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Unidade 2. Os primeiro núcleos populacionais
LEGENDA: Ruínas da antiga cidade de Palmira, na Ásia, na atual Síria, considerada Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Fotografia de 2016. FIM DA LEGENDA.
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Boxe complementar:
Vamos conversar
Hoje, a maioria das pessoas vive em cidades que têm muitas características em comum. O desenvolvimento do espaço urbano tem uma longa história, que começou há milhares de anos. Observe a imagem da antiga cidade de Palmira. Os objetos encontrados nesse sítio arqueológico e suas ruínas revelam importantes características da vida social e cultural daquela cidade.
- Como essas construções e peças arqueológicas podem contribuir para o estudo do modo de vida nas cidades antigas?
- Por que é importante preservar esses registros?
Fim do complemento.
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Capítulo 1. Os primeiros núcleos populacionais
Os primeiros núcleos populacionais surgiram no período Neolítico, quando alguns grupos humanos se tornaram sedentários e passaram a desenvolver a agricultura e a domesticação de animais. A fixação desses grupos em um mesmo local gerou grandes mudanças na forma de organização social. Os espaços de moradia começaram a ser construídos próximos aos campos de cultivo. Além de proteger contra o frio e outros perigos, as construções também serviam para armazenar alimentos para os períodos de escassez. Esse processo deu origem às primeiras aldeias. Elas eram autossuficientes , pois, além de trabalhar no campo, as pessoas produziam as próprias ferramentas, vestimentas e outros utensílios.
Na região do Egito e da Mesopotâmia, as condições geográficas favoreceram a agricultura e o desenvolvimento tecnológico. A ocorrência periódica das cheias dos rios, que tornava o solo fértil para o plantio, possibilitou formar as primeiras aldeias.
Boxe complementar:
Você sabia?
O rio Nilo foi fundamental para o desenvolvimento das primeiras aldeias do Egito antigo, no continente africano. A vida daquelas populações sempre esteve ligada às águas desse rio e a seus períodos de cheia.
Os períodos de cheia do rio Nilo acontecem entre os meses de julho e setembro, quando suas margens são inundadas pelas águas. Com o tempo, para reter as águas, aquelas antigas populações passaram a construir diques e reservatórios. A água era utilizada por meio de canais de irrigação em diversas funções na agricultura e na pecuária e também para o consumo humano. O retorno das águas ao leito do rio (entre os meses de dezembro e maio) fazia com que o húmus ficasse depositado em suas margens, possibilitando a fertilização das terras e a prática de uma agricultura de alta produtividade.
Os rios também eram importantes para o transporte de mercadorias e a comunicação entre os núcleos populacionais que se formaram com o passar do tempo.
LEGENDA: Barco de pesca no rio Nilo, em Edfu, Egito, 2019. FIM DA LEGENDA.
Fim do complemento.
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Há cerca de 9 mil anos, na região de Anatólia, onde hoje se localiza a Turquia, existiam núcleos habitados por milhares de pessoas, como Çatal Hüyük e Asikli Höyük. Nesses locais havia casas e viviam cerca de 8 mil pessoas, que conciliavam os trabalhos no campo, a caça e a coleta de frutos e vegetais. O trabalho era feito em grupo, pois era preciso armazenar alimentos para todos. Apesar de partilharem alguns hábitos em comum, esses assentamentos tinham costumes e culturas diferentes.
LEGENDA: Escavação em Çatal Hüyük, assentamento Neolítico de mais de 8 mil anos. Turquia, 2018. As pesquisadoras da imagem estão em uma antiga casa composta de uma sala e quartos pequenos. FIM DA LEGENDA.
- O que favoreceu o surgimento das primeiras aldeias?
- Que funções tinham as construções das primeiras aldeias?
Boxe complementar:
Hora da leitura
• A cidade ao longo dos tempos, de Peter Kent. São Paulo: Zastras, 2010.
O livro procura apresentar, por meio de ilustrações e imagens, a história de formação das cidades ao longo do tempo.
Fim do complemento.
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A formação das primeiras cidades
O desenvolvimento de técnicas de agricultura, como a construção de diques e canais para irrigar a terra, e o aperfeiçoamento de ferramentas fizeram com que a oferta de alimentos crescesse. Com isso, a população aumentou, e a produção de alimentos deixou de ser coletiva, pois nem todas as pessoas precisavam trabalhar no campo, e algumas puderam dedicar-se à produção artesanal.
A especialização do trabalho e o aumento da oferta de alimentos geraram maior variedade de produtos que poderiam ser comercializados. Essa transição levou à criação de espaços destinados à produção artesanal e ao comércio separados do trabalho no campo. Casas e oficinas começaram a ocupar ruas em volta de pequenas praças, onde ocorriam feiras, dando origem às cidades. Muitas delas eram protegidas por muros de tijolos que delimitavam a área.
Na Mesopotâmia, há cerca de 6 mil anos, existiram grandes cidades, como Ur, Uruk e Eridu. Elas foram fundadas pelo povo sumério e tinham características arquitetônicas comuns. Uruk foi a maior cidade do período. Ela era dividida em bairros religiosos, administrativos, residenciais e comerciais, e contava com um exército e um sistema de administração pública.
LEGENDA: A cidade da Babilônia, há 2 600 anos, era protegida por grandes muralhas. Iraque, 2018. FIM DA LEGENDA.
FONTE: A aurora da humanidade. Rio de Janeiro: Time-Life/Abril Livros, 1993. (Coleção História em revista).
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Cidades na África, América, China e Europa
Na África, no vale do rio Nilo, diversos núcleos urbanos foram construídos, como Gizé, Mênfis e Tebas. Há mais de 3 mil anos, na Europa, na China e na América surgiram várias cidades, como Atenas, na Grécia, Roma, na Itália, Anyang, na China, e Teotihuacán, na região onde hoje se localiza o México.
- Como ocorreu a formação das primeiras cidades?
- Por que a produção de alimentos deixou de ser coletiva? Explique.
- Reúna-se com um colega. Observem as imagens abaixo e respondam à questão.
LEGENDA: Ruínas do sítio arqueológico de Teotihuacán, onde se vê a Pirâmide da Lua. Esse era o centro cerimonial da cidade asteca que foi construída há cerca de 2 100 anos. México, 2017. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Ruínas do Templo Branco no sítio arqueológico de Uruk. Essa foi a maior cidade suméria há 5 mil anos, servindo de modelo para outras cidades da Mesopotâmia. Iraque, 2020. FIM DA LEGENDA.
- Que semelhanças vocês observam entre as duas imagens? E diferenças?
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Expansão das cidades e a organização social
Há cerca de 6 mil anos, diversas cidades surgiram na Mesopotâmia e na África. Os grupos que viviam em algumas delas conquistaram outros povos, expandiram seus domínios e formaram grandes impérios, como o Império Egípcio e o Babilônico. Na Mesopotâmia, inicialmente, a administração de cada cidade era exercida por um sacerdote, que governava o próprio templo. À medida que as tarefas administrativas ficaram mais complexas, os palácios passaram a ser o centro administrativo do governo, exercido por um rei.
A expansão territorial e o aumento populacional exigiram mudanças na administração do território e da vida em sociedade. Com uma oferta maior de produtos, o comércio entre os povos cresceu. Por isso, foram criados órgãos administrativos e jurídicos. Essa organização gerou novas profissões, pois era necessário defender o território, registrar o número de habitantes, calcular e cobrar impostos, construir prédios públicos, casas e diques, cultivar a terra, comercializar, aplicar as leis etc. Havia muitas profissões essenciais à vida em sociedade: agricultores, artesãos, tesoureiros, tecelões, pintores, pedreiros, criadores de animais, soldados, músicos e muitas outras.
LEGENDA: Espelho de cerca de 3 mil anos encontrado em Lahun, uma cidade planejada em que residiam sacerdotes e artesãos, na região de Faium, Egito. FIM DA LEGENDA.
Invenção da escrita
O registro das informações se tornou cada vez mais necessário: a arrecadação de impostos gerava muitos dados, pois controlava-se quem havia feito o pagamento, quais eram as isenções e quem estava em dívida. Para facilitar esse trabalho, os sumérios inventaram a escrita, que foi usada também para emitir decretos, definir fronteiras de territórios e fazer registros religiosos.
No Egito, o domínio da escrita era muito valorizado, e os escribas eram as pessoas responsáveis por ela.
LEGENDA: Placa de argila com inscrições mesopotâmicas de cerca de 5 mil anos. FIM DA LEGENDA.
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- O crescimento das primeiras cidades provocou inúmeras transformações. Quais foram elas?
- Reúna-se com um colega. Identifiquem juntos as profissões representadas nas imagens 1, 2 e 3, a seguir. Depois, elaborem um pequeno texto explicando a importância e o papel dessas profissões para a vida nas cidades da Antiguidade.
LEGENDA: Relevo de 4 400 anos atrás retratando dois escribas. Região de Sacará, Egito. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Pintura de cerca de 3 400 anos retratando a colheita do trigo. Região onde se localizava Tebas, Egito. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Relevo de cerca de 3 500 anos retratando soldados egípcios. Região onde se localizava Tebas, Egito. FIM DA LEGENDA.
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Para ler e escrever melhor
Os textos a seguir permitem comparar características de antigas cidades criadas por diferentes povos em momentos históricos distintos. A leitura ajudará a compreender as transformações que ocorreram na organização do espaço urbano.
A cidade de Çatal Hüyük
Os estudos arqueológicos realizados em Çatal Hüyük, na Turquia, indicam que essa ocupação humana durou cerca de 1 400 anos. A população da cidade era composta de cerca de 8 mil habitantes, que praticavam a agricultura, a criação de animais, além de atividades artesanais e comerciais.
Praticamente não havia ruas na cidade. As casas eram semelhantes, construídas de tijolos de barro, muito próximas umas das outras. O acesso a elas era feito pelo teto, com o auxílio de escadas. A cobertura das casas constituía a área pública da cidade, onde circulavam pessoas e mercadorias. Existiam santuários, mas não foram encontrados palácios nem edifícios públicos, o que indica que não existia uma hierarquia social.
LEGENDA: Representação atual do antigo assentamento de Çatal Hüyük, há mais de 8 mil anos, Turquia. FIM DA LEGENDA.
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As cidades do Egito antigo
Muitas cidades do Egito antigo se estabeleceram no vale do rio Nilo. Havia uma hierarquia econômica e social muito rígida que determinava o tipo de moradia: os trabalhadores construíam suas casas com materiais frágeis, como tijolos de barro e fibras vegetais, localizadas em vilas com ruas estreitas e muito próximas umas das outras; o faraó , os funcionários reais e os ricos viviam em lugares mais altos e em moradias de pedra perto dos centros de comércio e dos edifícios públicos. Existiam também templos, mastabas e palácios.
O espaço rural não estava separado do urbano porque os campos de cultivo e as moradias ficavam próximas às margens do rio Nilo. Boa parte da população trabalhava no campo, de onde vinham os alimentos e a matéria-prima necessários para a sobrevivência e a confecção de objetos.
LEGENDA: Ruínas de Deir el-Medina, antiga aldeia de artesãos. Região de Luxor, Egito, 2016. FIM DA LEGENDA.
- Aponte quais são as diferenças entre as cidades apresentadas nos textos.
- E quais são as semelhanças entre as duas cidades?
- Converse com um familiar sobre as características da cidade em que você vive e descreva sua organização espacial. Você pode comparar o modo como foram construídos e distribuídos prédios, casas e espaços públicos na sua cidade e nas cidades descritas no texto.
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Capítulo 2. A organização da vida social
Apesar de algumas cidades antigas encontrarem-se próximas entre si, elas podiam ter formas de organização política, econômica e social muito diferentes. As antigas cidades sumérias, na Mesopotâmia, por exemplo, eram independentes, isto é, cada uma tinha seu próprio sistema administrativo e jurídico. O controle político e religioso ficava nas mãos de um pequeno grupo social, enquanto a maior parte da população trabalhava nos campos e não participava das decisões políticas. Os sumérios eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses.
No Egito antigo, a administração era dividida entre várias cidades, chamadas nomos, que tinham um chefe local que pertencia à elite. As cidades não eram independentes e faziam parte de um grande império governado por um faraó que representava, ao mesmo tempo, o poder político e religioso. As principais atividades econômicas eram a agricultura e a criação de animais. Camponeses, artesãos e pessoas escravizadas realizavam a maior parte do trabalho no campo e nas cidades. Os egípcios, como os sumérios, eram politeístas, e sua sociedade também tinha uma hierarquia social rígida e desigual.
LEGENDA: Detalhe de pintura em parede representando camponeses em plantação. Região de Luxor, Egito, cerca de 3 200 anos atrás. Mulheres e homens trabalhavam na produção agrícola e artesanal, preparando artefatos, alimentos e vestimentas. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Hora da leitura
• O Egito antigo: passo a passo, de Aude Gros de Beler. São Paulo: Claro Enigma, 2016.
Esse livro, escrito por uma egiptóloga especialmente para crianças, é uma maneira de conhecer detalhes interessantes da vida no Egito antigo.
Fim do complemento.
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Tanto os egípcios quanto os sumérios exerceram grande influência cultural em outras cidades com as quais realizavam trocas comerciais. Por meio desse contato, algumas cidades assimilaram costumes e aspectos da cultura egípcia, como a escrita e as artes.
- Que características as sociedades suméria e egípcia tinham em comum? E quais eram diferentes?
- Os zigurates eram grandes templos em formato de pirâmide, com escadas que levavam ao topo, e estavam presentes em diferentes cidades dos antigos povos da Mesopotâmia. Eles eram construídos por súditos ou escravizados. Observe as imagens a seguir, retome seus conhecimentos sobre a história da antiga Mesopotâmia e responda ao que se pede.
LEGENDA: Zigurate da antiga cidade suméria de Ur, no atual Iraque, 2016. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Zigurate na antiga cidade de Chogha Zanbil, Khuzistão, Irã, 2015. FIM DA LEGENDA.
- Como era a organização do poder político e religioso entre os sumérios? É possível relacionar a construção dos zigurates a esse contexto?
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Fontes históricas para conhecer as cidades antigas
Os documentos escritos são importantes fontes para compreender o cotidiano das primeiras cidades. A escrita foi muito importante para a organização social, pois possibilitou estabelecer leis, contratos comerciais e registros fiscais. Além disso, conhecimentos e técnicas também foram transmitidos por meio da escrita.
Escrita e costumes: Mesopotâmia
Na Mesopotâmia viveram vários povos, como os sumérios, os acádios, os assírios e os babilônios. Eles partilhavam alguns elementos culturais, mas tinham línguas e costumes diferentes. Há cerca de 3 800 anos, o rei babilônico Hamurábi conquistou vários territórios da Mesopotâmia. Com o intuito de unificar os costumes, ele organizou o Código de Hamurábi, um conjunto de leis que estabeleciam regras para a vida em família, as relações de trabalho, as trocas comerciais, os crimes, entre outras coisas. Esse documento é uma fonte importante para o estudo dessas sociedades antigas.
LEGENDA: Coluna de pedra do código de Hamurábi, de 1750 a.C. Na parte superior ao texto, Hamurábi foi representado recebendo o poder de Shamash, o deus Sol, divindidade da justiça. FIM DA LEGENDA.
Escrita no Egito antigo
Os documentos deixados pelos escribas do Egito antigo também permitem investigar como era a administração pública e a vida daquela sociedade. A primeira forma de escrita egípcia foi o hieróglifo, composto de um conjunto de símbolos que representavam ideias e valores. Apenas os faraós, os funcionários da realeza, os sacerdotes e os escribas sabiam escrever, sendo os escribas considerados muito importantes pelo registro dessa cultura. Muitos documentos egípcios eram escritos em papiros, um tipo de folha feita de uma planta que era comum naquela região da África.
LEGENDA: O escriba sentado, peça de 53,7 cm de altura, de cerca de 4 600 anos. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Material de trabalho dos escribas, de cerca de 3 300 anos, encontrado na região de Tebas, Egito. FIM DA LEGENDA.
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- De que modo as fontes escritas podem auxiliar no estudo das sociedades antigas?
- Em casa, com um familiar observe as imagens a seguir. Converse sobre elas e identifique qual é o tipo de fonte histórica que cada uma representa, de acordo com o código abaixo. Registre as respostas no caderno. Depois verifique em sala de aula se os demais colegas chegaram a conclusões semelhantes.
Código:
V. Fonte material visual.
VE. Fonte material visual e escrita.
LEGENDA: Estátua do faraó Ramsés II, que reinou no Egito há mais de 3 mil anos. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Afresco representando músicos egípcios de cerca de 3 mil anos. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Página do Livro dos mortos produzido por escribas no Egito, há cerca de 2 250 anos. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Coluna de pedra de Marduk da civilização babilônica, de cerca de 2 900 anos. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Pintura em mural representando a colheita de papiro no Egito, há mais de 3 mil anos. FIM DA LEGENDA.
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O mundo que queremos
De acordo com a Constituição brasileira atual, todas as pessoas são iguais e têm os mesmos direitos. Mas nem sempre foi assim. Leia o texto a seguir e saiba como eram essas relações na Antiguidade.
Cidadania e igualdade: uma conquista histórica
Muitas sociedades antigas, como as que estamos estudando nesta unidade, eram marcadas pela desigualdade social. Nem todas as pessoas tinham os mesmos direitos. As mulheres, por exemplo, não tinham direitos iguais aos dos homens. As ideias de cidadania e igualdade desenvolveram-se ao longo dos séculos, muito tempo depois da criação das primeiras cidades.
Com a passagem da organização em aldeias para os centros urbanos, alguns grupos assumiram o controle das cidades. Isso quer dizer que as decisões sobre a vida em comunidade não eram tomadas de forma igualitária. O poder e as terras ficaram centralizados nas mãos de pequenos grupos, e a maioria da população foi excluída das decisões políticas.
No Egito antigo, o faraó era considerado um intermediário entre os deuses e o povo e, por isso, exercia um grande poder. Todas as decisões eram tomadas por ele, cujo poder era hereditário, isto é, transmitido somente aos membros de sua família. Os funcionários reais, como sacerdotes, escribas e chefes militares, tinham posições privilegiadas. Por outro lado, a maioria da população – artesãos, camponeses e escravizados, que realizavam grande parte dos trabalhos – era excluída das decisões, pagava altos impostos e, muitas vezes, era forçada a trabalhar sem receber pagamento nas construções públicas.
Essas diferenças sociais se refletiam na organização das cidades: os reis e a nobreza ocupavam palácios luxuosos, enquanto artesãos, camponeses e escravizados viviam em casas simples, feitas de barro e cobertas com folhas.
LEGENDA: Miniaturas em calcário representando casas da civilização egípcia de cerca de 4 mil anos. A desigualdade social das civilizações antigas se refletia na organização das cidades. FIM DA LEGENDA.
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- Nas cidades antigas todos tinham acesso às mesmas condições de vida? Justifique sua resposta.
- Como eram as condições de vida da maior parte da população no Egito antigo?
- Como era atribuído o poder ao faraó?
- A desigualdade social refletia-se na organização das cidades antigas e nas moradias. Isso ainda ocorre atualmente? Para começar a refletir sobre isso, reúna-se em grupo. Leiam o texto a seguir em voz alta e façam as atividades propostas.
Até 2050, espera-se que a população urbana quase duplique, fazendo da urbanização uma das tendências mais transformadoras do século XXI. Populações, atividades econômicas, interações sociais e culturais, assim como os impactos ambientais e humanitários, estão cada vez mais concentrados nas cidades, trazendo enormes desafios para a sustentabilidade em termos de habitação, infraestrutura, serviços básicos, segurança alimentar, saúde, educação, empregos decentes, segurança e recursos naturais, entre outros.
FONTE: Declaração de Quito sobre cidades e assentamentos urbanos para todos. Nova Agenda Urbana . Organização das Nações Unidas, 2017. p. 3. Disponível em: http://fdnc.io/guG. Acesso em: 11 mar. 2021.
- Vocês acabaram de ler um trecho do documento chamado Nova Agenda Urbana, consolidado em 2016 durante uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU). Façam uma pesquisa na internet para descobrir: Qual é o objetivo desse documento?
- Façam, também, uma pesquisa na internet para compreender o que é sustentabilidade. Depois, identifiquem no texto quais são os desafios que as cidades apresentam em relação à sustentabilidade. Vocês acham que esses desafios se relacionam com o problema da desigualdade social? Por quê?
- Discutam quais medidas poderiam ser tomadas para tornar as cidades mais igualitárias. Criem uma proposta, nos moldes do documento Nova Agenda Urbana, e apresentem-na para a turma.
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Capítulo 3. Cidades e impérios da Mesopotâmia
A região da Mesopotâmia era muito fértil, e a proximidade com os rios favorecia o comércio
fluvial. Há milhares de anos, muitos povos e culturas conviveram e disputaram espaço e poder nessa região. Eles também partilharam muitos costumes e hábitos.
Um dos primeiros povos que habitaram a região da Mesopotâmia foram os sumérios. Eles eram agricultores, desenvolveram um sistema de escrita e organizavam-se em cidades autônomas, como Ur. A escrita cuneiforme e seu sistema numérico influenciaram vários outros povos que viveram na região. Há cerca de 4 200 anos, os acádios dominaram os sumérios e outros povos da região e formaram um império. As cidades deixaram de ser independentes e foram unificadas sob o comando de um rei.
LEGENDA: Comunicado real em escrita cuneiforme, peça suméria de cerca de 3 500 anos encontrada na Síria. Museu de Idlib, Síria, 2016. FIM DA LEGENDA.
Império Babilônico
Depois do domínio dos acádios, a Mesopotâmia foi invadida e dominada por outros povos, como os amoritas, os caldeus, os elamitas, os assírios e os medos. Há aproximadamente 3 800 anos, a região foi conquistada pelos babilônios, que construíram um grandioso império, composto de várias cidades. Eles desenvolveram um sistema de calendário que ajudava a conhecer as melhores fases para a agricultura com base em um sistema astronômico. Durante o Segundo Império Babilônico, no governo de Nabucodonosor, grandes obras arquitetônicas foram construídas, como os Jardins Suspensos. Por volta de 2 500 anos atrás, os persas, que estabeleceram grandes redes comerciais e contato com diversos povos, dominaram a região.
LEGENDA: A região da Mesopotâmia sofreu várias guerras e invasões. Parte do Estandarte de Ur, artefato sumério de cerca de 4 500 anos, encontrado em Ur, Iraque, 2016. FIM A LEGENDA.
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Boxe complementar:
Você sabia?
De mãos dadas com a agricultura, a astronomia deu os primeiros passos entre os rios Tigre e Eufrates, mais de 10 mil anos atrás. Os registros mais antigos dessa ciência pertencem aos sumérios, que antes de desaparecerem passaram aos povos da região um legado de mitos e conhecimento. [...]
“Antes, não sabíamos como os babilônios usavam geometria, gráficos e figuras na astronomia. Sabíamos que faziam isso com matemática. Também era conhecido que eles utilizavam matemática com geometria por volta de 1,8 mil a.C., só que não para a astronomia. A novidade é sabermos que eles aplicavam a geometria para computar a posição dos planetas” [...].
FONTE: Isabela de Oliveira. Astronomia: babilônios usavam geometria para calcular a posição dos astros. Correio Braziliense , 30 jan. 2016. Disponível em: http://fdnc.io/guK. Acesso em: 10 mar. 2021.
Fim do complemento.
- Por que a região da Mesopotâmia era disputada por vários povos?
- Quais foram as principais transformações políticas que ocorreram na região da Mesopotâmia com o domínio dos acádios?
- Os povos da Mesopotâmia desenvolveram conhecimentos matemáticos para realizar a cobrança de impostos, o plantio, a colheita e construir edificações.
A Babilônia da Antiguidade desenvolveu uma Matemática e uma Astronomia consideravelmente mais complexa do que a egípcia. Um sistema de numeração sexagesimal (base sessenta) e posicional (a posição dos algarismos muda seu valor) era adotado desde os mais antigos registros babilônicos conhecidos [...]. O sistema posicional babilônico não possui apenas os números inteiros, mas frações sexagesimais, análogas aos nossos décimos, centésimos, milésimos [...].
Somos herdeiros deste sistema de numeração: nossa divisão da circunferência em 360 graus, a hora em 60 minutos e estes em 60 segundos provêm do sistema sexagesimal de numeração babilônico. [...]
FONTE: Babilônia. Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) . Disponível em: http://fdnc.io/guJ. Acesso em: 11 mar. 2021.
- Reúnam-se em grupo e leiam o texto em voz alta. Depois identifiquem a “herança” que os povos da Babilônia deixaram para as civilizações da atualidade.
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Intercâmbios culturais
A delimitação territorial e a distância entre as vilas e cidades fizeram com que cada povo desenvolvesse modos diferentes de produzir, administrar a vida pública ou mesmo de se expressar. Mesmo estando próximos, os povos da Mesopotâmia e do Egito, por exemplo, não falavam a mesma língua e não possuíam o mesmo sistema de escrita ou de crenças religiosas.
Entre os povos da Mesopotâmia havia também sistemas linguísticos diferentes. Porém, muitas das línguas faladas tinham uma matriz comum, que se transformou ao longo do tempo, de acordo com as particularidades da região.
Na Mesopotâmia existiram dois grandes grupos linguísticos, ou seja, grupo de línguas ligadas a uma língua em comum: o sumério e o acádio. O acádio foi adotado pelos assírios e babilônios, mas sofreu transformações. Os conjuntos de variações linguísticas ligadas a uma comunidade específica são chamados de dialetos, pois expressam as características da região. Com o passar do tempo, muitos dialetos se transformavam em outras línguas. O hebraico, o aramaico e o árabe são línguas derivadas do acádio e são conhecidos como línguas semitas. Assim , os povos semitas são aqueles que têm em comum a mesma raiz linguística, originada na região mesopotâmica. Mas, mesmo com as transformações, há algumas permanências na língua, como palavras com o mesmo significado.
LEGENDA: Detalhe de uma pintura egípcia produzida entre 2000 a.C. e 1000 a.C. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Você sabia?
A língua portuguesa que utilizamos é derivada do latim – uma língua indo-europeia que passou por diversas transformações regionais ao longo do tempo e originou novas línguas, como o português, o espanhol, o italiano e o francês. Contudo, a língua portuguesa falada no Brasil não é idêntica à que é falada em Portugal. Isso ocorre em razão da influência de outras matrizes linguísticas, como as indígenas e as africanas.
Além disso, há as variações regionais que criam dialetos. Algumas palavras têm significados diferentes, de acordo com a região, como criança, que na Região Sul do Brasil é chamada de piá, por influência indígena.
Fim do complemento.
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- Por que as línguas sofrem transformações?
- Quais são os povos semitas? O que esses povos tinham em comum?
- Com um colega, pesquise na internet sobre os povos que têm línguas de origem semita na atualidade. Procurem saber se eles partilham costumes, como hábitos alimentares, tradições etc. Selecionem algumas fotografias retratando esses costumes e façam uma apresentação da maneira que considerarem mais interessante (pode ser com cartazes, com slides, com retroprojetor ou até mesmo montando uma apresentação no computador), compartilhando com a turma o resultado da pesquisa de vocês.
Boxe complementar:
Você sabia?
Persépolis foi uma das principais cidades do Império Persa. Seus registros mais antigos são de 2 500 anos atrás. Hoje ela é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade. Ali ocorriam cerimônias e festividades que envolviam povos vindos de diversos lugares. Na entrada da cidade foi construído um portal para receber súditos e emissários. O portal tinha inscrições em três línguas, entre elas a escrita cuneiforme dos sumérios.
LEGENDA: Palácio de Dario em Persépolis, Irã, 2017. FIM DA LEGENDA.
Fim do complemento.
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Como as pessoas faziam...
Escrever no Egito antigo
A escrita no Egito antigo era uma atividade muito importante e restrita aos faraós, funcionários da realeza, sacerdotes e escribas. Será que as formas de escrita utilizadas pelos egípcios na Antiguidade eram muito diferentes das que utilizamos hoje?
A primeira forma de escrita no Egito antigo foi o hieróglifo, que surgiu há cerca de 5 300 anos. Esse tipo de escrita representava objetos por meio de desenhos. Além dos símbolos de animais, existiam hieróglifos de utensílios, como cestos e cordas, e de partes do corpo humano, como braços e olhos.
LEGENDA: Placa com escrita hieroglífica de cerca de 4.000 anos atrás. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Escribas registrando a cobrança de impostos. Região de Sacará, Egito, há cerca de 4.700 anos. FIM DA LEGENDA.
Por volta de 2.700 anos atrás, os egípcios criaram a escrita demótica, um tipo mais simples que era usado para fazer contas, escrever cartas e documentos. Os materiais usados nessas anotações cotidianas eram papiro, canetas de diferentes tamanhos feitas de madeira, instrumentos para cortar o papiro e pigmentos secos em diferentes cores, em especial preta e vermelha.
LEGENDA: Ferramentas de trabalho dos escribas, de cerca de 2.600 anos atrás. FIM DA LEGENDA.
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LEGENDA: Ferramentas de trabalho dos escribas, de cerca de 3 mil anos atrás. FIM DA LEGENDA.
Era comum que os escribas tivessem de viajar para fazer os registros e, por isso, eles guardavam seus materiais em estojos. Eles levavam entre seus instrumentos pequenos potes com água e goma para preparar as tintas. A mistura de pigmentos, corantes e solventes era feita em um pilão. Para apoiar o papiro, usavam uma prancheta e marcavam o papel com selos para garantir a origem do documento.
LEGENDA: Modelo de madeira representando escribas em um celeiro registrando a produção, região de Deir el-Bahari, Egito, há cerca de 4 mil anos. FIM DA LEGENDA.
Os escribas acompanhavam a coleta de impostos, a construção de obras públicas, os julgamentos e até mesmo o armazenamento dos cereais nos celeiros durante a colheita. As atividades do império eram registradas e controladas por esses funcionários, que eram considerados muito importantes, pois apenas uma pequena parcela da população sabia ler e escrever.
LEGENDA: Página do Livro dos mortos produzido por escribas no Egito, de cerca de 1250 a.C. FIM DA LEGENDA.
Existiam escribas especializados em fazer desenhos em papiro e em murais. Alguns deles desfrutavam de grande prestígio social e realizavam funções como estudo de Matemática, Astronomia, Ciências e atividades religiosas.
- Por que a escrita era importante para os egípcios? Todas as pessoas tinham acesso a ela?
- Quais instrumentos os escribas utilizavam para escrever? Atualmente, outras tecnologias são utilizadas para a comunicação escrita? Converse com um adulto da sua família sobre as duas questões levantadas e elabore um texto explicando suas conclusões.
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Capítulo 4. Cidadania no passado e no presente
Você já deve ter escutado a palavra cidadania. Mas você sabe o que ela significa? Quem é cidadão? A palavra cidadania refere-se à condição da pessoa que vive em uma comunidade politicamente organizada e aos direitos e deveres dela. Hoje, todos são considerados cidadãos. Porém, a concepção de cidadania sofreu muitas transformações ao longo do tempo, pois nas cidades antigas nem todas as pessoas tinham os mesmos direitos ou podiam participar da vida política.
Na Babilônia, um dos primeiros tratados jurídicos de que se tem registro, o Código de Hamurábi, organizado há cerca de 4 mil anos, dividia a sociedade entre trabalhadores livres, escravos e ricos. De acordo com esse conjunto de leis, os delitos contra a população que tinha mais propriedades eram punidos com maior severidade. Havia também uma diferença entre homens e mulheres, pois apenas os homens tinham direito à herança familiar.
LEGENDA: Placa babilônica de argila retratando mulher tecelã, de cerca de 4 mil anos. FIM DA LEGENDA.
Decisões políticas na Antiguidade
Na Roma antiga, cidade que atualmente é a capital da Itália, os direitos e a participação nas decisões também não eram estendidos a todas as pessoas. Há mais de 2 mil anos, a sociedade era dividida em classes: grandes proprietários de terras, que eram chamados de patrícios, tinham vários direitos, como o acesso aos cargos públicos; já os plebeus eram artesãos, camponeses, comerciantes e outros trabalhadores livres que não podiam se casar com patrícios nem participar das decisões políticas. Durante muito tempo, os plebeus lutaram para obter direitos iguais. Há cerca de 2 500 anos conquistaram o direito às suas próprias reuniões e a eleger um representante político para defender seus interesses, no caso, o tribuno da plebe .
Boxe complementar:
Você sabia?
Há 2.500 anos o primeiro código de leis da roma antiga ficou conhecido como lei das doze tábuas, pois seu conjunto foi publicado em tábuas de madeira. Ele regulava os direitos da família e de propriedade, além de penas para crimes. Nele, já constavam vários direitos reivindicados pelos plebeus, porém era reafirmada a submissão das mulheres e dos escravos.
Fim do complemento.
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Boxe complementar:
Você sabia?
Ao longo dos séculos, Roma conquistou vários povos e se transformou em um grande império. Os povos vencidos nas guerras, muitas vezes, eram escravizados e obrigados a realizar várias tarefas; entre elas, tinham de lutar entre si em arenas públicas para a diversão da população. Muitos lutadores, chamados gladiadores, esperavam resgatar a liberdade, caso vencessem o duelo. O Coliseu era um dos espaços em que ocorriam essas batalhas.
LEGENDA: O Coliseu, anfiteatro construído durante o Império Romano. Roma, Itália, 2020. FIM DA LEGENDA.
Fim do complemento.
- Explique o que é cidadania.
- Nas cidades antigas, todas as pessoas tinham acesso aos mesmos direitos? Explique.
- Observe as imagens a seguir e responda às questões.
LEGENDA: Relevo de arte romana retratando os membros de uma família de patrícios de cerca de 2 200 anos atrás. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Relevo de arte romana representando um mercado de frutas e dois camponeses trabalhando na terra, de cerca de 2 200 anos atrás. FIM DA LEGENDA.
- O que as imagens representam? Quais são as diferenças e as semelhanças entre elas?
- Que diferenças existiam entre os direitos desses dois grupos? Essas diferenças se mantiveram na Roma antiga?
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Cidadania na Antiguidade
A ideia de cidadania remete à antiga Atenas, uma cidade da Grécia antiga. Foi nessa sociedade que surgiu o modelo político chamado de democracia . Na democracia ateniense todos os cidadãos deviam participar das decisões políticas, das assembleias e das votações. Esse regime é diferente, por exemplo, da monarquia, em que o poder está nas mãos apenas de uma pessoa e é transferido de forma hereditária. É diferente, também, da democracia que conhecemos hoje.
Em Atenas, há 2.700 anos, a sociedade era dividida seguindo alguns critérios, como o local de nascimento e a quantidade de terras ou propriedades de uma pessoa ou família. As pessoas nascidas na cidade que tinham grandes propriedades de terra eram chamadas de eupátridas e se consideravam os legítimos cidadãos de Atenas. Apenas os homens dessa classe podiam tomar decisões sobre a cidade, como uma oligarquia . Comerciantes e pequenos proprietários eram chamados de demiurgos. Aqueles que não possuíam terra ou comércio eram conhecidos como thetas , e as pessoas nascidas em outros locais eram chamadas de metecos . Grande parte da população de Atenas, porém, era composta de pessoas escravizadas tanto por dívidas quanto por guerras.
LEGENDA: Escultura grega de cerca de 2.400 anos que retrata duas mulheres atenienses: Hegeso, sentada em uma cadeira, recebe uma joia trazida por uma escrava. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Estátua de bronze feita há 2.500 anos, representando uma jovem atleta espartana. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Você sabia ?
Chamadas de polis pelos gregos, as cidades eram independentes e muito diferentes entre si, com leis e governos próprios e organizações políticas e sociais distintas; por isso são chamadas de cidades-Estados. Em Atenas, por exemplo, as mulheres ficavam limitadas ao espaço doméstico, já em Esparta, cidade-Estado dedicada a atividades militares, as mulheres recebiam educação física e militar.
Fim do complemento.
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Entre 2.400 e 2.600 anos atrás, revoltas e pressões populares levaram a uma série de reformas nas leis e no regime político de Atenas, que transformou profundamente a sociedade.
Naquela época, um novo código de leis definiu punições iguais para os habitantes da cidade. As penas passaram a ser estabelecidas não mais de acordo com a condição social de quem havia cometido o delito, mas eram definidas por uma autoridade de acordo com a infração cometida. A escravidão por dívida foi proibida e foi criada uma assembleia para a participação popular.
O poder dos eupátridas, ainda assim, era grande, mas o conceito de democracia ganhou força e a cidadania foi estendida a todos os homens maiores de 18 anos e filhos de pai e mãe atenienses. Entretanto, as mulheres, os escravos e as pessoas não nascidas em Atenas não eram consideradas cidadãs e estavam excluídas da participação política nas instituições daquela cidade.
LEGENDA: Na cidade de Atenas, na Antiguidade, o espaço público incluía templos, teatros e praças em que os cidadãos se reuniam para o comércio e para debater política. O Templo de Hefesto é o templo grego antigo mais bem preservado até os dias atuais. Atenas, Grécia, 2016. FIM DA LEGENDA.
- Explique quais eram os critérios da cidadania em Atenas na Antiguidade.
- O que significa a palavra democracia?
- Os critérios da cidadania em Atenas são diferentes dos utilizados no presente? Em grupo, escrevam no caderno um pequeno texto com suas conclusões.
Boxe complementar:
Hora da leitura
• A Grécia antiga, de Stewart Ross. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2011.
O livro traz, de maneira leve, inúmeras ilustrações e informações sobre a vida na Grécia antiga.
Fim do complemento.
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Cidadania contemporânea
A noção de cidadania transformou-se ao longo do tempo. Atualmente, a cidadania envolve a participação popular nas decisões políticas e está associada ao respeito aos direitos humanos, ou seja, aos direitos considerados essenciais a todas as pessoas, sem nenhum tipo de distinção, tais como o direito à vida, à liberdade e à educação. Essa ideia, no entanto, foi desenvolvida ao longo dos séculos e houve muita luta e resistência para que os direitos fossem estendidos a todas as pessoas.
Igualdade de direitos
Muito tempo depois da democracia ateniense, há cerca de 250 anos, ocorreu na França um dos processos históricos relacionados à ampliação da participação política e à igualdade de direitos entre as pessoas. Naquela época, as decisões do reino eram tomadas pelo rei. Os nobres tinham privilégios e títulos de nobreza (conde, duque, príncipe), que garantiam uma posição superior à de quem não fazia parte dessa elite. O rei e os nobres passavam seu poder de forma hereditária, ou seja, de geração a geração. Havia leis diferentes, aplicadas de acordo com a posição social de cada um. Um nobre que recebia terras podia, por exemplo, cobrar pelo uso delas. Já a maior parte da população, que incluía camponeses, comerciantes, artesãos, médicos, advogados etc., tinha de pagar altos impostos e não podia participar das decisões políticas.
Naquela época, com a Revolução Francesa, homens e mulheres tiraram o rei e os nobres do poder. Essas pessoas aprovaram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que definia a igualdade de direitos entre todas as pessoas, sem considerar sua posição social, e afirmava que os seres humanos são livres. Essa declaração representou um marco na conquista da cidadania e influenciou também nas lutas contra a escravidão.
Boxe complementar:
Você sabia?
Olympe de Gouges, que participou da Revolução Francesa, escreveu e apresentou a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, que estendia os direitos da cidadania às mulheres. A declaração não foi reconhecida pelo governo, e muitas mulheres continuaram a luta pelo direito à cidadania .
LEGENDA: Retrato anônimo de Olympe de Gouges, 1784. FIM DA LEGENDA.
Fim do complemento.
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Cidadania no Brasil
No Brasil, nem todos eram considerados cidadãos. Durante a monarquia (1822-1899), apenas homens maiores de 25 anos que tivessem determinada renda tinham o direito de votar e participar das eleições. No início da Primeira República (1899-1930), o critério de renda foi eliminado, e os homens alfabetizados maiores de 21 anos puderam votar. Religiosos, alguns soldados, mulheres e analfabetos (que eram mais de 80% da população) não tinham esse direito. A população em geral tinha pouco ou nenhum acesso à educação; assim, a maior parte dos brasileiros estava excluída das decisões políticas.
Foi apenas em 1988, com uma nova Constituição, que a cidadania foi estendida a todos os brasileiros e os direitos humanos foram institucionalizados no país. O direito à educação, por exemplo, foi garantido como prioridade, e os analfabetos conquistaram o direito de votar. A Constituição brasileira de 1988 é considerada uma das mais avançadas em termos de direitos e deveres.
LEGENDA: Desde o final do século XIX, debatia-se o direito das mulheres ao voto no Brasil, porém somente em 1932 as mulheres puderam votar no país. FIM DA LEGENDA.
- Qual é a importância da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e do processo da Revolução Francesa para a noção de cidadania atual?
- Reúna-se com as pessoas que moram com você e conversem sobre a seguinte questão: O que vocês entendem por cidadania? Depois compartilhe suas conclusões com os colegas em sala de aula.
Boxe complementar:
Você sabia?
A Constituição brasileira de 1988 é conhecida como Constituição Cidadã. Essa é a sétima constituição de nosso país (desde a Independência do Brasil, em 1822) e é a sexta desde que o Brasil se tornou uma República.
A Constituição de 1988 é um importante marco dos direitos dos cidadãos brasileiros, pois garante direitos civis e estabelece os deveres do Estado.
Fim do complemento.
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O que você aprendeu
- As sentenças e as fotografias abaixo referem-se a antigas cidades, cujas características foram estudadas por você ao longo desta unidade. Os nomes das cidades aparecem nos quadros localizados no final desta página. Leia com atenção cada sentença e identifique a qual antiga cidade cada uma se refere.
- Maior cidade autônoma da Mesopotâmia. Era dividida em bairros religiosos, administrativos, residenciais e de artesãos.
- Quadro: Roma − Atenas − Uruk − Persépolis − Çatal Hüyük
- Núcleo populacional neolítico em que se realizavam os trabalhos no campo, a caça e a coleta de frutos.
- Uma das principais cidades do Império Persa em que ocorriam cerimônias e festividades.
- Localizada na região que hoje corresponde à Grécia, onde as decisões eram tomadas por meio de assembleias e votações.
- Esta cidade era o centro de uma sociedade antiga que era dividida entre plebeus e patrícios. Está localizada na região que hoje corresponde à Itália.
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Avaliação processual
- Explique quais fatores influenciaram a formação das primeiras cidades.
- As imagens abaixo retratam o núcleo populacional de Çatal Hüyük, que fica na atual Turquia. Com base nas imagens e no que você aprendeu, responda às questões a seguir.
LEGENDA: Ruínas da cidade de Çatal Hüyük, Turquia, 2009. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Ilustração da cidade de Çatal Hüyük, onde a entrada das casas ficava no teto. Região de Anatólia, Turquia. FIM DA LEGENDA.
- Como era a arquitetura desse núcleo de população?
- Compare a arquitetura desse local com a da cidade em que você vive. Quais são as permanências e as mudanças em relação ao espaço físico das cidades e à construção das casas?
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- Observe as imagens a seguir e responda às questões.
LEGENDA: Egípcios arando e semeando, pintura da parede de uma tumba em Tebas, feita há cerca de 3 200 anos. FIM DA LEGENA.
LEGENDA: Trabalhadores rurais colhendo hortaliças, município de Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, 2019. FIM DA LEGENDA.
- O que as duas imagens representam?
- Qual é a importância dessa atividade para a vida nas cidades?
- Como o espaço geográfico influencia na criação de dialetos? Dê exemplos de línguas que derivam de outras.
- Leia as adivinhas a seguir e descubra a resposta para cada uma delas. As respostas estão embaralhadas, dispostas nos quadros abaixo.
O que é, o que é? Forma de governo em que os cidadãos participam das decisões.
O que é, o que é? Forma de governo em que um pequeno número de pessoas controla o poder.
O que é, o que é? Forma de governo em que o poder é centralizado em um rei ou imperador.
Palavras nos quadros: oligarquia; monarquia; democracia.
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- Leia o texto a seguir e responda às questões.
O que é ser cidadão?
Cidadania não é uma definição estanque , mas um conceito histórico, o que significa que seu sentido varia no tempo e no espaço. É muito diferente ser cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no Brasil [...], não apenas pelas regras que definem quem é ou não titular da cidadania (por direito territorial ou de sangue), mas também pelos direitos e deveres distintos que caracterizam o cidadão em cada um dos Estados-nacionais contemporâneos. Mesmo dentro de cada Estado nacional o conceito e a prática da cidadania vêm se alterando ao longo dos últimos duzentos ou trezentos anos. Isso ocorre tanto em relação a uma abertura maior ou menor do estatuto de cidadão para sua população (por exemplo, pela maior ou menor incorporação dos imigrantes à cidadania), ao grau de participação política de diferentes grupos (o voto da mulher, do analfabeto), quanto aos direitos sociais, à proteção social oferecida pelos Estados aos que dela necessitam. [...] Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais.
A cidadania instaura -se a partir dos processos de lutas que culminaram na Independência dos Estados Unidos [...] e na Revolução Francesa. Esses dois eventos romperam o princípio [...] baseado nos deveres dos súditos , e passaram a estruturá-lo a partir dos direitos do cidadão. Desse momento em diante todos os tipos de luta foram travados para que se ampliassem o conceito e a prática de cidadania [...]. Nesse sentido pode-se afirmar que, na sua acepção mais ampla, cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia.
FONTE: Jaime Pinsky. In : Carla Bassanezi Pinsky; Jaime Pinsky (org.). História da cidadania . São Paulo: Contexto, 2013. p. 9-10.
- Segundo o texto, a definição de cidadania manteve-se sempre a mesma? Explique.
- No Brasil durante o século XIX e início do século XX, o direito ao voto estendia-se a todas as pessoas? Explique.