jogada para recolocar sementes no campo do adversário sem sementes, em um único lance.

Uma partida se encerra quando não for mais possível colocar sementes no campo vazio do adversário em um único lance ou quando sobrarem poucas sementes sobre o tabuleiro, fazendo com que a captura não seja mais possível. Nesse caso, o jogador que tiver capturado mais sementes é o vencedor da partida.

Imagem: Fotografia. Tabuleiro de madeira com duas fileiras onde há superfícies arredondadas com bolinhas coloridas no interior.  Fim da imagem.

LEGENDA: Tabuleiro de madeira para o jogo de mancala produzido na atualidade. FIM DA LEGENDA.

Fim do complemento.

MANUAL DO PROFESSOR

Se desejar, você pode organizar, com os estudantes, partidas experimentais de mancala. Esse é um jogo que privilegia o raciocínio matemático e pode constituir uma ferramenta para o desenvolvimento da numeracia na turma.

Na reportagem “Um jogo para semear, colher e contar”, disponível em https://novaescola.org.br/conteudo/9104/um-jogo-para-semear-colher-e-contar (acesso em: 28 maio 2021), há dicas de como jogar mancala.

Recomendamos também a leitura do artigo intitulado “O jogo mancala como recurso lúdico e pedagógico no processo de ensino-aprendizagem dos alunos de Ensino Básico”, disponível em: http://www.sbem.com.br/enem2016/anais/pdf/6568_3385_ID.pdf . Acesso em: 28 maio 2021.

O trabalho com os jogos africanos chamados de mancala mobiliza aspectos das seguintes habilidades: EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira e EF04HI11: Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional). Além disso, esse trabalho desenvolve aspectos da Competência Geral da Educação Básica 3: Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

MP118

O mundo que queremos

Imagem: Ícone: Pluralidade cultural. Fim da imagem.

Imagem: Ícone: Formação cidadã. Fim da imagem.

Cotas: por que reagimos?

A abolição da escravidão ocorreu no Brasil em 1888, mais de 300 anos após seu início. Contudo, os africanos e afrodescendentes que foram libertados da escravidão não foram incorporados à vida social. Por muito tempo, eles não puderam, por exemplo, frequentar escolas e ter acesso à educação.

Essa exclusão deixou marcas profundas em nossa sociedade. Os afrodescendentes no Brasil ainda enfrentam hoje situações de racismo e preconceito, e é urgentemente necessário que esse estado de coisas se modifique em prol de um bem comum, ou seja, a igualdade de direitos.

Situações graves de racismo e preconceito não são vistas somente no Brasil, mas também em países onde houve escravização de negros ou políticas de segregação racial, como nos Estados Unidos e na África do Sul. Nesses dois países existiam, no passado, leis segregacionistas que proibiam os negros de frequentar os mesmos espaços que os brancos. Havia divisões em escolas, ônibus e até banheiros. Nelson Mandela, na África do Sul, e Rosa Parks, nos Estados Unidos, foram importantes defensores de direitos iguais para a população negra.

Atualmente, países como o Brasil, os Estados Unidos e a África do Sul vêm adotando ações afirmativas para tentar diminuir o impacto desse processo de desigualdade. Nos anos 2000, por exemplo, o Brasil adotou o sistema de cotas raciais nas universidades.

Imagem: Fotografia em preto e branco. Mulher de cabelo preso cacheado e óculos de armação arredondada, vestindo camiseta listrada e colete.  Fim da imagem.

LEGENDA Rosa Parks (1913-2005) foi uma ativista negra estadunidense e se tornou símbolo do movimento dos direitos civis da população negra nos Estados Unidos. Fotografia de cerca de 1955. FIM DA LEGENDA.

Imagem: Fotografia. Homem de cabelo curto grisalho, vestindo camiseta verde com estampa de folhas, sorrindo. Fim da imagem.

LEGENDA: Nelson Mandela (1918-2013) lutou pelos direitos da população negra e foi presidente da África do Sul entre 1994 e 1999. Fotografia de 2006. FIM DA LEGENDA.

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para o conteúdo desta seção pode ser trabalhada na semana 25.

Objetivos pedagógicos da seção

  • Refletir sobre a situação dos afrodescendentes no Brasil atualmente e relacioná-la a suas raízes históricas.
  • Compreender o conceito de ação afirmativa e sua pertinência como reparação histórica no contexto racial atual.

    Orientações

    Esclareça aos estudantes os fatores que levaram ao fim da escravidão no Brasil. Havia a resistência dos escravos, a campanha abolicionista e a pressão internacional, principalmente da Inglaterra, entre outros. Explique a eles que a promulgação da Lei Áurea foi um momento em meio a um longo processo. Faça notar que os afrodescendentes no Brasil ainda enfrentam situações de racismo e preconceito e que é necessário que esse estado de coisas se modifique em prol de um bem comum, a igualdade de direitos.

    Promova uma conversa com os estudantes sobre a promoção de igualdade de direitos e de como as cotas raciais se inserem nesse contexto. Este momento deve ser democrático, permitindo a participação de todos e acolhendo suas contribuições. As discordâncias não devem ser dirimidas, mas ressaltadas, de modo a promover um ambiente saudável de discussão e sínteses.

MP119

Para refletir um pouco mais sobre a importância das cotas, leia a seguir a opinião da antropóloga Rita Segato sobre o assunto.

[...] É uma medida de emergência, ou seja, de impacto imediato, e estritamente direcionada para os estudantes negros pela sua posição singular e vulnerável em todos os níveis escolares. Seus efeitos e repercussões esperam-se no curto e médio prazo, modificando já, e de forma muito concreta, os destinos de jovens que hoje se encontram cursando o segundo grau [Ensino Médio].

FONTE: Rita Laura Segato. Cotas: por que reagimos? Revista USP , São Paulo, n. 68, p. 76-87, dez./fev. 2005-2006.

Imagem: Ilustração. Homem de cabelo curto castanho, vestindo camiseta verde e calça marrom. Ilustração. Homem de cabelo curto loiro, vestindo camiseta vermelha e calça azul.  Ilustração. Mulher de cabelo longo preto, vestindo camiseta rosa e bermuda roxa. Ilustração. Mulher de cabelo longo cacheado castanho, vestindo camiseta azul e calça preta. Ilustração. Homem de cabelo curto castanho, vestindo camiseta branca, casaco verde e calça preta.  Ilustração. Mulher de cabelo curto preto, vestindo camiseta amarela e bermuda roxa, sentada em uma cadeira de rodas.  Fim da imagem.
PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
  1. Explique o que são ações afirmativas.
  1. Quais semelhanças entre Brasil, África do Sul e Estados Unidos levaram esses países a adotar ações afirmativas?
  1. Como era a vida das crianças filhas de africanos escravizados no Brasil? Pesquise se elas eram livres, se frequentavam a escola ou se podiam brincar. Compartilhe suas descobertas com os colegas e o professor.
  1. Quando os africanos e seus descendentes passaram a ter direitos plenos de cidadania no Brasil?
MANUAL DO PROFESSOR

Leia com os estudantes o texto das páginas 92 e 93, buscando auxiliá-los na compreensão de palavras que podem desconhecer e na interpretação em sua totalidade.

Atividade 1. São medidas que visam reparar ou compensar ações que prejudicaram ou discriminaram determinados grupos sociais.

Atividade 2. Os países tiveram escravidão africana e processos de segregação racial.

Atividade 3. Os estudantes devem perceber que os filhos de escravos também não tinham liberdade e que começavam a trabalhar muito cedo, não tendo acesso à educação.

Atividade 4. Os estudantes devem destacar que os negros e pardos foram considerados cidadãos a partir da abolição, mas, mesmo assim, continuaram por muito tempo sem uma série de direitos. Além disso, até hoje convivem com várias práticas de discriminação.

As atividades 1, 2, 3 e 4 trabalham a localização e a retirada de informação explícita do texto e mobilizam aspectos da habilidade EF04HI11: Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).

Durante a realização das atividades da página 93, comente que os problemas enfrentados pelos afrodescendentes são decorrentes da migração forçada de africanos e de sua subjugação absoluta por mais de três séculos. Essa migração modificou a composição étnico-social do Brasil.

Educação em valores e temas contemporâneos

A meritocracia é presente no discurso de muitas pessoas, que exaltam o sucesso individual relacionando-o a competências individuais. Mas o mérito deve levar em conta condições coletivas e sociais, uma vez que elas são determinantes na vida dos indivíduos em sociedade. Alguns problemas estruturais impedem as pessoas de uma sociedade de competir em patamar de igualdade, entre eles o acesso à moradia, à educação e à alimentação adequada. Ao discutir cotas e outras ações afirmativas com os estudantes, abre-se uma possibilidade de reflexão mais profunda sobre o abismo de oportunidades no Brasil e suas consequências na disposição das classes sociais e na superação das condições estabelecidas pelo nascimento ou pela cor. Tal reflexão em ambiente escolar visa à criação de valores como o senso de justiça, a empatia e a responsabilidade social.

MP120

Capítulo 3. Europeus

A partir de 1530, os portugueses começaram a se estabelecer no território que mais tarde seria chamado de Brasil, com o intuito de obter maiores lucros com a produção de mercadorias e a exploração das suas riquezas. Como já vimos nos capítulos anteriores, o local já era habitado por indígenas, que tinham hábitos diferentes dos europeus. Esse contato resultou em desconfiança e hostilidade, mas também houve interação.

Imagem: Fotografia. Canoa de madeira retangular cumprida com um homem indígena, vestindo boné, camiseta verde e calça azul. Está usando um remo pelo rio. Fim da imagem.

LEGENDA: Canoa indígena feita com um só tronco. Município de Uiramutã, no estado de Roraima, em 2017. FIM DA LEGENDA

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos das páginas 94 e 95 pode ser trabalhada na semana 26.

Objetivos pedagógicos do capítulo

  • Compreender a interação entre colonos e povos indígenas.
  • Relacionar a extração do pau-brasil ao primeiro modo de exploração da colônia pelos portugueses.
  • Compreender as características e as funções de uma colônia e de uma metrópole.
  • Identificar as etapas iniciais da administração do período colonial, as capitanias hereditárias e a extensão litorânea da ocupação portuguesa.
  • Compreender aspectos da presença de franceses e holandeses na colônia.
  • Refletir sobre a situação do povo Tamoio após a aliança com franceses.
  • Conhecer quem foi Maurício de Nassau e compreender sua influência política e econômica na produção açucareira do Nordeste no século XVI.

    Orientações

    Enfatize que os portugueses aprenderam muitos costumes indígenas para se adaptar ao local. Peça aos estudantes que imaginem como seria ir a uma região diferente de onde se vivem. Que frutas ou raízes comer? Como suportar o calor? Explique a eles que o clima de Portugal era bastante diferente daquele que os portugueses encontraram no litoral brasileiro. Assim, não fazia sentido usar roupas pesadas ou dormir com cobertas, como era costume entre esses povos.

    Incentive os estudantes a falar dos costumes indígenas adotados por eles e sua família: dormir em redes, banhar-se todos os dias, consumir mandioca e derivados etc.

    O conteúdo e as atividades propostas ao longo do capítulo 3 favorecem o aprofundamento do trabalho com o tema atual de relevância em destaque neste volume, “Migrantes e migrações, ontem e hoje”. Sugerimos, desse modo, trabalhar aspectos da colonização e da chegada dos portugueses às terras que mais tarde formariam o Brasil. Se desejar, comente que a colonização muito se deveu à ameaça que os portugueses viam no interesse de estrangeiros por estas terras, como os franceses e holandeses.

MP121

Boxe complementar:

Você sabia?

Durante o primeiro século de colonização, a presença europeia ficou restrita à costa brasileira. Essa situação permaneceu naquele primeiro século durante o período da exploração do pau-brasil e também durante o período do cultivo da cana-de-açúcar. O medo de os estrangeiros tomarem as riquezas da colônia e o desejo de encontrar ouro e prata fizeram com que os portugueses adentrassem, aos poucos, o interior do território.

Imagem: Ilustração. Vista engenho formado por barracão com lateral aberta e moedor em formato de engrenagem circular. Há homens trabalhando no terreno. Acima do morro há casarões e capela. Ao redor há vegetação e um lago. Fim da imagem.

LEGENDA: O engenho, de Frans Post. c. 1660. Óleo sobre tela, 72 cm # 92 cm. FIM DA LEGENDA

Fim do complemento.

  1. O que eram as capitanias hereditárias e por que Portugal as criou?

    Imagem: Ícone: Atividade em dupla. Fim da imagem.

  1. Observe a imagem da capa de um livro sobre a História do Brasil, publicado em 1889. Reúna-se com um colega, leiam a legenda e respondam: Por que será que o religioso compara os portugueses aos caranguejos?
Imagem: Ilustração. Cartaz. Na parte superior, título “História do Brasil. Abaixo, Fr. Vicente do Salvador. No centro, um brasão. Fim da imagem.

LEGENDA: Frei Vicente do Salvador (1564-1636), um religioso dos primeiros tempos da colônia, escreveu a seguinte frase sobre a presença portuguesa no Brasil: “Sendo grandes conquistadores de terras, não se aproveitam delas, mas contentam-se de as andar arranhando ao longo do mar como caranguejos”. Texto e capa do livro Historia do Brazil, de Frei Vicente do Salvador, publicado em 1889. FIM DA LEGENDA

  1. Por que Portugal resolveu iniciar a ocupação e a colonização efetiva do território?
    PROFESSOR Atenção professor: Atividades 1, 2 e 3. Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
MANUAL DO PROFESSOR

Comente com os estudantes as diferentes ações de Portugal para proteger o Brasil contra invasores, como a construção de fortes e a colonização das terras, isto é, a ocupação territorial mediante fixação de colonos portugueses e a instituição de formas de administrá-las.

Explique também que a colonização envolvia altos custos que a Coroa portuguesa não seria capaz de manter. As capitanias seriam, então, exploradas por portugueses que tivessem condições financeiras de administrá-las. Essa estratégia ainda permitia que a Coroa portuguesa ganhasse com a arrecadação de tributos.

Atividade 1. Eram faixas de terra para organizar a administração e incentivar a ocupação do território por portugueses. Elas foram distribuídas a donatários, que eram nobres portugueses da confiança do rei.

Atividade 2. A colonização ficou restrita ao litoral brasileiro no primeiro século de presença portuguesa. Por essa razão, os portugueses são comparados a caranguejos, já que estes são animais que habitam a região litorânea.

Atividade 3. Por temer que os estrangeiros viessem explorar as riquezas da terra, como o pau-brasil, e também por desejar encontrar ouro e prata.

As atividades 1, 2 e 3 mobilizam aspectos da habilidade EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

Atividade complementar: Receitas com produtos nativos

  • Comente com os estudantes que os europeus que vieram ao Brasil tiveram de modificar seus hábitos alimentares, pois muitos produtos comuns na Europa não existiam no Brasil, como farinha de trigo e manteiga. Era necessário trazê-los de longe e, por isso, eram produtos muito caros nos primeiros tempos da colonização. Além disso, às vezes chegavam estragados.
  • Sugira que os estudantes façam uma pesquisa de receitas culinárias usando produtos comuns na América portuguesa, como amendoim, milho, mandioca e palmito, entre outros.

MP122

Franceses no Brasil

Os portugueses chegaram à Baía de Guanabara, na região da atual cidade do Rio de Janeiro, em 1502. Em 1555, os franceses também chegaram a esse local e se aliaram ao povo Tamoio para explorar o pau-brasil. Para conter o avanço dos franceses, os portugueses decidiram expulsá-los e ocupar a região. Uma medida importante foi a fundação, em 1565, da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Foram construídas casas de colonos, um colégio jesuíta, uma igreja e prédios da administração pública portuguesa.

Em 1567, após batalhas navais e terrestres, os portugueses expulsaram os franceses da Baía de Guanabara e exterminaram a maioria do povo Tamoio.

Alguns franceses permaneceram no Brasil e se dirigiram ao Norte e ao Nordeste, travando contato e fazendo comércio com outros indígenas. Foram expulsos novamente em 1584 e retornaram em 1612, quando fundaram a cidade de São Luís do Maranhão. Três anos depois, voltaram a ser expulsos pelos portugueses.

Imagem: Ilustração. Destaque de um altar com um crucifixo e velas. À frente, homens te túnicas longas brancas, douradas e pretas. No centro, um deles possui um chapéu dourado e um cajado de ouro. Ao redor, homens indígenas seminus cercados por homens de lanças e armaduras de ferra. Fim da imagem.

LEGENDA: Fundação da cidade do Rio de Janeiro, de Antonio Firmino Monteiro. 1881. Óleo sobre tela. Essa pintura representa o momento da fundação de São Sebastião do Rio de Janeiro, que deu origem à atual cidade do Rio de Janeiro, em 1565. FIM DA LEGENDA

Boxe complementar:

Você sabia?

Tamoio, em tupi, significa “os mais velhos”, nome pelo qual eram conhecidos os indígenas do grupo Tupi, formado pelos Tupinambá, Guaianá e Aimoré. Ocupavam a costa brasileira desde o litoral norte de São Paulo até Cabo Frio, no Rio de Janeiro.

Fim do complemento.

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos das páginas 96 e 97 pode ser trabalhada na semana 26.

Orientações

Se possível, leve para a sala de aula um mapa físico da região Sudeste e localize nele a Baía de Guanabara, no atual estado do Rio de Janeiro, e analise o porquê de a ocupação desse local por franceses ter dificultado tanto a comunicação entre o norte e o sul da colônia portuguesa.

Converse com os estudantes sobre a dificuldade de Portugal em promover a ocupação do vasto território da colônia, o que permitiu que outras nações cobiçassem as riquezas locais.

Para dominar a Baía de Guanabara e conseguir extrair o pau-brasil, os franceses se aliaram aos Tamoio. Esclareça que a pior consequência da ocupação francesa foi o extermínio da maioria dos Tamoios, seus aliados durante a ocupação.

Solicite aos estudantes que observem a imagem da página 96. Comente que a pintura representa o reconhecimento da importância estratégica do Rio de Janeiro e a necessidade de expulsar os franceses.

Oriente a leitura da legenda, de modo que os estudantes percebam que a imagem foi produzida muito tempo depois da fundação de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Para o estudante ler

LINDOSO, Maria José Rios Peixoto da Silveira. Tendy e Jã-jã e os dois mundos: na época do descobrimento. São Paulo: Formato, 2021.

O livro apresenta as aventuras vividas por dois amigos em épocas históricas diferentes, mostrando o cotidiano de alguns momentos da história do Brasil.

Ao longo dos séculos, acontecimentos históricos foram representados e registrados tanto na forma escrita como na forma iconográfica. Para ler os documentos históricos, os estudantes devem adquirir a habilidade de compreender textos e imagens. A leitura visual capacita compreender uma pintura histórica, identificando informações significativas. Ao desenvolver tal habilidade, eles também poderão fazer a leitura de imagens atuais, como as que são veiculadas em revistas, na televisão e em outros meios de comunicação.

MP123

Os holandeses e a produção de açúcar

Imagem: Ilustração em preto e branco. Barracão de engenho com moinho e estrutura formada com engrenagens arredondadas, e alavancas manuais. Há pessoas trabalhando pelo engenho.  Fim da imagem.

LEGENDA: Engenho com rodas movidas pela água, desenho de Frans Post. Século XVII. Desenho em tinta marrom aguada sobre esboço a lápis. FIM DA LEGENDA.

O açúcar produzido no Brasil era levado pelos portugueses para a Europa e vendido aos holandeses. Na Europa, os holandeses refinavam o açúcar e o revendiam a preços muito mais altos. Para aumentar os lucros e obter açúcar diretamente do Brasil, os holandeses ocuparam diferentes regiões do Nordeste. Em 1624 e 1625, conquistaram Salvador e, em 1630, conseguiram tomar Olinda e Recife.

Em 1637, os holandeses nomearam Maurício de Nassau governante de Pernambuco. Ele ordenou a construção de canais, escolas, teatros e da primeira ponte do Brasil. Também fez alianças e intermediou empréstimos para os senhores de engenho, para que realizassem melhorias nas fazendas. Após vários desentendimentos com o governo da Holanda, Nassau pediu demissão em 1644 e deixou o Brasil. O governo holandês começou a cobrar os empréstimos feitos aos senhores de engenho, que ficaram descontentes e se aliaram de novo a Portugal. Assim, após muitos combates contra os holandeses, os portugueses reconquistaram Pernambuco.

Os holandeses foram expulsos do Brasil em 1654 e começaram a produzir açúcar em suas colônias nas Antilhas (ilhas que se localizam na América Central). O açúcar holandês era vendido na Europa por um preço menor que o do açúcar fabricado no Brasil. Portugal não conseguiu superar a concorrência holandesa, e a produção e exportação do açúcar brasileiro entraram em declínio.

MANUAL DO PROFESSOR

Orientações

Explore com os estudantes o fato de Portugal ter sido o primeiro país a explorar o litoral do Brasil, mas não o único. Outras nações tiveram interesse nas terras americanas, como a França, a Inglaterra e a Holanda. Caso a região em que vivem tenha heranças culturais e/ou arquitetônicas da presença holandesa, faça uma pesquisa prévia sobre os vestígios mais relevantes. Leve para a sala de aula o material pesquisado (imagens, vídeos etc.), aproximando o tema da realidade dos estudantes.

Converse com os estudantes sobre os intelectuais e os pintores trazidos por Maurício de Nassau. Eles elaboraram mapas e pinturas, que são importantes documentos históricos e nos ajudam a compreender melhor a época representada.

Explique que a presença de holandeses não significou necessariamente a expulsão dos portugueses que moravam na região. Muitos proprietários de terras portugueses ou de ascendência portuguesa continuaram a produzir açúcar, mas quem comercializava o produto eram os holandeses. Nesse sentido, a expulsão dos holandeses de Pernambuco afetou negativamente os interesses dos produtores de açúcar.

Lembre aos estudantes que os produtores e comerciantes portugueses aliaram-se aos holandeses e os apoiaram porque obtiveram muitas vantagens, como empréstimos facilitados.

Os conteúdos das páginas 96 e 97 mobilizam aspectos da habilidade EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

Atividade complementar: Analisar pinturas produzidas por artistas holandeses

Analise com os estudantes pinturas holandesas produzidas no século XVII por artistas como Albert Eckhout e Frans Post.

Com base na análise feita, proponha que se inspirem nas imagens selecionadas para recriar uma cena do cotidiano.

Peça-lhes que sigam as etapas: selecionar o que será representado; fazer um esboço a lápis; colorir a imagem; dar um título ao trabalho e assinar.

Peça aos estudantes que se reúnam em um círculo para apresentar os trabalhos aos colegas, indicando os motivos da escolha do tema do desenho e como chegaram ao resultado final.

MP124

Como as pessoas faziam para...

Tomar banho e fazer a higiene pessoal

Quantos banhos você costuma tomar por dia? A maioria das pessoas toma ao menos um, certo? Mas nem sempre foi assim. Há mais de 500 anos, por exemplo, os portugueses nem tomavam banho diariamente. Os hábitos de higiene mudaram muito com o passar do tempo.

Acompanhe como isso ocorreu no Brasil.

Imagem: Ilustração complementar das páginas 98 e 99. Três cenas diferentes com pessoas tomando banho em situações diversas. O título “Tomar banho e fazer a higiene pessoal”. Abaixo, o texto introdutório: “Quantos banhos você costuma tomar por dia? A maioria das pessoas toma ao menos um, certo? Mas nem sempre foi assim. Há mais de 500 anos, por exemplo, os portugueses nem tomavam banho diariamente. Os hábitos de higiene mudaram muito com o passar do tempo. Acompanhe como isso ocorreu no Brasil”. Crianças indígenas sobre um rio tomando banho. Há uma mulher esfregando as costas de um menino pequeno. Ao redor, árvores e vegetação. Em seguida, o texto explicativo: “Na época em que os portugueses chegaram ao Brasil, eles não tomavam banho diariamente, mas apenas uma ou duas vezes por ano! Por isso, ficaram espantados com o costume indígena de se banhar no rio várias vezes ao dia. Hoje os brasileiros tomam um ou mais banhos por dia, seguindo o costume herdado dos indígenas”. NA segunda cena, um homem de cabelo curto loiro, vestindo camiseta branca, deitado em um barril de madeira arredondado baixo cheia de água. Ao lado, um jornal sobre a cama e uma bacia sobre uma estante de canto cheia de água. Em seguida, o texto explicativo: “Há cerca de 170 anos, o banho de corpo inteiro era feito em uma tina, que ficava no quarto. Mas esse banho só ocorria uma vez por semana. Nos outros dias era feito banho de asseio ou lavagem dos pés antes de dormir. Ao acordar, as pessoas lavavam o rosto e as mãos em uma bacia”. Na terceira imagem, menino de cabelo cacheado castanho, tomando banho em um box de vidro, há uma prateleira com produtos, frascos de shampoo e sabonete. Ao lado, um gabinete com pasta de dente e produtos de higiene. Em seguida o texto: “Até cerca de 75 anos atrás, a pasta de dente era feita da mistura de areia com alguma erva ou de cinzas com água. E nada de escova: as pessoas usavam os dedos. O chuveiro elétrico passou a ser usado no Brasil na década de 1950. Aqueles que não tinham eletricidade esquentavam a água no fogão para tomar banho quente. Atualmente, a higiene pessoal envolve o uso de cosméticos. É possível encontrar até mesmo xampus, condicionadores, sabonetes e cremes feitos especialmente para as crianças”. Fim da imagem.
MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aulas

As duas aulas previstas para os conteúdos desta seção podem ser trabalhadas na semana 27.

Objetivos pedagógicos da seção

  • Conhecer hábitos de higiene de povos indígenas, portugueses e brasileiros no passado.
  • Perceber as mudanças nos hábitos de higiene sob a influência dos hábitos indígenas.
  • Reconhecer que invenções como o chuveiro e a popularização de produtos facilitaram a adoção de alguns hábitos de higiene.

    Orientações

    Antes de iniciar o estudo desta seção, pergunte aos estudantes quantos banhos eles e as pessoas com as quais convivem costumam tomar por dia. Em seguida, pergunte se acreditam que sempre foi assim.

    Explique a eles que, quando povos de culturas diferentes entram em contato, sempre há trocas entre eles. Os indígenas adquiriram elementos da cultura europeia, e os colonizadores absorveram aspectos das culturas indígenas, como o costume de tomar banho diariamente.

    Também explique a eles que muitas medidas de higiene, como tomar banho diariamente e cortar e limpar as unhas, são incentivadas por profissionais de saúde. O banho, além de refrescar, remove impurezas e microrganismos que podem causar doenças. As unhas limpas e curtas evitam o acúmulo de sujeira sob elas.

    História dos hábitos de higiene no Brasil

    [...] Os índios costumam banhar-se diariamente, várias vezes, exercendo o banho certa função em sua vida. [...] Entre seus outros hábitos de higiene destacam-se [...] o corte das unhas; o pentear-se ou alisar os cabelos após o banho, catando ao mesmo tempo os piolhos; a lavagem das mãos antes e depois das refeições, lavagem que é feita enchendo a boca com água e soltando o jorro sobre as mãos. [...] O banho era tomado dentro de casa em recipientes enchidos com grandes baldes de água e colocados nas alcovas. A bacia, quando em tamanho pequeno ou médio, era utilizada na higiene rápida e na lavagem de roupas. [...] A bacia, quando em tamanho maior, era utilizada para banhos de crianças e adultos. [...] O banho de corpo inteiro nela tomado obedecia a todo um ritual.

MP125

Imagem: Ícone: Atividade oral. Fim da imagem.

  1. Que diferenças e semelhanças você encontra entre os hábitos de higiene do passado e do presente?
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
  1. O hábito de tomar banho todos os dias foi herdado de quem?

    Imagem: Ícone: Atividade para casa. Fim da imagem.

  1. Converse com um adulto de sua família e pergunte se conhece algum hábito de higiene do passado diferente dos atuais. Anote todas as informações e depois leve para a sala de aula para compartilhar com os colegas e o professor.
MANUAL DO PROFESSOR

Primeiro, lavava-se o rosto e a cabeça, depois assentava-se e lavava-se o tronco e, finalmente, de pé, as pernas e os pés. [...] Sobre D. João VI enfatiza [...] seu horror à água. Banhos tomou-os sim, porém forçado por receitas médicas. Em um caso, sendo obrigado a lavar a perna “diariamente” para curar uma ferida perniciosa. [...] Finalizando sobre o banho, lembramos que no século XIX, antes do uso dos sabonetes ingleses, eram os sabões para banho feitos de sebo, carne podre, osso e cinza, o que lhes dava a cor preta, sendo entregues embrulhados em folha de bananeira. [...]

FONTE: OLIVEIRA, Neide Gomes de. História dos hábitos de higiene no Brasil dos séculos XVIII ao XX. In : Dimensões : Revista de História da Ufes, n. 2, 1991, p. 44-49.

Atividades 1 e 2. Explore a ilustração para que os estudantes percebam que, à medida que o tempo passou, tomar banho tornou-se mais confortável. Espera-se que eles reconheçam que os hábitos de higiene mantêm o corpo limpo e diminuem a possibilidade de transmissão de bactérias pelo contato, evitando a proliferação de doenças. Com base nas atividades, explore o fato de que o costume atual de tomar banho remete tanto a hábitos indígenas, como o banho diário, quanto a hábitos europeus, como tomar banho quente dentro de casa.

Atividade 3. Sugerimos que a atividade seja realizada em casa, possibilitando um momento de literacia familiar, de leitura oral e dialogada e interação verbal. Dessa forma, a atividade favorece a troca de ideias entre os estudantes e seus familiares e a integração dos conhecimentos construídos por eles em casa e na escola.

As atividades 1, 2 e 3 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo, EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira e EF04HI11: Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).

MP126

Capítulo 4. A população brasileira

A experiência colonial possibilitou o encontro entre três diferentes grupos de formações culturais distintas: os indígenas, que já habitavam as terras brasileiras; os europeus, que colonizaram a região; e os africanos, trazidos como mão de obra escrava. O povo brasileiro, portanto, apresenta costumes mesclados, tanto em termos étnicos como culturais.

É muito difícil, entretanto, conhecermos em detalhes os graus de mescla, pois cada um desses povos já apresentava, por si só, grande heterogeneidade . “Indígena”, por exemplo, é apenas uma expressão genérica para designar uma grande diversidade de povos, como os Kaiapó, Yanomami, Bororo, entre outros.

Os portugueses, por sua vez, também tinham influências diversas, como a dos árabes, que dominaram por séculos a Península Ibérica. Essa diversidade era igualmente uma realidade entre os africanos, que podiam pertencer a diferentes troncos linguísticos e étnicos, como o iorubá ou o banto.

Assim, nenhum desses três grupos – portugueses, indígenas e africanos – pode ser considerado homogêneo em sua origem.

Também já vimos que entre os europeus que vieram para o Brasil no período colonial estavam, além dos portugueses, os franceses e os holandeses, que deixaram suas marcas na história do país.

Cada um desses povos contribuiu para que a cultura brasileira se diversificasse ao longo do tempo. Isso mostra que a cultura de um povo está em constante mudança, dependendo das influências que recebe.

Imagem: Fotografia. Vista de sala aberta com mesa de madeira e cadeiras com estampas ornamentadas. Ao redor, azulejos azuis com desenhos de arabescos. No centro, uma lareira. Fim da imagem.

LEGENDA: Palácio Nacional de Sintra, Portugal, em 2019. É possível observar a influência da cultura árabe na arquitetura portuguesa. FIM DA LEGENDA

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos das páginas 100 e 101 pode ser trabalhada na semana 28.

Objetivos pedagógicos do capítulo

  • Refletir sobre a pluralidade entre os povos europeus, indígenas e os povos africanos.
  • Compreender as matrizes étnico-culturais de formação do Brasil.
  • Verificar contribuições de povos europeus, africanos e indígenas no cotidiano, avaliando sua presença na cultura brasileira.
  • Compreender alguns costumes comuns no Brasil e suas origens étnico-culturais.
  • Refletir sobre a prática de diferentes línguas no Brasil nos tempos coloniais e suas funções relacionadas aos grupos sociais.
  • Discutir sobre a consolidação do português como língua nacional do Brasil.

    Orientações

    Converse com os estudantes sobre a composição étnico-cultural da população brasileira. Pode ser interessante, para iniciar o assunto, fazer um levantamento sobre as origens deles. Pergunte a eles se sabem de onde seus familiares são e quais culturas fazem parte da sua ancestralidade, retomando a pergunta da abertura da unidade. Neste momento, é importante lembrar que, além dos povos que viveram e se relacionaram entre si no período colonial, outros vieram como imigrantes a partir do século XIX e continuam vindo até hoje.

    O povo brasileiro

    Aquela uniformidade cultural e esta unidade nacional – que são, sem dúvida, a grande resultante do processo de formação do povo brasileiro – não devem cegar-nos, entretanto, para disparidades, contradições e antagonismos que subsistem debaixo delas como fatores dinâmicos da maior importância. A unidade nacional, viabilizada pela integração econômica sucessiva dos diversos implantes coloniais, foi consolidada, de fato, depois da Independência, como um objetivo expresso, alcançado através de lutas cruentas e da sabedoria política de muitas gerações. [...] Esse é, sem dúvida, o único mérito das velhas classes dirigentes brasileiras. Comparando o bloco unitário resultante da América portuguesa com o mosaico de quadros diversos a que deu lugar a América hispânica, pode-se avaliar a extraordinária importância desse feito.

MP127

Boxe complementar:

Você sabia?

A cultura africana tem uma principal característica: a diversidade. A África é o continente habitado há mais tempo em todo o planeta, é o ponto de origem do ser humano e [agrega] uma enorme quantidade de idiomas, com mais de mil línguas diferentes, assim como religiões, regimes políticos, condições de habitação, de atividades econômicas e de cultura.

Atualmente, a África, que ocupa um quinto das terras emersas na Terra, possui mais de 50 nações, com mais de 1 bilhão de habitantes.

[...]

Na nossa culinária, a influência da cultura africana está sempre presente, mas é na área musical que o Brasil ganhou mais com a cultura desses povos: a música africana é a origem dos mais famosos ritmos brasileiros, como o samba, o maxixe e a bossa nova.

FONTE: Cultura africana. Portal Geledés , 28 abr. 2016. Disponível em: https://www.geledes.org.br/cultura-africana/ . Acesso em: 17 fev. 2021.

Fim do complemento..

Imagem: Ícone: Atividade em dupla. Fim da imagem.

  1. Converse sobre as sentenças abaixo com um colega, lendo-as em voz alta. Depois, identifiquem, no caderno, as sentenças falsas e as verdadeiras. Por fim, elaborem pequenos textos para justificar as respostas de vocês, considerando os conhecimentos sobre a história do Brasil aprendidos ao longo desta unidade.
    1. A fundação de São Luís do Maranhão, em 1612, é uma marca da presença francesa no Brasil.
      PROFESSOR Resposta: Verdadeira.
    1. Os portugueses não foram os únicos povos europeus a se instalar no Brasil no período colonial. Os holandeses também ocuparam parte da Região Nordeste.
      PROFESSOR Resposta: Verdadeira.
    1. Os portugueses foram o único povo europeu presente no Brasil no período colonial. Falsa.
      PROFESSOR Resposta: Falsa

      Imagem: Ícone: Atividade para casa. Fim da imagem.

  1. Leia com atenção a frase abaixo. Depois, em casa, exponha o conteúdo dessa frase para uma pessoa de seu grupo familiar. Explique, com base em seus conhecimentos, por que essa frase é importante para conhecermos melhor o Brasil e os brasileiros e por que ela se relaciona diretamente com a diversidade cultural vista em nosso país. Registre suas reflexões no caderno.

    A população brasileira é heterogênea e se constitui do encontro de diferentes culturas e povos, como os indígenas, os africanos e os europeus.

    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
MANUAL DO PROFESSOR

Essa unidade resultou de um processo continuado de unificação política, logrado mediante um esforço deliberado de supressão de toda identidade étnica discrepante e de repressão e opressão de toda tendência virtualmente separatista. [...]

O povo-nação não surge no Brasil da evolução de formas anteriores de sociabilidade, em que grupos humanos se estruturam em classes opostas, mas se conjugam para atender às suas necessidades de sobrevivência e progresso. Surge, isto sim, da concentração de uma força de trabalho escrava, recrutada para servir a propósitos mercantis alheios a ela, através de processos violentos de ordenação e repressão que constituíram, de fato, um continuado genocídio e um etnocídio implacável.

FONTE: RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro . São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 22-23.

Atividade 1. Para consolidar os conhecimentos de literacia e de alfabetização, essa atividade trabalha inferências diretas, interpretação e relação de ideias e informação.

Atividade 2. Sugerimos que a atividade seja realizada em casa, possibilitando um momento de literacia familiar, de leitura oral e dialogada e interação verbal. Dessa forma, a atividade favorece a troca de ideias entre os estudantes e seus familiares, o reconto do que foi estudado e a integração dos conhecimentos construídos por eles em casa e na escola. Para consolidar os conhecimentos de literacia e de alfabetização, essa atividade trabalha a interpretação e a relação de ideias e informação.

As atividades 1 e 2 mobilizam aspectos da habilidade EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

É importante ressaltar que a diversidade étnico-cultural é parte fundamental da identidade. Tal diversidade parte da troca entre os grupos, chamada atualmente pela antropologia de transculturação.

A transculturação é o processo de aquisição de novas práticas e conhecimentos a partir do contato com o outro, sem perder a cultura de origem e, ao mesmo tempo, influenciando o outro, em uma “via da mão dupla”.

O conteúdo e as atividades propostas ao longo do capítulo 4 favorecem o aprofundamento do trabalho com o tema atual de relevância em destaque neste volume, “Migrantes e migrações, ontem e hoje”. Sugerimos, desse modo, trabalhar aspectos das trocas culturais possibilitadas pelos movimentos migratórios.

MP128

Costumes brasileiros

A cultura de um povo é composta, entre outros fatores, dos costumes das populações que o formam. Como já foi possível observar, a população brasileira tem sua origem no encontro de diferentes povos, como os indígenas, os africanos e os europeus. Esses povos influenciaram a cultura brasileira com suas tradições, seu modo de pensar e de se expressar.

Imagem: Fotografia. Cesto de vime oval bege com desenhos ondulados em marrom escuro. Fim da imagem.

LEGENDA: Cesto feito pelo povo indígena Yanomami, município de Manaus, no estado do Amazonas, em 2017. FIM DA LEGENDA.

Imagem: Fotografia. Homens em uma praça jogando capoeira. Atrás de dupla duelando há três homens tocando instrumentos musicais. Fim da imagem.

LEGENDA: Jogo de capoeira no município de Vera Cruz, no estado da Bahia, em 2019. FIM DA LEGENDA

Imagem: Fotografia. Crianças, em pé, de mãos dadas formando uma roda na areia. Ao redor, adultos observam. Fim da imagem.

LEGENDA: As cantigas de roda são um legado da presença portuguesa. Crianças brincando de roda durante atividade na biblioteca comunitária Professora Maria Amélia, na comunidade quilombola de Mangabeira. Município de Mocajuba, no estado do Pará, em 2020. FIM DA LEGENDA.

MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos das páginas 102 e 103 pode ser trabalhada na semana 28 e também na semana 29.

Orientações

A cultura de um povo envolve as diferentes maneiras como ele se comunica, se diverte, se alimenta, se organiza, entre outras dimensões da vida humana.

Converse com os estudantes sobre como é o dia a dia deles e pergunte se sabem a origem dos hábitos que eles e suas famílias têm. Deixe que contribuam livremente sobre o assunto, comentando se costumam comer macarronada ou feijoada, se gostam de samba, se utilizam utensílios domésticos de origem indígena, entre outros, auxiliando-os a identificar a presença da multiculturalidade em seu cotidiano. Essa abordagem visa provocar reflexões sobre como a cultura de nosso país, mais que um conceito abstrato, parte dos fazeres e saberes de todos os brasileiros.

Atividade complementar: Entrevista com um estrangeiro

  • Peça aos estudantes que localizem algum estrangeiro que mora em sua vizinhança ou é próximo à sua família e façam uma entrevista com ele. Eles devem perguntar como é a vida no Brasil e o que o entrevistado pensa sobre a cultura brasileira.
  • Oriente-os a registrar as informações obtidas em um caderno e, em uma aula previamente combinada, a fazer uma apresentação do que descobriram para seus colegas, lembrando-se de apresentar quem é o entrevistado, de onde ele vem e há quanto tempo está no Brasil.
  • Outra possibilidade de atividade nessa mesma proposta é a de convidar algum estrangeiro para conversar sobre suas impressões e experiências em sala de aula.

MP129

Imagem: Ícone: Atividade em dupla. Fim da imagem.

  1. Os africanos escravizados que foram trazidos ao Brasil conservaram elementos de sua cultura, mesclando-os a elementos das culturas portuguesa e indígena. Reúna-se com um colega. Façam uma pesquisa na internet sobre brincadeiras, comidas e palavras de origem africana. Registrem suas descobertas e, depois, montem no caderno um quadro como o do modelo abaixo. Preencham o quadro com as informações coletadas na pesquisa de vocês.
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.

    Quadro: equivalente textual a seguir.

    Brincadeiras

    Comidas

    Palavras

  1. Agora, escolha uma das brincadeiras de origem africana que vocês pesquisaram na atividade anterior. Elabore um pequeno texto fazendo uma descrição da brincadeira escolhida.
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.

    Imagem: Ícone: Atividade em grupo. Fim da imagem.

    Imagem: Ícone: Atividade oral. Fim da imagem.

  1. Com seus colegas, observem as imagens a seguir. Identifiquem cada um dos hábitos e costumes mostrados nelas, explicando qual é sua origem.
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
Imagem: Fotografia. 1: Homem indígena de cabelo curto preto, sem camiseta, vestindo bermuda preta. Está deitado em uma rede amarela no interior de uma oca.  Fim da imagem.

LEGENDA: Indígena deitado em rede, município de Querência, no estado de Mato Grosso, em 2018. FIM DA LEGENDA

Imagem: Fotografia. 2: Duas meninas indígenas de cabelo médio, vestindo vestido xadrez, estão segurando um pilão cada.  Fim da imagem.

LEGENDA: Meninas Bororo usando pilão, município de Meruri, no estado de Mato Grosso, em 1934. FIM DA LEGENDA.

Imagem: Fotografia. 3: Destaque de prato com uma tapioca sobre folha de milho.  Fim da imagem.

LEGENDA: Pamonha é um alimento de origem indígena feito de milho ralado. FIM DA LEGENDA

Imagem: Fotografia. 4: Destaque de mulher indígena de cabelo longo preto, vestindo vestido verde. Está amassando uma massa de polvilho sobre panela. Fim da imagem.

LEGENDA: Indígena da etnia Waurá preparando polvilho à base de mandioca, município de Gaúcha do Norte, no estado de Mato Grosso, em 2019. FIM DA LEGENDA.

MANUAL DO PROFESSOR

Pergunte aos estudantes o que eles conhecem sobre a cultura afrodescendente no Brasil. Peça que citem exemplos da culinária, da música ou de palavras que usamos diariamente. Registre na lousa palavras de origem africana, como moleque, quiabo, fubá, caçula, dengoso, quitute, berimbau e maracatu. Solicite que pesquisem sobre o assunto e tragam os resultados para a sala de aula.

Comente com eles que a mescla de elementos africanos e portugueses ou indígenas resultou em novas palavras no vocabulário do português falado no Brasil, assim como em alimentos e brincadeiras.

Atividades 3 e 4. Sugestões de respostas: Brincadeiras como escravos de Jó, pular elástico e pular corda; comidas como acarajé, angu e vatapá; palavras como samba, farofa e quiabo. Peça aos estudantes que socializem suas descobertas sobre as brincadeiras de origem africana que pesquisaram. Se possível, façam em sala de aula algumas dessas brincadeiras.

Atividade 5. 1. Costume de descansar em redes, vindo dos povos indígenas; 2. Uso do pilão de madeira para processar alimentos, vindo dos povos indígenas; 3. Hábito de comer alimentos à base de milho, como a pamonha, vindo dos indígenas;

4. Hábito de comer alimentos à base de mandioca, vindo dos indígenas.

As atividades 3, 4 e 5 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira e EF04HI11: Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).

A cultura africana e afro-brasileira na educação básica

A inclusão da história e da cultura afro-brasileira e indígena nos currículos da Educação básica brasileira, através da promulgação das Leis 10.639, de 2003, e 11.645, de 2008, é um momento histórico ímpar, de crucial importância para o ensino da diversidade cultural no Brasil. Trata-se de um momento em que a educação brasileira busca valorizar devidamente a história e a cultura de seu povo afrodescendente e indígena, buscando assim reparar danos, que se repetem há cinco séculos, à sua identidade e a seus direitos. Esta inclusão nos currículos da educação básica amplia o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira.

FONTE: BORGES, Elisabeth Maria de Fátima. A inclusão da história e da cultura afro-brasileira e indígena nos currículos da educação básica. Revista do Mestrado em História. Universidade Severino Sombra. v. 12, n. 1, p. 71-84, jan./jun., 2010. p. 71.

MP130

Línguas do Brasil

A língua mais falada no Brasil é o português, mas contabilizam-se mais de 250 línguas faladas por povos indígenas de diferentes etnias.

No início da colonização, eram cerca de 340 as línguas indígenas faladas no território que atualmente chamamos de Brasil. A necessidade de comunicação cotidiana fez com que os colonizadores aprendessem algumas línguas indígenas. Nos 200 primeiros anos de colonização, foi adotada a língua geral paulista, variação da língua tupi entendida e falada por portugueses e indígenas ao longo de toda a costa brasileira. No Maranhão, no Pará e no Vale Amazônico, era falada a língua geral amazônica ou nheengatu, e na região oeste do atual Paraná e nas margens do rio Uruguai era falado o guarani.

A principal razão da ampla difusão das línguas gerais foi a facilidade que isso dava aos religiosos para catequizar os indígenas.

Embora a língua portuguesa seja hoje amplamente adotada, isso não foi um padrão ao longo de toda a história do Brasil. Havia outras línguas de origem europeia que também eram faladas na época da colonização, como o espanhol, o francês e o holandês.

Imagem: Ilustração. Capa de cartilha indicando “Catecismo da Doutrina Christãa – Na língua Brafilica da Nação Kiriri, Composto pelo P. Luiz Vincencio Mamiani, da Companhia de Jesus, Milionario da Provincia do Brasil” Fim da imagem.

LEGENDA: Catecismo da doutrina cristã, escrito em língua geral indígena e composto pelo padre Luis Vincencio Mamiani. 1698.FIM DA LEGENDA

Imagem: Fotografia. Crianças indígenas em uma sala de aula sentados em carteiras individuais. Fim da imagem.

LEGENDA: Estudantes indígenas da etnia Guarani Mbya em sala de aula na aldeia Tekoá Porã. Município de São Miguel das Missões, no estado do Rio Grande do Sul, em 2019.

  1. A língua portuguesa foi a única falada durante a colonização?
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
  1. O que eram as línguas gerais?
    PROFESSOR Resposta: Eram variações das línguas indígenas faladas pelas populações originárias e pelos colonizadores.
MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aula

A aula prevista para os conteúdos das páginas 104 e 105 pode ser trabalhada na semana 29.

Orientações

Inicie o assunto com os estudantes conversando sobre como as pessoas se comunicam e a importância da língua para as relações sociais e para a formação cultural de um povo. Comente que a língua materna estimula a formação de determinados músculos, capacitando-nos a pronunciar as palavras com a dicção necessária. Ela também direciona a visão de mundo das pessoas, limitando sua compreensão ao que está expresso no vocabulário, por exemplo. Para que entendam essa dimensão, pergunte à turma se já quiseram dizer algo e não encontraram palavras para expressar.

Estimule-os a pensar sobre como seria se falassem outra língua: Qual seria? Eles conseguiriam se comunicar ainda com as pessoas que conhecem? Promova uma discussão livre sobre o assunto, estimulando a imaginação e a argumentação dos estudantes.

Atividade 6. Não. Falavam-se as línguas gerais indígenas e outras línguas de origem europeia.

Atividade 7. Para consolidar os conhecimentos de literacia e de alfabetização, essa atividade e a atividade 6 trabalham a localização e a retirada de informação explícita do texto.

As atividades 6 e 7 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo e EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

Comente que muitas palavras que usamos hoje no Brasil têm origem em línguas africanas, principalmente as do grupo linguístico Banto. Elas foram transmitidas de uma geração a outra e agora estão incorporadas à língua portuguesa falada no Brasil. Palavras como marimbondo, quitanda e carimbo têm origem nas línguas desse grupo.

Converse com os estudantes sobre línguas que têm parentesco com o português. Dê como exemplo a palavra homem, que tem sonoridade parecida quando traduzida para o francês (homme), espanhol (hombre), italiano (uomo) e romeno (om). Explique a eles que são línguas diferentes, mas que têm a mesma origem, o latim, que era falado pelos antigos romanos.

MP131

No século XVIII, o governo de Portugal, querendo administrar de modo mais presente a colônia, resolveu investir na disseminação da língua portuguesa, impondo seu uso nas escolas, em documentos e locais públicos. No Norte do Brasil, onde prevalecia o nheengatu, houve maior resistência à adoção do português.

Se as línguas indígenas foram amplamente adotadas pelos portugueses, o mesmo não aconteceu com as línguas africanas. Foram vários os grupos africanos trazidos para o Brasil, e eles falavam línguas diversas. Para evitar que se unissem contra os senhores, houve preferência dos colonos europeus por não concentrar as pessoas escravizadas da mesma origem em um só local, o que contribuiu para dispersar a cultura linguística dos africanos. Os quilombos, por exemplo, que eram abrigos construídos por escravizados fugidos, foram locais de preservação e prática de várias línguas africanas. Apesar dessa reação dos portugueses, muitas palavras das línguas africanas foram incorporadas à língua portuguesa falada no Brasil.

Boxe complementar:

Você sabia?

As línguas do grupo Banto não têm grupos consonantais, não têm uma sílaba fechada por consoante. O resultado é que nosso português é riquíssimo em vogais, afastado do português lusitano, muito baseado nas consoantes. [...] Todo brasileiro fala cantando – aliás, “cantano”, porque a gente sempre evita consoantes. A parte sonora da palavra é a vogal, e nós fazemos questão de cantar. No futebol nós dizemos “gou”, em Portugal dizem golo, para acentuar a consoante. Nossa língua é vocalizada, nós colocamos vogais até mesmo onde elas não existem.

FONTE: Yeda Pessoa de Castro. Nossa língua africana (entrevistada por Marcello Scarrone). Revista de história da Biblioteca Nacional, ano 10, n. 116, p. 61, maio 2015.

Imagem: Fotografia. Mulheres de turbante colorido, vestindo vestido e avental. Estão em frente a uma banca com verduras dispostas em bancada e bandejas. Fim da imagem.

LEGENDA: Moradoras de Maputo, cidade em Moçambique. Fotografia de 2018. O português é a língua oficial desse país do continente africano. FIM DA LEGENDA.

Fim do complemento.

  1. Quando e por que os colonizadores decidiram impor a língua portuguesa como idioma preferencial?
  1. Como os colonizadores fizeram para impor a língua portuguesa como idioma preferencial?
    PROFESSOR Atenção professor: Atividades 8 e 9: ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
MANUAL DO PROFESSOR

Conclusão

Na perspectiva da avaliação formativa, esse é um momento propício para a verificação das aprendizagens. Sugerimos que você avalie o trabalho realiza­ do ao longo do bimestre e da unidade, observe se todos os objetivos pedagógicos propostos foram plenamente atingi­ dos pelos estudantes para que você possa intervir a fim de consolidar as aprendizagens.

Dessa forma, observe a produção dos estudantes, a participação e intervenção deles em sala de aula, individualmente, em grupo e com toda a turma, atentando-se em perceber os seguintes pontos: se reconhecem e avaliam os impactos da exploração e da imposição do modo de vida dos europeus sobre os povos indígenas; se reconhecem que os europeus atribuíram valor comercial à escravidão e integraram o trabalho escravo à economia colonial; se compreendem o conceito de diáspora e sua utilização no tratamento das migrações forçadas de povos africanos; e se compreendem as matrizes étnico culturais de formação do Brasil.

A avaliação proposta a seguir será uma maneira de observar alguns aspectos do processo seguido por cada estudante e pela turma, possibilitando identificar o desenvolvimento de todas as habilidades, seus avanços, dificuldades e potencialidades, estabelecendo permanente diálogo com eles para que continuem desenvolvendo suas aprendizagens.

Atividade 8. Isso ocorreu no século XVIII, porque os portugueses queriam maior controle sobre a colônia.

Atividade 9. Fizeram que fosse adotada nas escolas e em documentos e locais públicos, em substituição às línguas gerais.

Estas atividades mobilizam aspectos da habilidade EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

MP132

O que você aprendeu

  1. Cite três fatores que contribuíram para a diminuição dos povos indígenas e de suas terras.
    PROFESSOR Resposta: Fatores que podem ser citados pelos estudantes: ocupação e exploração do território pelos colonizadores, as doenças e as guerras com os europeus.
  1. Elabore um pequeno texto para descrever as seguintes questões:
    • Como teria sido o encontro entre os indígenas e os portugueses no início da colonização?
    • Ao longo do tempo o encontro entre esses povos se modificou de que maneira?
    1. Leia o texto a seguir.
      PROFESSOR Atenção professor: Atividades 2, 3 e 4: ver orientações específicas deste volume.Fim da observação.

      Quando os índios forem considerados sujeitos históricos e os múltiplos processos de interação entre suas sociedades e as populações que surgiram com a colonização europeia forem recuperados, “páginas inteiras da história do país serão reescritas; e ao futuro dos índios reservar-se-á um espaço mais equilibrado e, quem sabe, otimista” [MONTEIRO, John Manuel. O desafio da História Indígena no Brasil. In: SILVA, Aracy Lopes da S.; GRUPIONI, Luís D. Benzi. A temática indígena na escola : novos subsídios para professores de e 2º graus. Brasília: MEC; Mari; Unesco, 1995. p. 221-228].

      Com essas palavras, John Monteiro finalizava, em 1995, um capítulo sobre os desafios da História indígena no Brasil e conclamava os historiadores a enfrentarem a tarefa. [...]

      FONTE: Maria Regina Celestino de Almeida. A atuação dos indígenas na História do Brasil: revisões historiográficas. Revista Brasileira de História . v. 37, n. 75, maio/ago. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbh/v37n75/1806-9347-rbh-2017v37n75-02.pdf . Acesso em: 19 fev. 2021.

  1. A autora do texto cita, logo no primeiro parágrafo, uma frase de um pesquisador brasileiro chamado John Monteiro (1956-2013). Para John Monteiro, o que aconteceria caso os indígenas do Brasil fossem, realmente, considerados sujeitos históricos? Explique e justifique sua resposta.
  1. Como é possível associar a questão colocada por John Monteiro com o processo de colonização?
  1. Qual era a relação entre a metrópole e a colônia?
MANUAL DO PROFESSOR

Roteiro de aulas

As duas aulas previstas para a avaliação da seção O que você aprendeu podem ser trabalhadas na semana 30.

Orientações

Antes de orientar os estudantes a iniciar as atividades de avaliação, pergunte a eles de quais conteúdos estudados até então eles se recordam. Retome com a turma esses pontos, comentando outros que ficaram esquecidos. Pergunte quais conteúdos mais gostaram de estudar e quais atividades mais gostaram de realizar e por quê. Verifique se as habilidades trabalhadas foram desenvolvidas pelos estudantes. Caso alguns deles ainda não tenham conseguido desenvolver todas as habilidades, faça novas intervenções conforme a necessidade de cada um, de modo que todos possam atingir os objetivos de aprendizagem.

Atividade 1. Caso o estudante não consiga identificar esses fatores, retome alguns conteúdos vistos ao longo desta unidade.

Atividade 2. É esperado que, ao elaborar o pequeno texto, o estudante retome os conteúdos da unidade que tratam do encontro entre portugueses e indígenas, considerando especialmente as ameaças ao modo de vida e ao meio natural em que estes viviam.

Atividade 3. a) Para John Monteiro, quando os indígenas forem considerados sujeitos históricos e os processos de interação entre suas sociedades e as populações que surgiram com a colonização europeia forem recuperados, o conhecimento a respeito da história indígena será repensado e valorizado, e “ao futuro dos índios reservar-se-á um espaço mais equilibrado e, quem sabe, otimista”.

Atividade 3. b) É esperado que o estudante perceba que o papel dos povos indígenas ao longo da história do Brasil deve ser reescrito e reelaborado, inclusive pelos próprios intelectuais indígenas, para que a atuação deles como sujeitos ativos no contexto da colonização seja revista e valorizada.

MP133

Avaliação processual

  1. Leia com atenção o texto a seguir e observe o mapa. Depois, responda ao que se pede.

    Para entendermos o processo de colonização do Brasil a partir de 1530, é preciso compreender que as bases sobre as quais se estruturou essa colonização estavam inseridas no contexto da expansão comercial europeia, o que significa dizer que a colonização do território brasileiro foi planejada dentro de um projeto de ampliação do poderio comercial lusitano. Fazia-se necessário fazer uma exploração econômica que possibilitasse um retorno a curto prazo.

    A ocupação deste território deu-se por meio da sua divisão em capitanias hereditárias, como já havia feito em outras regiões, com o objetivo de promover a defesa do território, fixar colonos e organizar uma produção lucrativa [...].

    Decidido o regime político administrativo a ser implantado, D. João III [rei de Portugal à época], mandou dividir, em 1532, o litoral do Brasil em extensões de cinquenta léguas portuguesas que constituíram as capitanias, dando-as, entre os anos de 1534 e 1536, a alguns de seus fidalgos beneméritos, capazes de promover o desenvolvimento dessa região.

    FONTE: Luciene M. P. Pereira. Reflexões acerca da distribuição de terras no período colonial brasileiro: o caso das sesmarias. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História (ANPUH) , jul. 2011. p. 2. Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300202997_ARQUIVO_TextoCompleto.pdf . Acesso em: 21 fev. 2021.

Imagem: Mapa. Capitanias hereditárias (Seculo XVI). Mapa do Brasil em corte reto indicando “Tordesilhas”. À direita, divisões retas retangulares dividem os territórios. Na parte superior: Terras não distribuídas; Maranhão 1; Maranhão 2; Piuaí; Ceará; Rio Grande do Norte 1; Rio Grande do Norte 2; Itamaracá; Pernambuco; Bahia; Ilhéus; Porto Seguro; Espírito Santo; São Vicente 1; São Tomé; Santo Amaro; São Vicente 2; Santana. No canto superior esquerdo há um mapa mundo destacando região informada. Ao lado, rosa dos ventos indicando noroeste, norte, nordeste, leste, sudeste, sul, sudoeste e oeste, escala de 0 a 380 km. Fim da imagem.

FONTE: Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 10, n. 108, set. 2014. p. 12.

MANUAL DO PROFESSOR

As atividades 1, 2 e 3 mobilizam aspectos das seguintes habilidades: EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo, EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino e EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

Atividade 4. É esperado que o estudante retome seus conhecimentos e diga que o país colonizador (Portugal) era chamado de metrópole, e o território colonizado e explorado era a colônia (no caso, o Brasil). A colônia devia fornecer mercadorias à metrópole (pacto colonial).

Atividade 5. Se desejar, depois de incentivar os estudantes a ler o texto e observar o mapa com cuidado, diga a eles que se fez necessário mandar colonos para o território que mais tarde se tornaria o Brasil e estabelecer centros administrativos ligados ao governo português. A solução encontrada foi a criação de capitanias hereditárias para garantir definitivamente a posse portuguesa sobre a nova terra.

As atividades 4 e 5 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI05: Relacionar os processos de ocupação do campo a intervenções na natureza, avaliando os resultados dessas intervenções e EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

Habilidades da BNCC em foco nesta seção:

EF04HI01, EF04HI05, EF04HI09, EF04HI10 e EF04HI11.

MP134

  1. Que tal encontrar as respostas das adivinhas a seguir? Nesta atividade, as respostas aparecem logo abaixo das adivinhas, mas estão embaralhadas, dentro dos quadrinhos coloridos. Leia com atenção os textos das adivinhas e, com base em seus conhecimentos, encontre e registre no caderno as respostas corretas para cada uma delas.
    PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
    1. O que é, o que é? Região de onde vieram os primeiros africanos para o Brasil.
    1. O que é, o que é? Processo de migração forçada da África para a América.
    1. O que é, o que é? Esses povos viviam em sociedades organizadas no continente africano com até 20 mil pessoas e praticavam o comércio com outros povos.
    1. O que é, o que é? Seus reinos eram divididos em províncias administradas por chefes escolhidos pelo rei.
    1. O que é, o que é? Nome do reino africano cuja cerimônia de coroação inspirou as festividades da congada no Brasil.
    1. O que é, o que é? Atual país de onde foram trazidos diversos povos africanos no século XVI.
    1. O que é, o que é? Nome do grupo africano trazido ao Brasil para ser escravizado e que era da cultura islâmica.

      Diáspora

      Banto

      Malês

      Reino do Congo

      Angola

      Golfo da Guiné

      Iorubá

MANUAL DO PROFESSOR

Atividade 6. Repostas das adivinhas:

  1. Golfo da Guiné.
  2. Diáspora.
  3. Iorubá.
  4. Banto.
  5. Reino do Congo.
  6. Angola.
  7. Malês.

    A atividade 6 mobiliza aspectos das seguintes habilidades: EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino, EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira e EF04HI11: Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).

MP135

  1. Observe a imagem e faça a atividade proposta.
Imagem: Ilustração. Mulher de cabelo médio preto, vestindo vestido longo branco. Está descalça em uma floresta, segurando um cesto de vime com flores e ervas.  Fim da imagem.

LEGENDA: Mulher mameluca (mestiça), de Albert Eckhout. 1641. Óleo sobre tela, 271 cm # 170 cm. FIM DA LEGENDA.

  1. Sobre as línguas africanas no período colonial, responda.
    1. A política dos colonizadores com relação às línguas africanas foi a mesma que adotaram para as línguas indígenas?
    1. Como os quilombos ajudaram na preservação das línguas africanas?
      PROFESSOR Atenção professor: Ver orientações específicas deste volume. Fim da observação.
MANUAL DO PROFESSOR

Atividade 7. A obra representa uma mulher mestiça usando um vestido branco, colar e pulseira, um pequeno animal parecido com preá ou porquinho-da-índia, um cesto cheio de flores, um cajueiro com muitos frutos, céu nublado, campo ao fundo e uma planta com uma flor chamada estrelítzia. De acordo com o olhar europeu da época, dois elementos eram importantes para retratar a realidade brasileira: a imagem da natureza exuberante (por isso junta flores, frutos e animais em um mesmo quadro) e a do país mestiço (por isso representa uma mameluca, com vestes e joias europeias). Pode-se observar também que ela está descalça, em uma alusão às populações originárias.

Atividade 8. a) Não. Os colonizadores tentaram evitar que as línguas africanas fossem disseminadas na colônia, separando as pessoas escravizadas que eram procedentes da mesma origem.

b) Os quilombos eram lugares onde não havia o controle dos colonizadores. As populações africanas podiam se comunicar em suas línguas originais.

As atividades 7 e 8 mobilizam aspectos das habilidades EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo e EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

MP136

Comentários para o professor:

GRADE DE CORREÇÃO

Tabela: equivalente textual a seguir.

Questão

Habilidades avaliadas

Nota/conceito

1

EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.

EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

2

EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.

EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

3

EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.

EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

4

EF04HI05: Relacionar os processos de ocupação do campo a intervenções na natureza, avaliando os resultados dessas intervenções.

EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

5

EF04HI05: Relacionar os processos de ocupação do campo a intervenções na natureza, avaliando os resultados dessas intervenções.

EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

6

EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

EF04HI10: Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira.

EF04HI11: Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).

7

EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.

EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

8

EF04HI01: Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.

EF04HI09: Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.

MP137

Sugestão de questões de autoavaliação

Questões de autoavaliação, como as sugeridas a seguir, podem ser apresentadas aos estudantes para que eles reflitam sobre seu processo de ensino e aprendizagem ao final de cada unidade. O professor pode fazer os ajustes que considerar adequados de acordo com as necessidades da sua turma.

Tabela: equivalente textual a seguir.

AUTOAVALIAÇÃO DO ESTUDANT E

MARQUE UM X EM SUA RESPOSTA

SIM

MAIS OU MENOS

NÃO

1. Presto atenção nas aulas?

2. Tiro dúvidas com o professor quando não entendo algum conteúdo?

3. Trago o material escolar necessário e cuido bem dele?

4. Sou participativo?

5. Cuido dos materiais e do espaço físico da escola?

6. Gosto de trabalhar em grupo?

7. Respeito todos os colegas de turma, professores e funcionários da escola?

8. Reconheço características do modo de vida dos povos indígenas no território que hoje compreende o Brasil à época da chegada dos portugueses?

9. Compreendo a importância dos direitos dos povos indígenas e a necessidade de sua efetivação?

10. Conheço aspectos do comércio realizado entre europeus e povos africanos, entre os séculos XIV e XV, principalmente?

11. Entendo e reconheço o conceito de diáspora?

12. Reconheço as principais características da administração do Brasil do período colonial, como as capitanias hereditárias e demais aspectos da ocupação portuguesa?

13. Compreendo as matrizes étnico-culturais de formação do Brasil?