41
3º ANO – Esportes
Tema 1 – Diferença entre jogo e esporte
Tabela: equivalente textual a seguir.
Prepare-se para as aulas |
|
Objetivos |
Entender determinados conceitos que estabelecem se uma prática corporal pode ser considerada jogo ou esporte. Compreender a transformação do jogo em esporte. Vivenciar basquetebol adaptado a pessoas com deficiência física de membro inferior. |
Habilidades da BNCC |
EF35EF05 e EF35EF06 |
Número de aulas |
8 |
Materiais |
Bolas de borracha, bolas de basquetebol, baldes (ou arcos), barbante, cópias (impressões) de fotografias e cadeiras (ou papelão ou colchonetes). |
Sequência de atividades |
Pergunte aos alunos se veem diferença entre jogo e esporte. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”. |
Sensibilização |
Após as atividades anteriores, realize as propostas da seção “Construção de valores”. |
Avaliação |
Verifique a aprendizagem por meio do registro em desenhos e/ou pequenos textos. |
Para começar
Introduza o tema esclarecendo aos alunos que, nesta conversa inicial, eles vão ser desafiados a refletir sobre a diferença entre jogo e esporte. Explique que é muito comum as pessoas confundirem a prática de algum tipo de jogo com a de esporte.
Para motivar o debate e fazer um levantamento do conhecimento prévio dos alunos sobre esse tema, leve para a aula cópias das imagens a seguir e pergunte a eles quais delas se referem a jogos e quais se referem a esportes.
Depois de ouvir suas respostas e observações, ressalte que uma atividade precisa seguir regras para ser considerada esporte, como determinar o número de jogadores em cada equipe, as características do espaço físico em que é realizada, o tempo da competição ou a forma de pontuação, além de precisar de arbitragem especializada.
Adverte-se também que no esporte há instituições (associações, federações, confederações) responsáveis pela organização e normatização das competições das diversas modalidades esportivas, enquanto no jogo os próprios participantes definem como será desenvolvida a atividade, estabelecendo-se acordos entre eles.
Considerando essas informações, a análise das fotografias nos permite citar o futebol de campo e o handebol como esportes.
42
LEGENDA: “Pelada”. Futebol em campo de terra na aldeia dos xavantes Bom Sucesso, General Carneiro (MT), 2020. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Queimada. Brincadeira em São Caetano do Sul (SP), 2016. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Futebol de campo. Seleções femininas de Brasil e Equador em amistoso, São Paulo, 2020. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Handebol. Jogo entre Fuechse Berlin (Alemanha) e USAM Nimes (França), Berlim, Alemanha, 2021. FIM DA LEGENDA.
Análise e Compreensão
1. Jogo e esporte como conteúdos da Educação Física escolar
O jogo e o esporte apresentam-se como importantes conteúdos da Educação Física escolar, sendo possível, inclusive, estabelecer interfaces entre eles. Determinados tipos de jogo, por exemplo, podem ser utilizados como instrumentos pedagógicos para o ensino de modalidades esportivas. É por isso que diversos autores os consideram “jogos pré-desportivos”.
É importante salientar que, durante a vivência e a experimentação de um esporte nas aulas de Educação Física, raramente você terá de lidar com todas as regras oficiais, sendo pedagogicamente mais apropriada a realização de jogos cuja aprendizagem seja mais fácil. Entretanto, é essencial que os alunos compreendam as diferenças entre essas duas categorias de práticas corporais para que tenham consciência do tipo de atividade realizada, bem como sejam capazes de identificar essas manifestações em locais públicos, em clubes e nas mídias, entre outras possibilidades.
Para que um jogo seja considerado esporte ele precisa estar atrelado a alguma instituição (associação, federação ou confederação), a qual é responsável por estruturar uma normatização para sua prática, estabelecer regulamentos e definir regras que devem ser válidas para competições realizadas em qualquer lugar do mundo. Deixe claro para os alunos que, diferentemente dos esportes, nos jogos não há padronização de formas, estruturas ou regras, podendo tudo ser alterado de acordo com os interesses dos participantes da atividade.
43
A distinção entre jogo e esporte pode ser resumida do seguinte modo: o primeiro possui flexibilidade de regras e o segundo conta com regras universais, ou seja, enquanto o jogo de queimada, por exemplo, praticado na escola de um bairro pode ter regras diferentes das do realizado na escola do bairro vizinho, o esporte handebol tem as mesmas regras quando jogado no Brasil, na China ou no Egito. É importante destacar que a modificação das regras de um esporte no contexto escolar constitui uma ferramenta didática para que os alunos tenham acesso ao jogo como estratégia de aprendizagem e ao esporte como representação social, imbricados em uma mesma manifestação.
Assim, ao organizar o seu planejamento, é fundamental que você estabeleça a distinção entre os conteúdos jogo e esporte, oferecendo tempo e espaço pedagógico para que essas duas práticas corporais sejam abordadas de forma específica, promovendo contextualizações, vivências, reflexões e discussões a respeito dos elementos pertencentes tanto ao jogo quanto ao esporte. Portanto, haverá dois momentos distintos para o jogo no desenvolvimento das aulas de Educação Física escolar: como conteúdo específico pertencente à esfera da cultura corporal de movimento e como instrumento pedagógico no tratamento do conteúdo esporte. Dessa forma, no primeiro caso, o jogo pode se constituir em popular, cooperativo, de tabuleiro, entre outras possibilidades, enquanto na segunda perspectiva se apresenta como uma importante ferramenta para o processo de ensino e aprendizagem de diferentes modalidades esportivas.
2. Transformação do jogo em esporte
O ser humano é capaz de interferir na cultura criando, reproduzindo e transformando seus diferentes elementos. Essa capacidade fica evidente quando procuramos entender a origem de várias modalidades esportivas, pois, ao constatarmos que os jogos são criados, reproduzidos e que alguns deles sofrem o processo de esportivização, é possível visualizar o surgimento de uma modalidade esportiva. Esse processo pode continuar e, a partir de determinada modalidade, serem criadas novas formas de jogo e, então, surgir mais um esporte.
O voleibol é um bom exemplo desse processo. Esse jogo, criado em 1895 e chamado de “mintonette” em sua origem, passou a contar com uma instituição esportiva, a qual normatizou as regras da modalidade denominada voleibol. Inicialmente, sua prática ocorria apenas em quadras de cimento ou madeira, mas, posteriormente, foram realizados jogos utilizando a bola de vôlei na areia da praia, criando-se então o vôlei de praia. Além disso, o jogo sofreu adaptações para atender grupos específicos de indivíduos, sendo criadas também novas modalidades, como o vôlei para a terceira idade e o voleibol paralímpico (vôlei sentado). Do basquetebol, por exemplo, surgiram o basquete “3x3” e o paralímpico (para cadeirantes); o handebol originou o handebol de praia e o para cadeirantes.
É importante ter claro que esse processo continua, pois o ser humano intervém na cultura a todo momento, inventando e adaptando jogos, alguns dos quais podem resultar em novas modalidades esportivas. Cabe também ressaltar que é pouco comum uma determinada prática corporal já nascer como esporte, pois grande parte das modalidades esportivas é oriunda de algum tipo de jogo.
Experimentação e Fruição
1. Basquetebol: do jogo ao esporte
Objetivos: Compreender o processo de transformação do jogo até a modalidade esportiva basquetebol. Experimentar movimentos do basquetebol.
Materiais: bolas de borracha, bolas de basquetebol, baldes (ou arcos) e barbante
44
Procedimentos
PROFESSOR
Possibilite as seguintes vivências:
- Organize a classe em grupos de seis alunos e entregue a cada grupo uma bola de borracha e um balde (ou arco). Enquanto um dos alunos do grupo segura o balde (ou arco), os demais posicionam-se a uma distância de aproximadamente 5 metros para arremessar a bola de modo que ela entre no balde (ou atravesse o arco).
- Em outra vivência, amarre o balde (ou arco) no alto de alguma estrutura (alambrado da quadra, árvore ou poste) e oriente os alunos a arremessar a bola na direção do balde (ou do arco). Nesse caso, flexibilize a distância dos arremessos.
- Use a mesma estrutura da atividade anterior nessa outra vivência. Forme duas equipes de três jogadores com a subdivisão de cada grupo. As equipes devem tentar fazer a cesta no balde (ou arco) e, para alcançar esse objetivo, além do arremesso, seus integrantes podem fazer os movimentos do passe e do drible (posteriormente, caso considere oportuno, substitua a bola de borracha pela de basquete).
- Nessa atividade final, utilize a quadra inteira, a bola de basquete e o
cesto
da quadra esportiva. Faça um revezamento entre os grupos (agora com cinco integrantes) para a realização do jogo. Não há necessidade de utilizar as regras oficiais da modalidade, pois isso poderia tornar a atividade menos prazerosa.
Discussão
É fundamental discutir com os alunos as transformações do jogo durante essas vivências, incluindo a incorporação de novos movimentos (passe e drible) e a utilização do material adequado (bola, aro e cesta de basquetebol), aproximando-o das características do esporte. Faça perguntas estratégicas para verificar se os alunos compreenderam a diferença entre jogo e esporte: “Nós praticamos um jogo ou um esporte? Por quê?”, “O que falta para chegarmos ao esporte basquetebol?”, “Quem precisa seguir as regras oficiais desse esporte?”.
Ao final dessa conversa, explique aos alunos que é mais interessante aprender essa modalidade esportiva flexibilizando as regras oficiais do que segui-las à risca, como se eles fossem atletas profissionais. Aproveite para informar aos alunos que quando surgiu o jogo que posteriormente se transformaria no basquetebol, as regras não eram padronizadas, nem mesmo os materiais usados como bola e aro da cesta eram como os utilizados atualmente.
Também é interessante discutir a respeito da aquisição de determinadas marcas para a prática do esporte: não é preciso investir, por exemplo, na compra de uma bola oficial utilizada na NBA para a prática do basquetebol ou no mesmo modelo de chuteira que um jogador de futebol famoso usa.
2. Surgimento de jogos e esportes
Objetivo: Compreender a possibilidade do surgimento de novos jogos e esportes a partir de determinada modalidade esportiva.
Material: cópias (impressões) de fotografias
Procedimentos
O propósito dessa atividade é explicar aos alunos que novos jogos e esportes também podem surgir de uma modalidade já existente. O exemplo escolhido para ser trabalhado com eles é o voleibol.
45
Faça cópias ampliadas das fotografias a seguir (ou imprima imagens semelhantes pesquisadas na internet) para serem distribuídas aos alunos. As imagens devem estar relacionadas com as seguintes modalidades esportivas: voleibol de quadra e esportes que surgiram dessa modalidade, como o vôlei de areia, o vôlei para a terceira idade, o biribol (vôlei na piscina), o futevôlei e o vôlei paralímpico (sentado).
LEGENDA: Vôlei de quadra. Times espanhóis durante a Copa do Rei, Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, 2021. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Vôlei para a terceira idade. 21º Jogos Regionais do Idoso, Praia Grande (SP), 2017. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Futevôlei. Brasileiros Lalazinho e Luciano durante a Copa do Mundo de Futevôlei, Córsega, França, 2018. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Vôlei de areia. Brasil e Cuba nos Jogos Olímpicos 2016, no Rio de Janeiro. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Biribol. 80ᵒ Jogos Abertos do Interior, São Bernardo do Campo (SP), 2016. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Vôlei paralímpico (sentado). Canadá e Brasil nos Jogos Paralímpicos 2016, no Rio de Janeiro. FIM DA LEGENDA.
Depois de considerar as observações e os comentários dos alunos sobre as fotografias, leve-os a perceber a possibilidade de surgimento de outras modalidades esportivas com base em uma já consagrada. Ressalte o exemplo do voleibol de quadra. Em seguida, questione-os se conhecem outras modalidades esportivas que geraram novas formas de jogos e, por consequência, novos esportes.
Construção de valores
Basquetebol para cadeirantes
Objetivo: Vivenciar o jogo adaptado a pessoas com deficiência física de membro inferior.
Materiais: bola de borracha, bola de basquetebol e cadeiras (ou papelão ou colchonetes)
46
PROFESSOR
Procedimentos
Organize a turma em grupos, com aproximadamente oito integrantes, e estabeleça as seguintes regras para a prática do jogo: cada aluno deve dispor de uma cadeira (ou pedaço de papelão ou colchonete). Quando receber ou passar a bola, ele tem de estar sentado na cadeira, deslocando-se somente sem a posse de bola. Para esse deslocamento, ele precisa ficar em pé e transportar a cadeira. Explique que a bola não pode ser retirada da mão do adversário. Para facilitar os movimentos com a bola, comece o jogo com uma bola de borracha e, em seguida, avalie a possibilidade de utilizar a de basquetebol.
Ao final da vivência, converse com os alunos sobre possíveis dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência física, como deslocamentos, limitações para execução do passe e do arremesso etc.
Fale também sobre o direito de as pessoas com deficiência praticarem esportes, procurando saber com os alunos se eles conhecem algum local que atenda pessoas com essas características para a prática esportiva.
Aproveite o momento para relacionar os direitos humanos com o acesso de pessoas com deficiência ao conhecimento e à vivência de modalidades esportivas. Advirta que, independentemente de gênero, etnia, classe social ou algum tipo de deficiência, a possibilidade de usufruir os diferentes elementos da cultura corporal de movimento é um direito de todas as pessoas. Portanto, é essencial, caso se mostre necessário, realizar adaptações para atender às especificidades de cada indivíduo, proporcionando uma prática apropriada e segura.
Dica: Caso haja algum cadeirante na turma, a atividade ficará ainda mais significativa, pois ele participará do jogo utilizando a própria cadeira. Nesse caso, é importante avaliar as possibilidades de participação desse aluno conforme seu tipo de deficiência e grau de comprometimento e tomar todas as medidas de segurança para evitar acidentes. Se a escola dispuser de cadeiras de rodas, elas podem ser incorporadas ao jogo em sistema de rodízio entre os alunos.
Nessa atividade, em especial, fique atento às questões de segurança. Procure conscientizar os alunos para que tenham cuidado nos deslocamentos, tanto em relação ao possível aluno cadeirante como ao utilizar uma cadeira comum (uma sugestão é combinar com eles que o deslocamento ocorra apenas quando estiverem andando).
Boxe complementar:
Para saber mais
As páginas sugeridas a seguir podem ser indicadas para os alunos aprofundarem seus conhecimentos sobre algumas modalidades esportivas abordadas neste tema.
- Confederação Brasileira de Basquetebol. Disponível em: http://fdnc.io/dLg.
- Confederação Brasileira de Voleibol. Disponível em: http://fdnc.io/dLf.
- origem do esporte. Portal Educação. Disponível em: http://fdnc.io/dLe.
- OLIVEIRA, Lúcia Helena de; CLETO, Paula; GUSMAN, Sidney. Quem inventou a bola? Revista Superinteressante. Disponível em: http://fdnc.io/deE.
- Acessos em: 12 fev. 2021.
Fim do complemento.
Avaliação e Registro
Escreva na lousa uma lista de modalidades esportivas. Em seguida, peça aos alunos que escolham uma delas e inventem uma história sobre as alterações do jogo até se tornar um esporte. A atividade pode ser realizada por meio de desenhos e/ou pequenos textos informativos.
47
TEMA 2 – Esportes de invasão
Tabela: equivalente textual a seguir.
Prepare-se para as aulas |
|
Objetivos |
Identificar os elementos comuns das modalidades esportivas de invasão. Experimentar jogos reduzidos de futebol e handebol. Discutir sobre a participação das mulheres no futebol. |
Habilidades da BNCC |
EF35EF05 e EF35EF06 Nesta unidade temática são vivenciados os esportes de invasão. Os esportes de campo e taco serão experimentados no 4 ᵒ ano. Os esportes de rede/parede, no 5 ᵒ ano. |
Número de aulas |
8 |
Materiais |
Bolas de futebol, bolas de handebol (ou de borracha), bola de futsal (ou de futebol de campo), cones (ou garrafas PET) e giz. |
Sequência de atividades |
Peça aos alunos que identifiquem características do futebol em uma figura. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”. |
Sensibilização |
Após as atividades anteriores, realize as propostas da seção “Construção de valores”. |
Avaliação |
Verifique se os alunos conseguem identificar as modalidades esportivas pertencentes aos esportes de invasão. |
Para começar
Sugerimos a utilização da figura da modalidade futebol de campo abaixo para iniciar o tratamento deste tema. Faça uma cópia ampliada dela e mostre-a aos alunos. Incentive a participação deles por meio de perguntas: “Essa figura representa qual modalidade esportiva?”, “Notem que cada equipe está em uma metade do campo. Esse posicionamento dos jogadores pode indicar quais momentos do jogo?”, “Qual é o objetivo de uma equipe ao invadir o campo defendido por outra?”, “Quando é feito um gol no futebol?”, “O que os atletas precisam fazer para tentar impedir que seu time sofra gols?”.
LEGENDA: Campo de futebol com jogadores e trio de arbitragem posicionados. FIM DA LEGENDA.
Neste primeiro momento, é importante os alunos compreenderem que o futebol é um esporte de invasão. Explique a eles que, no começo do jogo, as duas equipes têm espaços definidos (um dos lados do campo), os quais podem ser invadidos por ambas as equipes com o intuito tanto de marcar quanto de evitar gols. Vence o jogo a equipe que marcar pelo menos um gol e não sofrer nenhum ou que marcar mais gols que o adversário.
48
Análise e Compreensão
Elementos dos esportes de invasão
As modalidades esportivas pertencentes à categoria “esportes de invasão” caracterizam-se por incluir, como elemento central, uma bola ou implemento similar (um disco, por exemplo) e por serem coletivas e de enfrentamento simultâneo. As equipes dessas modalidades apresentam os seguintes elementos em comum: cada time tem um alvo para defender e atacar. Quando um deles está de posse da bola, temos uma situação de ataque, cujo objetivo principal é acertar determinado alvo. Quando uma equipe não detém a posse de bola, ela está em uma situação defensiva, em que, por meio da movimentação de seus atletas, tenta recuperar essa posse para evitar o avanço adversário, proteger seu alvo e começar um ataque.
Os alvos podem apresentar diferentes formatos: traves (futebol de campo, futsal, handebol, polo aquático), cesta (basquetebol) e linha demarcatória (futebol americano, rúgbi ). Esses esportes ocorrem em diferentes espaços físicos, como campo (futebol de campo, futebol americano, rúgbi ), quadra (futsal, handebol, basquetebol) e piscina (polo aquático). A prática deles exige o uso de equipamentos adequados a cada modalidade, como chuteiras para o futebol de campo; toucas para o polo aquático; patins e tacos, no hóquei sobre rodas; tacos, no caso do hóquei na grama.
Nesses esportes, as equipes precisam estabelecer estratégias de invasão territorial e agir taticamente para alcançar o alvo, bem como adotar procedimentos similares para se defender.
No decorrer dos jogos ocorrem transições, as quais são caracterizadas pela passagem da defesa para o ataque, bem como do ataque para a defesa de cada uma das equipes envolvidas na partida. A posse de bola configura uma situação de ataque, enquanto a equipe sem a bola encontra-se em um momento defensivo, fases que se alternam constantemente no decorrer da partida. Essas transições estão relacionadas com o aspecto tático, manifestando-se tanto individualmente, ou seja, como cada jogador se posiciona e se movimenta quando sua equipe perde ou recupera a posse da bola, quanto coletivamente, estruturando-se nas mesmas situações de perda e recuperação.
É importante frisar que as transições (que podem ser da fase ofensiva para a defensiva e vice-versa) ocorrem em qualquer parte do espaço de jogo, não se limitando à área defensiva ou ofensiva da equipe.
Por fim, destacamos que é fundamental tratar didaticamente todos esses aspectos como conhecimentos que devem ser ensinados aos alunos com o intuito de favorecer a melhor compreensão da dinâmica do jogo e de suas competências como jogadores. Desse modo, a partir da compreensão de aspectos táticos presentes nas modalidades esportivas que compõem a categoria de esportes de invasão, os alunos encontram mais facilidade na aprendizagem de cada uma dessas modalidades e conseguem estabelecer relações entre os objetivos inerentes a elas.
Experimentação e Fruição
1. Minijogos de futebol
Objetivos: Vivenciar jogos de futebol em campo reduzido. Entender a importância da invasão territorial.
Materiais: bolas de futebol, cones (ou garrafas PET) e giz
49
LEGENDA: Figura 1. (Adaptado de Melo, 2001) 1 . FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Figura 2. (Adaptado de Melo, 2001) 2 . FIM DA LEGENDA.
Procedimentos
Divida os alunos em equipes, cada uma com três jogadores. Em espaços reduzidos, organize um jogo cujo objetivo é derrubar, por meio de uma bola chutada, os alvos (garrafas PET ou cones) da equipe contrária, posicionados no fim do campo de jogo. Use giz para delimitar as linhas do campo (veja figura 1).
Nessa atividade inicial, as equipes devem permanecer em suas metades do campo, colocando em relevo a descaracterização do jogo de futebol quando não há invasão territorial.
Em um segundo momento, realize atividade semelhante, permitindo, dessa vez, que as equipes invadam o campo adversário. Estabeleça que os pontos só serão válidos se os alvos forem derrubados pelo chute executado no campo de ataque.
O propósito da atividade é que os alunos entrem no campo da equipe oponente para que consigam executar o ponto. Por meio dessa dinâmica, espera-se que compreendam a importância de invadir o espaço do adversário, facilitando o alcance do objetivo. Simultaneamente, eles terão de perceber a necessidade de defender a própria meta (os cones), procurando evitar a progressão dos integrantes da equipe adversária em seu campo e a finalização à meta por meio de chutes, quando estes estiverem com a posse da bola.
Em outro momento, proponha uma modificação no jogo (veja figura 2). Dessa vez, use dois cones (ou duas garrafas PET) para demarcar os gols e desenhe com giz as áreas de meta próximas a eles. Explique aos alunos que para que os gols sejam válidos é necessário que o chute tenha sido realizado dentro da área de meta ofensiva. Ou seja, nessa última atividade, coloca-se em evidência ainda mais o jogo em profundidade e a lógica de invasão territorial do jogo de futebol.
2. Minijogos de handebol
PROFESSOR
Objetivos: Experimentar jogos de handebol em campo reduzido. Entender a importância da invasão territorial.
Materiais: bolas de handebol (ou de borracha), cones (ou garrafas PET) e giz
Nota de rodapé: 1. MELO, R. S. de. Futebol: da iniciação ao treinamento. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. Fim da nota.
Nota de rodapé: 2. Op. cit. Fim da nota.
50
Procedimentos
Proponha aos alunos que realizem os mesmos procedimentos dos minijogos de futebol, porém, em vez da utilização dos pés, o contato com a bola deve ser feito com as mãos. Para esse jogo, inclua as seguintes regras: os alunos podem ficar, no máximo, cinco segundos com a bola, não sendo permitido seu deslocamento quando estiverem com a posse dela (eles podem, no entanto, dar um passo na quadra para facilitar o equilíbrio na execução do passe). Não é permitido retirar a bola das mãos do oponente, ou seja, a recuperação só é possível quando a bola não estiver de posse de nenhum jogador (durante um passe, quando ela quica na quadra ou é arremessada para fora etc.).
Dica: Caso considere oportuno, inclua um goleiro na última parte da vivência. Nesse caso, combine com os alunos que somente o goleiro deve ter acesso à área de meta, fazendo com que as finalizações ao gol dos atacantes sejam realizadas fora desse espaço.
Observação: As regras indicadas para os jogos de futebol e de handebol são apenas sugestões. Ressaltamos que o principal objetivo delas é permitir que os alunos vivenciem jogos em espaços reduzidos e de menor complexidade relacionados com essas duas modalidades dos esportes de invasão. Entretanto, temos ciência de que ninguém melhor do que você para definir as regras mais adequadas ao entendimento desses jogos.
Discussão
Promova o debate com os alunos por meio de perguntas sobre as atividades realizadas: “Quais foram as dificuldades encontradas na tentativa de defender seu campo de jogo? E para conquistar o campo do adversário?”, “Qual é a melhor maneira de se defender e recuperar a bola? E de atacar?”. Valorize as respostas deles.
Ressalte, nesse momento, que o futebol e o handebol são jogos de equipe e que, portanto, todos devem colaborar na defesa do campo de jogo, na tentativa de recuperar a posse da bola e de conquistar o campo do adversário. Todas essas ações são executadas visando alcançar uma meta, ou seja, fazer gols para vencer o confronto. Leve os alunos a refletir sobre a necessidade da invasão de território para facilitar a concretização dos pontos.
Para dar sequência a essa discussão, leve para a aula cópias ampliadas das fotografias a seguir (ou imprima imagens semelhantes pesquisadas na internet).
Se possível, apresente também aos alunos vídeos de curta duração sobre os seguintes esportes de invasão: handebol, basquetebol, rúgbi, polo aquático e hóquei sobre patins. Veja sugestões em “Para saber mais”.
Depois de apresentar o nome de cada modalidade aos alunos, verifique se reconhecem o que esses esportes têm em comum com o futebol e o handebol. Com sua mediação, espera-se que todos compreendam, essencialmente, que a invasão de território é uma característica dessa categoria de esporte.
LEGENDA: Hóquei no gelo. Times russos em jogo da Liga Continental de Hóquei, São Petersburgo, Rússia, 2021. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Hóquei na grama. Reino Unido e Bélgica em jogo da Liga Profissional de Hóquei sobre a Grama, Bruxelas, Bélgica, 2020. FIM DA LEGENDA.
51
LEGENDA: Polo. Equipes norte-americanas durante a final da USPA Gold Cup, Flórida, Estados Unidos, 2021. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Rúgbi. Irlanda e França em partida do Campeonato Seis Nações, Dublin, Irlanda, 2021. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Basquetebol. Jogo entre Austin Spurs e Canton Charge, Flórida, Estados Unidos, 2021. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Polo aquático. Espanha e Rússia no Campeonato Europeu de Polo Aquático, Budapeste, Hungria, 2020. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Futebol americano. Beasts e Zappers disputam campeonato na Geórgia, Estados Unidos, 2021. FIM DA LEGENDA.
Construção de valores
Jogos de futebol para meninas e meninos
PROFESSOR
Objetivo: Discutir sobre a participação das mulheres no futebol.
Material: bola de futsal, ou de futebol de campo, ou de borracha
Procedimentos
Organize equipes com aproximadamente seis integrantes cada uma e propicie a prática do jogo de futebol, adotando as adaptações que considerar convenientes.
52
Para a organização das equipes, avalie o que se apresenta mais apropriado para suas turmas: a formação de equipes mistas ou com integrantes do mesmo sexo. O que não deve ser realizado na vivência é o confronto entre equipes do sexo oposto.
Após a realização das atividades, reúna-se com os alunos para uma reflexão dessas práticas. Incentive o debate por meio de perguntas: “Vocês conhecem alguma equipe feminina de futebol no Brasil? Qual?”, “Por que os canais de televisão transmitem mais jogos de futebol masculino?”, “O futebol é um jogo que pode ou não ser praticado pelas meninas? Por quê?”. Aproveite também para questioná-los se conhecem nomes de jogadoras brasileiras de futebol, destacando que Marta foi eleita seis vezes pela Fifa a melhor jogadora do mundo, sendo cinco de forma consecutiva.
Ressalte que, no Brasil, há certo preconceito quanto à prática do futebol por mulheres e que em outros países, como Estados Unidos, Alemanha e Suécia, o futebol feminino é bastante praticado, sendo oferecida essa modalidade em escolas e clubes.
Boxe complementar:
Para saber mais
Artigos sobre esportes coletivos:
- DAOLIO, J. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos – modelo pendular a partir das ideias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, v. 10, n. 4, outubro 2002. Disponível em: http://fdnc.io/5y2. Acesso em: 12 fev. 2021.
- GARGANTA, J. M. O ensino dos jogos desportivos colectivos – perspectivas e tendências. Movimento, ano IV, n. 8, 1998/1. Disponível em: http://fdnc.io/dLo. Acesso em: 12 fev. 2021.
-
LEONARDO,
L.;
SCAGLIA, A. J.; REVERDITO, R. S. O ensino dos esportes coletivos: metodologia pautada na família dos jogos. Motriz, v. 15, n. 2, p. 236-246, 2009. Disponível em:
http://fdnc.io/dLn. Acesso em: 12
fev.
2021.
Vídeos sobre esportes de invasão:
- Handebol. Esporte Interativo. 22 dez. 2013. Disponível em: http://fdnc.io/dLm.
- Basquetebol. SporTV. 30 ago. 2010. Disponível em: http://fdnc.io/dLk.
- Rúgbi. Rugby Championship 2014. 6 out. 2014. Disponível em: http://fdnc.io/dLj.
- Polo aquático. Liga nacional. 21 out. 2013. Disponível em: http://fdnc.io/dLi.
-
Hóquei sobre patins. Taça Latina 2014. 19
abr.
2014. Disponível em:
http://fdnc.io/dLh.
Acessos em: 12 fev. 2021.
Fim do complemento.
Avaliação e Registro
Peça aos alunos que perguntem a dois ou três amigos do bairro onde moram quais esportes eles conhecem e façam a anotação das respostas em uma folha, identificando-os como de invasão ou não. Solicite a eles que apresentem, na aula seguinte, o resultado desse levantamento. Use as respostas para elaborar na lousa um quadro em que constem duas colunas: “Esportes de invasão” e “Outros esportes”. Faça as correções necessárias, reforçando o entendimento dos alunos sobre as modalidades esportivas pertencentes à categoria “esportes de invasão”.