Quem foi Mendel?

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Quem foi Mendel?

[Locutora]

O “pai da genética”. Esse é o título dado ao monge agostiniano, professor e pesquisador Gregor Johann Mendel em razão dos resultados de um experimento realizado por ele com ervilhas, no século XIX.

Mas, antes de entendermos como ervilhas podem estar relacionadas ao que hoje conhecemos como hereditariedade genética, vamos conhecer um pouco da história de Mendel.

[Locutor]

Mendel nasceu em 1822, em um vilarejo rural na região da Morávia, na Áustria — hoje território da República Checa.

Apesar de ser filho único de agricultores, Mendel não tinha interesse em tocar a pequena fazenda dos pais, preferindo dedicar-se aos estudos.

Quando criança, teve destaque em Física e Matemática, mas, como sua família não tinha recursos para custear uma universidade, a opção que lhe restou para continuar a estudar foi o ingresso na vida religiosa. Assim, aos 21 anos de idade, Mendel entrou para o Mosteiro da Ordem de Santo Agostinho, em Brno, capital da Morávia. Foi lá que adotou o nome Gregor.

[Locutor]

Mendel dedicou-se aos estudos em Física, Matemática e Botânica, com foco na anatomia e na fisiologia de plantas, tornando-se professor e pesquisador local.

Em 1854, um dos abades permitiu que Mendel iniciasse um estudo de hibridização com ervilhas no jardim do próprio mosteiro.

[Locutor]

Utilizando 34 variedades de ervilha-de-cheiro, Mendel realizou testes de fecundação cruzada para observar a transmissão de características simples entre gerações, como formatos e cores das sementes. Seus experimentos duraram cerca de sete anos.

Os resultados obtidos evidenciaram a existência de fatores recessivos e dominantes nesses organismos. O monge chamou de puras as ervilhas que apresentavam apenas um tipo de fator e, de híbridas, as ervilhas que apresentavam dois fatores.

[Locutor]

Em 1866, Mendel publicou o trabalho Experimentos em hibridização de plantas, no qual explicou sua tese sob dois enunciados, que, mais tarde, ficaram conhecidos como Leis de Mendel.

De acordo com a Primeira Lei de Mendel ou Lei da Segregação dos Fatores, “cada característica é determinada por um par de fatores que se separam na formação dos gametas, indo um fator do par para cada gameta, que é, portanto, puro”.

Compreendendo que havia uma relação de dominância entre os fatores, Mendel observou em sua experiência com as ervilhas que as sementes de cor amarela carregavam um fator dominante. Sempre que esse fator estava presente em um dos gametas, a nova semente gerada era, obrigatoriamente, amarela.

A Segunda Lei de Mendel ou Lei da Segregação Independente afirma que “os fatores para duas ou mais características se separam independentemente durante a formação dos gametas, se combinando ao acaso”.

Na experiência com as ervilhas, Mendel considerou amostras de sementes amarelas ou verdes, lisas ou rugosas. Ele percebeu que essas características não são dependentes, ou seja, uma cor não determina a textura de uma semente, nem vice-versa.

Em sua tese, portanto, Mendel pôde concluir que as características hereditárias são condicionadas por pares de fatores — hoje compreendidos como genes.

[Locutora]

Infelizmente, os estudos de Mendel tiveram pouco impacto na época, e o monge morreu em 1884 sem vivenciar o reconhecimento da comunidade científica por seu trabalho.

Há quem diga que a publicação foi pouco divulgada, tendo baixa impressão e circulação. Algumas pessoas afirmam que lançar mão de saberes matemáticos para o estudo da Biologia era uma prática nada comum para o período e, por isso, incompreendida. Alguns estudiosos afirmam, ainda, que Mendel foi abafado pelas teorias de Charles Darwin, publicadas na mesma época. Há várias hipóteses, mas, até hoje, nada foi confirmado.

[Locutor]

O fato é que, somente no início do século XX, Mendel recebeu os devidos louros, passados mais de trinta anos de sua publicação.

Em 1900, três botânicos de diferentes nacionalidades publicaram trabalhos independentes que tinham pontos em comum com os de Mendel, fazendo com que os escritos do monge, por fim, ganhassem luz, fossem resgatados e devidamente publicados em revistas científicas.

[Locutora]

Ao longo dos anos, novos modelos de experimentos relacionados à fecundação, reprodução e hereditariedade foram desenvolvidos e aprimorados. Ainda assim, para compreender as funções do material genético no organismo, os estudos de Mendel mostram-se essenciais, constituindo-se como base para o desenvolvimento da genética tal qual a conhecemos hoje.

Podemos dizer que Mendel foi o arquiteto da análise genética experimental e estatística e que, com o devido reconhecimento, é, por isso, o “pai da genética”.

[Locutora(a)]

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