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3º ANO Danças

TEMA 1 – Danças indígenas

Tabela: equivalente textual a seguir.

Prepare-se para as aulas

Objetivos

• Conhecer e valorizar as danças indígenas como uma manifestação cultural brasileira.

• Experimentar e fruir as danças indígenas.

• Experimentar gestos, espaços e ritmos das danças indígenas.

Habilidades da BNCC

EF35EF09, EF35EF10, EF35EF11 e EF35EF12

Nesta unidade temática, serão abordadas apenas as danças de matriz indígena. As danças de matriz africana serão experimentadas no 5 ano.

Número de aulas

8

Materiais

Canudos de jornal, TNT (ou outros tipos de tecido), dispositivo eletrônico para reprodução de música.

Sequência de atividades

Mostre aos alunos uma imagem de dança indígena e instigue-os sobre o que veem. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”.

Avaliação

Por meio de análise de imagens, peça aos alunos que identifiquem as danças vivenciadas e que reflitam sobre as sensações obtidas nas aulas. Observe se na atividade de completar os alunos assimilaram o conteúdo do tema.

Para começar

Peça aos alunos que formem um grande círculo e se acomodem no chão. Leve para a aula uma imagem de dança indígena (pode ser uma cópia ampliada da fotografia a seguir) e instigue-os sobre o que eles veem: “A observação dessa foto nos fornece informações sobre pessoas, costumes, vestimentas? Quais?”, “Podemos afirmar que essas pessoas estão dançando? Por quê?”.

Caso os alunos tenham dificuldade de responder a essas questões, ajude-os no processo de descoberta. Indique alguns elementos retratados, como o movimento das vestimentas, as pinturas corporais (que podem se relacionar a diferentes rituais, festivos ou religiosos), a posição de troncos, braços e pernas, ou ainda a própria formação coletiva em círculo.

Em seguida, explique a eles que se trata de uma dança indígena de grande representatividade cultural, realizada pelos Kalapalo durante a Festa do peixe, no Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso. É importante ressaltar que os conhecimentos produzidos por esses e outros povos indígenas não são devidamente reconhecidos pela sociedade em que vivemos, daí a importância de conhecê-los na escola. Utilize as informações apresentadas em “Análise e Compreensão” para aprofundar essa reflexão inicial.

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Imagem: Fotografia. Um grupo de indígenas com o corpo pintado, cocar na cabeça e saia de palha. Eles estão em um círculo com o corpo inclinado para frente. Fim da imagem.

LEGENDA: Indígenas Kalapalo durante a Festa do peixe, no Parque Indígena do Xingu (MT), em 2017. Esse ritual chamado Tawarauanã é realizado sem data específica. Segundo os mitos indígenas, os peixes ensinaram essa cerimônia ao povo Kalapalo e atualmente ela é praticada por várias etnias no Alto Xingu. FIM DA LEGENDA.

Análise e Compreensão

As danças indígenas

As danças indígenas são práticas desenvolvidas com diferentes objetivos em cada povo. Elas podem ser comemorativas, preparatórias para combates e guerras, bem como para rituais de passagem para a vida adulta. Podem também estar relacionadas com colheitas e caças bem-sucedidas ou até mesmo com rituais fúnebres. Percebemos, portanto, os significados histórico-sociais que as danças possuem na construção e na reafirmação da identidade cultural dos povos.

Pinturas, adereços, máscaras, armas e instrumentos musicais são utilizados nessas danças segundo os objetivos delas, criando diferentes imagens e características durante sua execução. As danças indígenas contemplam uma ampla diversidade cultural que precisa ser respeitada e compreendida pelos alunos em razão de sua pluralidade e participação na construção social dos povos indígenas.

Os movimentos, as coreografias, as formações (roda, filas, colunas etc.) e os ritmos são criados e repassados de uma geração para outra, fortalecendo os signos corporais desses povos e mantendo suas tradições. Essa memória cultural consolida os sentidos do “ser” e denota como os indígenas personificam seus saberes corporais e as tradições locais por meio da dança.

Müller (2004) 1 , ao analisar as danças indígenas, aponta que os gestos ritualizados criam uma performance cênica diversa composta de ornamentos, manipulação de objetos e um processo distinto de ocupação dos espaços de dança. Temos nelas um conjunto de elementos que são organizados a partir de roteiros específicos, com formas e estilos que permitem uma apreciação estética que atinge uma dimensão mais ampla de contato consigo mesmo e com o outro (MÜLLER, 2004) 2 .

Nota de rodapé: 1. MÜLLER, R. P. Danças indígenas: arte e cultura, história e performance. Indiana, n. 21, 2004, p. 127-137. Fim da nota.

Nota de rodapé: 2. Op. cit. Fim da nota.

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Sugerimos dois exemplos de danças indígenas que podem ser exploradas nas aulas de Educação Física. Salientamos, contudo, que outras podem ser selecionadas com base no contexto e nas particularidades de cada grupo. É importante, entretanto, que essas práticas sejam tematizadas e conhecidas pelos alunos em sua diversidade e significados culturais, e não apenas de forma alegórica. Trata-se de refletir sobre o papel dos povos indígenas no Brasil e superar estereótipos ainda comuns em espaços educacionais.

A primeira delas é a dança do bate-pau ou dança da ema (Kihixoti-Kipaé), uma manifestação praticada pelos indígenas Terena, da aldeia de Limão Verde, em Aquidauana (MS). É uma manifestação realizada em dias festivos e/ou em outros eventos realizados pela comunidade. Com base em relatos orais, foi possível conceber que essa designação (dança da ema) está relacionada às vestimentas que os indígenas utilizam durante a prática, que eram confeccionadas historicamente com as penas desse animal. No geral, a dança remete à guerra contra o Paraguai, de forma que os movimentos fazem referência aos antepassados que venceram tal combate. A dança é executada por dois grupos, cada um liderado por seu cacique. Os grupos executam a dança em filas paralelas, realizando movimentos de forma conjunta (JESUS, 2007) 3 . Cada indígena traz consigo um bastão e, ao som da flauta e do tambor, desenvolve uma coreografia forte, baseada principalmente nas batidas do bastão.

A segunda é a dança Matipu, dos indígenas Matipu (habitantes da porção sul do Parque Indígena do Xingu), que, apesar de apresentar outras formações ao longo de sua coreografia (linha, cunha, bloco), traz o círculo como uma de suas possibilidades. O círculo, em particular, simboliza para esse povo uma forma de diplomacia, uma vez que eles se voltam uns aos outros quando estão nessa disposição, além de simbolizar uma aproximação com os bichos e com as divindades (VERÁS, 2000) 4 .

Experimentação e Fruição

1. Dança do bate-pau

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Experimentar e fruir uma possibilidade de dança indígena. Valorizar essa manifestação como um saber relevante da cultura, sem discriminação. Explorar gestos, ritmo e espaços de uma dança indígena.

Materiais: canudos produzidos com jornal para simbolizar o pedaço de pau; TNT (um tipo de tecido muito utilizado em artesanato e decoração de festas) ou outros tipos de tecido, como a chita, para a confecção de saias; e dispositivo eletrônico para reprodução de música (reprodutor de CD ou DVD; computador)

Dicas

Essas manifestações, além de não possuírem coreografias fixas, apresentam grande variação de movimentos quando realizadas. A intenção não é copiar uma coreografia, mas entender como essas danças são realizadas e proporcionar aos alunos uma pequena vivência delas.

Antes de iniciar a prática, caso considere relevante, confeccione saias de TNT para simbolizar as indumentárias características da dança do bate-pau. Elas podem ser feitas com tiras de TNT presas a um barbante-guia.

Nota de rodapé: 3. JESUS, N. T. Kohixoti-Kipaé, a dança da ema: memória, resistência e cotidiano Terena. 2007. 132 f. Dissertação (Mestrado). Universidade Nacional de Brasília. Fim da nota.

Nota de rodapé: 4. VERÁS, K. M. A dança Matipu: corpos, movimentos e comportamentos no ritual xinguano. 2000. 133 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Universidade Federal de Santa Catarina. Fim da nota.

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Para facilitar a assimilação dessa dança, sugerimos que você apresente aos alunos dois vídeos que podem ser baixados da internet: Bate-pau da aldeia Lagoinha. Disponível em: http://fdnc.io/dL6. Acesso em: 11 fev. 2021. Dança do penacho (bate-pau) – Terena. Disponível em: http://fdnc.io/dL7. Acesso em: 11 fev. 2021. Você pode usar a música que consta nesses vídeos na apresentação dos alunos.

Procedimentos

Prepare os canudos de jornal para serem levados para a sua aula e distribua-os a cada aluno, possibilitando-lhes explorar esse material, pois eles vão ter curiosidade de experimentá-lo. Procure orientá-los a ter cuidado principalmente com a ponta do canudo de jornal, evitando assim manipulações indevidas que os coloquem em risco.

Em um segundo momento, explique algumas disposições e alguns gestos típicos vivenciados nessa dança.

Organize os alunos em duas filas (disposição inicial da dança), uma paralela à outra, de modo que os ombros de quem estiver em uma fila fiquem ao lado dos ombros de quem estiver na outra. Entre as duas filas deve haver espaço suficiente para que os alunos possam movimentar os canudos de jornal (os paus).

Os canudos precisam ser direcionados para fora (tocando o chão) e para dentro (tocando o do colega), como pode ser observado na figura a seguir.

Imagem: Esquema. Movimentação dos canudos de jornal (paus) para fora e para dentro. Ilustração de um grupo de crianças uniformizadas vista de cima em duas imagens. 1. Elas estão em duas fileiras paralelas, na fileira da esquerda seguram os canudos de jornal para a esquerda. Na fileira da direita seguram os canudos de jornal para a direita. Acima uma seta indica o movimento do canudo para fora.  Fim da imagem.
Imagem: Esquema. 2. Eles estão em duas fileiras paralelas, na fileira da esquerda seguram os canudos de jornal para a direita. Na fileira da direita seguram os canudos de jornal para a esquerda, encostando os canudos com outra fileira. Acima uma seta indica o movimento do canudo para dentro.  Fim da imagem.

LEGENDA: Movimentação dos canudos de jornal (paus) para fora e para dentro. FIM DA LEGENDA.

Estimule os alunos a movimentar os pés acompanhando os canudos, isto é, quando eles forem direcionados para fora, deve-se dar um passo nessa direção, e vice-versa. Explore bastante essa movimentação com eles.

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Quando você observar que eles estão confortáveis, peça-lhes que também caminhem enquanto executam esses movimentos.

Outra possibilidade de movimentação é a coreografia de guerra. Sugira aos alunos que se virem um de frente para o outro e usem os canudos de jornal para imitar uma luta. Solicite uma sequência simples e peça a eles que a repitam ao longo da música. Por exemplo: os alunos, uma vez de frente um para o outro (ainda na disposição de filas), batem duas vezes um canudo no outro e, em seguida, batem o seu canudo no chão.

Para finalizar essa vivência da dança do bate-pau, peça a eles que caminhem em filas pelo espaço de dança, no ritmo da música, explorando expressões corporais de combate ao erguerem seus canudos.

2. Dança Matipu

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

O b jetivos: Experimentar e fruir outra possibilidade de dança indígena. Valorizar essa manifestação como um saber relevante da cultura, sem discriminação. Explorar gestos, ritmo e espaços de outra dança indígena.

Material: canudos de jornal

Dicas

Essas manifestações, a exemplo da dança do bate-pau, também não possuem coreografias fixas e apresentam grande variação de movimentos quando realizadas. O objetivo não é copiar uma coreografia, mas entender como essas danças são realizadas e permitir uma pequena vivência delas pelos alunos.

A sugestão da coreografia dessa dança é fundamentada na descrição encontrada no trabalho de Karin Maria Verás (2000) 5 , em que ela descreve como essa dança é desenvolvida.

Procedimentos

Proponha a realização de uma vivência com a dança xinguana (Matipu).

Use as informações que constam no final do texto da seção “Análise e Compreensão” para introduzir essa dança, a qual é realizada em roda e sem que seus participantes deem as mãos uns aos outros.

Explique que os indígenas se movimentam para um dos lados (girando lentamente para a direita, por exemplo). O corpo fica voltado para a terra, como se ela o puxasse para dentro do solo (o que denota a relação com a natureza).

A partir desses movimentos básicos, eles realizam outros, bem diferentes. A seguir, sugerimos quatro deles, que podem ser repetidos ao longo da coreografia.

1. Bater um dos pés com força no chão.

2. Balançar os braços ao longo do corpo (para a frente e para trás), ao mesmo tempo que executa a batida de um dos pés no chão.

3. Em círculo, caminhar para dentro dele, marcando forte a pisada com um dos pés. Retornar ao lugar, abrindo o círculo novamente, e executar o mesmo passo de costas.

4. Executar o mesmo passo, com a pisada forte com um dos pés, pa ra a lateral, de maneira que o círculo se movimente no sentido horário e depois no anti-horário.

Nota de rodapé: 5. Op. cit. Fim da nota.

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Produza com os alunos lanças de papel (canudos feitos de jornal enrolado) para que eles possam segurá-las durante a dança, simbolizando as ferramentas indígenas. É importante repetir essa pequena sequência várias vezes, pois a dança Matipu tem a forte característica da repetição.

Cabe a você estabelecer um fundo musical para a dança, o que pode ser feito por meio de batidas de mãos, por exemplo. Experimente diferentes ritmos e peça aos alunos que os acompanhem.

Discussão

Ao final dessas experimentações, discuta com os alunos a importância de se conhecer e valorizar a cultura indígena, bem como respeitar seus rituais. Ressalte os elementos relacionados ao valor que a dança assume entre os povos indígenas ao remeter às suas principais atividades, como a caça, a pesca, as festas, as celebrações, as guerras, entre outras. Trata-se, portanto, de uma prática indissociável das atividades sociais desses povos, carregando signos históricos, que são transmitidos ao longo das gerações. Esses saberes são fundamentais para que os alunos adquiram um olhar crítico sobre essas manifestações, sabendo abordá-las sem discriminação.

Destaque ainda a importância da simbologia do círculo e da forte relação com os elementos da natureza, como no caso da dança Matipu. Reforce quanto essa dança reflete a vida indígena e sua subsistência, de modo que ela faz parte também de um ritual de agradecimento e de fortalecimento desses laços com a natureza.

Trata-se de uma oportunidade para refletir também sobre a consciência socioambiental, destacando o modo de vida dos povos indígenas. Se possível, planeje com o professor da turma ações ambientais que podem ser colocadas em prática na escola e na comunidade, como reciclagem, manutenção e limpeza dos espaços individuais e coletivos, evento ecológico com as famílias, entre outras possibilidades. Caso seja possível em seu contexto, convide uma liderança indígena da região para conversar com os alunos sobre as tradições e danças do seu povo.

Por fim, ofereça oportunidade para os alunos expressarem o que sentiram durante as atividades.

Boxe complementar:

Para saber mais

  • MÜLLER, R. P. Danças indígenas: arte e cultura, história e performance . Indiana, n. 21, 2004, p. 127-137. Disponível em: http://fdnc.io/dL8. Acesso em: 11 fev. 2021.
  1. autora analisa algumas danças indígenas enquanto manifestações estéticas, culturais e sociais, que possuem significados relevantes para a identidade de seus povos.
    • JESUS, N. T. Kohixoti-Kipaé, a dança da ema: memória, resistência e cotidiano Terena. 2007. 132 f. Dissertação (Mestrado). Universidade Nacional de Brasília.
    1. texto apresenta o povo Terena da aldeia indígena Limão Verde (MT), tomando como ponto de partida o Kohixoti-Kipaé (a dança da ema).
      • VERÁS, K. M. A dança Matipu: corpos, movimentos e comportamentos no ritual xinguano. 2000. 133 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas.
      1. Investigação sobre a corporalidade e visualidade da dança Matipu, do grupo Matipu (Parque Indígena Xingu).

Fim do complemento.

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Avaliação e Registro

  1. Faça cópias das imagens sugeridas a seguir e entregue-as aos alunos. Peça-lhes que identifiquem uma das danças que foram praticadas por eles.

a)

Imagem: Fotografia. Um grupo de indígenas com o corpo pintado, cocar na cabeça, saia de palha.  Fim da imagem.

LEGENDA: Festa do peixe, Alto Xingu, 2017. FIM DA LEGENDA.

b)

Imagem: Fotografia. Um menino usando boné, regata branca, camiseta, calça jeans e tênis. Ele está com a mão esquerda e o pé direito apoiando o chão, com o joelho esquerdo dobrado com o pé sobre a perna direita e a mão direita no ar. Atrás, um círculo com diversas pessoas, com os braços para cima, outros segurando máquina fotográfica. Fim da imagem.

LEGENDA: Hip-hop, em São Paulo (SP), 2019. FIM DA LEGENDA.

c)

Imagem: Fotografia. Um grupo com roupas coloridas, de mãos dadas fazendo uma roda. Há ao redor diversas pessoas olhando para eles. Na parte superior, decoração com tiras de chita.  Fim da imagem.

LEGENDA: Quadrilha, em Campina Grande (PB), 2017. FIM DA LEGENDA.

d)

Imagem: Fotografia. Um grupo de pessoas com roupa colorida segurando um guarda-chuva pequeno e colorido. No fundo a fachada de um prédio amarelo com porta marrom.  Fim da imagem.

LEGENDA: Frevo, em Olinda (PE), 2020. FIM DA LEGENDA.

  1. Pergunte aos alunos como eles se sentiram durante as danças indígenas: “Foi fácil ou difícil vivenciá-las?”, “O que chamou mais sua atenção?”. Depois, sugira a eles que escrevam um pequeno relato sobre essa experiência. Se possível, peça ajuda ao professor de Língua Portuguesa, desenvolvendo com ele uma ação interdisciplinar com base nas danças indígenas.
  1. Escreva na lousa os itens propostos para a questão. Você pode compor um quadradinho para cada letra, deixando algumas escritas como pistas (veja o exemplo abaixo). Leia para eles cada item, que deve ser respondido colocando uma letra em cada quadradinho.

    a) Ilustração de seis quadradinhos, cada um com uma letra, sendo elas: D; A; N; Ç; A; S. Espaço. Ilustração de nove quadradinhos, cada um com uma letra, sendo elas: I; N; D; Í; G; E; N; A; S.

    Resposta correta: DANÇAS INDÍGENAS

    1. Manifestações que possuem significados histórico-sociais importantes, que são realizadas com finalidades comemorativas, de guerra ou de gratidão. (danças indígenas)
    1. Dança típica do povo indígena Terena, da aldeia Limão Verde, também conhecida como dança da ema. (bate-pau)
    1. Dança indígena que possui forte ligação com a natureza. (Matipu)
    1. Tema principal da dança da ema, representado pelos pedaços de pau e expressões corporais de luta desenvolvidas ao longo da manifestação. (guerra)

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TEMA 2 – As danças populares do Brasil: a catira

Tabela: equivalente textual a seguir.

Prepare-se para as aulas

Objetivos

Reconhecer as danças populares do Brasil como um patrimônio cultural relevante.

Explorar e fruir os gestos, ritmos e os espaços da catira.

Compreender e respeitar pessoas com algum tipo de deficiência por meio da dança da catira (ou outra de sua escolha), introduzindo algumas limitações físicas.

Habilidades da BNCC

EF35EF09, EF35EF10, EF35EF11 e EF35EF12

Número de aulas

8

Material

Dispositivo eletrônico para reprodução das cantigas.

Sequência de atividades

Pergunte aos alunos se já conhecem a catira ou outra dança popular escolhida por você. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”.

Sensibilização

Após as atividades anteriores, realize as propostas da seção “Construção de valores”.

Avaliação

Verifique se os alunos assimilaram o conteúdo do tema pelos desenhos que fizeram das experiências de aula e da pesquisa com as principais características da catira (ou outra dança popular). Reflita com eles sobre a valorização e a importância das danças populares.

Dica: A proposta deste tema é levar os alunos a experimentar e conhecer danças populares brasileiras. Embora a dança sugerida seja a catira, você tem autonomia para selecionar manifestações que estejam mais relacionadas com o contexto de sua escola ou comunidade.

Para começar

Reúna os alunos em uma grande roda. Pergunte-lhes se já conhecem a catira. Caso ninguém a conheça ou seja pouco conhecida, apresente a eles essa dança popular típica do Sudeste e do Centro-Oeste brasileiro.

Para esse aprofundamento, sugerimos a exibição do vídeo, que mostra uma apresentação do grupo Os favoritos da Catira. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2lZJBKXL2lc . Acesso em: 11 fev. 2021.

Amplie seus conhecimentos sobre essa manifestação em “Análise e Compreensão”. Depois, informe os alunos sobre a história e as características principais da catira, contextualizando-a.

Análise e Compreensão

Catira: por dentro da batida da viola

As danças populares ou folclóricas se caracterizam pelas mudanças que assumem em suas particularidades e rituais, uma vez que se apropriam de tradições em regiões específicas e agregam diferentes valores e intencionalidades. Elas surgem em conjunto com o desenvolvimento da própria humanidade, visto que as convenções sociais e políticas do seio primitivo foram constituídas, transformadas e repassadas por meio da comunicação e expressividade presentes nessas manifestações (NANNI, 1995) 6 .

Nota de rodapé: 6. NANNI, D. Dança-Educação: Pré-escola à Universidade. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. Fim da nota.

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Ao longo do tempo, as danças populares sofrem mudanças e vão se tornando tradições em determinadas regiões, processo que pode acontecer por meio de diversos caminhos. As danças populares recebem influências diretas da intensa miscigenação que ocorreu no Brasil no início de sua colonização, fator determinante na profusão de ritmos e danças tão diversos em todo o território nacional (NANNI, 1995) 7 . O trato desse conteúdo na escola pode possibilitar o reconhecimento e a valorização da cultura do nosso país, além de reforçar a importância do conhecimento produzido e transformado pela cultura popular. Para tanto, sugerimos a abordagem desse tema por meio da catira, sem desqualificar a sua autonomia e a da comunidade de selecionar manifestações que estejam mais de acordo com o contexto da escola.

A catira é uma dança rural característica principalmente do Sudeste brasileiro (CASCUDO, 2012) 8 . Existem muitas controvérsias sobre sua origem, mas é possível que tenha recebido influências indígenas, africanas e europeias em solo brasileiro.

A catira, ou cateretê, se caracteriza pelo “bate-pé” e “bate-mão” realizado pelos catireiros ao som da viola caipira. Além disso, podem ser desenvolvidos saltos e volteios durante a coreografia. Essa dança foi difundida pelos tropeiros nos momentos de descanso das longas jornadas no transporte de gado. Eles dançavam batendo os pés e criando ritmos sob a lua. Nessas andanças, a catira acabou sendo bastante disseminada principalmente pelo interior de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.

Devido ao contexto de seu surgimento, a catira era executada principalmente por homens, pois eram eles que desempenhavam a atividade rural. Todavia, com o passar do tempo, a catira adentrou os lares das famílias camponesas, recebendo homens, mulheres e crianças.

Para execução dos passos, inicialmente as pessoas ficam organizadas em duas filas, uma de frente para a outra, realizando fortes batidas com as mãos e pés ao som da viola caipira (CASTILHO; CASTILHO, 2005) 9 .

Experimentação e Fruição

1. Mobilização inicial

Objetivos: Explorar e analisar as principais características da catira.

Material: dispositivo eletrônico para reprodução da cantiga (reprodutor de CD ou DVD ; computador)

Procedimentos

Disponha os alunos em roda e peça-lhes que analisem o vídeo sugerido na seção “Para começar”. Incentive o debate por meio de perguntas: “Como é a vestimenta de quem dança a catira?”, “Quais partes do corpo são mais utilizadas na coreografia?”, “É produzido algum som específico que vocês não percebem em outras danças?”, “Como é a música dançada?”.

Espera-se que os alunos identifiquem o som produzido pelas batidas de botas em um tablado de madeira, característica marcante da catira. Os dançarinos utilizam principalmente esse movimento, em conjunto com as palmas, para executar uma coreografia de catira.

Nota de rodapé: 7. Op. cit. Fim da nota.

Nota de rodapé: 8. CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. 12. ed. São Paulo: Global, 2012. Fim da nota.

Nota de rodapé: 9. CASTILHO, D.; CASTILHO, W. Raízes caipiras de Piracicaba na era da globalização: cururu, catira e moda de viola. Piracicaba: C.N. Editora, 2005. Fim da nota.

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Caso não seja possível a exibição do vídeo, sugerimos a você que leve uma imagem para a aula, como a sugerida a seguir.

Imagem: Fotografia. À esquerda, uma menina e dois homens usando chapéu, camisa laranja, calça jeans e botas. Eles estão em uma fileira de perfil. À esquerda, uma mulher e dois homens usando as mesmas roupas, de perfil em fileira. No fundo, um palco e um homem, também de chapéu, segurando um violão. Ao lado, um homem de boné, camiseta e short, com as mãos em uma mesa de som.  Fim da imagem.

LEGENDA: Dança da catira. São Luiz do Paraitinga (SP), 2014. FIM DA LEGENDA.

Identifique com os alunos a vestimenta básica da catira: chapéu de vaqueiro, botas de cano longo, calça comprida, camisa de manga longa. Em algumas regiões, costuma-se usar camisa xadrez e gravata feita com lenço.

As partes do corpo mais usadas para executar as batidas que marcam a música são os pés e as mãos, os quais produzem o som característico ouvido durante a apresentação.

A música predominante dessa dança é o sertanejo de raiz (“tradicional” ou “sertanejo antigo”), acompanhado pela viola caipira.

2. Aprendizagem dos passos

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Experimentar e fruir passos de catira. Respeitar o colega durante a aula. Reconhecer e valorizar a catira como uma dança popular brasileira.

Material: dispositivo eletrônico para reprodução da cantiga (reprodutor de CD ou DVD; computador)

Procedimentos

Proponha aos alunos que realizem sequências de “bate-pé” e de “bate-mão”. Considere a seguinte sugestão:

Eles devem bater o pé esquerdo no chão três vezes e, em seguida, o pé direito, também três vezes. Na sequência, bater palmas (três vezes) e, depois, bater o pé esquerdo no chão (também três vezes). Para finalizar, peça aos alunos que deem um giro no lugar.

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Crie com eles o ritmo dessa batida ou escolha uma música caipira para guiar o ritmo da atividade. Sugerimos a apresentação do vídeo “Tião Carreiro e Pardinho, pagode com catira”, disponível em: http://fdnc.io/dLb. Acesso em: 11 fev. 2021.

Outra possibilidade de sequência: os alunos batem palmas quatro vezes e, em seguida, o pé esquerdo no chão, também quatro vezes, e logo depois o direito (quatro vezes). Na sequência, eles batem palmas (quatro vezes), o pé esquerdo no chão (quatro vezes) e o direito (quatro vezes). Para finalizar, peça-lhes que deem um salto no lugar.

Repita essa sequência com os alunos para que eles se apropriem dos movimentos. Depois, coloque uma música de catira para que eles aperfeiçoem a coreografia. O ritmo das batidas pode ser determinado por você. Contudo, o ideal é acompanhar as batidas da parte instrumental que já aparecem nas músicas típicas da catira, o que amplia o efeito sonoro.

Respeite as dificuldades dos alunos e peça a eles que se respeitem, afinal, é difícil coordenar os movimentos com pouco tempo de ensaio.

3. Variação

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Estimule os alunos a realizar a mesma sequência explorando outras partes dos pés. Por exemplo: bater a ponta dos pés, o calcanhar ou o pé inteiro no chão. Além disso, é possível se deslocar pelo espaço batendo um dos pés no chão, realizando sequências rítmicas. Como foi cada experiência?

Discussão

Ao final das vivências, pergunte aos alunos quais foram as principais dificuldades encontradas na realização da dança da catira.

Acompanhar o ritmo da catira, por exemplo, pode ser algo complexo, pois as músicas são aceleradas. Todavia, com treino e paciência, os passos ficam bem definidos e coordenados com as músicas. Procure saber também como eles se sentiram durante a realização das danças.

Reforce com os alunos a relevância de conhecer e vivenciar esse conteúdo da cultura popular, que, para a comunidade rural dos tropeiros, é uma forma de lazer e diversão.

Destaque também o potencial das danças populares e seus significados distintos para cada grupo social enquanto manifestações culturais.

4. Criação de coreografia

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Recriar a catira a partir do que foi desenvolvido em aula. Valorizar o reconhecimento dessa prática corporal. Ampliar as experiências corporais e rítmicas com a catira.

Material: dispositivo eletrônico para reprodução da cantiga (reprodutor de CD ou DVD ; computador)

Procedimentos

Proponha a construção coletiva de uma coreografia de catira. Inicialmente escolham a música que vão utilizar, pois facilita o processo de exploração dos gestos e a identificação do ritmo. No YouTube, é possível encontrar algumas inspirações, sugerimos uma da Escola Glória, disponível em: http://fdnc.io/dLa. Acesso em: 24 jan. 2021. Você pode inicialmente trabalhar em pequenos grupos e, depois, incorporar as criações na coreografia da turma. Oriente-os a explorarem as batidas de pés, mãos, giros no lugar e deslocamentos pelo espaço. Também é possível criar pequenas encenações para inserir na composição, o que pode ser auxiliado pelo professor de Arte. Além disso, procure trabalhar com diferentes aspectos da catira (letras de música, como era a vida no campo, quem foram os tropeiros, entre outros), em conjunto com o professor da turma.

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Dica: Para acentuar o som das batidas no chão, construa pequenos suportes para os pés com elásticos e tampinhas de garrafa. Amasse as tampinhas de modo que elas fiquem expandidas. Depois, fixe-as com cola em um elástico. Coloque esses materiais nos pés dos alunos, conforme indicado na figura a seguir. Quando eles os baterem no chão, o som da batida ficará mais acentuado. Outra sugestão é executar os passos em cima de um tablado de madeira ou pedir para que usem botas.

Imagem: Ilustração. Um tênis. Na parte inferior uma tampinha presa com um elástico na parte do calcanhar.  Fim da imagem.

LEGENDA: Suporte feito com tampinha de garrafa e elástico colocado em um calçado. FIM DA LEGENDA.

Construção de valores

1. Deficiência física

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Vivenciar a dança da catira. Sensibilizar os alunos para o respeito às pessoas com alguma deficiência física.

Procedimentos

Se você tiver em sua classe algum aluno com deficiência física relacionada com a paralisia nos membros inferiores, ofereça a ele dois pedaços pequenos de madeira, cada um deles com, no mínimo, 10 centímetros de espessura. Durante a execução das atividades, peça-lhe que bata uma madeira na outra, no ritmo da dança.

Esse procedimento inclui esse aluno na atividade, possibilitando-lhe desenvolver as coreografias em conjunto com os demais.

Quando o momento for de bater palmas, esse aluno deixa de lado os pedaços de madeira e bate palmas, como os outros.

Como a mudança entre os movimentos com as madeiras e as palmas pode demandar um pequeno tempo, solicite a esse aluno que fique sentado no chão, pois procedendo dessa forma ele não perde o ritmo e pode acompanhar mais facilmente os movimentos.

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2. Deficiência auditiva

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Objetivos: Vivenciar a dança da catira. Sensibilizar os alunos para a questão da deficiência auditiva.

Procedimentos

Se você tiver alunos com deficiência auditiva, peça-lhes que reproduzam os movimentos dos colegas, mesmo sem escutar os sons. Assim, eles podem compreender quais são as características principais dessa manifestação. Se considerar oportuno, ofereça pedaços de madeira a esses alunos, pois eles podem sentir as vibrações produzidas por esse material. Outra estratégia é posicionar o aluno próximo ao solo ou tablado em que os passos serão desenvolvidos, o que também permite sentir a vibração dos sons produzidos pela dança.

3. Deficiência visual

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Objetivos: Vivenciar a dança da catira. Sensibilizar os alunos para a questão da deficiência visual.

Procedimentos

Os alunos com deficiência visual também podem participar da aula. Solicite a eles que acompanhem a atividade reproduzindo os sons das batidas das mãos e dos pés. Contudo, demonstre com o grupo a diferença entre os sons produzidos por palmas e batidas dos pés, para que eles consigam diferenciar bem cada um deles e participar ativamente das tarefas.

Boxe complementar:

Para saber mais

  1. BORGES, C. M. O povo brasileiro e a catira. EFDeportes.com, Revista Digital, n. 139, dez. 2009. Disponível em: http://fdnc.io/dLc. Acesso em: 11 fev. 2021.

    O artigo conta um pouco da história e das características da catira.

Fim do complemento.

Avaliação e Registro

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  1. Solicite aos alunos que façam um desenho sobre a experiência deles com a catira. Se possível, convide o professor de Arte e proponha uma ação interdisciplinar. Dessa forma, é possível ampliar as possibilidades artísticas da atividade.
  1. Peça aos alunos que escrevam as principais características da catira em relação aos seguintes elementos: vestimentas, música, história e coreografia (passos executados).
  1. Reflita com os alunos sobre a importância de conhecer as danças populares brasileiras nas aulas de Educação Física. Em um segundo momento, peça-lhes que escrevam uma pequena frase que resuma essa reflexão.
  1. Solicite aos alunos que pesquisem um vídeo de catira na internet (com a supervisão de um adulto) e respondam às seguintes perguntas: “De qual local é o vídeo?”; “Do que mais gostaram nele?”.
    1. Peça aos alunos que escolham um passo da dança exibida no vídeo e tentem reproduzi-lo em classe.