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5º ANO – Lutas
TEMA 1 – Variações dos elementos das lutas
Tabela: equivalente textual a seguir.
Prepare-se para as aulas |
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Objetivos |
Experimentar formas diversificadas de esquivas, imobilizações, agarramentos, equilíbrios e desequilíbrios associadas às lutas para a conquista de objetos e território. Transformar jogos de lutas. Reconhecer a possibilidade de a pessoa com deficiência visual praticar luta. Verificar e programar ações que favoreçam a participação de pessoas com limitações físicas. |
Habilidades da BNCC |
EF35EF13, EF35EF14 e EF35EF15 Lutas de matriz indígena e africana foram abordadas no 3ᵒ e 4ᵒ anos, respectivamente. |
Número de aulas |
8 |
Materiais |
Bolas de basquetebol ou de outra modalidade esportiva, cronômetro ou relógio com marcação de segundos, banco sueco, colchões (ou colchonetes), giz, corda de sisal (ou de outro material), venda para os olhos e dispositivo eletrônico para reprodução de vídeos. |
Sequência de atividades |
Retome com os alunos os conceitos de luta e as diferenças entre essa prática corporal e a briga. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção "Experimentação e Fruição". |
Sensibilização |
Após as atividades anteriores, realize as propostas da seção "Construção de valores". |
Avaliação |
Acompanhe a criação de jogos de lutas pelos alunos, questionando-os que elementos foram evidenciados. |
Para começar
Retome com os alunos os conceitos de luta e as diferenças entre essa prática corporal e a briga. Sempre é bom atualizar esses saberes e as posturas de respeito presentes nesse conteúdo.
Recorde os movimentos característicos das lutas, como equilíbrio, desequilíbrio, esquiva e imobilização, além da importância do respeito às regras, ao adversário e dos cuidados com a segurança.
Questione os alunos sobre possíveis formas de “lutar” com um colega. Por exemplo: agarrando, empurrando, tracionando, golpeando com toques e usando implementos. Se considerar oportuno, peça a uma dupla (de voluntários ou escolhidos por você) que demonstre alguns desses movimentos. Os demais alunos podem dar dicas, sugerir a correção de movimentos ou novas regras, ou seja, é desejável que todos participem.
Se desejar avançar nesta introdução da aula, apresente aos alunos imagens de lutas formais contendo situações dos diversos movimentos característicos das lutas para que eles façam o reconhecimento.
Avise-os de que nas aulas seguintes eles vivenciarão novas possibilidades para realizar esses movimentos, ora apresentadas por você, ora transformadas ou criadas pela turma.
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Análise e Compreensão
Transformação dos jogos de lutas
Nascimento e Almeida 1 , em estudo realizado sobre lutas na Educação Física escolar, defendem que, entre as atividades desenvolvidas, seja possibilitada a criação de regras e novos jogos de lutas propostos pelos próprios alunos. Cabe a eles estabelecer o nome da luta, o modo de jogar, o objetivo, as regras, as proibições e as estratégias, bem como prevenir atitudes de deslealdade, para demonstrar boa conduta e respeito ao esporte, inibindo a violência. Para esses autores, os alunos também precisam adotar critérios para saber analisar, avaliar e criticar situações de inclusão e exclusão nas aulas de Educação Física, contribuindo para a construção do respeito às diversidades e às individualidades dos sujeitos que fazem parte de cada contexto, independentemente das diferenças de gênero, estatura e peso. Eles afirmam que, quando adaptamos as regras e damos tratamento pedagógico a elas, podemos produzir conhecimento e oportunizar diferentes vivências aos alunos.
Experimentação e Fruição
1. Disputa pela bola
PROFESSOR
Objetivos: Atacar e defender-se por meio de ações de tração e agarramento.
Materiais: bolas de basquetebol ou de outra modalidade esportiva e cronômetro ou relógio com marcação de segundos
Procedimentos
Oriente os alunos a formar duplas e a ficar em pé, um de frente para o outro. Entregue a bola a um deles. Ao seu sinal, o colega deve tentar tirá-la das mãos do outro puxando-a para si. Cabe ao aluno de posse da bola evitar que o oponente seja bem-sucedido nessa tentativa.
Essa disputa pode durar, no máximo, 30 segundos. Inverta os papéis dos alunos ao final de cada luta, bem como promova mudanças de oponentes.
Dicas
Alerte-os a manter os cotovelos próximos ao corpo para não machucar o colega nem a si próprio.
Para a manutenção da base de equilíbrio, eles devem posicionar as pernas no sentido anteroposterior (veja a figura abaixo).
Essa atividade pode ser feita com a bola no solo, caso a escola possua colchões ou colchonetes.
Antes de iniciar a luta, verifique se as unhas dos alunos estão cortadas e recomende que retirem pulseiras, piercings, correntinhas, anéis e relógios.
LEGENDA: Pernas no sentido anteroposterior. FIM DA LEGENDA.
Nota de rodapé: 1.NASCIMENTO, P. R. B.; ALMEIDA, L. A tematização das lutas na Educação Física escolar: restrições e possibilidades. Movimento, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 91-110, set./dez. 2007. Disponível em: http://fdnc.io/fhh. Acesso em: 5 mar. 2021. Fim da nota.
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2. Luta do saci variada
PROFESSOR
Objetivos: Buscar o equilíbrio em situações de contato direto com o adversário e em condições de dificuldade para a manutenção do equilíbrio. Reconhecer a predominância da técnica sobre a força.
Procedimentos
Disponha novamente os alunos em duplas, um de frente para o outro. Oriente-os a ficar em pé, equilibrando-se apenas em um dos pés e com as mãos posicionadas para trás.
Ao seu sinal, eles devem tentar desequilibrar o oponente empurrando-o com o ombro e mantendo o próprio equilíbrio. Vence o confronto quem conseguir fazer com que o colega encoste o pé flexionado no chão (ou outra parte do corpo).
Alterne as duplas a cada minuto.
Dica
Explique aos alunos que, assim que um deles encostar o pé no chão, o vencedor deve também apoiar o seu pé no chão, para evitar ser puxado pelo colega em desequilíbrio e ambos caírem.
3. Disputa sobre o banco
PROFESSOR
Objetivo: Experimentar a base em pé, mantendo o equilíbrio em situação de disputa em espaço de ação restrito, sobrepondo a técnica à força.
Materiais: banco sueco, colchões ou colchonetes e giz
Procedimentos
Organize os alunos em duas equipes e peça a cada uma delas para formar uma “fila”, posicionando-se em uma das extremidades do banco sueco. O primeiro aluno de cada “fila” sobe no banco e encosta as palmas das mãos nas palmas das mãos do adversário. Quem conseguir desequilibrar o adversário, tirando-o do banco, vence a luta.
Dicas
Realize a atividade em um banco sueco baixo e rodeado por colchões ou colchonetes. Se a escola não possuir esse tipo de banco ou, por qualquer motivo, você não sentir segurança para fazer a atividade no plano alto, organize-a no chão. Nesse caso, desenhe no piso um retângulo similar ao formado pelo banco sueco.
4. Cabo de guerra
PROFESSOR
Objetivo: Lutar em equipe, realizando ações para desequilibrar o oponente mediante movimento de tração em situação de esforço coletivo.
Materiais: corda de sisal (com pelo menos 6 m de comprimento e 2,5 cm de espessura) ou de outro material adequado, como a poliamida acetinada, e giz
Procedimentos
Organize os alunos em duas equipes e as disponha em lados opostos da corda, formando uma coluna. É preciso haver uma distância de aproximadamente 1,5 m entre o primeiro integrante de cada time.
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Trace uma linha no piso, a qual deve ficar bem no centro dessa distância. Depois, oriente cada equipe a puxar a corda para o seu lado no intuito de levar o primeiro integrante da equipe adversária a ultrapassar essa linha. Vence o time que for bem-sucedido nessa tentativa. Um lenço (ou colete) pode ser amarrado no centro da corda e ser usado como parâmetro para observar o cruzamento da linha.
Esclareça a todos que os times não podem soltar deliberadamente a corda, pois seus oponentes correm o risco de cair de costas e se machucar.
Dicas
Para evitar que as mãos escapem e os alunos sofram quedas, faça nós ao longo da corda para que eles contem com esse apoio. O uso de um pano (ou de luva grossa) impede possíveis ferimentos nas mãos.
5. Fuga do círculo
PROFESSOR
Objetivo: Experimentar técnicas para reter um oponente e livrar-se dele mediante movimentos de tração e agarramento.
Material: giz
Procedimentos
Desenhe no piso círculos de aproximadamente dois metros de diâmetro e posicione dois alunos dentro de cada um deles. A tarefa de um dos lutadores é sair do círculo e a tarefa do outro, impedir essa saída segurando o colega apenas pela cintura.
Antes de dar o sinal para o início da luta, oriente o responsável pelo agarramento a colocar as mãos na cintura de seu oponente.
Declare vencedor o aluno que conseguir escapar do oponente ou o que impedir essa fuga durante o tempo estimado para a luta (no máximo, 30 segundos).
Reinicie as disputas invertendo os papéis. A cada dois confrontos, providencie a troca de oponentes.
6. Sobra um
PROFESSOR
Objetivo: Experimentar movimentos para desequilibrar o adversário e resistir ao desequilíbrio imposto por ele.
Material: giz
Procedimentos
Desenhe círculos no chão de aproximadamente dois metros de diâmetro e, em seguida, organize os alunos em duplas dentro deles. Ambos precisam estar em pé. Oriente um dos lutadores a apoiar as mãos nas costas do outro e a empurrá-lo na tentativa de tirá-lo do círculo. A missão do oponente, por sua vez, é resistir a esse ataque.
Vence o duelo quem conseguir expulsar o oponente do círculo ou permanecer dentro dele durante os 20 segundos estabelecidos para a competição.
Reinicie a disputa invertendo os papéis. Depois de alguns confrontos, varie a atividade, permitindo que ambos os alunos ataquem ao mesmo tempo, empurrando-se mutuamente com as costas. Alterne também os oponentes.
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7. A caça e o caçador
PROFESSOR
Objetivo: Experimentar movimentos de esquiva no plano baixo.
Procedimentos
Nessa atividade, os alunos escolhidos como “caças” têm de se locomover pela quadra em quatro apoios ou engatinhando para fugir do aluno escolhido como caçador, que pode se movimentar em pé na tentativa de pegar as caças, o que ocorre tocando-as nas costas e transformando-as também em caçadores.
Para não serem pegas, as caças também podem proteger suas costas, virando-se e deitando-se em decúbito dorsal, voltando a fugir quando não se sentirem mais ameaçadas.
8. Conquista do país
PROFESSOR
Objetivos: Experimentar movimentos de imobilização e esquiva em diferentes planos e em situações de disputas com adversários de diversos biotipos. Valorizar o trabalho em equipe.
Material: giz
Procedimentos
Esse jogo, parecido com o “rouba-bandeira”, contempla elementos das lutas (esquivas e conquista de território).
Organize os alunos em dois grupos (dois países) e oriente cada um deles a ficar na sua metade da quadra (ou em um espaço delimitado por uma linha central e uma ao final de cada campo). Atrás dessa linha final, fica o território do respectivo país.
Quando os “guerreiros” invadem o campo adversário, eles podem ser neutralizados se forem agarrados pela cintura ou ombros durante três segundos, deixando-os paralisados, só se deslocando novamente se forem tocados por alguém da sua equipe. Vence a competição o time que conseguir chegar primeiro no reinado adversário com cinco dos seus integrantes.
Por serem breves, as disputas podem ser repetidas diversas vezes. Ressalte o cuidado que todos devem ter ao movimentar os cotovelos no momento em que forem agarrados, evitando machucar o colega da equipe adversária.
Discussão
Peça aos alunos que apontem aspectos positivos e negativos dos jogos de lutas vivenciados, bem como comentem sobre as técnicas empregadas nessas atividades nas ações de ataque e defesa. Converse com eles sobre a importância de prevenir atitudes de deslealdade por meio do estabelecimento e do cumprimento de regras.
Procure saber como foi lutar com pessoas de diferentes biotipos. Destaque que, apesar das diferenças físicas, todos puderam usufruir os jogos de lutas, inclusive as sensações e emoções provocadas pelas situações imprevisíveis características dessa prática corporal.
Dicas
Em cada uma das atividades sugeridas, solicite aos alunos que explorem diferentes movimentos para a execução das habilidades requisitadas e observem e relatem quais foram os mais eficazes.
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Depois de executadas as atividades, peça a eles que sugiram alterações nas regras e nos materiais usados e incentive-os a vivenciar essas variações.
Construção de valores
Luta e deficiência visual
PROFESSOR
Objetivos: Reconhecer a possibilidade de a pessoa com deficiência visual praticar luta. Verificar e programar ações que favoreçam a participação de pessoas com limitações físicas.
Materiais: venda para os olhos e dispositivo eletrônico para reprodução de vídeos
Procedimentos
Peça aos alunos que formem duplas e criem jogos de lutas nos quais seja possível a participação de pessoas com deficiência visual.
Para inspirá-los, exiba o vídeo indicado a seguir do judoca brasileiro Antônio Tenório em combate e explique que se trata de um atleta deficiente visual que conquistou diversos títulos importantes, inclusive medalha de ouro em quatro Paralimpíadas.
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Campeonato Brasileiro de Jiu-Jítsu, 2011 (Cardin Ferreira x Antônio Tenório). Disponível em:
http://fdnc.io/dMb. Acesso em: 5
mar.
2021.
Para a realização das disputas, vende os olhos dos alunos. Ressalte que todos nós temos possibilidade de superar nossas limitações físicas.
Discussão
Incentive os alunos a pensar em formas de inclusão de todos nos jogos e a valorizar o esforço coletivo, evidenciando a importância de respeitar as diferentes características individuais.
Boxe complementar:
Para saber mais
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CARREIRO, E. A. Lutas. In: DARIDO, S.; RANGEL,
I.
(org.). Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Col. Educação Física no Ensino Superior. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 244-261.
O livro traz capítulo que apresenta possibilidades para a sistematização, a organização e o ensino de lutas na escola.
Fim do complemento.
Avaliação e Registro
Organize os alunos em pequenos grupos e peça a eles que criem jogos de lutas. Cada grupo deve nomeá-los, explicar o modo de jogar, o objetivo, as regras e as estratégias de jogo. Depois, acompanhe as apresentações das lutas.
Durante as exibições (ou ao término delas), pergunte a eles quais elementos das lutas foram evidenciados no jogo.
Se possível, peça que descrevam o jogo em arquivo digital e o disponibilize na internet como forma de estimular o compartilhamento de conhecimentos. O público-alvo deles deve ser a comunidade escolar e local.
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TEMA 2 – A origem das lutas
Tabela: equivalente textual a seguir.
Prepare-se para as aulas |
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Objetivos |
Reconhecer histórias relacionadas ao surgimento das lutas. Discutir discriminação nas lutas usando exemplos dos povos antigos. |
Habilidades da BNCC |
EF35EF13, EF35EF14 e EF35EF15 |
Número de aulas |
8 |
Materiais |
Máscaras de animais e lanças feitas de papelão ou folhas de jornal, folhas de papelão, bexigas (balões), canudos e batedores infláveis de torcida ou flutuadores de espuma para piscina (boias espaguetes). |
Sequência de atividades |
Questione os alunos a respeito da origem das lutas e registre as respostas como referência para a avaliação ao final do tema. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção "Experimentação e Fruição". |
Sensibilização |
Após as atividades anteriores, realize as propostas da seção "Construção de valores". |
Avaliação |
Analise a criação da história em quadrinhos sobre a origem das lutas elaborada pelos alunos comparando-a aos textos produzidos no início do tema. |
Para começar
Comece essa conversa com os alunos fazendo-lhes as seguintes perguntas: “Vocês acham que é possível conhecer a origem das lutas? Por quê?”. Considere a opinião deles durante o debate e na formulação de novas perguntas, como: “O que os seres humanos da Pré-História precisavam fazer para obter alimentos?”, “E para se defender de outros povos?”, “Na Idade Média, quem protegia os castelos das invasões? De que forma?”.
Registre as respostas em um caderno como referência para a avaliação ao final das aulas desse tema.
Conclua essa conversa com os alunos explicando-lhes que é possível ter uma ideia sobre a origem das lutas, bem como perceber a ressignificação desse conceito ao longo da história.
Análise e Compreensão
1. Um olhar histórico sobre as lutas
Histórias que envolvem elementos das lutas datam dos primórdios da humanidade, sendo bem evidentes a presença de práticas sistematizadas na Antiguidade, indicando que a luta é uma manifestação cultural que há séculos vem sendo transmitida entre as gerações nas mais diferentes sociedades. Os textos bíblicos relatam disputas envolvendo lutas, como na história de Davi e Golias.
Não há um registro preciso sobre a origem das lutas e das artes marciais. A literatura aponta diversos relatos em diferentes regiões do mundo. Citaremos, a seguir, alguns deles como exemplos.
Há evidências de práticas de luta encontradas em tumbas que datam do ano 2000 a.C. Os gregos praticavam o pancrácio, uma forma de luta presente nos primeiros Jogos Olímpicos da Era Antiga. Os gladiadores romanos também treinavam técnicas de luta a dois e realizavam disputas a dois.
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Alguns estudos apontam a chegada das lutas na China e na Índia no século V a.C. por meio do comércio marítimo, sendo a China considerada por muitos o berço dessa cultura. Bodhidharma, um monge indiano, começou a ensinar no templo e mosteiro de Songshan Shaolin um tipo novo e mais direto de budismo, que envolvia longos períodos de estática. Para auxiliar os praticantes na realização de longas horas de meditação, o monge ensinava técnicas de respiração e exercícios para desenvolver a força e a capacidade de defender-se. Com a influência do budismo, as lutas propagaram-se por todo o Oriente, principalmente na China, na Coreia, no Japão, na Índia e nos países do Sudeste Asiático.
A expansão e as descobertas de territórios pelos europeus depois do século XIV possibilitaram o contato deles com a cultura e com os povos dos países orientais. Por volta do ano de 1900, alguns ingleses e estadunidenses começaram a aprender judô e outras artes marciais japonesas, sendo disseminadas no Ocidente após 1945. No Brasil, a prática de lutas orientais foi trazida por imigrantes japoneses, por volta de 1915.
Atualmente, existem muitas formas de lutas, como kung fu, tai-chi-chuan, caratê, judô, jiu-jítsu, aikido, taekwondo, jeet kune do, kendo etc. Algumas lutas são consideradas ocidentais, como boxe, esgrima e kick-boxe. A cada dia surgem diferentes formas de luta, o que aumenta essa diversidade.
2. As lutas nas cavernas
Em 1996, a pesquisadora Maria Conceição Soares Meneses Lage 2 comprovou que o homem pré-histórico tinha uma tecnologia muito avançada na preparação das tintas, decantando a argila e isolando a areia.
Com a hematita (óxido de ferro), produziam as cores amarela (goetita), branca (kaolinita), cinza (hematita misturada com kaolinita) e preta (carvão vegetal ou ossos de animais, queimados e triturados).
A pesquisadora aponta a possibilidade de que o homem pré-histórico, de posse das tintas, fazia o registro do cotidiano social daquele período, em que lhe era possível fixar seus costumes, as práticas diárias e os roteiros de viagens, como forma de manter nas rochas o registro histórico.
Assim, as pinturas permitiriam que outros grupos ou futuras gerações dos próprios grupos tivessem acesso a essas informações previamente registradas. Por isso, em alguns sítios arqueológicos aparecem cenas de caça, dança, rituais, lutas territoriais e animais que habitavam o cenário de vida deles.
Os registros rupestres são as primeiras manifestações estéticas da Pré-História brasileira, especialmente rica no Nordeste, sendo encontradas do Rio Grande do Norte até o Piauí.
LEGENDA: Situação de luta mostrada em pintura rupestre. Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI), 2013. FIM DA LEGENDA.
Nota de rodapé: 2. LAGE, M. C. S. M. Conservação de sítios de arte rupestre. Teresina: Alínea Publicações, 1996. Fim da nota.
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Mais de quinhentos sítios arqueológicos estão catalogados no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fora da área do Parque Nacional Serra da Capivara, considerado o local de maior concentração de sítios com registros pré-históricos do mundo e declarado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), desde 1991, como Patrimônio Mundial da Humanidade.
O estudo da arte rupestre em vários pontos do mundo tem ajudado a entender como as civilizações se formaram e viveram. Algumas pinturas mostram técnicas de duelo, que eram ensinadas às crianças. Muitas cenas encontradas na Itália se repetem em outras partes do mundo, e isso acontece porque as civilizações, embora separadas geograficamente, viviam de modos semelhantes.
Experimentação e Fruição
1. Dramatização da origem da luta
PROFESSOR
Objetivo: Reconhecer situações e motivos que possam estar associados aos fatos relacionados à origem das lutas.
Procedimentos
Organize a turma em dois grupos e explique que um deles atacará o outro, o qual, por sua vez, vai se defender do ataque. Peça aos alunos que criem e representem esse conflito cujo objetivo é a conquista de algo considerado valioso.
Incentive-os a definir o que será disputado, bem como os movimentos de quem ataca e defende: golpes, sinais, gritos, palavras de ordem. Lembre-os de que se trata de uma encenação e que cuidem da segurança de todos.
Uma vez terminada a representação, pergunte aos alunos se pode haver alguma relação entre os elementos presentes na história dramatizada por eles e a origem das lutas, incluindo os motivos da escolha do que estava em disputa.
Depois, apresente cópias (se possível, ampliadas e coloridas) das fotografias a seguir, as quais retratam elementos das lutas na Antiguidade: “Quem são as pessoas apresentadas nas imagens?”, “O que elas estão fazendo e por quê?”.
LEGENDA: Gladiadores lutando. Detalhe de mosaico no chão da vila romana em Nennig, Alemanha, séc. III. FIM DA LEGENDA.
LEGENDA: Jovens lutando. Base de uma estátua encontrada no Cemitério Dipylon, Atenas, Grécia, c. 510 a.C. FIM DA LEGENDA.
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Outra situação interessante é apresentada no início do filme 2001, uma odisseia no espaço, que mostra um confronto entre símios ancestrais do ser humano. É possível ver essa cena em diversos vídeos na internet. Sugerimos o seguinte: O pensamento e a descoberta da ferramenta – “2001: uma odisseia no espaço”. Disponível em: http://fdnc.io/dMc. Acesso em: 5 mar. 2021.
Conforme os comentários dos alunos, relembre-os de que, nos primórdios, o ser humano precisava agir usando elementos similares aos das lutas em razão da necessidade de sobrevivência, como caçar, conquistar territórios e se defender dos ataques de animais e de rivais.
2. Os homens das cavernas
PROFESSOR
Objetivo: Reconhecer situações relacionadas à luta na Pré-História.
Materiais: máscaras de animais e lanças feitas de papelão ou folhas de jornal
Procedimentos
Organize os alunos em dois grupos. Um deles representa os homens das cavernas, os quais portam lanças; o outro representa os animais.
Oriente os homens das cavernas a caçar os animais tentando tocá-los no tronco com a lança. Os animais, em quadrupedia, devem fugir dos caçadores ou enfrentá-los, também tentando tocá-los no tronco com suas “garras”. Quem for tocado permanece imóvel até que você encerre a disputa.
Realize diversos confrontos de curta duração (de aproximadamente um minuto cada) para que os alunos imobilizados fiquem pouco tempo na mesma posição.
Promova o revezamento dos grupos.
3. Batalha romana
PROFESSOR
Objetivo: Reconhecer situações relacionadas à luta na Antiguidade.
Materiais: folhas de papelão, bexigas (balões), canudos e batedores infláveis de torcida ou flutuadores de espuma para piscina (boias espaguetes). No caso dos flutuadores, sugerimos que sejam cortados, de modo que o seu comprimento fique adequado à altura dos alunos.
Procedimentos
Organize os alunos em dois grupos. Distribua as bexigas ou os flutuadores (as lanças) para todos os seus integrantes, bem como as folhas de papelão (os escudos).
Oriente o grupo invasor a permanecer em uma extremidade da quadra ou do pátio e o defensor (o “exército do rei”) a ficar no centro desse espaço. Coloque uma coroa feita de papelão na outra extremidade do campo de jogo.
Ao seu sinal, os invasores devem entrar no campo de jogo para tentar capturar a coroa, cabendo ao exército do rei defendê-la. Nesse confronto, fica imobilizado quem for tocado no tronco por uma lança.
Explique aos alunos que os soldados imobilizados podem ser salvos por seus colegas se tocados por eles com uma das mãos.
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A disputa termina quando um dos soldados inimigos capturar a coroa ou no tempo estabelecido para a realização da atividade.
Ressalte o compromisso de todos com a segurança. É comum alguns alunos se empolgarem e exagerarem na força dos toques das lanças.
Discussão
Converse com os alunos sobre a relação entre as situações vivenciadas nas atividades e as histórias apresentadas nas aulas sobre as origens das lutas, vinculando essa prática corporal às necessidades de pessoas, grupos ou povos.
Pergunte a eles quais motivos levam as pessoas a praticar lutas atualmente. Encaminhe a conversa de modo que todos compreendam que, apesar da sua origem associada a ações violentas, nos dias atuais a luta representa uma prática corporal voltada para o lazer, a saúde e a superação. Esclareça que na luta o oponente não é um inimigo, que há regras que precisam ser cumpridas, respeito ao adversário e a preocupação com a integridade física dos lutadores.
Durante a discussão sobre a origem das lutas, aproveite para debater com os alunos a respeito de ética na convivência entre os seres humanos.
Construção de valores
A discriminação nas lutas é algo antigo
Conte para os alunos a história apresentada no texto Gladiador, indicado a seguir em “Para saber mais”. Ressalte que, naquela época, mulheres e anões participavam das apresentações de lutas como alvo de piadas, apenas para satisfazer os caprichos de alguns imperadores.
Conduza a conversa de modo que os alunos percebam que a discriminação está presente nas lutas há milhares de anos, daí a importância dos discursos e movimentos da atualidade em prol do combate às discriminações, os quais buscam a valorização da participação das mulheres e de pessoas com deficiência.
Boxe complementar:
Para saber mais
-
GASPARETTO JUNIOR, A. Gladiador. Info Escola. Disponível em:
http://fdnc.io/dMe. Acesso em: 5
mar.
2021.
O artigo descreve a história e as características dos gladiadores da Roma Antiga.
-
MAZZONI, A.
V.;
OLIVEIRA JÚNIOR, J.
L.
de. Lutas: da Pré-História à pós-modernidade. Teses. 2011. Disponível em:
http://fdnc.io/dMd. Acesso em: 5
mar.
2021.
O texto traz um resumo dos conhecimentos sobre as origens das lutas em geral e de algumas artes marciais em particular.
Fim do complemento.
Avaliação e Registro
Peça aos alunos que elaborem uma história em quadrinhos sobre a origem das lutas. Avalie os conceitos apresentados, exponha suas considerações e, se necessário, solicite correções. Registre os resultados em um caderno e compare-os com os fornecidos pelos alunos em “Para começar”.