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4º ANO – Danças

TEMA 1 – As quadrilhas juninas

Tabela: equivalente textual a seguir.

Prepare-se para as aulas

Objetivos

Compreender a importância das quadrilhas como uma manifestação popular brasileira.

Experimentar e fruir as quadrilhas e recriar possibilidades para essa dança.

Explorar a quadrilha em cadeiras para refletir sobre a questão da deficiência física.

Habilidades da BNCC

EF35EF09, EF35EF10, EF35EF11 e EF35EF12

No 3 ano, foram vivenciadas danças de matriz indígena. As danças de matriz africana serão experimentadas no 5 ano.

Número de aulas

8

Materiais

Adereços decorativos típicos da quadrilha, como roupas coloridas e chapéus de palha, dispositivo eletrônico para reprodução de músicas e cadeira.

Sequência de atividades

Pergunte aos alunos o que sabem sobre quadrilhas e festas juninas. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”.

Sensibilização

Após as atividades anteriores, realize as propostas da seção “Construção de valores”.

Avaliação

Verifique se os alunos identificam os estados em que acontecem as maiores quadrilhas do país e se no relato escrito apontam as principais características dessa manifestação.

Para começar

Reúna os alunos em roda para uma conversa sobre a dança conhecida por quadrilha: “Quem sabe como é essa dança e quem já participou dela? Quando? Como foi?”.

É provável que eles mencionem a festa junina; nesse caso, pergunte-lhes o que sabem sobre esse evento. Leve para a aula algumas cópias de fotografias (que podem ser obtidas na internet) das possíveis referências feitas pelos alunos: comidas típicas, vestimentas, fogueira, bandeirinhas, quadrilha etc.

Elabore um cartaz com essas referências. Caso eles mencionem algum elemento para o qual você não tem uma fotografia, escreva-o no cartaz a fim de compor um panorama mais amplo.

Explique que todos esses elementos foram sendo criados pela sociedade ao longo do tempo, dando uma característica peculiar a essa manifestação cultural, que será abordada neste tema.

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Análise e Compreensão

1. A festa junina

As festas juninas são entendidas como uma síntese do Nordeste brasileiro e da sua cultura, possuindo forte ligação com a fé e a religiosidade do seu povo. Contudo, essa fé é vivenciada de maneira ambígua, pois os elementos do profano e do sagrado se misturam em volta da fogueira durante a dança executada ao som do forró (MORIGI, 2002) 1 .

O termo “junina” provavelmente deriva de “joanino”, relativo a São João, um dos santos homenageados na festa. No Nordeste, principalmente em junho, os moradores costumavam agradecer aos santos pelo período de chuvas realizando uma grande comemoração, com comida, dança e fogueira. Aos poucos essa manifestação disseminou-se por todo o território nacional, assumindo diferentes significados.

Dica: A discussão sobre as festas juninas no âmbito escolar remete a questões religiosas, pois, historicamente, essas comemorações estão vinculadas ao catolicismo. Ressaltamos que não pretendemos destacar esses fatores ou promover crenças em detrimento de outras, mas compreender as quadrilhas como uma dança popular brasileira, que está imersa nesse contexto. Portanto, a escola deve prezar pelo respeito a todas as religiões e refletir sobre a importância de conhecer práticas corporais distintas, criando espaços menos discriminadores. Nessa linha, sugerimos a você que não restrinja sua ação à festa junina, procurando saber com os alunos sobre festas típicas e/ou danças que são próprias de suas crenças, proporcionando um espaço democrático a todos.

2. A quadrilha

A quadrilha, originalmente, é uma dança característica da França (quadrille) e também da Inglaterra, realizada pelas elites nos salões imperiais. Para Carmem Lélis 2 , pesquisadora da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, a quadrilha se relaciona com as danças agrícolas da Europa anteriores ao cristianismo, que tinham o objetivo de celebrar a colheita.

Essa manifestação chegou ao Brasil em 1820 por meio de integrantes da elite imperial portuguesa de forma cortesã (MENEZES NETO, 2008) 3 . Como dança aristocrática, era prestigiada em diversos locais do mundo, assumindo grande renome (CASCUDO, 2012) 4 .

Com o passar dos anos, essa dança se difundiu, saindo dos bailes da corte para as ruas e clubes populares. A assimilação da coreografia pelo povo deu-lhe novas características e denominações regionais (CASCUDO, 2012) 5 . Não se sabe ao certo como se deu o processo, todavia, aos poucos, essa manifestação acabou sendo apropriada pelas festas juninas e passou a assumir características próprias em território nacional.

Atualmente, as maiores quadrilhas do país são realizadas no Nordeste, com roupas bem caracterizadas, luxuosas, e coreografias complexas, buscando, além de divulgar a dança, desenvolver competições que exaltam diversos estilos e cores. Uma das competições mais conhecidas ocorre no Festival de Quadrilhas Juninas do Nordeste, que reúne diferentes grupos de toda essa região do país.

Nota de rodapé: 1. MORIGI, V. Festa junina: hibridismo cultural. Cadernos de Estudos Sociais, Recife, v. 18, n. 2, p. 251-266, jul./dez. 2002. Fim da nota.

Nota de rodapé: 2. LÉLIS, C. (org.). Quadrilha junina, história e atualidade: um movimento que não é só imagem. Recife: Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2004. Fim da nota.

Nota de rodapé: 3. MENEZES NETO, H. O balancê no arraiá da capital: quadrilha e tradição no São João do Recife. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2008. 155f. Fim da nota.

Nota de rodapé: 4. CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro . 12. ed. São Paulo: Global, 2012. Fim da nota.

Nota de rodapé: 5. Op. cit. Fim da nota.

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A quadrilha conta a história de um casamento na zona rural, que é comemorado com um grande baile. Por isso, geralmente há o casal de noivos, que, de certa forma, lidera os passos e é utilizado na maioria das coreografias para marcar “o começo e o fim” de determinada movimentação.

A música na quadrilha é comandada ao som de sanfona, zabumba e triângulo, que variam entre forró, xote e baião, alegrando a todos durante a execução dos passos, como o balancê (em francês, balancer: balançar o corpo), o anavantu (em francês, en avant tous: ir para a frente) e o anarriê (em francês, en arrière: ir para trás).

Devido à sua grande disseminação, a quadrilha possui muitas variações pelo Brasil, como a “quadrilha caipira”, do interior paulista, que é desenvolvida de diferentes formas e com passos variados. É muito importante exaltar essas diferenças, enriquecendo o debate com as experiências dos próprios alunos.

Experimentação e Fruição

1. Quadrilha

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Experimentar e fruir uma quadrilha. Cooperar com os colegas para que a atividade seja realizada adequadamente. Reconhecer a quadrilha como uma dança popular brasileira.

Materiais: adereços decorativos típicos da quadrilha, como roupas coloridas e chapéus de palha, e dispositivo eletrônico para reprodução de músicas (reprodutor de CD ou DVD ; computador)

Procedimentos

Reúna os alunos e sugira a organização de uma quadrilha. Caso sua realização não seja a mais adequada para o seu contexto, explore outras danças populares brasileiras, pois esse é o objetivo principal para o ano. Você tem autonomia para selecionar as manifestações populares de maior significado histórico-social para a comunidade.

A vivência com a quadrilha pode se tornar um projeto da escola que explore: culinária, músicas, brincadeiras, vestimentas, entre outros temas. Se possível, convide o professor da turma para ampliar e integrar diferentes saberes da quadrilha.

Para a formação da quadrilha, organize os alunos em pares; não é obrigatório que seja um menino e uma menina. Apesar de os passos serem definidos para “damas e cavalheiros”, não é necessário que sejam executados dessa forma, o que torna a vivência da quadrilha mais inclusiva e acessível.

Selecione com o grupo um aluno para ser o narrador, o qual será o responsável por anunciar os passos, ou assuma essa função.

Em outro momento, pergunte aos alunos quais movimentos eles conhecem e ajude-os na definição da coreografia.

Para orientar seu trabalho e enriquecê-lo, sugerimos, a seguir, alguns passos bem comuns nas quadrilhas, lembrando que podem existir variações, dependendo da região em que você se encontra.

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Imagem: Ilustração. Casais de crianças, com os meninos usando blusa xadrez, chapéu de palha e calça, e as meninas usando vestidos e maria-chiquinha. Cada casal está de braços dados, os meninos com uma mão nas costas e as meninas com a mão na saia, em uma fileira fazendo um círculo.  Fim da imagem.

LEGENDA: Caminho da roça. FIM DA LEGENDA.

Imagem: Ilustração. Uma fileira de meninas de frente de uma fileira de meninos. As meninas estão segurando a saia com as mãos, as pernas estão afastadas. Elas sorriem. Os meninos estão com tronco inclinado segurando o chapéu com a mão. Eles sorriem  Fim da imagem.

LEGENDA: Troca de cumprimentos. FIM DA LEGENDA.

Imagem: Ilustração. O menino segura com a mão esquerda a cintura da menina e segura com mão direita a mão esquerda dela. Ao redor, uma seta indica o movimento de giro completo. Fim da imagem.

LEGENDA: Momento do giro na quadrilha. FIM DA LEGENDA.

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Imagem: Ilustração. Uma fila de meninas e meninos com os braços estendidos para cima e para frente fazendo um túnel. Na ponta da fila, um casal inclinado caminha por dentro do túnel.  Fim da imagem.

LEGENDA: Olha o túnel! FIM DA LEGENDA.

Imagem: Ilustração. Crianças de mão dadas fazendo, fazendo um movimento de espiral para dentro do círculo que está aberto.  Fim da imagem.

LEGENDA: Caracol. FIM DA LEGENDA.

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Recomendamos a seguinte: Música de quadrilha (instrumental/original). Disponível em: http://fdnc.io/dLv. Acesso em: 22 fev. 2021.

Lembre-se de que a definição de uma coreografia de quadrilha é um processo demorado, que requer tempo para os diversos ensaios.

Discussão

Explique aos alunos como a quadrilha e a festa junina foram transformadas ao longo do tempo, levando-os a refletir sobre o multiculturalismo de povos que interferiram em sua constituição. Além disso, saliente as muitas variações inseridas por essas influências, bem como pela grande extensão territorial do Brasil, que permite a difusão de diversos regionalismos. Essa característica atribui relevância significativa em termos culturais, pois denota a pluralidade do povo brasileiro e sua diversidade de manifestações.

Os alunos devem reconhecer a quadrilha como uma dança popular brasileira, a qual é muito significativa especialmente para o povo nordestino.

Pergunte a eles se já conheciam a história e as características da quadrilha e ressalte a importância desse conhecimento para a formação cultural deles. Embora já possam ter dançado em outros momentos, é provável que não conheçam esses elementos histórico-culturais.

Se considerar oportuno, aproveite esse momento de discussão para refletir com os alunos sobre as questões religiosas relacionadas com a quadrilha. Reforce novamente a importância de a escola ser um espaço democrático, que preza o respeito à diversidade de crenças e não tem como objetivo tematizar princípios religiosos no processo de ensino-aprendizagem, mas, sim, explorar diversas práticas corporais e os significados culturais que as atravessam.

2. Recriar a quadrilha

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Estimular a criatividade e a cooperação no grupo. Recriar e fruir passos da quadrilha.

Procedimentos

Peça aos alunos que criem pelo menos quatro passos para serem incluídos na coreografia da turma, de forma que evitem copiar de outras quadrilhas. Pode ser algo engraçado, um passo de outro tipo de dança, uma pose diferente para os pares, entre outras possibilidades. O propósito é surpreender a plateia durante a apresentação.

Caso você considere que os alunos já possuem condições de construir uma coreografia inteira, estimule a elaboração de uma nova composição, com passos inteiramente criados pelo grupo.

Apresente o trabalho dos alunos em algum evento na escola, para que a comunidade possa acompanhar a produção e o desenvolvimento deles.

Construção de valores

Quadrilha das cadeiras

Objetivos: Vivenciar passos de quadrilha com um dos participantes sentado em uma cadeira. Sensibilizar os alunos para as potencialidades das pessoas com deficiência física.

Material: cadeira comum

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Procedimentos

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Organize os alunos em duplas. Um deles deve ficar em pé e o seu par, sentado em uma cadeira comum. A proposta é que eles executem alguns passos de quadrilha nessa formação. Sugerimos as seguintes possibilidades: troca de um lado para o outro do círculo (dentro e fora); todos balançam os braços acima da cabeça; batem palmas; trocas de pares; cada aluno gira em volta do colega na cadeira, mantendo contato com uma das mãos; passar intercalando entre todas as cadeiras da roda, entre outras. Depois, inverta as posições para que todos possam ter a experiência de ficar na cadeira.

Sugira aos alunos que criem passos, estimulando a autonomia e a inventividade.

Imagem: Ilustração. Algumas pessoas sentadas em cadeiras dispostas em círculo, com seus pares de mão dadas, girando ao redor da cadeira.  Fim da imagem.

LEGENDA: Pares formados com cadeirantes. FIM DA LEGENDA.

Dica: Caso haja na turma alunos com deficiências nos membros inferiores, procure trabalhar movimentações que eles sejam capazes de realizar, colocando-os como protagonistas dessa vivência.

Discussão

Converse com o grupo sobre os desafios enfrentados: “O que teve de ser mudado?”, “Foi difícil realizar os movimentos na posição sentada? Por quê?”, “Essa proposta inviabilizou a dança?”.

Proponha uma reflexão sobre as dificuldades encontradas pelos alunos. Faça um contraponto com os direitos das pessoas com deficiência, as quais precisam lidar diariamente com diversas dificuldades. Ressalte a importância do debate sobre a inclusão das pessoas com deficiência e o direito delas de participar ativamente não apenas das aulas de Educação Física, mas também de todos os espaços sociais.

Boxe complementar:

Para saber mais

  1. MORIGI, V. Festa junina: hibridismo cultural. Cadernos de Estudos Sociais, Recife, v. 18, n. 2, p. 251-266, jul./dez. 2002.

    O artigo analisa de que forma a festa junina interfere na construção da identidade do nordestino.

Fim do complemento.

Avaliação e Registro

  1. Leve para os alunos cópias ampliadas do mapa político do Brasil. Peça a eles que pesquisem em quais estados são realizadas as maiores quadrilhas, pintando-os no mapa. Converse com o professor de Geografia e proponha uma ação interdisciplinar.
  1. As quadrilhas são danças populares brasileiras que receberam diversas influências em sua construção. Pergunte aos alunos a importância de conhecer a quadrilha e sua história. Depois, peça que escrevam um pequeno relato sobre essa experiência.

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TEMA 2 – Festival de danças populares

Tabela: equivalente textual a seguir.

Prepare-se para as aulas

Objetivos

Organizar e elaborar um festival de danças populares brasileiras.

Experimentar e fruir passos de danças populares brasileiras.

Reconhecer essas manifestações como saberes culturais relevantes.

Vivenciar coreografias com limitações: deficiências física, auditiva e visual.

Habilidades da BNCC

EF35EF09, EF35EF10, EF35EF11 e EF35EF12

No 3 ano, foram vivenciadas danças de matriz indígena. As danças de matriz africana serão experimentadas no 5 ano.

Número de aulas

8

Materiais

Dispositivo eletrônico para reprodução de músicas, haste comprida (ou poste do voleibol, um cano de PVC ou um bambu preso no chão) e fitas de cetim coloridas.

Sequência de atividades

Pergunte aos alunos o que eles lembram das danças populares ou folclóricas abordadas no ano anterior. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”.

Sensibilização

Após as atividades anteriores, realize as propostas da seção “Construção de valores”.

Avaliação

Verifique se os alunos associam as danças citadas com suas respectivas músicas. Acompanhe a escrita dos alunos sobre a experiência com o festival de danças populares.

Para começar

Faça uma roda de conversa com os alunos e recupere alguns elementos abordados no 3ᵒ ano relativos às danças populares ou folclóricas, como sua grande variedade no Brasil e seus regionalismos. Questione-os sobre a dança abordada e suas principais características. Caso eles não se lembrem, diga que se trata da catira, uma manifestação típica da Região Sudeste, que se baseia na execução de batidas de pés e mãos ao som da viola caipira.

Recorde que neste 4ᵒ ano eles já vivenciaram as quadrilhas, que, apesar de populares em todo o território nacional, são mais marcantes no Nordeste. Depois, pergunte aos alunos que outras danças populares eles conhecem. Aproveite as citações deles em sua aula.

Análise e Compreensão

1. Festival de danças populares

Para organizar um festival de danças populares, é essencial planejar tudo com antecedência e acompanhar os trabalhos dos grupos, pois sua mediação em uma proposta como essa é essencial. Organize a classe em grupos e determine tarefas que possam ser executadas com seu apoio.

Explique aos alunos que existem diversas danças populares, como maracatu, frevo, boi-bumbá, samba de roda, coco, dança de São Gonçalo, maculelê, tambor de crioula, batuque de umbigada, entre outras. São manifestações ricas, que caracterizam diferentes regiões e assumem um significado para determinado povo, denotando sua cultura e mesclando diferentes elementos, como comidas típicas, músicas e papéis sociais.

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Muitas danças populares têm grande expressividade no mês de junho devido às festas, como o pau de fitas, no Sul, e o carimbó, no Norte. Essas manifestações são abordadas neste tema, o que não o impede de trabalhar outras que estejam mais de acordo com o contexto da escola e da comunidade. Danças como forró, xote, sertanejo e até mesmo country (importada dos Estados Unidos) também são exemplos de danças difundidas em festejos juninos.

Diante desse quadro, destaque para os alunos a grande diversidade de manifestações e de danças populares existentes no Brasil, bem como a importância delas para a construção da identidade dos povos que as praticam, transformam e ressignificam a cada geração.

2. Carimbó

O carimbó é uma manifestação folclórica que inclui dança e música. Característico da Região Norte, mais especificamente do Pará, possui origens no sincretismo entre as culturas africana, indígena e ibérica, em que homens e mulheres dançam aos pares em roda, com roupas floridas e coloridas (GABBAY, 2010) 6 . As mulheres costumam colocar flores no cabelo. A saia possui grande protagonismo e é constantemente girada e movimentada durante a coreografia.

Veja a seguir a representação do carimbó feita pela artista pernambucana Lourdes de Deus, uma das grandes expressões da arte naïf.

Imagem: Pintura. Um grupo de casais, com os homens usando camisa verde com suspensório azul e calça branca e as mulheres com top vermelho, saias rodadas e floridas. Ao redor, caminhão, fachada de prédios e pessoas na rua olhando para eles. Fim da imagem.

LEGENDA: Festa do carimbó, 2017. Lourdes de Deus. Óleo sobre tela, 100 × 90 cm. FIM DA LEGENDA.

O termo carimbó está associado a um tipo de tambor africano feito com um tronco, que é escavado e coberto com couro (CASCUDO, 2012) 7 . Posteriormente, o nome desse instrumento passou a denominar também o ritmo musical.

Nota de rodapé: 6. GABBAY, M. M. Representações sobre o carimbó: tradição × modernidade. In: IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte, Rio Branco, 2010. Fim da nota.

Nota de rodapé: 7. Op. cit . Fim da nota.

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O carimbó é uma dança bastante livre, que permite a criação dos dançarinos em diversos momentos. Todavia, por não ser muito conhecida em outras regiões do país, os alunos podem sentir dificuldade em criar muitos passos sozinhos.

Se houver oportunidade, combine com o professor de Arte um momento para apreciação de obras dessa e de outros artistas que difundem a arte popular brasileira.

3. Pau de fitas

O pau de fitas é uma manifestação de origem portuguesa e espanhola que se disseminou pelos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná.

Essa dança ocorre em volta de um mastro (pau) decorado com diversas fitas de cetim coloridas (CASCUDO, 2012) 8 , que são seguradas individualmente por quem dança. Durante a execução dos passos, as fitas são trançadas de diferentes maneiras ao longo do mastro.

Para que o trançado dê certo, é importante que a dança seja executada sempre em pares. Algumas possibilidades de trançado são o tramadinho, o zigue-zague e a rede de pescador.

O artista cuiabano Régis Gomes produziu um conjunto de obras que retratam e valorizam a cultura popular brasileira. Entre elas está a representação do pau de fitas.

Essa manifestação geralmente é realizada nas festas tradicionais açorianas, gaúchas e alemãs ou mesmo nas festas juninas e em outras comemorações dos estados do Sul. Apesar da forte incidência na Região Sul, ela também é praticada nas demais regiões, principalmente Norte e Nordeste. Em algumas regiões, as indumentárias são aquelas características das festas juninas, como vestido florido e camisa xadrez.

A coreografia é coletiva e todos podem dançar, de modo que não há papéis específicos a serem desempenhados nem número fixo de participantes.

Imagem: Pintura. Pessoas usando roupas coloridas e máscaras coloridas, segurando uma fita que está presa ao pau. As fitas fazem um círculo que se entrelaçam no pau. Fim da imagem.

LEGENDA: Dança dos mascarados, 2014. Régis Gomes. Acrílico e colagem sobre tela, 90 × 70 cm. FIM DA LEGENDA.

Nota de rodapé: 8. Op. cit. Fim da nota.

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Experimentação e Fruição

1. Carimbó

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Vivenciar e reconhecer o carimbó como uma manifestação cultural brasileira. Experimentar e fruir os passos dessa dança.

Material: dispositivo eletrônico para reprodução de músicas (reprodutor de CD ou DVD ; computador)

Procedimentos

Leve para a aula músicas de carimbó, as quais podem ser tocadas diretamente da internet ou baixadas, dependendo dos recursos disponíveis na escola. Segue uma sugestão: Pinduca. A dança do carimbó. Disponível em: http://fdnc.io/dLx. Acesso em: 22 fev. 2021.

Peça aos alunos que usem pedaços de TNT ou chita florida para elaborar saias e coletes.

Em momento oportuno, ensine algumas figuras coreográficas (movimentações) de carimbó, como as sugeridas a seguir.

Movimentação 1

Disponha os alunos em círculo alternando um menino e uma menina, na medida do possível.

Uma menina de cada vez deve se dirigir ao centro da roda balançando a saia, que pode ser representada por um tecido (TNT ou chita). No centro, elas fazem o movimento que sentirem vontade (girar, bater palmas ou o pé no ritmo da música, entre outros).

Enquanto isso, os meninos batem palmas e um dos pés no chão, também no ritmo do carimbó.

Movimentação 2

Disponha os alunos em roda. O grupo deve girar no sentido horário, pisando para a frente e para trás no ritmo da música. Todos podem se apoiar uns nos outros, como se fosse um trem.

Em outro momento, peça aos meninos que batam palmas e às meninas que balancem a saia. Oriente-os também a parar e a fazer um giro com o corpo, sem sair do lugar.

Movimentação 3

Em círculo e em duplas, posicione as meninas do lado de dentro. Peça a elas que girem em torno dos meninos, os quais devem ficar agachados e com o dedo apontado para cima.

Explique que os giros ocorrem primeiro para um lado e, depois, para o outro. Esse movimento pode ser feito de forma conjunta ou por um par de cada vez.

Movimentação 4

Os alunos devem entrelaçar o braço no seu parceiro e girar no próprio lugar para um dos lados. Em um segundo momento, eles passam a girar para o outro lado.

Para finalizar, cada dama gira em volta do seu parceiro balançando a saia. Depois de determinado tempo, oriente o cavalheiro a girar em volta de sua dama, batendo palmas e pisando forte no chão com um dos pés.

Dica: Procure coreografias escolares disponíveis na internet. Há muitas produções que podem inspirar o seu trabalho com evoluções possíveis para essa faixa etária. Indicamos uma apresentação do 4ᵒ ano da Escola Perseverança, em Marmeleiro, Paraná. Disponível em: http://fdnc.io/fy7MYM. Acesso em: 22 fev. 2021.

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2. Pau de fitas

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Experimentar e fruir a dança do pau de fitas. Cooperar com os colegas durante o desenvolvimento da dança. Reconhecer e valorizar as danças populares.

Materiais: haste comprida (pode ser utilizado o poste do voleibol, um cano de PVC ou um bambu preso no chão), fitas de cetim coloridas presas nessa estrutura (uma por aluno) e dispositivo eletrônico para reprodução de músicas (reprodutor de CD ou DVD ; computador)

Procedimentos

Leve para a aula músicas de pau de fitas. Segue sugestão que pode ser tocada diretamente da internet: Música para dançar o pau de fitas. Disponível em: http://fdnc.io/dLy. Acesso em: 22 fev. 2021.

Ensine aos alunos algumas figuras coreográficas (movimentações) para o pau de fitas, como as sugeridas a seguir.

Movimentação 1

Antes do contato dos alunos com as fitas, segure a haste e peça a eles que façam uma grande roda em torno dela. Incentive-os a tocá-la e a segurá-la com cuidado, bem como a girá-la em diversos sentidos.

Ainda em roda, oriente o grupo a se aproximar e a se afastar do centro, onde fica o pau de fitas, e a bater palmas quando todos estiverem mais afastados de onde ele está.

Por fim, solicite a cada aluno que se dirija a uma fita e a segure com uma das mãos, esperando a próxima sequência.

Movimentação 2

Explique ao grupo que todos devem girar em torno da haste, cada um segurando sua fita. Conduza esse giro no sentido horário e, depois, no anti-horário. Peça aos alunos que observem os desenhos formados na haste à medida que as fitas são enroladas nela.

Movimentação 3

Oriente os alunos a girar no sentido horário e a passar, de forma intercalada, por baixo e por cima da fita do colega imediatamente à sua frente. Para que essa movimentação não enrosque as fitas, metade dos alunos caminha, enquanto a outra fica parada segurando sua fita. Intercale os que caminham e os que ficam parados. Incentive o segundo grupo a, mesmo sem se deslocar, dançar no lugar.

Essa movimentação trança a fita na haste e, ao final, forma um belo desenho. Oriente-os também a fazer o movimento contrário, para que o entrelaçamento das fitas seja desfeito.

Depois, conduza a troca de posições entre os grupos, para que todos possam ter a experiência de enrolar a fita.

Movimentação 4

Intercale os alunos na roda, cada um com sua fita. Organize-os em ímpares e pares. Os pares ficam de frente para o sentido horário e os ímpares, para o anti-horário.

Ao seu sinal e de forma alternada, os pares que caminham no sentido horário passam primeiro por dentro das fitas (mais próximo ao mastro central) e os que se dirigem no sentido anti-horário, por fora delas (mais longe do mastro central). No próximo par, os que foram por dentro passam por fora, e vice-versa. Quando os pares iniciais se encontrarem novamente, eles devem mudar o sentido para qual estavam de frente e reiniciar os movimentos para desfazer o entrelaçamento das fitas. Olhar a posição da fita no mastro pode auxiliar nesse processo de desmontagem.

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O vídeo a seguir mostra essa movimentação. Dança das fitas. Disponível em: http://fdnc.io/dLz. Acesso em: 22 fev. 2021.

Movimentação 5

Organize os alunos em pares. Eles devem dançar livremente ao som da música, interagindo com seu par, e, depois, trocar de lugar entre eles, um passando por baixo da fita do outro. Para finalizar, os pares desfazem o movimento.

Movimentação 6

Nesse movimento, metade do grupo, de forma intercalada, deve se dirigir para o centro do círculo e ficar ajoelhada no chão, próximo da haste. Enquanto isso, os demais giram no sentido horário e, depois, no anti-horário. Ao final, inverta os papéis.

3. Festival

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Realizar um festival de danças populares. Recriar gestos e ritmos das danças populares, evitando qualquer tipo de discriminação.

Material: dispositivo eletrônico para reprodução de músicas (reprodutor de CD ou DVD ; computador)

Procedimentos

Organize a sala em dois grupos: um deles vai realizar uma coreografia de carimbó e o outro, de pau de fitas. Deixe os alunos escolherem as danças de sua preferência. Fique atento para que os dois grupos tenham um número equivalente de integrantes. Oriente-os a convidar amigos e familiares a participar do festival.

Além dessas apresentações, o grupo deve finalizar o festival com uma quadrilha, que pode reunir elementos tradicionais e novos. Acompanhe-os na elaboração das coreografias, as quais podem incluir movimentos vivenciados nas aulas.

Participe da escolha dos figurinos e da decoração da escola e registre esse momento preparatório por meio de fotos e vídeos. Depois do festival, com a ajuda dos alunos, monte um painel incluindo esse material e o produzido durante o evento.

Nas apresentações, lembre-se de fazer uma breve contextualização de cada dança para a plateia, a fim de atribuir maior significado ao festival. Essas informações podem ser obtidas na seção “Análise e Compreensão” desta unidade temática.

Construção de valores

Inclusão de alunos com deficiência nas coreografias

Objetivos: Refletir sobre possibilidades de inclusão dos alunos com deficiências nas coreografias. Sensibilizar a turma para a questão da deficiência.

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PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Procedimentos

Organize os alunos em quatro grupos e determine para cada um deles as deficiências que devem ser vivenciadas por meio de coreografias diferenciadas para cegueira, surdez, paralisia nos membros inferiores e deficiência física relativa à amputação dos braços.

Peça a um ou dois alunos de cada grupo que simulem uma dessas deficiências. Por exemplo: o aluno que representar o deficiente visual deve ter uma venda em seus olhos para dificultar a visão; o que simular a pessoa sem os braços precisa ter esses membros imobilizados, o que pode ser feito colocando-os dentro da camisa.

Importante: Fique atento para que essa imobilização não impeça os alunos de usar os braços para se proteger em caso de queda.

As simulações ajudarão os alunos a criar uma coreografia que considere as deficiências físicas, levando-os a pensar em movimentos que favoreçam a inclusão de todos. Caso haja alunos com deficiência, inclua-os na coreografia e coloque-os como protagonistas na atividade, de modo que sugiram passos possíveis para suas limitações.

Discussão

Ao final, converse com o grupo sobre como foi esse processo criativo e as dificuldades enfrentadas. Incentive o debate por meio de perguntas: “O que teve de ser mudado?”, “As deficiências físicas impediram o divertimento de vocês? Por quê?”.

Discuta também sobre as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência física em seu cotidiano e que podem ser resolvidas por meio de políticas públicas, como a construção de rampas em edificações. Ressalte quanto é relevante os alunos conversarem com amigos e familiares sobre a importância da inclusão de pessoas com deficiência em todas as esferas da vida em sociedade.

Boxe complementar:

Para saber mais

  1. Bailado de carimbó. Documentário. 8 jun. 2012. Disponível em: http://fdnc.io/dLB. Acesso em: 22 fev. 2021.
  1. Pau de fitas. Santa Cruz do Sul (RS). 19 nov. 2013. Disponível em: http://fdnc.io/dLA. Acesso em: 22 fev. 2021.

Fim do complemento.

Avaliação e Registro

  1. Escreva na lousa o nome das seguintes danças populares: catira, pau de fitas, carimbó e quadrilhas. Leve para a aula as canções que foram utilizadas para cada uma dessas manifestações. Prepare uma sequência com as músicas e peça aos alunos que as relacionem com as respectivas danças. Eles devem anotar a sequência no caderno e destacar os elementos que observaram em cada canção. Por exemplo, na canção de catira, destacam-se o som da viola caipira e as batidas de mãos e pés. Num segundo momento, eles podem fazer algum movimento que remeta a cada uma das danças experimentadas.
  1. Pergunte aos alunos o que aprenderam no festival de danças populares e como poderia ser um próximo evento com essas características. Ao final da reflexão, incentive-os a escrever sobre essa experiência e monte um varal na escola com esses textos. Essa é uma atividade que pode contar com a colaboração do professor de Língua Portuguesa. Considere as sugestões dos alunos na organização do festival no próximo ano letivo.