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4º ANO – Lutas

TEMA 1 – A base (guarda) do lutador: equilíbrio e desequilíbrio

Tabela: equivalente textual a seguir.

Prepare-se para as aulas

Objetivos

Reconhecer a importância de uma boa base de equilíbrio do lutador.

Experimentar movimentos diversificados de equilíbrio e desequilíbrio similares aos executados nas lutas, com segurança.

Experimentar e reconhecer a possibilidade de prática de luta por pessoas com características físicas distintas, ampliando o respeito às diferenças.

Perceber a possibilidade de prática de luta por pessoas com deficiência.

Habilidades da BNCC

EF35EF13, EF35EF14 e EF35EF15

Número de aulas

8

Materiais

Giz e vendas para os olhos.

Sequência de atividades

Peça aos alunos que relembrem as lutas abordadas no ano anterior. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”.

Sensibilização

Após as atividades anteriores, realize as propostas da seção “Construção de valores”.

Avaliação

Verifique se os conhecimentos apontados depois do vídeo exibido aos alunos foram satisfatórios e apresente suas considerações à turma.

Para começar

Sugerimos a realização de uma chamada temática para relembrar os alunos das lutas abordadas no 3ᵒ ano. Oriente-os a dizer algum termo relacionado a essa prática corporal em vez de “presente”. Esclareça que esses termos não podem ser repetidos no decorrer da chamada.

Quando julgar necessário, peça aos alunos que expliquem o significado de determinada citação e sua relação com as lutas.

É provável que eles se recordem de situações relacionadas com os principais conhecimentos adquiridos, como as diferenças entre lutas e brigas, os movimentos de esquiva e de imobilização, os equipamentos de segurança usados pelos atletas, as saudações, entre outras possibilidades. No entanto, caso não seja feita menção a algum termo importante para a revisão dos conteúdos, apresente-o ao fim da chamada e questione os alunos sobre seu significado.

Durante a chamada, esteja atento às citações dos alunos que favoreçam a introdução de dois elementos fundamentais das lutas que vão ser tratados neste tema: equilíbrio e desequilíbrio.

Finalize essa primeira conversa ressaltando que, a partir desta aula, eles vivenciarão essas duas situações muito comuns nas lutas.

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Análise e Compreensão

A base do lutador – equilibrar e desequilibrar

É importante o lutador executar uma boa base para a aplicação e defesa de golpes. Essa base é chamada “guarda” e consiste em distribuir o peso do corpo equilibradamente pelas pernas e pelos pés, abaixando o centro de gravidade. A guarda possui características semelhantes nas diversas lutas, como o afastamento anteroposterior dos pés, com os braços e as mãos protegendo o corpo.

Na definição de luta apresentada na BNCC, vimos que o desequilíbrio e o equilíbrio estão entre os principais elementos que a caracterizam, quando se afirma que “[...] os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar” (BRASIL, 2018) * .

Esses movimentos podem ser explorados pelos alunos por meio de jogos, seja nos que envolvem ações em direção ao adversário, sem mediação de objeto ou de território, seja em modalidades que requerem ações desequilibradoras e conquista de território, nas quais os atletas precisam puxar, carregar, empurrar, fazer virar, esquivar-se, desviar e resistir.

Para a realização de atividades de equilíbrio e desequilíbrio nas lutas, o contato físico mais intenso é inevitável, por isso a necessidade de relembrar constantemente os alunos sobre os princípios dessa prática corporal, enfatizando o respeito ao adversário e o cuidado com sua integridade física.

Experimentação e Fruição

Organize os alunos em duplas para a realização de oito das dez atividades propostas a seguir. Oriente-os a cumprimentar o adversário antes de cada luta, lembrando-os da importância e do significado dessa saudação.

No início e no decorrer de cada atividade, ressalte os procedimentos de segurança que todos devem seguir para que não se machuquem.

De modo geral, cada disputa não deverá durar mais de trinta segundos para que, entre outros motivos, a fadiga não prejudique a participação nas disputas e não traga riscos de lesões aos alunos.

Procure alternar os oponentes a cada três ou quatro confrontos para que possam vivenciar situações de lutas com pessoas de diferentes características e gênero. Após as disputas, pergunte aos alunos se as características do oponente interferiu na forma de lutar.

Nas vivências dos diversos jogos, incentive os alunos a perceber que, para obter sucesso nessas disputas, além da própria força, eles também podem utilizar a força do adversário a seu favor, como no caso das esquivas (o oponente se cansa ao fazer força e, ao não ser bem-sucedido em seu esforço, fica mais fragilizado e fácil de ser atacado).

Nota de rodapé: * BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Fim da nota.

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1. Luta do Saci

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Realizar movimentos que exigem maior grau de dificuldade para a manutenção do equilíbrio.

Procedimentos

Oriente os alunos de cada dupla a ficar um de frente para o outro mantendo uma das pernas flexionadas e equilibrando-se apenas sobre o pé de apoio dominante.

Ao seu sinal, eles devem tentar desequilibrar um ao outro por meio de empurrões ou puxões com as mãos ou os braços, apenas dos ombros para baixo. Vence quem conseguir fazer o colega encostar o pé flexionado no chão (ou outra parte do corpo).

Explique aos alunos que eles têm de alternar o pé de apoio a cada reinício da disputa.

Mude as duplas durante esta atividade, de modo que enfrentem adversários com outras estratégias de luta.

Imagem: Ilustração. Dois meninos, um de frente para o outro com apenas um pé apoiando o chão com as mãos estendidas para frente, entre eles uma linha branca.  Fim da imagem.

2.Luta do equilíbrio

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Experimentar movimentos de equilíbrio e desequilíbrio em situação de disputa corporal. Perceber as possibilidades e dificuldades inerentes a essas ações.

Procedimentos

Posicione novamente os alunos de cada dupla um de frente para o outro. Desta vez, ambos devem tocar a parte externa do pé direito do oponente, afastar a perna esquerda para trás e manter a planta dos pés no chão.

Explique a eles que essa posição de afastamento de uma das pernas é um elemento característico de muitas lutas, favorecendo a manutenção do equilíbrio durante a disputa.

Depois, peça a cada aluno que use a mão direita para segurar o colega no antebraço, próximo ao punho.

Ao seu sinal, eles devem tentar desequilibrar o oponente, levando-o a tirar do chão qualquer um dos pés (não necessariamente os dois). Nessa disputa, eles devem buscar esse desequilíbrio por meio de puxões e empurrões realizados apenas com a mão direita.

Vence a disputa quem conseguir tirar do lugar um dos pés do oponente.

Quando um dos alunos atingir o objetivo, oriente as duplas a reiniciar a disputa alternando a perna que fica à frente (direita ou esquerda) e a mão que segura o oponente (direita ou esquerda).

Assim como na atividade anterior, promova mudanças nas duplas.

Imagem: Ilustração. Dois meninos, um de frente para o outro com as mãos esquerdas estreladas, com os pés esquerdos sobre a linha no chão. Fim da imagem.

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Dicas: Durante as diversas atividades de jogos de desequilibrar, enfatize a importância do posicionamento dos membros inferiores (que devem ser mantidos afastados) e do abaixamento do centro de gravidade para a manutenção do equilíbrio.

3. Lutar ajoelhado

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Vivenciar diferentes formas de equilíbrio e desequilíbrio em situações de disputa corporal que enfatizem os movimentos do tronco e dos membros superiores.

Procedimentos

Disponha os alunos de cada dupla ajoelhados, um de frente para o outro. Explique que o objetivo dessa luta é desequilibrar o adversário. Vence a disputa o aluno que levar o colega a encostar outra parte do corpo no chão.

Imagem: Ilustração. Uma menina e um menino com os joelhos apoiados no chão, com as mãos estendidas para frente, um de frente para o outro. Entre eles, no chão, uma linha branca. Fim da imagem.

4. Lutar agachado

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Experimentar diferentes formas de equilíbrio e de desequilíbrio em disputas corporais que evidenciem movimentos do tronco e dos membros superiores. Perceber as sensações provocadas pelo risco de “queda” nessas disputas.

Procedimentos

Peça aos alunos de cada dupla que fiquem de frente um para o outro, agachados (de cócoras), encostando as palmas das mãos em seu oponente, sem agarrá-lo.

Ao seu sinal, eles têm de empurrar o adversário, apenas dos ombros para baixo, com o intuito de desequilibrá-lo e levá-lo a tocar o chão ao menos com uma das mãos. O lutador que se levantar também perde a disputa.

Imagem: Ilustração. Dois meninos agachados, um de frente para o outro com os braços entrelaçados. Entre eles, no chão, uma linha branca.  Fim da imagem.

5. Empurra-empurra

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Participar de ações de equilíbrio e desequilíbrio similares às ocorridas nas lutas. Perceber as possibilidades e as dificuldades desse tipo de disputa.

Material: giz

Procedimentos

Trace uma linha no piso com o giz. Disponha os alunos em duplas, um de cada lado da linha e de frente um para o outro.

Imagem: Ilustração. Dois meninos, um de frente para o outro, com os braços entrelaçados, com os pés apoiados no chão e os joelhos flexionados. Entre eles no chão, uma linha branca.  Fim da imagem.

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Oriente-os a colocar a perna de apoio dominante à frente, encostando a ponta do pé na linha, e a colocar as mãos nos ombros do colega, sem apertar forte.

Ao seu sinal, eles precisam empurrar o oponente na tentativa de invadir o campo adversário. Ganha a disputa quem alcançar esse objetivo.

A linha também pode ser desenhada atrás de cada lutador, cabendo ao oponente empurrá-lo, de modo que ele a ultrapasse.

Assim como nas outras atividades, alterne as duplas.

6. Empurrar com as costas

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Experimentar disputa corporal com ênfase nos movimentos de equilíbrio e desequilíbrio, sem utilizar as mãos.

Material: giz

Procedimentos

Trace uma linha no piso com o giz. Posicione os alunos em duplas, um de cada lado da linha, com as costas apoiadas um no outro. Ganha a disputa o aluno que conseguir invadir o espaço do oponente, empurrando-o com as costas.

Dica: Alerte os alunos para manter os braços próximo ao tronco e abaixados, evitando riscos de cotoveladas. Oriente-os também a não se deslocar lateralmente, evitando a perda do contato com o oponente e possível queda.

Imagem: Ilustração. Duas meninas, uma de costas para outra, com as costas se apoiando. Entre elas, no chão, uma linha branca.  Fim da imagem.

7. Puxa-puxa

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Vivenciar ações de equilíbrio e desequilíbrio em disputas corporais mediante o emprego de movimentos de tração.

Material: giz

Procedimentos

Trace uma linha no espaço de jogo com o giz. Oriente cada aluno da dupla a usar uma das mãos para segurar o antebraço ou o punho do colega. O outro braço deve ficar nas costas, posição em que deve permanecer durante a atividade.

Ao seu sinal, os alunos tentam puxar o parceiro para si com o intuito de fazê-lo atravessar a linha demarcatória e, assim, vencer a luta.

Para garantir a segurança, determine, como regra, ser proibido tirar a mão do braço do adversário, o que pode ocasionar quedas perigosas.

Alterne as duplas a cada minuto.

Imagem: Ilustração. Dois meninos, um de frente para o outro, com as mãos esquerdas entrelaçadas e os braços direitos nas costas. Entre eles, no chão, uma linha branca.  Fim da imagem.

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8. Puxa-puxa triplo

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Participar de disputas corporais mediante o emprego de movimentos de tração e de estratégias coletivas.

Material: giz

Procedimentos

Esta atividade é uma variação da anterior, com a disputa realizada entre dois trios, posicionados um de frente para o outro, em “fila”.

Em cada trio, o terceiro da “fila” segura na cintura do segundo, que segura na cintura do primeiro. O primeiro da “fila” de cada trio deve segurar o antebraço ou o punho do oponente e ficar com um dos braços para trás.

Imagem: Ilustração. Dois meninos, um de frente para o outro, com as mãos esquerdas entrelaçadas e os braços direitos nas costas. Atrás de cada um, há duas crianças em fileira, segurando na cintura do outro. Entre eles, no chão, uma linha branca.  Fim da imagem.

Ganha a disputa o trio que conseguir fazer com que o oponente atravesse a linha.

9. Dono da arena

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Vivenciar uma disputa corporal sem a utilização das mãos.

Material: giz

Procedimentos

Com a ajuda da turma, desenhe círculos (arenas) no piso, cada um com 2 metros de diâmetro. Oriente os alunos de cada dupla a entrar no círculo, ficar de frente um para o outro, encostar o ombro no do colega (clavícula direita com clavícula direita) e a posicionar a cabeça ao lado da do companheiro de luta. Explique a eles que seus braços precisam ficar atrás do corpo, segurando os punhos, e que não podem ser usados nesta atividade.

Ao seu sinal, um empurra o outro, visando tirar o adversário do círculo. Vence quem o fizer, tornando-se o “dono da arena”.

Imagem: Ilustração. Duas meninas dentro de um círculo no chão, uma de frente para outra com os ombros se apoiando, as mãos atrás das costas. Fim da imagem.

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10. Fortaleza

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Experimentar disputas corporais. Decidir a melhor ação a ser realizada e o emprego de estratégias coletivas.

Procedimentos

Organize os alunos em duas equipes. Oriente uma delas a ficar de mãos dadas, formando um círculo (a fortaleza). A outra equipe deve ficar dispersa fora do círculo.

Ao seu sinal, os integrantes da equipe que estiver fora do círculo devem tentar entrar nele (na fortaleza). O objetivo da equipe que forma o círculo é impedir a entrada da equipe adversária por meio de diversas estratégias. Ressalte que os defensores da fortaleza não podem soltar as mãos uns dos outros, dar chutes ou promover ações que possam machucar os colegas.

O jogo termina quando uma equipe invadir a fortaleza ou ao seu comando. Ganha o jogo a equipe mais bem-sucedida em suas estratégias.

Logo depois, inverta os papéis.

Imagem: Ilustração. No centro, um grupo de crianças de mãos dadas, fazendo um círculo. Ao redor do círculo, outras crianças olhando para a roda.  Fim da imagem.

Sugestões para variação do jogo

  1. Realize a disputa com todos os alunos apoiados em um dos pés. Caso algum aluno se desequilibre e apoie os dois pés, deverá retomar imediatamente a posição de apoio em um só pé para prosseguir no combate. Enquanto isso não ocorrer, ele não poderá realizar ações de ataque ou defesa.
  1. Inicie a disputa com uma das equipes dentro da fortaleza, como se estivesse presa nela, e estabeleça que o objetivo desta vez será a fuga. O jogo termina quando todos os integrantes da equipe conseguirem sair da fortaleza ou no tempo determinado por você. Depois, inverta os papéis.

    Dica: A cada disputa, procure alternar a posição dos jogadores no círculo para que percebam possíveis diferenças na disputa. Procure alternar também os grupos de alunos.

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Construção de valores

1. Interagindo com as diferenças

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Experimentar e reconhecer a possibilidade de prática de luta por pessoas com características físicas distintas, ampliando o respeito às diferenças.

Procedimentos

Ao executar as atividades propostas para este tema 1, procure realizar disputas entre oponentes com características físicas semelhantes e também entre os que têm características diferentes; por exemplo, crianças altas e baixas, mais e menos encorpadas etc.

2. Simular uma deficiência

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Perceber a possibilidade de prática de luta por pessoas com deficiência.

Material: vendas para os olhos

Procedimentos

Escolha algumas das atividades propostas anteriormente (as que considerar mais adequadas) e peça aos alunos que as realizem com os olhos vendados. Deve haver um árbitro para conduzir as lutas. Alterne os alunos nessa função.

Discussão

Destaque para os alunos que, havendo respeito, todos têm condições de participar de uma luta. Peça-lhes que comentem se os olhos vendados os impediram de participar das disputas e de sentir prazer na atividade.

Enfatize nessa conversa que as lutas também são acessíveis às pessoas com deficiência, muitas vezes requerendo pequenas adaptações, como no caso da atividade de olhos vendados, possibilitada pela presença de um árbitro.

Portanto, diferentemente do que muitos dizem, a luta não é uma prática adequada apenas a pessoas sem deficiência, mas a todos os que queiram praticá-la.

Boxe complementar:

  1. Para saber mais
  1. FERREIRA, H. S. As lutas na Educação Física. Revista de Educação Física. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará, 2006.

    O autor faz uma análise da abordagem das lutas como conteúdos da Educação Física escolar.

  1. OLIVIER, J. C. Das brigas aos jogos com regras. Porto Alegre: Artmed, 2000.

    Nesse livro são apresentadas outras possibilidades de jogos de luta.

Fim do complemento.

Avaliação e Registro

Exiba aos alunos um breve vídeo com situações de lutas, como as competições das Olimpíadas. Peça a eles que identifiquem as situações de equilíbrio e desequilíbrio e que registrem as respostas em uma folha à parte. Recolha as folhas, verifique se os conhecimentos apontados foram satisfatórios e apresente suas considerações à turma.

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TEMA 2 – Laamb: luta africana

Tabela: equivalente textual a seguir.

Prepare-se para as aulas

Objetivos

Vivenciar e reconhecer as principais características do laamb.

Identificar e experimentar uma luta de matriz africana.

Valorizar as práticas corporais africanas, em especial as lutas, como produção histórico-cultural.

Refletir sobre a questão dos refugiados e perda de território natal.

Elaborar alternativas para estabelecer uma ética solidária para a tradição do laamb.

Habilidades da BNCC

EF35EF13, EF35EF14 e EF35EF15

Lutas de matriz indígena foram abordadas no 3ᵒ ano.

Número de aulas

8

Materiais

Giz e tatames (ou colchões de ginástica).

Sequência de atividades

Solicite aos alunos que, em duplas, reproduzam, como uma estátua viva, a posição dos lutadores de laamb apresentada na imagem e evoluam para os movimentos que acreditem vir na sequência. Pergunte o que mais lhes chama a atenção na imagem. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”.

Sensibilização

Após as atividades anteriores, realize as propostas da seção “Construção de valores”.

Avaliação

Analise as respostas dos alunos ao questionário aplicado, promovendo, com eles, reflexões sobre a experiência vivenciada nas aulas e as diferenças culturais das lutas.

Para começar

Reúna os alunos em uma grande roda e apresente uma imagem da luta senegalesa laamb. Observe a imagem a seguir.

Imagem: Fotografia. Dois homens negros, usando um tecido na cintura. Eles estão um de frente para o outro com os braços entrelaçados em um campo de terra. No fundo, arquibancada com pessoas olhando para eles. Fim da imagem.

LEGENDA: Lutadores senegalês e burquinense de laamb se enfrentando, Abidjã, Costa do Marfim, 2017. FIM DA LEGENDA.

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Solicite aos alunos que, em duplas, tentem reproduzir a posição dos corpos apresentados na imagem, como uma estátua viva. Depois, peça que se mexam lentamente e evoluam para movimentos que eles acreditem ser o prosseguimento da luta. Assim, nesse exercício, o ponto de partida será a imagem estática de um momento da luta senegalesa laamb, que evoluirá, com a criatividade dos alunos, para outro momento de combate (golpes empregados, como se posicionaria cada um dos corpos etc.). Se possível, disponha alguns tatames, colchões ou colchonetes pelo chão para que os alunos tenham mais liberdade de criação e conforto na exploração dos movimentos. Caso você tenha uma câmera digital ou um smartphone, registre o trabalho dos alunos por meio de fotos. Recomendamos cuidado no uso das imagens para evitar possível exposição dos alunos.

Posteriormente, organize os alunos em grupos de cinco integrantes. Peça a eles que observem novamente a foto inicial e destaquem os elementos que lhes chamam a atenção. Eles podem estar relacionados às vestimentas, aos adereços, ao espaço em que a luta acontece, entre outros.

Ao final, converse com os grupos sobre como se deu o processo de criação dos movimentos e a interação com os colegas. Peça que destaquem como aconteceram os movimentos e sua relação com a foto inicial. Traga para a conversa alguns elementos do laamb, associando-os aos movimentos criados e ao texto da análise e compreensão a seguir.

Análise e Compreensão

Laamb: uma luta senegalesa

Leia para os alunos esse breve relato sobre a origem do laamb.

Fily Paco, morador do vilarejo Djilacoune, em Casamance, região onde nasceu a tradição, explica que a luta começou na época de seus ancestrais que iam caçar nos arredores dos vilarejos vizinhos para mostrar força e desafiar o “inimigo” para uma batalha corporal. O vencedor, além da honra da vitória, levava as terras e as plantações do oponente, que era obrigado a debandar para outros lados. Atualmente, a disputa de terra já não acontece. No entanto, o vencedor ainda leva para casa bons sacos de cereais das plantações do vilarejo perdedor, uma etiqueta hoje mais ligada ao compartilhamento do que à disputa.

FONTE: Flora Pereira da Silva. “Luta senegalesa: febre nacional”. Afreaka . Disponível em: http://fdnc.io/dLN. Acesso em: 26 fev. 2021.

Apesar de o laamb ser uma luta, os eventos envolvendo essa prática estão imbuídos de uma série de crenças e espiritualidade.

Antes, durante e após os combates ocorrem determinados rituais para afastar o azar do combatente ou para tirar a sorte do adversário, tais como: os participantes amarram em várias partes do corpo amuletos e talismãs, denominados “gris-gris”, que servem para proteção e trazem sorte ao lutador; os lutadores tomam um banho preparado com ervas, plantas e ingredientes místicos, antes de ser iniciado o combate, para proteção contra maus espíritos; além disso, cada participante realiza um ritual próprio, como esfregar o pé em uma pedra, fazer círculos no chão ou jogar areia no corpo, entre outras possibilidades, tudo com o propósito de contar com a sorte e estar protegido.

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O misticismo tem grande valor durante os eventos envolvendo o laamb. Há a crença de que a vitória não está relacionada exclusivamente ao fato de o lutador ser mais forte e/ou estar mais bem preparado para o combate, mas essencialmente pelo fato de o vencedor deter as maiores proteções em seus respectivos “gris-gris” e ter realizado as melhores magias durante a preparação que antecede a disputa.

O laamb pode ser realizado de duas formas: na versão mais recente é permitido que o lutador utilize socos para atacar seu oponente, mas na versão original não é possível bater no adversário, que deve ser derrubado, fazendo com que ele toque a cabeça, o quadril ou as costas no chão, caracterizando assim a finalização da disputa. Características semelhantes às da luta laamb, em sua origem, podem ser observadas na luta greco-romana, que integra os Jogos Olímpicos de Verão, ou no huka-huka, luta tradicional brasileira dos povos indígenas do Parque do Xingu.

Boxe complementar:

O laamb é tradicional do Senegal, país da costa oeste do continente africano, cuja capital é Dacar. O país possui uma população formada por grande diversidade de grupos étnicos. A língua oficial é o francês, mas a maior parte dos habitantes se comunica no idioma de seu grupo.

Fim do complemento.

Experimentação e Fruição

1. As mãos no laamb

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Experimentar os movimentos das mãos e agarre de membros superiores no laamb.

Procedimentos

Delimite um espaço retangular reduzido para a prática do laamb e organize os alunos em duplas. Converse previamente sobre respeito entre os integrantes da dupla durante a disputa, em que não serão permitidos movimentos e contatos excessivos que possam machucar o colega.

Como uma das formas dessa luta permite que o ataque seja feito com as mãos, peça aos alunos que fiquem um de frente para o outro e tentem agarrar os dois braços do colega. Para escapar a esse ataque, eles devem movimentar os braços para cima e para baixo rapidamente.

Cada agarre vale um ponto, e o exercício termina quando um deles conquista cinco pontos, sendo o vencedor.

Deixe as duplas lutando por um tempo curto, depois troque os oponentes.

2. Agarre no laamb

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Experimentar os movimentos de agarre de membros inferiores no laamb.

Procedimentos

Delimite um espaço retangular reduzido e organize os alunos em duplas. O objetivo da disputa é agarrar a parte de trás dos membros inferiores do colega (coxas e joelhos), uma das táticas de ataque no laamb. O primeiro da dupla que agarrar ganha um ponto, e a cada três pontos trocam-se as duplas.

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3. Combate laamb

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Experimentar movimentos de luta característicos do laamb, com ênfase no combate.

Materiais: tatames ou colchões de ginástica e fita-crepe

Procedimentos

Organize o espaço da atividade de modo que o chão fique coberto por colchões de ginástica ou tatames e divida os alunos em duplas.

Marque com fita-crepe duas linhas paralelas no chão com um metro de distância entre elas. Peça aos alunos das duplas que se posicionem um de frente para o outro.

Ao seu sinal, os alunos deverão ir de encontro um ao outro, podendo agarrar-se, com o objetivo de derrubar o adversário no chão. Vale lembrar aos alunos que não serão permitidos movimentos que possam machucar o adversário, como socos, chutes e pontapés.

Será vencedor o aluno que fizer o adversário encostar os joelhos, o quadril ou as costas no chão.

Discussão

Peça aos alunos que indiquem os aspectos mais marcantes na luta. Converse sobre quais movimentos utilizam que favorecem a vitória ou os fazem perder o combate.

Dica

Para melhor compreensão dos movimentos no laamb, assista ao vídeo disponível em: http://fdnc.io/dLP. Acesso em: 26 fev. 2021.

O espaço oficial do combate acontece na areia. Caso haja essa disponibilidade em sua escola, você pode realizar as atividades com os alunos nesse local. Vale lembrar que é importante enviar um bilhete aos responsáveis pelos alunos com antecedência, informando que haverá atividade nesse tipo de solo.

Por ser uma luta acompanhada de tambores, cantos e danças, você pode pedir aos alunos que acompanhem as batalhas batendo palmas, caso não haja instrumentos disponíveis.

Construção de valores

Laamb solidário

PROFESSOR Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Elaborar alternativas para estabelecer uma ética solidária para a tradição do laamb.

Materiais: giz, tatames ou colchões de ginástica

Procedimentos

Organize a turma em dois grandes grupos e repita a dinâmica da atividade “Combate laamb”, mas desta vez divida o espaço de lutas em duas grandes áreas que delimitem os territórios de cada grupo, separados por uma área central que represente a “área de combates”, conforme a figura a seguir. Dependendo do espaço disponível para a realização dessa atividade, programe certa quantidade de lutas que possam acontecer ao mesmo tempo, evitando que as duplas se esbarrem. À medida que as lutas forem acontecendo, vá contabilizando os pontos das equipes vencedoras.

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COMBATE LAAMB

Imagem: Ilustração de um retângulo com a informação: TERRITÓRIO EQUIPE 1. Fim da imagem.
Imagem: Ilustração de um retângulo com a informação: ÁREA DE COMBATES. Fim da imagem.
Imagem: Ilustração de um retângulo com a informação: TERRITÓRIO EQUIPE 2. Fim da imagem.

Finalizadas as lutas, conte os pontos de cada equipe e apresente o resultado à turma indicando que, de acordo com a tradição do laamb, a equipe vencedora tem direito ao território da equipe derrotada. Discuta com a turma as implicações desse tipo de tradição para os povos que são conquistados ou que são obrigados a sair de seus territórios. Com a finalidade de aproximar situações como essa dos dias atuais, peça aos alunos que reflitam a respeito da questão dos refugiados, que, por diversos motivos, precisam deixar seu país de origem e consequentemente sua casa, seu trabalho, sua escola, amigos etc.

De volta à tradição do laamb, peça à turma que proponha algum tipo de modificação nessa tradição, que poderia ser adaptada para a vivência da aula, no sentido de tornar o combate solidário, em vez de predatório. Por fim, realize novamente a atividade incorporando as sugestões do laamb solidário propostas pelos alunos.

Boxe complementar:

Para saber mais

  1. Luta senegalesa: febre nacional. Disponível em: http://fdnc.io/dLR. Acesso em: 26 fev. 2021.
  1. La Lutte – Senegalese Wrestling in Dakar – Championship. Disponível em: http://fdnc.io/dLQ. Acesso em: 26 fev. 2021.

    O vídeo apresenta uma luta completa de laamb, com duração de aproximadamente 9 minutos.

    Fim do complemento.

Fim do complemento.

Avaliação e Registro

Peça aos alunos que pesquisem as principais características do laamb e proponha as seguintes perguntas:

  1. Quantos árbitros fazem a mediação da luta? Resposta: (Três árbitros.)
  1. Qual é o tempo oficial de duração da luta? Resposta: (Dois tempos de dez minutos.)
  1. Como é o espaço da luta? Resposta: (Um retângulo preenchido por areia.)
  1. Os lutadores usam algum tipo de vestimenta especial ou proteção nas mãos? Resposta: (Não, usam apenas um calção característico e tradicional da cultura senegalesa e lutam com as mãos nuas e sem proteção.)
  1. Quando a luta termina? Resposta: (Quando um dos lutadores sofre uma queda e encosta a cabeça, o quadril ou as costas no chão.)

    Na sequência, analise as respostas com os alunos, provendo reflexões sobre a experiência vivenciada nas aulas e as diferenças culturais das lutas nas diversas “civilizações”.