MP018
1º ANO
UNIDADE 1. BRINCADEIRAS E JOGOS
LEGENDA: Criança brincando de amarelinha. Fotografia de 2018. FIM DA LEGENDA.
Objetivos
- Conhecer as brincadeiras e os jogos como maneiras de construção dinâmica do conhecimento histórico, social e cultural.
- (Re)conhecer as brincadeiras e os jogos nas suas recriações regionais e comunitárias.
- Explorar as potencialidades para o desenvolvimento físico e social dessas práticas corporais, dentro e fora do ambiente escolar.
- Elaborar estratégias para a superação dos objetivos propostos nas brincadeiras e nos jogos.
Boxe complementar:
Habilidades e competências presentes nesta unidade
(EF12EF01) Experimentar, fruir e recriar diferentes brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional, reconhecendo e respeitando as diferenças individuais de desempenho dos colegas.
(EF12EF02) Explicar, por meio de múltiplas linguagens (corporal, visual, oral e escrita), as brincadeiras e os jogos populares do contexto comunitário e regional, reconhecendo e valorizando a importância desses jogos e brincadeiras para suas culturas de origem.
(EF12EF03) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios de brincadeiras e jogos populares do contexto comunitário e regional, com base no reconhecimento das características dessas práticas.
(EF12EF04) Colaborar na proposição e na produção de alternativas para a prática, em outros momentos e espaços, de brincadeiras e jogos e demais práticas corporais tematizadas na escola, produzindo textos (orais, escritos, audiovisuais) para divulgá-las na escola e na comunidade.
Competências Gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9 e 10
Competências de Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6
Competências de Educação Física: 1, 2, 5, 6, 7, 8, 9 e 10
Fim do complemento.
MP019
PROSEANDO SOBRE BRINCADEIRAS E JOGOS
Pouco se sabe sobre a origem dos jogos e das brincadeiras, mas de acordo com a pesquisadora Adriana Friedmann, registros nos campos da arte, antropologia e arqueologia revelam a presença deles desde a Roma e a Grécia antigas. Em Roma, por exemplo, no Foro Romano, foram descobertas as mais antigas gravuras da amarelinha. Transmitidos de geração em geração, muitos jogos e brincadeiras chegaram ao Brasil por meio dos portugueses e de outros povos imigrantes, tornando-se popularmente conhecidos e praticados (FRIEDMANN, 2003) 1.
No contexto escolar, para a construção das práticas corporais, as brincadeiras e os jogos não devem ficar restritos ao brincar pelo brincar, ou ao jogo pelo jogo, mas devem vir acompanhados de significado, história, cultura e recriações, atribuindo sentido ao fazer.
Nas brincadeiras com corda, por exemplo, apesar de não haver registro nem indícios da época de sua criação, provavelmente, elas são relacionadas à época em que se usavam lãs para produzir as primeiras cordas, o que demonstra que as brincadeiras têm uma relação com a identidade histórica e social, criadas, portanto, em determinado contexto, e têm sido trazidas e adaptadas ao longo do tempo e de contextos históricos, sociais e culturais.
Além da compreensão contextual, por meio das brincadeiras e dos jogos, a criança tem a oportunidade de desenvolver habilidades e competências fundamentais para a vida escolar, a vida cotidiana e a convivência em sociedade, e, no futuro, aplicá-las ao mundo do trabalho.
Ao entrar em contato com as demandas das brincadeiras e dos jogos, a criança apresenta diferentes respostas, sejam elas cognitivas, físicas, sociais ou afetivas, e por meio das vivências pode conhecer a si mesma e ao mundo que a cerca, bem como ampliar e aprimorar suas habilidades.
Desse modo, as brincadeiras e os jogos consolidam experiências que valorizam as vivências e o conhecimento histórico, regional, social e cultural representados como forma de expressão da linguagem corporal, bem como suas criações e recriações, ressignificando seu uso ao longo da história e dos contextos regionais.
Igualmente imprescindível é utilizar-se das vivências dos jogos e das brincadeiras para discutir temas que impactam a sociedade contemporânea, como a inclusão, a diversidade e a igualdade, como modos de reconstrução de valores em busca de uma sociedade justa, igualitária e democrática.
Propomos algumas brincadeiras e jogos e o desenvolvimento das práticas pedagógicas, visando a alcançar as competências e as habilidades elencadas para essa unidade temática.
Elas podem ser usadas como roteiros de aula.
PRATICANDO BRINCADEIRAS E JOGOS
Prática 1: ESTÁTUA
Conhecendo a prática corporal
Inicie a aula com uma breve conversa, questionando os estudantes sobre a importância dos movimentos na vida deles:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Vocês já precisaram, por algum motivo, ficar sem se mexer?
Como foi essa experiência?
Imagine que vocês fossem transformados em uma estátua. Como seria a vida sem fazer nenhum movimento durante um dia inteiro?
Será que vocês conseguem paralisar totalmente o corpo?
Algumas funções continuam em atividade, mesmo na ausência de movimento?
Fim do complemento.
A seguir, indicamos uma atividade prática para que os estudantes possam perceber como é difícil ficar por algum tempo sem realizar movimentos. Para isso, sugerimos suspender todo movimento. É um grande desafio para qualquer pessoa, e para a criança mais ainda, pois ela está em um momento de descobertas, domínio e controle do movimento de todo o seu corpo. Nessa fase de aprendizado, a criança também aprende que há movimentos que podem ser controlados, como andar ou arremessar uma bola, e outros que acontecem independentemente da sua vontade e para os quais não tem o pleno controle, como o da respiração e o de piscar os olhos, por exemplo.
LEGENDA: Brincadeira da estátua. FIM DA LEGENDA.
Nota de rodapé: 1 FRIEDMANN, Adriana. História e simbolismo de jogos, brinquedos e brincadeiras universais. Cadernos do Nepsid. São Paulo, SP: Núcleo de estudos e pesquisas em simbolismo, infância e desenvolvimento, n. 2, 2003. Disponível em: http://fdnc.io/ftz. Acesso em: 25 jun. 2022. Fim da nota.
MP020
Controlar os movimentos do corpo é um desafio bastante complexo para as crianças dessa idade. Assim como juntamos palavras para escrever um pequeno texto, também utilizamos habilidades básicas como correr e quicar para compor textos motores. Ao correr, quicar e desviar de algum obstáculo, a criança cria a composição do drible, por exemplo. Brincar de estátua possibilita ao professor criar diversas situações para ajudar as crianças nessa construção antes de desafiá-las a ficar um tempo ausentes de movimento.
Vivenciando a prática corporal
Material: não exige nenhum tipo de material.
Escolha com os estudantes um espaço para a realização da brincadeira estátua e combine um sinal para que eles virem “estátuas”. Pode ser um sinal oral, como gritar “Estátua!”, um sinal sonoro, como um apito, um sinal visual como erguer um braço. Na sequência, convide os estudantes para ocuparem o espaço e se movimentarem livremente. Assim que eles estiverem bem à vontade, faça o primeiro sinal, mas deixe-os na posição por pouco tempo. Gradualmente, aumente o tempo em que as crianças devem permanecer como estátuas.
Para dinamizar a atividade, dialogue com os estudantes incentivando-os a propor modificações na brincadeira, como caracterizar os significados das estátuas (filmes, desenhos, profissões, situações da escola, entre outras). Estimule-os a explicar as suas proposições, valorizando a fluência oral. Permita que todos aqueles que quiserem propor ideias tenham a sua vez de fala, exercitando a compreensão e a empatia.
Dialogando sobre a prática
Ao final da aula, reúna as crianças em uma roda para conversar sobre a experiência. Esse é um momento no qual é importante possibilitar a todos que exponham as próprias opiniões.
Ao responder às perguntas, os estudantes exercitam elementos importantes da Política Nacional de Alfabetização – PNA –, como a fluência oral e a compreensão de textos.
Questione sobre o que sentiram, como foi controlar os próprios movimentos, como foi propor modificações nas atividades, se acharam os movimentos fáceis de realizar e quais foram as dificuldades que tiveram. É importante ressaltar que as atividades provocam diferentes sensações e é fundamental respeitar a todos.
Os estudantes devem perceber as habilidades motoras que realizaram, como andar, correr, saltar, rolar etc. Conduza uma conversa sobre as regiões corporais utilizadas para compor as estátuas e as capacidades físicas envolvidas, como força, equilíbrio, flexibilidade. Questione os estudantes ainda sobre como se movimentaram no ambiente físico para realizar a atividade.
Pontue as atitudes positivas observadas em aula.
Registrando
Sugerimos registrar em um quadro de cartolina as palavras-chave da conversa com os estudantes sobre as impressões das experiências deles na atividade.
Escreva as falas deles em letras de formato bastão para que possam acompanhar o que for escrito, contemplando assim a oralidade e a compreensão de texto.
Outra proposta que pode ser realizada com os estudantes é a elaboração de um texto coletivo. Peça-lhes que completem a seguinte frase: “Se nós fôssemos uma estátua...”
Veja um exemplo de como ficaria esse texto coletivo construído com as falas das crianças e a sua escrita em letras maiúsculas para que elas acompanhassem a organização textual:
PROFESSOR
SE NÓS FÔSSEMOS UMA ESTÁTUA...
“DEIXARÍAMOS DE COMER COMIDA, CACHORRO-QUENTE E NÃO PODERÍAMOS TOMAR SORVETE, CAFÉ OU BEBER ÁGUA.
A CASA FICARIA SUJA E DEIXARÍAMOS DE TOMAR BANHO.
DEIXARÍAMOS DE FAZER LIÇÃO DE CASA.
NÃO PODERÍAMOS BRINCAR.
NÃO IRÍAMOS AO BANHEIRO, TERÍAMOS QUE FAZER XIXI NAS CALÇAS.
NÃO FARÍAMOS BALÉ NEM BASQUETE.
NÃO TERIA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NEM DE FUTEBOL.
NÃO CONSEGUIRÍAMOS AJUDAR NOSSOS PAIS NEM TROCAR DE ROUPA.
NÃO PODERÍAMOS IR À ESCOLA, ASSISTIR À TELEVISÃO, MEXER NO TABLET OU NO COMPUTADOR.
DEIXARÍAMOS DE DESENHAR E CRIAR COISAS.
NEM FESTA DE ANIVERSÁRIO TERÍAMOS.
NOSSA VIDA SERIA MUITO CHATA.
ENTÃO NOS MEXER É MUITO BOM PRA NÓS!”
ASSINADO: Peça a cada criança que escreva o seu nome.
Avaliação
Utilize a produção do quadro como parte da avaliação formativa. Propomos um registro do que os estudantes produziram, fizeram e disseram durante essa aula, e de sua observação sobre o desenvolvimento das habilidades propostas para esta unidade. Com base nesse registro, proceda nas aulas subsequentes auxiliando os estudantes com dificuldade, sinalizando caminhos para que possam avançar no próprio aprendizado.
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Prática 2: AMARELINHA
Conhecendo a prática corporal
Acredita-se que a amarelinha seja uma brincadeira praticada desde a Roma antiga e que simbolize o percurso de vida do ser humano.
Essa é uma brincadeira muito comum entre as crianças e tem muitas variações, desde a forma de brincar até os seus diversos nomes. Dependendo da região, é conhecida como brincadeira da pedrinha, macaca, pula-macaco e sapata. Apresentar as diferenças regionais aos estudantes é importante para mostrar que os jogos e as brincadeiras são práticas culturais dinâmicas.
Com regras preestabelecidas, a criança deve percorrer um diagrama riscado no chão, orientando-se no jogo, deslocando-se de um lado para o outro, utilizando mãos e pés.
A amarelinha estimula a comparação entre as ações dos participantes, sendo uma excelente oportunidade para trabalhar a diversidade, o apreciar-se e o apreciar o outro.
Mostre aos estudantes algumas variações do diagrama usado na brincadeira e as diferentes maneiras de brincar.
LEGENDA: Tipos de diagramas da amarelinha. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Quais dessas amarelinhas vocês conhecem e já praticaram?
Vocês acreditam que existe alguma que seja mais fácil ou mais difícil?
Quais movimentos são necessários para participar da amarelinha?
Fim do complemento.
Possibilite aos estudantes que exercitem a fluência oral, respeitando a vez de fala, procurando comunicar-se claramente, pontuando eventuais dúvidas.
Vivenciando a prática corporal
Materiais: giz e uma pedrinha ou qualquer objeto que sirva para acertar o alvo no diagrama desenhado (borracha, saquinho de areia, giz etc).
Desenhe tipos diferentes de amarelinhas (com números, números escritos por extenso, sílabas, formatos de diagramas diversos) e aplique as regras básicas:
- Não apoiar a mão ou o outro pé no chão para pegar a pedrinha.
- Não pisar na linha ou fora do quadrado.
- Não pisar no quadrado em que estiver a pedrinha.
- Tentar acertar a pedrinha no quadrado correto.
- Se errar, passar a vez para o próximo participante.
-
Quando voltar a vez do participante que errou,
este
deve
recomeçar de onde estava.
A seguir apresenta-se um dos exemplos da amarelinha. Proporcione às crianças a experimentação de diversas outras formas da brincadeira. Outros modelos podem ser explorados no “Mapa do Brincar”, disponível no seguinte endereço eletrônico: http://fdnc.io/fas. Acesso em: 23 abr. 2021.
MP022
- Nesse modelo de diagrama, a criança percorre o caminho da “terra” ao “céu”, iniciando com a pedrinha no número 1.
- Ao saltar nos números paralelos, os dois pés estarão em contato com o chão; porém, quando houver apenas um número no espaço, salta-se em um pé só.
3. O número onde a pedrinha estiver deve ser pulado.
- Ao chegar ao “céu”, deve-se retornar com as mesmas regras de pulo, recolher a pedrinha, chegar à “terra” e lançá-la no próximo
número
da sequência.
Quando a criança completar o percurso, pode-se propor a ela desafios como: pedir-lhe que cite uma palavra que comece com a inicial de seu nome; propor a ela que faça rimas ou cite outros nomes que iniciem com a letra do próprio nome.
Dialogando sobre a prática
Ao final da aula, converse sobre a experiência vivenciada, retomando as questões geradoras: Houve muita diferença nos movimentos nas diversas amarelinhas? O seu desempenho é igual ao do colega? Vocês precisam de estratégias diferentes em cada tipo de amarelinha? Quando o seu desempenho não é igual ao do seu colega, isso significa que você é melhor ou inferior a ele? O desempenho pode ser afetado pela afinidade que se tem com alguma atividade?
É importante possibilitar aos estudantes que verbalizem as próprias sensações e considerações sobre as diferenças de desempenho, exercitando a fluência oral e a compreensão de texto. Faça-os refletir sobre a diversidade humana e reforce que ela não nos torna melhores ou piores, mas seres únicos com nossas peculiaridades. Esse exercício de reflexão com as crianças contribui para que elas se conheçam e se apreciem.
Destaque a importância cultural e social que as brincadeiras têm para a comunidade. As brincadeiras estão presentes em muitos povos e têm características específicas de acordo com o seu local de prática.
Sugerimos que anote as suas observações para compor o relatório de avaliação final, verificando se os estudantes compreenderam que as diferenças de desempenho são naturais e devem ser respeitadas.
Registrando
Para registro, considerando as tantas variações da amarelinha, incentive os estudantes a usarem a criatividade e recriarem a brincadeira, propondo outras variações. Tal atitude influenciará no desenvolvimento da autonomia e do protagonismo, além de contribuir para a participação confiante e autoral dos estudantes. Essa proposta pode ser realizada na próxima aula, disponibilizando a eles giz em cores variadas e permitindo-lhes a liberdade de criação. A experiência ficará ainda mais rica se as amarelinhas criadas forem fotografadas para uma exposição ou mesmo reproduzidas em uma folha.
Como é uma brincadeira muito conhecida e difundida, sugerimos que estimule os estudantes a conversarem com seus familiares sobre a amarelinha, verificando se eles conhecem modalidades diferentes. Pode-se pedir aos familiares que escrevam o nome da localidade em que viveram na infância e desenhem a amarelinha para que os estudantes tragam para a aula, compartilhem com os colegas e experimentem as novas modalidades.
Avaliação
Assim como na atividade anterior, produza um relatório de observação que possibilite avaliar a participação dos estudantes nas práticas e a interação deles com os colegas e com o espaço. Sugerimos que faça também anotações relevantes dos diálogos com os estudantes e das suas intervenções. Lembre-se de que essa avaliação deve ser processual, ou seja, você deve pontuar os avanços e as necessidades dos estudantes.
Prática 3: CINCO-MARIAS
Conhecendo a prática corporal
As cinco-marias, também conhecidas como brincadeira dos saquinhos, são costuras de pano cheias de areia ou arroz. Acredita-se que na Antiguidade ela era praticada com pedrinhas. Ainda hoje, há algumas regiões em que ela é brincada com caroços de frutas.
A brincadeira consiste em efetuar uma sequência de movimentos com os saquinhos em diferentes graus de dificuldade, executando todas as etapas da brincadeira. Quem falha perde a vez, tendo de retomar, na próxima rodada, a jogada de onde parou.
Como muitas brincadeiras, as cinco-marias apresentam variações regionais de movimentos, de etapas e de desafios que reforçam o dinamismo social da cultura popular.
Demonstre aos estudantes a maneira de brincar e destaque o contexto social da brincadeira, explorando o modo como era praticada antigamente, em que mães, avós e outras pessoas da comunidade confeccionavam os saquinhos com retalhos, e as crianças passavam horas praticando as cinco-marias.
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Esses relatos valorizam a importância da brincadeira no contexto cultural e social, além de incentivar sua recriação e vivência fora do ambiente escolar.
Essa também é uma atividade bastante útil para praticar a coordenação motora fina e a destreza manual, tão importantes nessa fase escolar.
Demonstre aos estudantes como jogar e faça alguns questionamentos:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Vocês já conheciam esse jogo? Se conheciam, vocês acham difícil ou fácil? Se vocês nunca jogaram, conseguirão passar por todas as fases na aula de hoje ou precisarão praticar?
Vamos observar como as habilidades se aperfeiçoam com a experiência?
Fim do complemento.
Possibilite aos estudantes que respondam aos seus questionamentos. Observe a fluência oral deles, a capacidade de expressarem a própria opinião e de articular as respostas.
LEGENDA: Brincadeira das cinco-marias. FIM DA LEGENDA.
Vivenciando a prática corporal
Materiais: 5 saquinhos cheios de areia ou arroz, na medida aproximada de 5 × 3 cm ou pedrinhas.
Explique e demonstre aos estudantes as fases da brincadeira, culturalmente transmitidas ao longo de anos:
- Os saquinhos são jogados levemente para cima e devem permanecer da forma como caíram, sem que fiquem muito longe um do outro.
- Escolha um saquinho, jogue-o para cima e pegue outro do chão com a mesma mão.
- Jogue os dois saquinhos que estão na mão para o alto e, sem deixá-los cair, tente pegar mais um.
-
Continue até que esteja com os cinco na mão.
Certifique-se de que todos tenham entendido as fases da brincadeira, e, então, organize a turma em grupos para que os estudantes possam experimentar arremessar, agarrar os saquinhos e observar os colegas em ação.
Durante o processo, peça-lhes que conversem e compartilhem informações sobre movimentos, técnicas e estratégias que facilitaram a superação do desafio.
Algumas variações da brincadeira propõem que o saquinho seja jogado e que tenha de cair nas costas da mão da criança. Outra variação é a posição de túnel, em que a criança deve passar os saquinhos por um túnel feito com a própria mão. Outra ainda propõe que seja feito um muro com uma das mãos e, com a outra, os saquinhos sejam arremessados para o outro lado.
LEGENDA: Manobra do muro. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Manobra do túnel. FIM DA LEGENDA.
A brincadeira em si tem movimentos culturalmente transmitidos, mas, apesar de ser importante que os estudantes os conheçam, também é importante que o professor possa incentivar a recriação de outros movimentos; por exemplo, executá-los com a mão oposta à lateralidade ou criar outras manobras e dificuldades para a brincadeira.
É importante que os estudantes percebam as variações e as amplas possibilidades da brincadeira. Por isso, não tenha pressa de que eles concretizem a prática em uma aula. A brincadeira exige uma complexa coordenação motora, o que significa que podem ser reservadas duas aulas para ela. Na aula de apresentação da brincadeira, as crianças podem praticar os movimentos iniciais e, na aula seguinte, podem aprender manobras com maior grau de dificuldade. Incentive-as a brincar em casa; assim elas podem praticar e na próxima aula “passar de fase” na brincadeira.
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Dialogando sobre a prática
Durante as experimentações e ao final da aula, converse com a turma sobre a experiência com a atividade, retomando as questões geradoras: Foi possível concluir todas as fases na aula de hoje? Vocês acham que precisam praticar mais?
Analise as respostas dos estudantes. É importante que percebam e respeitem as diferenças de desempenho e que, quanto mais praticarem uma atividade, mais habilidade adquirirão. Faça um paralelo com a produção de escrita, que para muitos pode ser um desafio nessa faixa etária.
Possibilite que respondam aos questionamentos e reflexões, analisando a fluência oral deles.
Comente sobre as habilidades motoras presentes na atividade, como o lançar, agarrar e segurar, e as capacidades de destreza manual e coordenação motora. É importante que percebam que a prática aprimora as habilidades. Questione-os sobre o que acham de uma prática com pouca movimentação e que utiliza somente a manipulação.
Incentive os estudantes a praticarem as cinco-marias fora do ambiente escolar e a perguntarem para os familiares e as pessoas da comunidade deles se conhecem a brincadeira, como confeccionavam os saquinhos ou como escolhiam as pedrinhas.
Registrando
Como registro, peça aos estudantes que pensem e relatem se há brincadeiras nas quais eles mesmos poderiam produzir seus brinquedos. Pode-se solicitar a eles que questionem aos pais e aos familiares sobre a produção de brinquedos ou a adaptação de materiais quando eram crianças. Se possível, os pais podem ajudá-los a transformar materiais recicláveis em brinquedos. Eles podem, inclusive, compartilhar essa experiência com os colegas e/ou trazer o que foi produzido para que todos conheçam e experimentem.
Avaliação
As aprendizagens dessa atividade estão relacionadas à compreensão, por parte dos estudantes, de que a prática de movimentos aprimora as nossas habilidades. Assim, sempre que tiverem dificuldade em realizar algum movimento, saberão que podem aprimorá-lo praticando. Essa percepção pode ser aferida nas conversas com os estudantes. Estão relacionadas também à percepção de que podem brincar em pequenos espaços e com pouca movimentação, o que ficará evidente na experimentação, e à valorização das brincadeiras como prática cultural, à medida que interagem com as pessoas da própria família e da comunidade.
Prática 4: ELÁSTICO
Conhecendo a prática corporal
Introduzir e contextualizar a brincadeira é parte fundamental do processo na prática corporal; assim, contextualize relatando que a brincadeira do elástico também é parte da cultura popular presente no contexto comunitário e regional. Ela é realizada, geralmente, em trios, com um elástico de tecido de aproximadamente 10 cm de largura e 3 metros de comprimento, daqueles que se usam na costura de roupas.
Para dar início à aprendizagem, apresente aos estudantes o material, permitindo que manipulem o elástico e percebam suas propriedades de se deformar, esticar e voltar à forma original.
Questione-os sobre as possibilidades de movimentação do elástico, por exemplo, ao usá-lo em alguma brincadeira. Estimule a oralidade escutando atentamente os relatos apresentados pelos estudantes.
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Vocês conhecem alguma brincadeira em que usamos um elástico?
Vocês já brincaram de pular elástico? Como foi essa experiência? Até que fase conseguiram brincar?
Se vocês ainda não brincaram, de quais habilidades vocês acham que precisarão para conseguir brincar?
Fim do complemento.
LEGENDA: Brincadeira do elástico. FIM DA LEGENDA.
Vivenciando a prática corporal
Materiais: vários elásticos de tecido de aproximadamente 10 cm de largura e 3 metros de comprimento, daqueles que se usam na costura de roupas.
Dois estudantes ficam distantes, aproximadamente, 2 a 3 metros um do outro e o terceiro se posiciona entre os dois. A brincadeira tem início com o elástico posicionado na altura dos tornozelos dos estudantes que estão nas extremidades.
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A criança que está no meio inicia a brincadeira com saltos de fora do elástico e realiza saltos verticais. Seguem algumas sugestões de experimentação, fruição e uso e apropriação da prática corporal com o elástico.
Auxilie os estudantes a se organizarem em trios e, a seguir, explique e apresente a eles as instruções da brincadeira:
- Duas crianças, distantes 2 metros uma da outra, colocam o elástico ao redor dos tornozelos, formando um retângulo.
- O terceiro participante se posiciona ao lado do elástico esticado e pula no vão do retângulo com os dois pés dentro dele.
- Depois pula para fora, deixando o vão entre as próprias pernas.
- Pula para a esquerda, mantendo um pé fora e outro dentro do vão, e repete o mesmo salto para a direita.
- Retorna para fora, deixando o vão entre as pernas para realizar outro salto, agora pulando sobre o elástico com os dois pés, um em cada lado do elástico, prendendo-o ao chão.
- Pula com os dois pés dentro do vão, liberando o elástico para o próximo salto.
- Pula para fora do elástico, com os pés juntos do mesmo lado.
- Por fim, faz uma
manobra
de gancho, usando os dois pés paralelos para levar um lado do elástico até o outro lado, transpassando-o.
A atividade prossegue com o elástico posicionado até o prolongamento dos braços, acima da cabeça.
Em cada região ou comunidade, as pessoas estabelecem determinadas sequências de movimentos, tendo sempre a ação de saltar verticalmente o elástico como desafio a ser superado. Essa é uma ótima oportunidade de estimular a criatividade dos estudantes e possibilitar que proponham novos e diferentes saltos no elástico.
Dialogando sobre a prática
Reserve um momento da aula para dialogar com os estudantes sobre a prática corporal. Questione-os sobre as impressões e as percepções que tiveram, as dificuldades deles com relação à experimentação, as partes do corpo que mais usaram para brincar, os movimentos (as habilidades motoras) mais utilizados, como fizeram os saltos e a importância dessa brincadeira para eles.
Pergunte a eles também sobre a fruição e as possibilidades de realizar essa brincadeira em outros momentos e espaços na escola e fora dela, percebendo, por exemplo, se é possível realizá-la no recreio, em sala de aula, na rua perto de casa, em praças e parques. Pergunte aos estudantes com quem eles poderiam brincar, se com os amigos, os colegas ou os familiares.
Por fim, ressalte e elogie atitudes positivas e cooperativas entre meninos e meninas, para poderem brincar juntos, reforçando que ambos estão aptos a participar igualmente de atividades no lazer e no cotidiano.
A reflexão sobre a ação é importante para organizar e sistematizar o conhecimento, até mesmo possibilitando a construção de valores sobre o protagonismo comunitário.
Veja e compartilhe o vídeo “Brincadeira de trancelim” para que os estudantes observem algumas maneiras de brincar de pular o elástico: http://fdnc.io/fat. Acesso em: 23 abr. 2021.
Peça-lhes que comparem as atividades que realizaram na aula com a apresentada no vídeo e destaquem os aspectos convergentes e divergentes, analisando os movimentos, os participantes, o espaço, o elástico, o fato de alguns estarem descalços, outros calçados, e se essas diferenças poderiam de algum modo interferir na brincadeira. O objetivo dessa atividade é mostrar aos estudantes a utilização das tecnologias digitais de informação para crítica e reflexão.
Registrando
Para contribuir com o desenvolvimento da competência escritora dos estudantes, sugerimos o seguinte registro: Distribua uma tira de papel e peça-lhes que escrevam uma palavra para representar o que aprenderam na aula. Após a escrita dos estudantes, peça-lhes que colem a tira na cartolina. Para isso, serão necessários: cartolina, tiras de papel e cola. Organize e prepare um espaço para a exposição dessa produção coletiva. Lembre-se de datar, identificar os estudantes e especificar a aprendizagem.
Avaliação
Sugerimos que faça o registro contemplando alguns itens: ”o que fizemos“, ”quem“ e ”para que fizemos“. Anote diálogos, condutas e atitudes relevantes dos estudantes, assim como as intervenções realizadas nas aulas. Lembre-se de detalhes que lhe chamaram a atenção. Assim, você terá um valioso instrumento para compor a avaliação dessa aprendizagem, possibilitando ainda mudanças no processo e nas estratégias pedagógicas.
Prática 5: PEGA-PEGA
Conhecendo a prática corporal
Pega-pega é uma brincadeira infantil muito conhecida, que pode ser praticada por um número ilimitado de crianças e que apresenta muitas variantes.
De modo geral, a brincadeira consiste em dois tipos de participantes: os pegadores e os que devem evitar serem apanhados, os fugitivos.
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As variações definem o modo como os fugitivos podem ser pegos. Normalmente, é com o toque do pegador, e a criança tocada passa a ser a pegadora da vez.
Outra possibilidade é definir uma situação que proteja o fugitivo do pegador, como uma base, popularmente chamada de “pique”.
Algumas variações definem ainda maneiras de salvar aqueles que foram pegos. Conheça algumas delas:
Pega-pega americano: nessa versão, a criança pega fica parada com as pernas abertas, e, para salvá-la, um colega deve rastejar ou engatinhar entre as pernas dela.
Pega-pega espelho: nessa versão, a criança que foi pega faz a posição de estátua, tendo de permanecer parada na posição escolhida até que um colega fique frente a frente com ela e espelhe a forma dela, como um exercício de observação da posição do corpo do colega.
Pega-pega bruxa: nessa versão, a criança que é a pegadora faz o papel de bruxa ou bruxo que tem o “poder de enfeitiçar” os colegas ao encostar e pegar alguém. Ao fazê-lo diz em que forma o colega foi “enfeitiçado”, como pedra, árvore ou ponte. Na posição pedra, a criança deve sentar sobre os calcanhares e inclinar o tronco para a frente, e para salvá-la outro colega deve saltar sobre ela. Na posição árvore, a criança deve ficar em pé com os braços para o alto, e para salvá-la algum colega deve colocar os braços dela para baixo. Na posição ponte, a criança deve ficar parada com as pernas entreabertas, e para salvá-la um colega deve rastejar ou engatinhar entre as pernas dela.
Por ser uma brincadeira muito presente na vida dos estudantes, pergunte quais variações do pega-pega eles conhecem e construa coletivamente as regras a serem cumpridas na atividade.
Investigue as experiências dos estudantes com a brincadeira, com alguns questionamentos como:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Vocês já brincaram de pega-pega?
Do que vocês mais gostam nessa brincadeira?
Há algo de que vocês não gostem ou achem difícil?
Onde, com quem e quando vocês brincam de pega-pega?
Vocês já perceberam que, quando correm, a respiração acelera, assim como os batimentos do coração? Porque vocês acham que isso acontece?
Fim do complemento.
Possibilite aos estudantes que respondam aos questionamentos. Lembre-se de que respostas não diretas demandam tempo para o raciocínio. Observe o modo como se expressam, valorizando a fluência oral e o respeito à vez de fala.
Proponha uma atividade prática na qual os estudantes experimentarão modalidades de pega-pega.
LEGENDA: Brincadeira pega-pega. FIM DA LEGENDA.
Vivenciando a prática corporal
Material: não é necessário nenhum material específico.
As regras colocadas aqui apenas demonstram uma sequência de organização da atividade, tendo em vista que a prática será organizada com o auxílio dos estudantes, de acordo com as vivências deles.
- Defina um “pique” como meio de proteção contra o pegador.
- Uma criança será o pegador, e as outras, as fugitivas.
-
Quem a criança pegar, será o pegador da vez.
Possibilite aos estudantes que experimentem outras formas de pega-pega que conhecem. Peça-lhes que expliquem uns aos outros o modo de brincar, exercitando a oralidade.
Dialogando sobre a prática
Ao final da aula, retome as perguntas geradoras para que os estudantes reflitam sobre a experiência, destacando as alterações corporais que eles perceberam quando estavam em movimento e por que eles acham que essas alterações acontecem com o corpo, exercitando um elemento importante da competência relacionada ao pensamento científico: a observação.
A observação das regiões corporais solicitadas e das sensações no corpo durante a prática, das capacidades físicas de velocidade, agilidade, equilíbrio e força muscular, entre outras apresentadas durante as atividades, e ainda das habilidades motoras de correr, desviar, frear e equilibrar constituem um importante elemento de aprendizagem dos estudantes.
Possibilite também diálogos sobre as diferenças de desempenho e de gosto pessoal. Os estudantes devem perceber a diversidade cultural presente nos movimentos e valorizar as diferenças. Esse é um momento importante de desenvolver, por exemplo, competências relacionadas à empatia, à colaboração e ao autocuidado. Lembre-se de observar e registrar pontos que julgar importantes das falas dos estudantes para compor o seu relatório de avaliação. Faça pontuações durante os diálogos, conduzindo a reflexão de modo que eles se sintam acolhidos e estimulados a participar.
MP027
Registrando
Para registro, com sua ajuda, vamos utilizar a pesquisa para mostrar às crianças outro método científico de construção do conhecimento: a análise de dados.
Pergunte a elas quem gosta de ser pegador e quem gosta de ser fugitivo. Em uma cartolina ou flipchart monte uma estatística, formando um gráfico de barras ou de pizza, mostrando aos estudantes que, com base nos dados, pode-se chegar a uma conclusão sobre a preferência da turma. Veja no exemplo a seguir:
LEGENDA: Exemplo de gráfico. FIM DA LEGENDA.
Assim, como parte do registro, você terá as preferências da turma em relação à atividade. O mesmo pode ser proposto em relação às outras variáveis da aula: quem sentiu dificuldade ou não em alguma das modalidades, quem teve muito ou pouco cansaço, entre outras.
Incentive os estudantes a realizar uma pesquisa com os familiares deles e a comunidade sobre outras variações de pega-pega para que tragam suas descobertas para a aula seguinte, compartilhem-nas com os colegas e as experimentem nas aulas. Esse processo incentiva o desenvolvimento de elementos importantes da PNA, como a compreensão de texto, a produção de escrita e a fluência oral.
Outra maneira de registro e construção autônoma do conhecimento pode se dar por meio de uma solicitação aos estudantes para que produzam um vídeo de uma entrevista com alguém da comunidade ou da família sobre um relato de como eram as brincadeiras de infância vivenciadas pelo entrevistado, especialmente onde brincava e do que mais gostava de brincar.
Avaliação
Utilize como avaliação os processos das estratégias da aula, assim como os seus registros sobre as falas dos estudantes nas discussões, a construção dos gráficos de comparação, a análise dos estudantes e a realização das pesquisas sobre brincadeiras com os familiares deles. Registre e avalie aspectos como participação, colaboração, envolvimento nas discussões e nos processos de elaboração das atividades, compreensão e respeito às diferenças. Você pode dispor os estudantes em roda e fazer uma avaliação individual com a participação de todos, com perguntas como: Quem achou que colaborou em todas as atividades? Quem achou que pode colaborar mais? Nesse processo, os estudantes compartilham diferentes impressões e podem autoavaliar-se mediante o olhar do outro.
Boxe complementar:
NÃO PARE POR AQUI
Essas são algumas sugestões sobre a prática de brincadeiras e jogos, mas podem ser utilizadas outras, lembrando-se sempre de construir o roteiro de aula com base nas dimensões do conhecimento, nas habilidades e nas competências a serem desenvolvidas.
As brincadeiras e os jogos podem ser adaptados de acordo com a estrutura física escolar, a disponibilidade de materiais, a diversidade dos estudantes e a realidade local, promovendo a inclusão e garantindo a oportunidade de vivência para todos.
Também é fundamental que as brincadeiras e os jogos possam abrir possibilidades para ampliar discussões históricas, sociais e culturais, valorizando a identidade da comunidade e o contexto regional, reconhecendo-se assim a prática corporal como parte da construção histórica, social e cultural em suas várias formas de expressão.
Sempre que possível, selecione jogos e brincadeiras que se conectem com as outras áreas de Linguagens, como a Língua Portuguesa e a Arte, ampliando as aprendizagens significativas e o reconhecimento das formas diferentes de se expressar sobre um mesmo tema.
Outros materiais sobre brincadeiras e jogos podem ser encontrados em:
Brincadeiras populares: http://fdnc.io/cCa. Acesso em: 23 abr. 2021.
ALMEIDA, Telma Teixeira de Oliveira. Jogos e brincadeiras no ensino infantil e fundamental. 3ª ª ed. São Paulo: Cortez, 2015.
PAZ, Claudinara Botton Dal; MORAES, Vera Lúcia Rodrigues. Metodologia da educação física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Curitiba: IESD, 2019.
Fim do complemento.
MP028
1º ANO
UNIDADE 2. ESPORTES
LEGENDA: Crianças em prática de corrida. Fotografia de 2016. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Habilidades e competências presentes nesta unidade
(EF12EF05) Experimentar e fruir, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo, a prática de esportes de marca e de precisão, identificando os elementos comuns a esses esportes.
(EF12EF06) Discutir a importância da observação das normas e das regras dos esportes de marca e de precisão para assegurar a integridade própria e a dos demais participantes.
Competências Gerais: 1, 2, 3, 4, 6, 8, 9 e 10
Competências de Linguagens: 1, 3 e 5
Competências de Educação Física: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9
Fim do complemento.
Objetivos
- Experimentar modalidades de marca e de precisão.
- Identificar as regras dos esportes de marca e de precisão.
- Observar a presença dos esportes de marca e de precisão em suas práticas regionais e comunitárias.
- Explorar as potencialidades para o desenvolvimento físico e social das práticas corporais esportivas.
- Identificar os elementos comuns dos esportes de marca e de precisão.
- Reconhecer a importância do trabalho coletivo e o protagonismo.
MP029
PROSEANDO SOBRE ESPORTES
No programa de esportes para o 1º ano do Ensino Fundamental, os estudantes conhecerão as modalidades esportivas de marca e de precisão.
De acordo com Brasil (2018) 1 , são exemplos de esportes de marca um conjunto de modalidades que se caracterizam por comparar os resultados registrados em segundos, metros ou quilogramas; por exemplo, a patinação de velocidade, todas as provas do atletismo, remo, ciclismo, levantamento de peso, entre outras. Já os esportes de precisão englobam um conjunto de modalidades que se caracterizam por arremessar ou lançar um objeto, buscando acertar um alvo específico, estático ou em movimento, comparando-se o número de tentativas empreendidas, a pontuação estabelecida em cada tentativa ou a proximidade do objeto arremessado ao alvo; por exemplo, bocha, curling, golfe, tiro com arco, tiro esportivo, entre outros.
Esses e outros esportes, quando praticados em competições institucionalizadas, são categorizados como esportes profissionais, pois são organizados por instituições específicas, são regidos por regras, exigem um ritmo intenso de dedicação de atletas profissionais, que não só se ocupam da prática do esporte, mas também se dedicam ao condicionamento físico para melhorar a performance nas competições.
Além de estar presentes na cultura humana por meio das competições, os esportes são praticados de maneira tipificada, ou seja, por meio da recriação de regras e de espaços, de acordo com as características e os interesses dos participantes, viabilizando, assim, sua prática na comunidade ou em outras instituições, sem fins de competição.
Durante a infância é muito comum encontrar crianças brincando de arremessar uma bola em um balde ou “apostando corrida”. Essas ações, por exemplo, são representações das modalidades esportivas de precisão e marca.
Ao diferenciar as práticas de esportes entre profissionais e tipificados, busca-se orientar o programa de Educação Física para a recriação das modalidades esportivas, a fim de que as crianças possam desenvolver-se e aprender sobre a estrutura e as potencialidades dos movimentos corporais exigidos pelos esportes, conhecer suas capacidades, aprender as habilidades específicas de diversas modalidades esportivas, interagir com o ambiente físico e o social em situações diversas e complexas de aprendizagem, além de incentivar o protagonismo com a recriação e a organização da prática de esportes pelas crianças no meio onde vivem.
Vale ressaltar que os esportes de marca e de precisão são categorias presentes nos Jogos Olímpicos 2 , evento esportivo no qual o Brasil tem considerável destaque na modalidade atletismo, com o qual o esporte de marca se relaciona, e muito provavelmente, os estudantes podem já ter visto ou ouvido falar sobre esse evento esportivo.
De acordo com a Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT 3 –, o atletismo é a prática esportiva mais antiga. Surgiu como esporte na Grécia antiga em 776 a.C., ano em que a primeira olimpíada da história foi realizada, na cidade de Olímpia.
O atletismo moderno surgiu no século XIX, na Inglaterra, contando com as seguintes provas oficiais: corridas, marcha atlética, revezamentos, saltos, arremessos e lançamentos.
No Brasil, o esporte ficou mais conhecido no século XX, especialmente quando, em 1952, Adhemar Ferreira da Silva conquistou a primeira medalha de ouro em salto triplo para o Brasil, nos Jogos Olímpicos realizados em Helsinque, na Finlândia.
Na história recente do atletismo brasileiro, há diversos atletas com títulos mundialmente reconhecidos em variadas modalidades esportivas. Destaque alguns atletas brasileiros do atletismo:
Maurren Maggi – primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha olímpica no atletismo, com um impressionante salto de 7,04 m, que lhe garantiu a conquista da medalha de ouro na modalidade salto em distância, nos Jogos Olímpicos realizados em Pequim, na China, em 2008.
LEGENDA: Maurren Maggi, Jogos Olímpicos, Pequim, 2008. FIM DA LEGENDA.
Nota de rodapé: 1. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://fdnc.io/b9o. Acesso em: 9 mar. 2021. Fim da nota.
Nota de rodapé: 2. Evento multiesportivo de competição mundial. Fim da nota.
Nota de rodapé: 3. CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo). História do atletismo. Disponível em: http://fdnc.io/fau. Acesso em: 9 mar. 2021. Fim da nota.
MP030
Thiago Braz – conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos realizados no Rio de Janeiro, em 2016, na modalidade salto com vara, atingindo a marca de 6,05 m.
LEGENDA: Thiago Braz, Jogos Olímpicos, Rio de Janeiro, 2016. FIM DA LEGENDA.
Vitória Rosa Cristina – velocista brasileira que conquistou três medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Lima em 2019: ouro no revezamento 4 x 100, prata nos 200 m e bronze nos 100 m rasos feminino do atletismo.
LEGENDA: Vitória Rosa Cristina, Copa Continental IAAF, República Tcheca, 2018. FIM DA LEGENDA.
É importante explorar com os estudantes os elementos comuns dos esportes de marca: correr mais rápido ou em menos tempo, lançar objetos o mais distante possível e levantar um peso maior. Essas observações e práticas possibilitam uma interação importante com a Matemática, por exemplo, como as noções de perto e longe.
Caso na região onde se localiza a escola ocorram campeonatos regionais de atletismo, é interessante destacar atletas regionais, e, até mesmo, convidá-los a participar de uma das aulas.
Vale ressaltar também a importância dos Jogos Paralímpicos 4 , destacando atletas com necessidades especiais como praticantes de esportes profissionalizados, desmistificando padrões e estereótipos em relação à prática esportiva. Destaque alguns atletas brasileiros do atletismo paralímpico:
Terezinha Guilhermina – corredora brasileira, deficiente visual, e medalhista dos Jogos Paralímpicos.
LEGENDA: Terezinha Guilhermina, Paralimpíadas, Rio de Janeiro, 2016. FIM DA LEGENDA.
Yohansson Nascimento – corredor brasileiro, nasceu sem as mãos, e medalhista dos Jogos Paralímpicos.
LEGENDA: Yohansson Nascimento, Paralimpíadas, Rio de Janeiro, 2016. FIM DA LEGENDA.
Claudiney Batista dos Santos – competidor em cadeira de rodas, conquistou dois recordes paralímpicos nos Jogos do Rio 2016, atingindo a marca de 45,33 m no lançamento de disco e 42,74 m no lançamento de dardo.
LEGENDA: Claudiney Batista dos Santos, Paralimpíadas, Rio de Janeiro, 2016.
Nota de rodapé: 4. Evento multiesportivo de competição mundial envolvendo pessoas com deficiência. Fim da nota.
MP031
Nas atividades sugeridas nesta unidade, os estudantes experimentarão várias modalidades de corrida, que trazem elementos comuns dos esportes de marca. Também experimentarão práticas de arremesso ao alvo, tipificadas como esportes de precisão.
PRATICANDO ESPORTES
Prática 1: ESPORTES DE MARCA
Conhecendo a prática corporal
Sugerimos apresentar aos estudantes um vídeo sobre o atletismo para verificar os conhecimentos prévios deles acerca dos esportes de marca.
Sugestão: vídeo da série “Por dentro das Olimpíadas“, do TNS Sports, disponível em: http://fdnc.io/fav. Acesso em: 9 mar. 2021.
Após assistirem ao vídeo, questione-os:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Quais das modalidades apresentadas vocês conhecem?
Quais são os movimentos mais comuns dessas modalidades?
Qual é o objetivo de cada uma?
Em uma corrida, o que acontece com a velocidade quando há obstáculos no caminho?
Quais movimentos precisamos fazer para transpor um obstáculo?
Fim do complemento.
Possibilite aos estudantes que analisem as imagens e discutam sobre o objetivo da prova. Observe o modo como expõem as próprias ideias, se possibilitam que os outros também falem, se ouvem com atenção, se aguardam a vez de fala.
A seguir proponha a eles uma atividade prática na qual os estudantes experimentarão os elementos comuns dos esportes de marca.
Vivenciando a prática corporal
Corrida de velocidade
Material: giz ou fita crepe.
Proponha aos estudantes que construam “pistas” de atletismo para a experimentação da corrida. As pistas devem ter a mesma largura e comprimento, e percursos diferentes. Algumas podem ter curvas para a direita ou para a esquerda. Eles devem definir o início e o final do percurso. Sugerimos que não proponha competições, valorizando, assim, a experiência. Podem-se formar várias filas nas pistas construídas pelos estudantes; eles experimentam uma das pistas e seguem para a próxima. Deixe que façam várias passagens.
É oportuno também que eles estipulem as regras de participação para que todos as experimentem de modo seguro.
Peça-lhes, ainda, que prestem atenção nos próprios movimentos, observando, por exemplo, como é fazer uma curva para a direita ou para a esquerda.
LEGENDA: Posição de largada. FIM DA LEGENDA.
Corrida com obstáculos
Materiais: giz ou fita crepe, corda e cones.
Para a prática da corrida com obstáculos, construa as pistas da mesma maneira como foram feitas para a prática da corrida de velocidade, mantendo a distância de percurso.
Nessa modalidade, a corrida vem acompanhada do salto; por isso, prepare obstáculos compatíveis com a capacidade dos estudantes. Podem-se utilizar dois cones amarrados com uma corda e ajustar a altura dela, que servirá de obstáculo a ser transposto.
Proceda do mesmo modo que na atividade anterior, valorizando a participação, não a competição. Se julgar importante, possibilite aos estudantes que passem pelo obstáculo uma ou mais vezes devagar e, à medida que ganharem confiança, aumentem a velocidade.
LEGENDA: Corrida de obstáculos. FIM DA LEGENDA.
Corrida de revezamento
Materiais: giz ou fita crepe e bastões.
Utilize a mesma estrutura de pista usada para as práticas anteriores, e defina o ponto do percurso onde deve ocorrer o revezamento entre os corredores, que se dá por meio da entrega de um bastão.
MP032
Organize a turma em pequenos grupos e deixe-os experimentar várias vezes a passagem do bastão para que descubram o meio mais seguro e rápido de passá-lo para o colega sem deixá-lo cair. Após as experimentações, permita aos grupos que apresentem uns aos outros as suas descobertas. Deixe que todos experimentem os vários modos propostos, observando qual foi o mais rápido para o grupo. A seguir, proponha aos estudantes que estabeleçam regras: onde o bastão será passado para o colega; após passar o bastão, o que aquele que entregou deve fazer.
Sugerimos um desafio dentro do próprio grupo com o incentivo de todos para que superem a marca anterior. Por exemplo, um grupo corre e o professor anota o tempo, sem falar para ninguém. Ao final da corrida, o professor incentiva os integrantes do grupo a discutir o que poderia melhorar o seu tempo, como a alteração da posição entre os corredores ou modo de passar o bastão. Enquanto isso, os demais grupos também correm, enquanto o professor anota o tempo deles. Ao final da primeira experimentação, todos compartilham as suas experiências e propostas de alteração.
A mediação do professor é importante para ouvi-los com atenção e acolher as sugestões. Os grupos devem experimentar a segunda rodada, e o professor deve anotar o tempo novamente, verificando se houve melhora no desempenho e informando ao grupo. Desse modo, o desafio fica somente no grupo, evitando competições entre grupos, e valorizando o protagonismo e o trabalho coletivo.
Os bastões podem ser confeccionados com materiais recicláveis ou pode-se utilizar o toque de mãos para a troca dos corredores. No entanto, a experiência fica mais rica com o uso de bastões, pois a passagem do bastão da mão de quem chega para a mão de quem sai, exige uma complexa sequência organizacional perceptivo-motora, coordenada entre os sujeitos da ação.
LEGENDA: Corrida de revezamento. FIM DA LEGENDA.
Dialogando sobre a prática
Ao final das experimentações, reúna os estudantes em uma roda de conversa. Questione-os sobre o objetivo comum de todas as práticas, presente em todos os esportes de marca. Percorra todo o processo de elaboração coletiva e participação nas atividades, valorizando as atitudes positivas: como foi montar as pistas; quais foram as principais dificuldades em correr nas diferentes pistas; como foi correr com os obstáculos; como foi o processo de conversar com os colegas para o grupo conseguir passar o bastão mais rapidamente; qual foi o resultado do grupo.
Deixe que respondam às perguntas exercitando a fluência oral. Deixe-os fazer questionamentos e defender o próprio ponto de vista respeitando uns os outros.
Explique aos estudantes que é comum alguns terem mais facilidade ou dificuldade com alguns movimentos, mas que todos têm a oportunidade de praticá-los e aprimorá-los. Lembre-se ainda de valorizar a superação.
Comente sobre as habilidades motoras solicitadas, como as de correr, correr em curva, transpor o obstáculo, passar o bastão etc., e a capacidade física predominante nas atividades realizadas.
Sugerimos que escreva, em um painel, os resultados dos grupos em colunas ou linhas para que os estudantes percebam os resultados das experimentações que fizeram. É importante perceberem graficamente as mudanças de tempo de acordo com as diferentes propostas. Esse procedimento exercita a compreensão de texto.
Registrando
Peça aos estudantes que façam o registro do gráfico do próprio grupo no caderno. Sugerimos ainda que façam um desenho da experiência de que mais gostaram em aula. Pode ser até mesmo o momento de diálogo ou de produção da pista. Exponha os desenhos para que todos observem. Se alguma criança tiver dúvida sobre algum desenho, deixe-a perguntar ao colega para que ele lhe explique. Esse procedimento exercita a produção e a compreensão de texto e a fluência oral.
Avaliação
Observe as falas sobre as diferenças da produção do desenho dos estudantes. É importante que verifiquem as diferenças de preferências pessoais, que devem ser respeitadas. Uma das habilidades da Base Nacional Comum Curricular – BNCC – é a de compreender a presença dos elementos comuns aos esportes de marca. Nessa aula foi trabalhado o “chegar mais rápido”. Outra aprendizagem diz respeito ao trabalho coletivo e ao protagonismo. Observe se, nas respostas dos estudantes durante as reflexões, eles perceberam que foi necessário o trabalho em grupo, tanto para cumprir a tarefa do revezamento como para compartilhar meios de reduzir o próprio tempo no percurso.
MP033
Prática 2: ESPORTES DE PRECISÃO
Conhecendo a prática corporal
Para a prática dos esportes de precisão sugerimos observar o fazer dos estudantes, propondo a eles níveis de dificuldade adequados à sua habilidade.
Conforme a evolução das experimentações, podem ser adicionados elementos à tarefa para ampliar o grau de dificuldade das práticas, e explorar ainda mais as habilidades motoras. Algumas sugestões estão descritas nos roteiros de aula propostos a seguir.
Vale ressaltar que o ambiente físico deve ser preparado, destacando-se as regras de segurança necessárias às práticas, como manter determinada distância dos locais nos quais as bolas serão arremessadas aos alvos, visando a assegurar a integridade de todos os participantes.
Você pode propor aos estudantes alguns arremessos a alvos fixos e móveis, e perguntar-lhes:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORES
É mais fácil arremessar rumo a um alvo fixo ou móvel?
Com qual mão vocês preferem fazer os arremessos?
Quando vocês estão mais perto ou mais longe do alvo, alteram o modo de arremesso?
É possível prever o momento em que um arremesso pode ser feito para atingir um alvo móvel?
Precisamos de regras de segurança para realizar arremessos aos alvos?
Fim do complemento.
Vivenciando a prática corporal
Alvo fixo
Materiais: giz, alvos e bolas.
Fixe diferentes alvos, como um aro preso à trave, um colchonete pendurado em algum apoio, uma caixa de papelão ou um desenho na parede.
LEGENDA: Posição de arremesso ao alvo. FIM DA LEGENDA.
Faça marcações no chão para determinar diferentes distâncias até os alvos, e solicite aos estudantes que realizem arremessos livremente em direção a eles. Estimule-os a jogar com a mão direita, com a mão esquerda, com ambas as mãos, e, se for possível, com os pés. Proceda da mesma maneira com as distâncias e a posição em relação ao alvo (à direita ou à esquerda).
Alvo móvel
Materiais: giz, bolas pequenas e bambolê ou bola grande.
Faça uma marcação no chão com giz para definir o local de arremesso da bola rumo ao alvo móvel.
Nessa prática, o alvo não deve estar fixo. Para isso, um bambolê pode ser amarrado no alto com uma corda, de modo que ele fique pendurado e possa mover-se como um pêndulo. Balance o bambolê em movimento pendular para que a criança arremesse a bola, visando a atravessá-lo.
LEGENDA: Arremesso ao alvo móvel. FIM DA LEGENDA.
Outra sugestão é você lançar uma bola grande rolando pelo chão e os estudantes formarem um corredor tentando acertá-la. Durante a prática, observe com os estudantes a importância das regras. Os objetos devem ser arremessados somente quando o professor orientar, para que ninguém se machuque.
LEGENDA: Posição de arremesso ao alvo. FIM DA LEGENDA.
MP034
Dialogando sobre a prática
Ao final das práticas, reúna as crianças em um círculo para conversar. Relembre as vivências experimentadas em cada uma das práticas realizadas e retome as questões geradoras, perguntando-lhes: Vocês experimentaram arremessar em alvos fixos e móveis, em qual deles foi mais fácil acertar o alvo? De qual prática vocês mais gostaram? Como foi arremessar com a mão direita? E com a mão esquerda? E com as duas mãos? Existem diferenças quando vocês arremessam de frente ou na diagonal do alvo? E quando arremessam mais perto ou mais longe? Por que é importante estabelecer regras para fazer uma atividade?
Registrando
Anote os relatos feitos pelas crianças sobre as percepções delas em relação às experiências que tiveram e dê-lhes folhas para fazerem um registro de imagem (desenho).
Peça aos estudantes que produzam um desenho para representar suas experiências com as práticas esportivas. Dê-lhes sugestões para o desenho, como representar a prática de que mais gostaram, aquela que foi mais divertida, aquela que trouxe um aprendizado pessoal ou aquela que trouxe um conhecimento novo. Oriente-os, ainda, a dar um título ao desenho.
Deixe-os livres para criar e, ao final da aula, faça um varal e pendure nele os desenhos feitos pelas crianças. Instrua-as para que circulem entre os desenhos e apreciem o que foi produzido.
Recolha todos os desenhos e compile-os em um livro. Com base nos relatos dos estudantes, crie um texto para servir de abertura da obra.
Avaliação
Além da produção dos desenhos, sugerimos uma autoavaliação e uma heteroavaliação. Em primeiro lugar, descreva uma regra ou atitude esperada dos estudantes na aula. Por exemplo: Um dos combinados foi que ninguém poderia arremessar sem o professor dar o sinal. Qual é a razão disso? Espera-se que os estudantes se refiram à segurança, à integridade e ao bom desenvolvimento da aula, entre outros. A seguir pergunta-se: Quem acha que arremessou antes do sinal? Por que fez isso? A criança que se autoavaliar como infringente da regra deve explicar por que o fez.
Após todos os estudantes se autoavaliarem, o professor faz o mesmo questionamento, dessa vez perguntando-lhes: Quem viu alguém arremessar antes do meu sinal? Os estudantes devem apontar os momentos nos quais observaram que isso ocorreu. É importante que a avaliação seja referente à regra e que a intenção seja de auxiliar o colega a perceber a sua atitude; portanto, a condução do professor é importante, confirmando, por exemplo, que também percebeu a ação da criança, solicitando aos outros colegas que digam se também notaram o ocorrido, ou permitindo que a criança avaliada esclareça o que aconteceu.
A avaliação deve ser conduzida no sentido de modificar a atitude dos estudantes, fazendo-os perceber que a própria ação interfere no todo. Finalize sempre parabenizando os estudantes pelos comentários construtivos, incentivo aos colegas e comprometimento com as mudanças. Se julgar interessante, você pode retomar essa avaliação nas aulas subsequentes para que os estudantes relembrem o que foi acordado.
Boxe complementar:
NÃO PARE POR AQUI
As atividades apresentadas como sugestão para a prática de esportes de marca e de precisão são algumas possibilidades de experimentação, mas várias outras podem ser utilizadas, lembrando-se sempre de construir o roteiro da aula com base nas dimensões do conhecimento preconizadas pela BNCC, que valorizam o saber sobre, o saber fazer e o saber ser e conviver propostos no modelo por competências.
Como o esporte em geral propõe determinados objetivos concretos, a disputa é inerente à prática corporal, o que favorece a oportunidade de desenvolver as competências gerais propostas na Base. Observe a possibilidade de estabelecer relações interdisciplinares, o que traz mais significado às aprendizagens dos estudantes.
As atividades sugeridas devem ser adaptadas de acordo com a estrutura física escolar, a disponibilidade de materiais e o contexto local, garantindo a oportunidade de vivência para todos.
Outros materiais sobre os esportes de marca e de precisão estão disponíveis em:
Atletismo e suas modalidade: http://fdnc.io/faw. Acesso em: 9 mar. 2021.
Esportes de marca: http://fdnc.io/fax. Acesso em: 9 mar. 2021.
História das paralimpíadas: http://fdnc.io/fay. Acesso em: 9 mar. 2021.
História do atletismo: http://fdnc.io/faz. Acesso em: 9 mar. 2021.
COICEIRO, Geonava Alves. 1.000 exercícios e jogos para o atletismo. Rio de Janeiro: Autografia, 2020.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo se aprende na escola. Várzea Paulista: Fontoura, 2012.
MIAN, Robson. Atletismo: aspectos pedagógicos na iniciação. Várzea Paulista: Fontoura, 2018.
Fim do complemento.
MP035
1º ANO
UNIDADE 3. GINÁSTICAS
LEGENDA: Criança executando movimento de vela. Fotografia de 2018. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Habilidades e competências presentes nesta unidade
(EF12EF07) Experimentar, fruir e identificar diferentes elementos básicos da ginástica (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais) e da ginástica geral, de forma individual e em pequenos grupos, adotando procedimentos de segurança.
(EF12EF08) Planejar e utilizar estratégias para a execução de diferentes elementos básicos da ginástica e da ginástica geral.
(EF12EF09) Participar da ginástica geral, identificando as potencialidades e os limites do corpo e respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.
(EF12EF10) Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita e audiovisual), as características dos elementos básicos da ginástica e da ginástica geral, identificando a presença desses elementos em distintas práticas corporais.
Competências Gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9 e 10
Competências de Linguagens: 1, 3, 5 e 6
Competências de Educação Física: 1, 2, 3, 6, 7, 8 e 10
Fim do complemento.
Objetivos
- Experimentar e fruir os elementos básicos das ginásticas.
- Identificar as potencialidades e os limites do corpo por meio das ginásticas.
- Identificar os elementos básicos das ginásticas em outras práticas corporais.
- Descrever as características dos elementos básicos das ginásticas.
- Propor estratégias em grupo para a execução segura dos movimentos da ginástica.
MP036
PROSEANDO SOBRE GINÁSTICAS
Desde a Grécia antiga, há diversas referências de como as ginásticas têm sido importantes na cultura humana, presentes em diferentes épocas e sociedades como formas sistematizadas de exercícios com diferentes finalidades, como o autoconhecimento e a autossatisfação, e até mesmo como conexão com alguma forma de espiritualidade.
Mas como selecionar conhecimentos tão amplos para compor um programa para as aulas de Educação Física?
Ao abordar um tema tão vasto como a ginástica, é preciso muito cuidado para defini-la, pois, se demasiadamente abrangente, poderemos fazer tudo em nome da ginástica. Em contrapartida, se demasiadamente restrita, correremos o risco de perder muitos elementos.
Ao compor o currículo escolar, a ginástica passa a ser uma prática corporal, e como tal, deve ser retratada como experiência de aprendizagem que possibilite ao estudante conhecer, experimentar, fruir e incorporar elementos e valores para a vida cotidiana.
De acordo com Base Nacional Comum Curricular – BNCC –, a ginástica geral, objeto de experimentação do programa de Educação Física para o 1º ano:
[é] conhecida como ginástica para todos, reúne as práticas corporais que têm como elemento organizador a exploração das possibilidades acrobáticas e expressivas do corpo, a interação social, o compartilhamento do aprendizado e a não competitividade. Podem ser constituídas de exercícios no solo, no ar (saltos), em aparelhos (trapézio, corda, fita elástica), de maneira individual ou coletiva, e combinam um conjunto bem variado de piruetas, rolamentos, paradas de mão, pontes, pirâmides humanas etc. Integram também essa prática os denominados jogos de malabar ou malabarismo (BRASIL, 2018, p. 217) 1 .
Ao organizar um programa de ginástica é essencial considerar três pontos fundamentais:
- Deve ficar evidente para os estudantes que a ginástica é uma prática sistemática e apresenta uma sequência lógica, pensada e organizada por seus idealizadores.
- Crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental estão, prioritariamente, envolvidas em saber como fazer os movimentos ginásticos. Portanto, mesmo que sejam abordadas questões filosóficas e conceituais, o fundamento do trabalho é a experimentação de uma sequência organizada de movimentos.
-
O repertório da ginástica
deve
proporcionar uma sequência que seja desafiadora aos estudantes e
deve
ainda considerar a heterogeneidade do grupo.
A seguir, são sugeridas atividades que podem ser replicadas de acordo com a realidade escolar.
PRATICANDO GINÁSTICAS
Prática 1: SALTOS GINÁSTICOS
Conhecendo a prática corporal
Sugerimos que inicie as aulas com uma proposta de experimentação de um ou mais elementos básicos das ginásticas. Aqui iniciaremos com os saltos, pois dada a sua diversidade, são bastante atraentes às crianças.
Seja qual for a seleção de saltos adotada para experimentação, é importante que a maneira de execução esteja evidente para os estudantes, a fim de que sejam capazes de diferenciá-los. Por isso, apresente às crianças alguns tipos de saltos e demonstre a execução, destacando os movimentos que o corpo deve fazer, especialmente em relação à postura corporal.
Esses são alguns dos saltos que podem ser apresentados às crianças como parte do roteiro de saltos ginásticos:
LEGENDA: Salto grupado. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Salto carpado. FIM DA LEGENDA.
Nota de rodapé: 1. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://fdnc.io/b9o. Acesso em: 12 fev. 2021. Fim da nota.
MP037
LEGENDA: Salto afastado. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Salto estendido. FIM DA LEGENDA.
Com base nas experiências dos estudantes, proponha a eles algumas questões geradoras para ampliar a reflexão sobre o tema:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORES
Vocês já conheciam algum desses saltos?
Vocês já precisaram saltar algum obstáculo?
Quais movimentos vocês precisaram fazer para transpor a altura ou a extensão de um obstáculo?
Quais partes do corpo utilizamos para saltar?
Já assistiram a alguma modalidade esportiva ou prática corporal em que se utilizam esses elementos?
Há semelhanças entre os saltos que realizamos no dia a dia ao transpor obstáculos e os saltos ginásticos?
Fim do complemento.
Permita aos estudantes que exponham as próprias sensações e opiniões sobre o que experimentaram, exercitando a fluência oral. Comente que nessas aulas eles estudarão os elementos básicos da ginástica geral, que estão presentes em diversas outras práticas corporais. Para isso, devem estar atentos aos movimentos solicitados e às regiões corporais solicitadas.
Prossiga com as experimentações.
Vivenciando a prática corporal
Materiais: corda e colchão ou colchonete.
Inicie relembrando e explorando os tipos de saltos experimentados na atividade de contextualização da aula. Reforce alguns movimentos, como o impulso no início do salto e as pernas dobradas para amortecer o impacto na finalização da execução. Afinal, dominar a aterrissagem é importante nesta faixa etária. Por isso, para a prática dos saltos, escolha solos que ofereçam estabilidade e amortecimento, a fim de que, ao flexionarem os joelhos, o impacto seja dissipado sobre os membros inferiores, que serão amortecidos pelo solo.
Fixe uma corda, de preferência em diagonal, ajuste a altura mais baixa e a mais alta da corda de acordo com a estatura dos estudantes, de modo que possam escolher a mais adequada a cada um deles na realização dos saltos. Por fim, posicione o colchão de maneira que o impulso seja realizado no solo, e a aterrissagem, no colchão.
Disponha os estudantes em fila, posicionando-os a certa distância da corda para que tenham um percurso de corrida a fim de dar o impulso e saltar sobre a corda. Sequencie, então, os tipos de saltos.
Grupado
- Saltar com os dois pés juntos.
- Elevar os joelhos até o peito.
- Aterrissar com os dois pés juntos e os braços elevados.
LEGENDA: Posição grupada. FIM DA LEGENDA.
Afastado
- Saltar com os dois pés juntos e os braços elevados.
- Elevar as pernas afastadas.
- Tocar os pés ou as pernas com as mãos.
- Aterrissar com os braços elevados e o joelho levemente flexionado.
LEGENDA: Posição afastada. FIM DA LEGENDA.
MP038
Carpado
- Saltar com os dois pés juntos.
- Manter o corpo ereto com os braços elevados.
- Posicionar os braços e as pernas à frente.
- Aterrissar com o corpo ereto.
LEGENDA: Posição carpada. FIM DA LEGENDA.
Estendido
- Saltar com os dois pés juntos.
- Elevar os braços.
- Aterrissar com os pés juntos, os joelhos levemente flexionados e os braços para o alto.
LEGENDA: Posição estendida. FIM DA LEGENDA.
A técnica dos movimentos nesta fase deve privilegiar a segurança das crianças. Valorize a experimentação dos saltos como meio para a ampliação e o aperfeiçoamento do repertório motor dos estudantes.
Conforme a proposta das habilidades da BNCC, proponha aos estudantes que observem e organizem estratégias para executar os movimentos das ginásticas, criando os próprios saltos, sempre prezando pela segurança.
LEGENDA: Crianças saltando. Fotografia de 2015. FIM DA LEGENDA.
Dialogando sobre a prática
Ao final das experiências com os saltos, converse com os estudantes sobre as diferenças percebidas por eles entre os saltos que realizaram. Quais foram mais fáceis; quais foram mais desafiadores; quais foram as regiões corporais solicitadas; em quais momentos as capacidades físicas como a força muscular e o equilíbrio foram evidenciadas; por que é importante colaborar com a segurança de todos; se perceberam a própria evolução conforme experimentaram várias vezes os movimentos; por que é importante preparar o ambiente utilizando materiais para a sua proteção; por exemplo, colchões para a aterrissagem.
Esse momento é importante, pois evidencia a aprendizagem dos estudantes. A cada pergunta, permita que verbalizem as próprias impressões. Faça comentários sobre as diferenças entre as respostas deles, mostrando que temos características únicas, que devem ser respeitadas.
Faça anotações sobre os relatos dos estudantes para compor a sua avaliação com base nas aprendizagens e necessidades deles, auxiliando-os no próprio avanço.
Registrando
Peça aos estudantes que façam um desenho que evidencie a aprendizagem deles. Dê-lhes algumas opções: pode ser referente ao diálogo após a atividade; um desenho do que mais gostaram; do momento em que auxiliaram os colegas; dos saltos mais desafiadores; sobre as diferenças de movimentos.
Faça um painel ou um varal com os desenhos dos estudantes. Solicite-lhes que expliquem o significado deles. Esse procedimento exercita a produção escrita, a compreensão de texto e a fluência oral, que são componentes da Política Nacional de Alfabetização – PNA. Observe os comentários dos estudantes e incentive-os a valorizar tanto as próprias produções, como as produções dos colegas.
Avaliação
Os desenhos dos estudantes o auxiliarão a verificar as aprendizagens deles. Junte os desenhos às suas anotações sobre as observações dos estudantes nos diálogos para compor a avaliação. Reúna os estudantes e apresente-lhes os resultados das avaliações. Como a avaliação por competências ocorre durante o processo, converse com os estudantes sobre as necessidades deles e a importância de esforçar-se para avançar nas aprendizagens.
Prática 2: ROLAMENTOS
Conhecendo a prática corporal
Os rolamentos são parte fundamental da cultura de movimento da infância. Quem nunca virou uma cambalhota quando criança? Além de ser um movimento atrativo pelo desafio do desequilibrar-se e recuperar o equilíbrio, os rolamentos também são atrativos pela sua estética e plasticidade. Quem nunca ficou de “queixo caído” ao ver majestosas apresentações de ginástica, capoeira ou circo, em que acrobatas realizam suas cambalhotas?
MP039
Possibilitar à criança compreender a dimensão do desafio de perder e recuperar o equilíbrio é um papel importante desse trabalho. Por isso, passo a passo, demonstre às crianças a execução do rolamento. Você pode exibir para elas uma imagem, um vídeo ou executar o movimento para que compreendam a execução, como no exemplo a seguir.
Na experimentação dos rolamentos, o professor deve estar atento a três importantes fatores:
- Há crianças que nunca experimentaram alguns movimentos tão específicos.
- A segurança para a execução desse tipo de movimento é fundamental. Cuidados com a posição de braços, tronco e principalmente pescoço são essenciais. Por isso, a execução deve ser supervisionada por adultos, na proporção de um a um, ou seja, o estudante deve executar o movimento com o auxílio do professor. Nesse sentido, a organização da aula deve ser estruturada em diferentes agrupamentos e tarefas, para que aqueles que executam o movimento permaneçam junto ao professor, enquanto os demais estudantes realizam outras atividades que possam ser praticadas de maneira autônoma e com baixo risco de acidentes, como as com uso de malabares.
- Nessa fase inicial de aprendizagem de movimento, é comum que surjam dúvidas como: O que devo fazer aqui? Que movimento faço com esse braço? Qual é a força que
tenho
de empregar aqui? Eu começo com a perna direita ou a esquerda?
Durante essa fase de aprendizagem, é importante possibilitar aos estudantes que repitam os movimentos, visto que os erros são comuns e, a cada tentativa, novas formas do “saber fazer” se manifestam, ou seja, nenhum movimento é igual ao outro. Nessa fase, o papel do professor é motivar os estudantes.
Com base na experiência deles faça questionamentos que os auxiliem a refletir sobre a execução do movimento, como:
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Como devemos posicionar o pescoço, o tronco, os braços e as pernas para executar um rolamento?
Como devemos nos levantar após realizar o rolamento?
É possível rolar e levantar executando algum dos saltos aprendidos na aula anterior?
Fim do complemento.
LEGENDA: Rolamento. FIM DA LEGENDA.
Vivenciando a prática corporal
Material: colchão de espuma ou similar.
Utilize a música “Roda pião” como fundo para a prática de rolamentos. Disponível em: http://fdnc.io/faA. Acesso em: 12 fev. 2021.
Ao reforçar o procedimento para a realização do rolamento, fragmente a execução do exercício em pequenas partes, enfatizando a posição e a ação das mãos, o queixo encostado no peito, as pernas dobradas e o agrupamento das pernas ao rolar. E, então, inicie a experimentação, conforme indicado a seguir:
LEGENDA: Passo a passo do rolamento. FIM DA LEGENDA.
MP040
Deixe a música de fundo para proporcionar um ambiente agradável e incentive as crianças a se desafiarem e fazer execuções de maneiras cada vez mais complexas.
Incentive a apreciação estética da construção do movimento nos próprios rolamentos e nos dos colegas.
LEGENDA: Crianças executando rolamentos. Fotografia de 2015. FIM DA LEGENDA.
Dialogando sobre a prática
Prepare previamente um equipamento para gravar os seus questionamentos e as falas dos estudantes. Isso será importante para o registro e a avaliação das atividades.
Ao final das experiências, pergunte aos estudantes como foram as atividades de criação livre e de trabalho orientado.
Pergunte a elas do que mais gostaram nessa experiência; o que aprenderam; em quais momentos tiveram mais dificuldade; como foi a experiência de se desequilibrar e se reequilibrar ao girar uma cambalhota; em que situações ficaram surpresas ao ver alguém fazendo uma cambalhota especial; em quais outras práticas corporais os movimentos que realizaram estão presentes.
Peça-lhes que indiquem as regiões do corpo que sentiram mais durante as práticas e comente as habilidades motoras que aprenderam e aprimoraram, como as de rolar, levantar, agachar e saltar.
Para finalizar, comente com os estudantes a importância de realizar rolamentos com materiais que protejam o corpo.
Estimule-os a responder às perguntas, evidenciando o aprendizado que tiveram. É importante que todos tenham oportunidade de falar sobre os questionamentos feitos, pois a fala deles será utilizada na composição do registro e da avaliação.
Registrando
Sugerimos como registro a produção de um podcast. Elabore um texto inicial com os objetivos das experiências. Edite o áudio com os relatos dos estudantes sobre a experimentação dos rolamentos, inserindo nele a fala desse texto, dando sentido ao podcast.
Avaliação
Apresente o podcast aos estudantes em pequenos trechos. A cada trecho peça-lhes que expliquem o que entenderam. Esse processo reforça a aprendizagem dos estudantes e exercita a compreensão de texto.
Boxe complementar:
NÃO PARE POR AQUI
As atividades sugeridas podem ser adaptadas de acordo com a estrutura física escolar, a disponibilidade de materiais e a diversidade dos estudantes, garantindo a oportunidade de vivência para todos.
Proponha atividades que contemplem outros elementos básicos das ginásticas e estimulem as movimentações dos estudantes em outras situações de aprendizagem. É importante que as situações de aprendizagem sejam organizadas de modo que contemplem as dimensões do conhecimento da Educação Física e o desenvolvimento das habilidades e das competências.
Outros materiais podem ser encontrados em:
Como criar podcasts: http://fdnc.io/faB. Acesso em: 12 fev. 2021
Saltos ginásticos: http://fdnc.io/faC. Acesso em: 12 fev. 2021
Tipos de rolamentos: http://fdnc.io/faD. Acesso em: 12 fev. 2021
NUNOMURA, Myrian. Fundamentos das ginásticas. Várzea Paulista: Fontoura, 2016.
WERNER, Peter H.; WILLIAMS, Lori H.; HALL, Tina J. Ensinando ginástica para crianças. 3ª ed. Barueri: Manole, 2015.
Fim do complemento.
MP041
1º ANO
UNIDADE 4. DANÇAS
LEGENDA: Ciranda, dança comunitária. Fotografia de 2013. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Habilidades e competências presentes nesta unidade
(EF12EF11) Experimentar e fruir diferentes danças do contexto comunitário e regional (rodas cantadas, brincadeiras rítmicas e expressivas), e recriá-las, respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.
(EF12EF12) Identificar os elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos) das danças do contexto comunitário e regional, valorizando e respeitando as manifestações de diferentes culturas.
Competências Gerais: 1, 3, 4, 5, 9 e 10
Competências de Linguagens: 1, 2, 3, 5 e 6
Competências de Educação Física: 1, 6, 7, 8 e 10
Fim do complemento.
Objetivos
- Identificar os elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos) das danças do contexto comunitário e regional.
- Experimentar os elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos) das danças do contexto comunitário e regional.
- Recriar as danças do contexto comunitário e regional.
- Respeitar as diferenças individuais e de desempenho corporal ao dançar.
- Valorizar e respeitar as manifestações de diferentes culturas.
MP042
PROSEANDO SOBRE DANÇAS
A dança é uma das expressões fundantes da cultura humana, utilizada para os mais diversos fins, como manifestações sagradas ou profanas, rituais de fertilidade, casamentos, sepultamentos, agradecimento pela colheita, diversão ou espetáculo, praticada individual ou coletivamente, e embalada em uma variedade de ritmos e estilos musicais.
Ao dançar, o ser humano realiza diferentes operações mentais complexas, explorando todo o seu potencial para movimentar-se em determinado ritmo, com gestos que expressem ideias, sentimentos e pensamentos no espaço.
A relação entre o movimento da criança e a dança deve ser construída ao longo do tempo, podendo estar presente no contexto sociocultural nas “esferas sociais mais familiares (localidade e região) às menos familiares (esferas nacional e mundial)” (BRASIL, 2018, p. 219) 1 .
No âmbito escolar, a dança recebe atenção desde a Educação Infantil com o propósito de contribuir “[...] para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca” (BRASIL, 2018, p. 41).
No Ensino Fundamental, a dança nas aulas de Educação Física, como prática corporal
explora o conjunto das práticas corporais caracterizadas por movimentos rítmicos, organizados em passos e evoluções específicas, muitas vezes também integradas a coreografias. As danças podem ser realizadas de forma individual, em duplas ou em grupos, sendo essas duas últimas as formas mais comuns. Diferentes de outras práticas corporais rítmico-expressivas, elas se desenvolvem em codificações particulares, historicamente constituídas, que permitem identificar movimentos e ritmos musicais peculiares associados a cada uma delas (BRASIL, 2018, p. 218).
Os estudantes devem, assim, ampliar o conhecimento sobre a dança, principalmente nas dimensões: (1) do “saber fazer”, possibilitando que experimentem e explorem diferentes movimentos; (2) do “saber ser e conviver”, de modo que possam agir e interagir no meio em que vivem, respeitando o potencial para movimentar-se, valorizando a dança como um dos elementos fundadores da cultura humana, explorando a própria espontaneidade e a expressão criativa; (3) do “saber sobre”, devendo ser declarado e explícito na aula para que compreendam para que e por que dançar.
A dança compreende os seguintes elementos constitutivos que devem ser explorados nas aulas de Educação Física: (1) ritmo – de acordo com o dicionário Caldas Aulete 2 , é uma “sucessão de sons ou movimentos que se repetem regularmente, com acentos fortes e fracos”, marcando assim a cadência que pode variar do mais lento para o mais rápido; (2) espaço – está relacionado com o mover-se nos planos alto, médio e baixo no ambiente físico; (3) gestos – compreende a utilização de determinados movimentos buscando transmitir sentido e significado.
No programa de danças para o 1º ano do Ensino Fundamental, os estudantes desenvolverão as habilidades por meio da vivência de danças comunitárias e regionais.
PRATICANDO DANÇAS
Prática: RODAS CANTADAS
Conhecendo a prática corporal
As rodas cantadas, conhecidas como cirandas, são cantigas folclóricas e populares, nas quais os integrantes brincam, dançam e cantam em roda. Elas promovem o aprendizado por meio da música, do corpo, do ritmo, das rimas e, até mesmo, de algum desafio que seja proposto; por exemplo, a execução de um gesto ou pronunciamentos silábicos, conforme recomendação da canção, ou o que for definido entre os participantes.
As rodas cantadas são importantes para o estímulo da memória, o desenvolvimento do ritmo e a noção de espaço e tempo de execução dos movimentos corporais.
Em algumas cantigas há desafios lançados sobre a criança, cujas respostas não têm como referência o certo e o errado, permitindo à criança usar a sua espontaneidade para se expressar, de modo que a realização autônoma contribua para elevar a autoestima e superar a timidez, por meio de oportunidades de ela protagonizar em um espaço livre de julgamentos.
As cantigas de roda são, essencialmente, uma experiência corporal espaço-temporal, que, além da necessidade de organização individual das ações, exige uma organização coletiva, pela interdependência dos movimentos, formando um coletivo de ação no ambiente físico.
Sua prática, portanto, é realizada em grupo, e suas cantigas representam, além de melodias que envolvem ritmo, memória e movimento, um patrimônio cultural propagado de geração em geração pela tradição oral.
Entre tantas cantigas de rodas, vemos, por exemplo, Ciranda, cirandinha; Peixe vivo; A canoa virou; Batata quente; Corre cutia; Meu limão, meu limoeiro; Fui no Itororó; Pai Francisco.
Nota de rodapé: 1. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://fdnc.io/b9o. Acesso em: 19 abr. 2021. Fim da nota.
Nota de rodapé: 2. AULETE, Francisco J. Caldas. Dicionário Aulete digital. Lexikon. Disponível em: http://fdnc.io/faE. Acesso em: 19 abr. 2021. Fim da nota.
MP043
Mas lembre-se de que as rodas cantadas e as brincadeiras rítmicas e expressivas do contexto comunitário e regional são aquelas características da localidade e da região na qual os estudantes estão inseridos. Assim, nessa lógica, o que é mais familiar para um grupo social pode ser menos familiar para outro.
Valorize as experiências e o conhecimento dos estudantes sobre as rodas cantadas que fazem parte da cultura regional e comunitária à qual eles pertencem.
Boxe complementar:
QUESTÕES GERADORAS
Quais brincadeiras com música e movimentos vocês conhecem?
Vocês conhecem alguma roda cantada?
De quais vocês mais gostam?
Como são as músicas?
Como é dançar em uma roda cantada?
Quais movimentos fazemos nesse tipo de dança?
Quais partes do corpo mais usamos para nos movimentar?
Fim do complemento.
Vivenciando a prática corporal
Materiais: material específico da dança de roda escolhida; pode-se ainda utilizar caixa de som e música.
Em sala de aula, peça aos estudantes que escolham as rodas cantadas preferidas, que fazem parte do contexto regional e comunitário, e ditem a letra para que você as registre na lousa; assim estará explorando a oralidade dos estudantes.
Utilize as tecnologias digitais disponíveis para acessar informações sobre as rodas cantadas e as brincadeiras rítmicas e expressivas e compartilhá-las com os estudantes. Você pode apresentar vídeos aos estudantes para que analisem: (1) a dinâmica de cada uma dessas rodas cantadas; (2) os ritmos e a proposta de cada uma delas, de acordo com as sugestões das letras; (3) os gestos e movimentos usados; (4) e o espaço.
Vídeos de algumas rodas cantadas:
Ciranda, cirandinha: http://fdnc.io/faF. Acesso em: 22 fev. 2021.
Peixe vivo: http://fdnc.io/faG. Acesso em: 22 fev. 2021.
A canoa virou: http://fdnc.io/faH. Acesso em: 22 fev. 2021.
Batata quente: http://fdnc.io/faJ. Acesso em: 22 fev. 2021.
Corre cutia: http://fdnc.io/faK. Acesso em: 22 fev. 2021.
Meu limão, meu limoeiro: http://fdnc.io/faL. Acesso em: 22 fev. 2021.
Fui no Itororó: http://fdnc.io/faM. Acesso em: 22 fev. 2021.
Pai Francisco: http://fdnc.io/faN. Acesso em: 22 fev. 2021.
Em seguida, leve-os para um espaço onde eles possam movimentar-se e experimentar algumas rodas cantadas que apresentaram em sala.
Incentive os estudantes a apresentar e experimentar os gestos das rodas cantadas indicadas por eles. Sugira-lhes em seguida, outros ritmos, gestos e movimentações no espaço para as canções.
Observe o processo de apropriação dos estudantes na atividade e, para manter a atenção elevada, proponha a eles desafios, de modo que possam recriar as danças de roda, considerando diferentes ritmos, espaços de locomoção que os rodeiam, gestos e movimentos novos. Explore, assim, a criatividade dos estudantes com relação às habilidades motoras de locomoção, estabilização e manipulação.
Seguem algumas sugestões de rodas cantadas conhecidas, que possivelmente tenham significado para os estudantes.
Peixe vivo
PEIXE VIVO
COMO PODE O PEIXE VIVO
VIVER FORA DA ÁGUA FRIA
COMO PODE O PEIXE VIVO
VIVER FORA DA ÁGUA FRIA
COMO PODEREI VIVER
COMO PODEREI VIVER
SEM A TUA, SEM A TUA
SEM A TUA COMPANHIA
SEM A TUA, SEM A TUA
SEM A TUA COMPANHIA
OS PASTORES DESTA ALDEIA
FAZEM PRECE NOITE E DIA
OS PASTORES DESTA ALDEIA
FAZEM PRECE NOITE E DIA
POR ME VEREM ASSIM CHORANDO
POR ME VEREM ASSIM CHORANDO
SEM A TUA, SEM A TUA
SEM A TUA COMPANHIA
SEM A TUA, SEM A TUA
SEM A TUA COMPANHIA
FONTE: (Cultura popular)
MP044
Disponha os estudantes em roda e oriente-os a dar-se as mãos. Ao começar a cantoria, a turma gira em círculo e, ao terminar a cantoria, para de girar. Para enriquecer a experiência, promova rodadas com desafios; por exemplo, cirandar pulando no ritmo da canção, depois passando uma bola de mão em mão entre as crianças, no ritmo da cantiga.
LEGENDA: Roda cantada Peixe vivo. FIM DA LEGENDA.
Ciranda, cirandinha
CIRANDA, CIRANDINHA
CIRANDA, CIRANDINHA
VAMOS TODOS CIRANDAR!
VAMOS DAR A MEIA-VOLTA
VOLTA E MEIA VAMOS DAR
O ANEL QUE TU ME DESTE
ERA VIDRO E SE QUEBROU
O AMOR QUE TU ME TINHAS
ERA POUCO E SE ACABOU
POR ISSO, [NOME DE UM PARTICIPANTE]
ENTRE DENTRO DESTA RODA
DIGA UM VERSO BEM BONITO
DIGA ADEUS E VÁ SE EMBORA.
FONTE: (Cultura popular)
Organize uma roda e oriente as crianças a dar-se as mãos. Ao iniciar a canção, elas devem começar a rodar em ciranda. Quando a letra da cantiga pedir a um participante para que diga um verso, uma das crianças deve ocupar o centro da roda para realizar o que foi pedido. Ao cumpri-lo volta para a roda, retomando a cantiga, chamando assim, um a um, os participantes a cada rodada.
LEGENDA: Roda cantada Ciranda, cirandinha. FIM DA LEGENDA.
A letra da cantiga pede aos participantes crianças que digam um verso, mas pode-se recriar a cantiga para que a criança diga uma palavra ou faça um gesto.
A canoa virou
A CANOA VIROU
A CANOA VIROU
POR DEIXÁ-LA VIRAR
FOI POR CAUSA DA(O) [NOME DE UM PARTICIPANTE]
QUE NÃO SOUBE REMAR SE EU FOSSE UM PEIXINHO
E SOUBESSE NADAR
TIRAVA A(O) [NOME DE UM PARTICIPANTE]
DO FUNDO DO MAR
A CANOA VIROU
POR DEIXÁ-LA VIRAR
PORQUE SE EU MERGULHO
EU VOU ME MOLHAR
SE EU FOSSE UM PEIXINHO
MAS COMO EU NÃO SOU
NÃO POSSO NADAR
E A CANOA VIROU
FONTE: (Cultura popular)
Em uma roda, os estudantes dão-se as mãos e, ao iniciar a cantoria, começam a rodar. No refrão, as crianças escolhem um dos participantes para entrar no centro da roda e, ao começar novamente a cantoria, a criança retorna à roda. Assim segue até que todos sejam chamados ao centro.
LEGENDA: Roda cantada A canoa virou. FIM DA LEGENDA.
Fui no Itororó
Em roda, as crianças cantam a cantiga e, a cada rodada, vão substituindo os nomes dos participantes até que todos entrem na roda e saiam dela. Quem está no centro escolhe o próximo participante, e assim por diante, até todos os nomes serem chamados.
MP045
LEGENDA: Roda cantada Fui no Itororó. FIM DA LEGENDA.
FUI NO ITORORÓ
FUI NO ITORORÓ
BEBER ÁGUA NÃO ACHEI
ACHEI LINDA MORENA
QUE NO ITORORÓ DEIXEI
APROVEITA MINHA GENTE
QUE UMA NOITE NÃO É NADA
SE NÃO DORMIR AGORA
DORMIRÁ DE MADRUGADA
OH, [NOME DO PARTICIPANTE]
OH, [NOME DO PARTICIPANTE],
ENTRA NESTA RODA
OU FICARÁS SOZINHA(O)!
SOZINHA(O) EU NÃO FICO
NEM HEI DE FICAR!
POR QUE EU TENHO O(A) [NOME DO PARTICIPANTE]
PARA SER O MEU PAR!
FONTE: (Cultura popular)
Dialogando sobre a prática
Ao final das práticas, converse com os estudantes sobre as sensações proporcionadas pelas rodas cantadas em relação ao cantar, dançar e brincar. Escute atentamente os relatos das vivências individuais e coletivas.
Peça aos estudantes que identifiquem: (1) as rodas cantadas e danças com o ritmo mais rápido e o mais devagar (lento); (2) as noções do espaço, de distância (perto e longe) e de direção (frente, atrás, em cima, embaixo etc.); (3) os gestos e os movimentos realizados de locomoção, manipulação e estabilização.
Explique aos estudantes que as rodas podem ter ritmos diversos e envolver diferentes ocupações do espaço. Comente que cada movimento e cada gesto realizados são pessoais, têm sua característica individual e podem ter diferenças. Dê ênfase às condutas positivas e solidárias dos estudantes que buscaram respeitar as diferenças individuais relacionadas com as capacidades físicas e habilidades motoras utilizadas nas atividades. Valorize o processo de criatividade ao recriar as rodas e as brincadeiras rítmicas e expressivas.
Incentive-os a explorar essas práticas corporais em outros momentos e espaços escolares e sociais, de modo que valorizem a importância delas para o meio social em que vivem.
Registrando
Sugerimos como registro que retome as cantigas vivenciadas e peça aos estudantes que façam um desenho da cantiga preferida, orientando-os a escrever o nome dela como título. Explique-lhes que o desenho pode retratar os elementos constitutivos estudados: os gestos e os movimentos, os ritmos e o espaço.
Coloque como músicas de fundo as cantigas das rodas vivenciadas para ativar a memória afetiva dos estudantes. Passe ao lado de cada criança e converse sobre as produções delas.
Organize uma exposição de todo o material produzido. Pendure-o em uma estrutura em forma de varal no pátio da escola de maneira que a comunidade escolar veja as produções.
Avaliação
Lembre-se de realizar a avaliação, pois ela é também ferramenta fundamental para a autoavaliação docente e para reconhecer o desenvolvimento das aprendizagens pelos estudantes. Para isso, sugerimos que registre as suas observações com relação às condutas e atitudes dos estudantes, assim como as estratégias e os procedimentos didáticos de que lançou mão nessa situação de aprendizagem.
Boxe complementar:
NÃO PARE POR AQUI
As atividades apresentadas aqui são algumas possibilidades para a prática de danças do contexto comunitário e regional, mas várias outras, que façam mais sentido ao contexto dos estudantes, podem ser utilizadas.
Pode-se pesquisar e encontrar mais sobre as danças comunitárias e regionais em:
Cantigas de roda: http://fdnc.io/faP. Acesso em: 22 fev. 2021.
Cantigas folclóricas: http://fdnc.io/faQ. Acesso em: 22 fev. 2021.
MARQUES, Isabel. Dançando na escola. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2018.
VERDERI, Erica. Dança na escola: uma proposta pedagógica. São Paulo: Phorte, 2009.
Fim do complemento.
MP046
ARTICULANDO LINGUAGENS
DIREITOS HUMANOS
LEGENDA: Projeto de Paz Paralela de Herstory, lançado no Dia Mundial da Diversidade Cultural para Diálogo e Desenvolvimento, Irlanda, 2021. FIM DA LEGENDA.
Boxe complementar:
Competências Gerais
(10) Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Fim do complemento.
Boxe complementar:
Competências de Linguagens
(4) Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo.
Fim do complemento.
Para este tema utilizaremos como referência o Caderno de educação em direitos humanos, elaborado com base nas Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos – DNEDH –, propostas pelo Ministério da Educação – MEC –, que tem o objetivo de orientar a comunidade escolar sobre a organização de aprendizagens que valorizem os direitos humanos na escola. De acordo com o ele, os direitos humanos são
[...] aqueles que o indivíduo possui simplesmente por ser uma pessoa humana, por sua importância de existir, tais como: o direito à vida, à alimentação, à educação, ao trabalho, à liberdade, à religião, à orientação sexual e ao meio ambiente sadio, entre outros (BRASIL, 2013, p. 11) 1 .
O texto propõe, ainda, fundamentar a EDH e os seus princípios, que incluem: dignidade humana; igualdade de direitos; reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades; laicidade do Estado; democracia na educação; transversalidade, vivência e globalidade; e sustentabilidade socioambiental.
O artigo 4º das DNEDH cita as dimensões envolvidas no processo de EDH, orientando a aplicação das diretrizes de modo integral, englobando aspectos envolvidos no cotidiano dos estudantes:
[...] No aspecto cognitivo, destaca-se a importância da apreensão dos conceitos e conhecimentos historicamente construídos sobre direitos humanos, uma vez que o sujeito só poderá sentir-se efetivamente consciente de seus direitos se souber efetivamente quais são esses direitos [...]
Nota de rodapé: 1. BRASIL. Ministério da Educação. Caderno de educação em direitos humanos: educação em direitos humanos – diretrizes nacionais. Brasília: Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2013. Disponível em: http://fdnc.io/faR. Acesso em: 13 jun. 2021. Fim da nota.
MP047
No aspecto social e atitudinal, há que se destacar a necessidade de que o espaço escolar seja lugar de afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que a todo o momento e em todas as situações, estejam preservando a cultura de vivência do respeito aos direitos humanos (BRASIL, 2012, p. 46) 2 .
Ainda segundo o texto, e considerando a EDH, as metodologias de ensino, na Educação Básica, devem:
- Trazer para a sala de aula exemplos de discriminações e preconceitos comuns na sociedade, com base em situações-problema, e discutir como resolvê-las.
- Trabalhar os conteúdos curriculares integrando-os aos conteúdos da área de direitos humanos, por meio das diferentes linguagens: musical, corporal, teatral, literária, plástica e poética, entre outras, com metodologia ativa, participativa e problematizadora.
É importante inicialmente verificar as práticas de linguagens dos respectivos componentes que dialogam com os princípios e as sugestões metodológicas das diretrizes a fim de organizar uma articulação entre elas que traga significado aos estudantes na perspectiva dos direitos humanos.
Considerando a EDH, como tema de articulação entre as áreas, apresentamos as seguintes possibilidades:
EDUCAÇÃO FÍSICA
(EF12EF03) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios de brincadeiras e jogos populares do contexto comunitário e regional, com base no reconhecimento das características dessas práticas.
(EF12EF06) Discutir a importância da observação das normas e das regras dos esportes de marca e de precisão para assegurar a integridade própria e a dos demais participantes.
(EF12EF08) Planejar e utilizar estratégias para a execução de diferentes elementos básicos da ginástica e da ginástica geral.
(EF12EF11) Experimentar e fruir diferentes danças do contexto comunitário e regional (rodas cantadas, brincadeiras rítmicas e expressivas), e recriá-las, respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.
Em Educação Física, a reflexão sobre os sentidos e os significados dos movimentos que a criança realiza durante as práticas corporais possibilita inúmeras interações com as DNEDH, como o direito à igualdade, a valorização da diversidade, e o combate aos preconceitos e aos estereótipos relacionados às práticas corporais. Vejamos algumas aplicações:
Brincadeiras e jogos: antes da experimentação das brincadeiras e dos jogos da cultura popular, sugere-se propor aos estudantes situações problematizadoras em que eles possam, de forma cooperativa e criativa, construir meios para que todos participem das práticas de modo inclusivo e democrático.
Esportes: antes da experimentação dos esportes de marca e de precisão, pode-se propor aos estudantes situações problematizadoras em que eles possam, de forma cooperativa, construir regras importantes para garantir a participação justa e respeitosa de todos, assim como normas de conduta em relação a manifestações discriminatórias ou preconceituosas dos participantes e da torcida.
Ginásticas: pode-se propor aos estudantes oportunidades para que eles levem aos familiares a possibilidade de experimentarem juntos, no lazer, alguns elementos da ginástica.
Danças: pode-se apresentar aos estudantes situações problematizadoras nas quais eles proponham e construam, de maneira participativa, soluções para que todos possam realizar as práticas de modo ético, inclusivo e democrático.
ARTE
(EF15AR04) Experimentar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia etc.), fazendo uso sustentável de materiais, instrumentos, recursos e técnicas convencionais e não convencionais.
(EF15AR05) Experimentar a criação em artes visuais de modo individual, coletivo e colaborativo, explorando diferentes espaços da escola e da comunidade.
(EF15AR06) Dialogar sobre a sua criação e as dos colegas, para alcançar sentidos plurais.
(EF15AR13) Identificar e apreciar criticamente diversas formas e gêneros de expressão musical, reconhecendo e analisando os usos e as funções da música em diversos contextos de circulação, em especial, aqueles da vida cotidiana.
(EF15AR14) Perceber e explorar os elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de jogos, brincadeiras, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musical.
Nota de rodapé: 2. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos. Brasília: MEC, 2012. Disponível em: http://fdnc.io/faS. Acesso em: 13 jun. 2021. Fim da nota.
MP048
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 27, afirma: “Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes” (ONU, 1948) 3 .
Sob esse olhar, propõe-se, para as unidades do 1º ano, uma articulação com a Arte por meio das artes visuais e da música. Nesse segundo caso, a partir de seus elementos constitutivos, principalmente os relacionados ao ritmo e à melodia, contextualizados no repertório utilizado para as práticas.
Entendendo a relação com a música como algo inerente ao ser humano e sua fruição como um direito fundamental, consideramos a dimensão musical na educação escolar muito além da experiência estética, conforme diz Sekeff (2007):
Música não é somente um recurso de combinação e exploração de ruídos, sons e silêncios em busca do chamado gozo estético. Ela é também um recurso de expressão (de sentimentos, ideias, valores, cultura, ideologia), um recurso de comunicação (do indivíduo consigo mesmo e com o meio que o circunda), da gratificação (psíquica, emocional, artística), de mobilização (física, motora, afetiva, intelectual) e autorrealização (SEKEFF, 2007, p. 14) 4 .
Esse entendimento traz para a sala de aula um olhar para as atividades com música como uma forma de acesso à sensibilidade e à expressividade das crianças, por meio das práticas coletivas que promovem a percepção do outro, a troca de saberes e a forma de comunicação pelo movimento.
A palavra ”ritmo“ abarca, em seu significado, um conjunto de outros elementos que se somam, o que possibilita a abordagem com base em quatro dimensões: (1) tempo e forma – como a percepção se dá individual e coletivamente; (2) rítmica – modo de organização do gesto com relação ao tempo e ao espaço; (3) ritmo – relacionado às funções orgânicas; (4) pulsação e andamento – aplicados ao repertório.
A melodia traz consigo componentes relacionados à afetividade e à memória, atuando com o ritmo como elemento motivador para as práticas. A melodia pode, ainda, se relacionar com o uso da voz e as possibilidades de expressão individual e coletiva.
Os elementos aqui levantados contribuem para o olhar da criança para si mesma como indivíduo, compreendendo suas diferenças para com o outro e a necessidade de acordos e entendimentos mútuos para as práticas coletivas.
Dessa forma, são exemplos de aplicação nas práticas:
Brincadeiras e jogos: na prática “Estátua”, é possível discutir a dimensão do tempo e a maneira como cada um percebe a sua passagem. Uma sugestão para a atividade é inserir a ideia da contagem de tempo utilizando o segundo/relógio como unidade de medida. As crianças contam internamente e comparam, ao final, seus resultados. Essa dinâmica pode levar à compreensão de que a percepção da passagem de tempo pode ser diferente entre as pessoas. Leva, ainda, à compreensão de que, para haver uma percepção coletiva do tempo, é preciso estabelecer algum tipo de comunicação pelo movimento. A brincadeira “Estátua” pode promover a discussão, com base na proposta da contagem de tempo, sobre o individual e o coletivo. Nesse caso, a contagem do tempo acontece em uma dimensão individual.
Na prática “Cinco-marias”, é possível introduzir a discussão sobre a organização rítmica dos movimentos. A ordenação do gesto, tanto na preparação do movimento quanto na resposta ao tempo de retorno dos saquinhos lançados ao chão, pode aumentar a precisão da atividade. O professor pode trabalhar movimentos de lançar e pegar coletivamente como atividade preparatória. Pode ser proposta uma variação da atividade que envolva a imitação do gesto que cada criança propõe como forma de jogar e pegar o saquinho, sendo imitada pelas outras. Na atividade, espera-se que ela perceba a necessidade de propor movimentos possíveis a todos, incentivando o olhar cuidadoso com o outro.
Na prática “Pega-pega”, pode-se trazer a discussão do ritmo relacionado às funções orgânicas. A atividade física acelera o ritmo da pulsação sanguínea e modifica o ritmo da respiração. Pode-se trazer, ainda, a discussão de como essa mudança do ritmo das funções orgânicas pode afetar a saúde, inclusive a vocal, em razão do mau uso da voz durante a brincadeira, tanto pelos possíveis gritos quanto pela emissão dificultada pela respiração acelerada. A compreensão desses limites pode ser discutida com os estudantes para que todos tenham um olhar mais cuidadoso com o grupo, não forçando os colegas à exaustão ou desdenhando dos limites físicos dos outros.
Nota de rodapé: 3. ONU (Organização das Nações Unidas). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Resolução 217 A III. Paris: Assembleia Geral das Nações Unidas, 1948. Disponível em: http://fdnc.io/ftB. Acesso em: 13 jun. 2021. Fim da nota.
Nota de rodapé: 4. SEKEFF, Maria de Lourdes. Da música: seus usos e recursos. São Paulo: Unesp, 2007. Fim da nota.
MP049
Os estudantes podem, ainda, em artes visuais, exercitar as habilidades de criação, crítica e estesia, buscando desenvolver o pensamento crítico, a reflexão sobre os fazeres humanos e a ligação do indivíduo ao meio. Em brincadeiras e jogos, por exemplo, o professor pode propor um jogo de mímica após discutir com os estudantes sobre regras justas, inclusivas e democráticas para a prática das atividades. Em conjunto, os estudantes podem: escolher termos ou palavras relacionadas ao tema de direitos fundamentais e, além da definição de regras, justificar seus processos de escolha; encenar o termo ou palavra utilizando mímicas e gestos; representá-las por meio de um desenho. Nesses processos, os estudantes têm a oportunidade de criar e desenvolver senso crítico, além de exercitar a estesia das práticas corporais e de desenho.
Danças: além do conteúdo evidente relacionado ao ritmo presente nas danças, a dimensão da melodia pode ser bastante explorada por trazer consigo os elementos de contato mais próximo com as emoções. Pode-se ainda discutir, do ponto de vista da música, os elementos relacionados à identificação de diferentes gêneros e estilos musicais, assim como a instrumentação presente nas músicas escolhidas e os diferentes timbres. Ao professor, recomenda-se especial cuidado com a escolha de músicas que as crianças possam cantar, respeitando as especificidades vocais dessa faixa etária, optando por melodias que caibam na tessitura vocal das crianças sem que prejudiquem uma emissão saudável.
LÍNGUA PORTUGUESA
(EF12LP05) Planejar e produzir, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, (re)contagens de histórias, poemas e outros textos versificados (letras de canção, quadrinhas, cordel), poemas visuais, tiras e histórias em quadrinhos, dentre outros gêneros do campo artístico-literário, considerando a situação comunicativa e a finalidade do texto.
(EF12LP12) Escrever, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, slogans, anúncios publicitários e textos de campanhas de conscientização destinados ao público infantil, dentre outros gêneros do campo publicitário, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto.
O componente Língua Portuguesa centraliza prioritariamente o texto linguístico em suas práticas com o objetivo de desenvolver habilidades em atividades de leitura, escuta e produção em várias mídias.
Tendo em vista a importância dos processos de EDH, a ampliação do repertório linguístico e sua articulação com outras linguagens podem ser permeadas pelo princípio norteador de igualdade e respeito às diferenças individuais, culturais, sociais e étnicas, bem como pela valorização e pela preservação das práticas culturais em toda a sua diversidade.
Desse modo, propomos atividades de contar e recontar oralmente experiências corporais vivenciadas pela criança ou relatos de familiares, utilizando gêneros textuais variados, tais como relatos pessoais, regras e regulamentos, instruções, quadrinhas e poemas. Vejamos algumas possibilidades para essa articulação entre as linguagens com foco no tema transversal:
Ginásticas: nos saltos e nos rolamentos em ginásticas, há oportunidade para a criança fazer associações e comparações com base nas sensações vivenciadas: “Ao saltar grupado/afastado/carpado/estendido, me sinto como um sapo que faz...; como um(a)... que...”; “ao rolar, dar cambalhota, pareço um(a)...”.
Essas atividades favorecem a utilização da linguagem poética e podem dar origem a pequenos textos poéticos, quadrinhas rimadas e cantigas. Considerando que a fabulação é uma necessidade básica do ser humano, a literatura permite à criança conhecer-se a si mesma e à própria realidade. Desempenha, portanto, uma função humanizadora que pode ser experimentada por meio da verbalização poética de vivências corporais.
Danças: com relação às danças, a sugestão é propor uma reflexão sobre a diversidade cultural brasileira, pois muitas cantigas e movimentos de dança, geralmente, apresentam variações regionais que as crianças conhecem; por isso, pode ser o momento de trocas entre elas, em uma atividade de escuta e produção de relatos pessoais, analisando as diferenças.
Outra sugestão é propor uma campanha de conscientização sobre a importância da dança, com a produção de um texto coletivo expondo seus benefícios com base nas atividades vivenciadas. O compartilhamento das diversas manifestações artísticas propicia a vivência do respeito às diferenças culturais e linguísticas, evitando atitudes de preconceito em relação ao diferente.