APRESENTAÇÃO

Caros colegas professores,

Este livro é o terceiro volume desta coleção, em que o primeiro e o segundo volumes são direcionados ao ensino da Educação Física para o 6º e 7º anos, enquanto o último relaciona-se ao 9º ano.

Os volumes foram estruturados com base nas unidades temáticas (Brincadeiras e Jogos, Esportes, Ginásticas, Danças, Lutas e Práticas Corporais de Aventura) e orientações normatizadas pela Bê êne cê cê (BRASIL, 2018). Em 2019, foram descritos os Temas Contemporâneos Transversais na Bê êne cê cê, que são abordados por meio de propostas intradisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares. Esses temas se articulam com os blocos de conteúdos temáticos da perspectiva de convergência de abordagens da Educação Física escolar adotada nesta obra (SANCHES NETO, 2017).

A proposta da coleção foi inspirada em nossa experiência como professores da Educação Básica e pesquisadores de nossa prática pedagógica. Conhecemos os desafios encontrados na rotina escolar com relação aos espaços, tempos e ao acesso a materiais adequados. Para superarmos tantos obstáculos, trazemos um desejo de partilharmos práticas que contribuam para a manutenção da esperança na valorização da atuação docente. Dessa fórma, propomos um trabalho que pretende encaminhar nossos estudantes em seus percursos formativos de cidadãos comprometidos com um mundo melhor.

Vale dizer que acreditamos no livro didático como suporte e não como algo que engesse práticas e ideias. Assim, julgamos que cada unidade pode ser um incentivo a novas buscas e propostas, sempre originadas no encontro do professor com sua turma.

Ao organizar os volumes e pensar nas escolhas das práticas a serem ensinadas, consideramos não só a tradição e a relevância social, mas também ponderamos a importância de trazer práticas pouco conhecidas e exploradas no âmbito escolar, ampliando possibilidades e o repertório das manifestações da cultura corporal de movimento.

Reforçamos nossa crença numa perspectiva de formação continuada, ampliando a compreensão sobre o ensino de Educação Física para além do movimento, priorizando práticas que viabilizem o protagonismo do estudante em sua aprendizagem, propondo situações de efetiva participação na escola e na comunidade, destacando ações que impulsionem uma construção coletiva em cada unidade escolar do Brasil.

Finalizamos agradecendo a confiança em nosso material e desejando momentos de aprendizagens significativas e enriquecedoras para você e suas turmas!

Os autores

SUMÁRIO

Fotografia. Homem de quimono branco com faixa preta na cintura está saltando com a perna esquerda esticada para frente, a perna direita flexionada e os dois braços dobrados ao lado do corpo, com os punhos fechados.
Fotografia. Mulher usando regata e calça rosa está praticando ioga, com as duas mãos apoiadas no chão, o quadril levantado e as pernas encolhidas.
Fotografia. Mulher usando camiseta verde e pink, bermuda roxa, meias e tênis pretos está correndo e tocando um ponto de controle em uma corrida de orientação.

INTRODUÇÃO

Temas Contemporâneos Transversais (tê cê tês) na Bê êne cê cê

De acordo com o documento Temas Contemporâneos Transversais na Bê êne cê cê: Contexto Histórico e Pressupostos Pedagógicos (BRASIL, 2019, página 8), “reticências os Temas Transversais foram recomendados inicialmente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (pê cê êne), em 1996 reticências”, mas tornaram-se uma referência obrigatória a partir da publicação da Base Nacional Comum Curricular (Bê êne cê cê). Além disso, a base incorporou temas contemporâneos para atender às novas demandas sociais.

Os tê cê tês permitem a efetiva educação para a vida em sociedade, construção da cidadania e formação de atitudes e valores (BRASIL, 2019). Além disso, estão vinculados ao desenvolvimento das dez competências gerais da Bê êne cê cê.

Esquema. Quadro ilustrado com ícones e com o título COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC À esquerda, Ícone: duas folhas brancas com linhas verdes. 1. Conhecimento Abaixo, o texto: Valorizar e utilizar os conhecimentos sobre o mundo físico, social, cultural e digital. À esquerda, ícone: gráfico de barras e uma seta apontada para cima. 2. Pensamento científico, crítico e criativo Abaixo, o texto: Exercitar a curiosidade intelectual e utilizar as ciências com criticidade e criatividade. À esquerda, ícone: câmera digital. 3. Repertório cultural Abaixo, o texto: Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais. À esquerda, ícone: cabeça humana com a boca aberta, emitindo som. 4. Comunicação Abaixo, o texto: Utilizar diferentes linguagens. À esquerda, ícone: monitor de computador. 5. Cultura digital Abaixo, o texto: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica, significativa e ética. À esquerda, ícone: lápis apontado para baixo e escrevendo em uma folha. 6. Trabalho e projeto de vida Abaixo, o texto: Valorizar e apropriar-se de conhecimentos e experiências. À esquerda, ícone: dois balões de conversa. 7. Argumentação Abaixo, o texto: Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis. À esquerda, ícone: lupa. 8. Autoconhecimento e autocuidado Abaixo, o texto: Conhecer-se, compreender-se na diversidade humana e apreciar-se. À esquerda, ícone: xícara com líquido quente. 9. Empatia e cooperação Abaixo, o texto: Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação. À esquerda, ícone: globo terrestre. 10. Responsabilidade e cidadania Abaixo, o texto: Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, exibilidade, resiliência e determinação.

Fonte: BRASIL. Novas Competências da Base Nacional Comum Curricular (Bê êne cê cê). Futuro. Brasília, 2018, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inépi).

Os tê cê tês não pertencem a uma disciplina específica, mas as transpassam e são pertinentes a todas. Existem múltiplas possibilidades didático-pedagógicas para a abordagem dos tê cê tês e que podem integrar diferentes modos de organização curricular em três níveis de complexidade:

Esquema. Três boxes de texto. Uma seta leva do primeiro ao segundo e outra seta leva do segundo ao terceiro. Primeiro boxe: Intradisciplinar. Cruzamento entre conteúdo e habilidades. Abaixo do boxe. 1. Abordar o tema Segundo boxe: Interdisciplicar. Módulos de Aprendizagem Integrada. Abaixo do boxe. 1. Abordar o tema; 2. De forma integradora. Terceiro boxe: Transdisciplicar. Projetos Integradores e Transdisciplinares. Abaixo do boxe. 1. Abordar o tema; 2. De forma integradora; 3. De forma transversal.

Fonte: (BRASIL, 2019, página 9).

Intradisciplinar: integrada aos conteúdos de cada componente curricular.

Exemplo: Em “Conectando saberes de dança”, do 8º ano, propõe-se uma discussão com o tê cê tê Educação para os direitos humanos, tematizando a deficiência visual e a prática da dança de salão. Propõe-se uma vivência de dança com os ólhos vendados para estimular a autoconfiança, a consciên­cia corporal e o reconhecimento das possibilidades de movimento.

Interdisciplinar: diálogo entre os campos do saber, em que cada componente acolhe as contribuições dos demais, ou seja, promovendo interação entre eles.

Exemplo: Em Ciências, os estudantes aprendem sobre o sistema cardiovascular e respiratório, e, na Educação Física, estudam como esses sistemas se comportam durante a prática da atividade física ou exercício na unidade Ginástica com Ioga e Caminhada, no 8º ano. Inclusive, podem estabelecer parcerias, sugerindo a confecção de maquetes simples sobre tais sistemas para reforçar as aprendizagens, verificando a relação entre os conteúdos teóricos e práticos.

Transdisciplinar: flexibilização das barreiras entre as áreas do conhecimento, reduzindo a fragmentação do conhecimento e buscando compreender os múltiplos e complexos elementos da realidade que afetam a vida em sociedade.

Exemplo: A saúde, ao ser tema do projeto político-pedagógico da instituição escolar, pode ser abordada integrando as discussões de cada componente curricular, como os aspectos históricos, filosóficos, artísticos, geográficos etcétera, de maneira que haja uma integração do que será discutido.

A seguir, apresentamos os tê cê tês, concebidos em seis macroáreas e quinze áreas (BRASIL, 2019), bem como alguns exemplos de como são desenvolvidos ao longo desta obra.

TCT

EXEMPLOS

Meio ambiente
• Educação Ambiental
• Educação para o consumo

9º ano – Dança de salão
Em “Conectando saberes”, ao tematizar o forró e conhecer a canção “Xote ecológico” de Luiz Gonzaga, propusemos a apreciação de filmes e obras de arte que trazem a discussão sobre o meio ambiente, com a leitura crítica da letra da música e o aprendizado dos passos do xote. Ao final, é sugerido o desenvolvimento de um projeto integrando meio ambiente e arte na escola.

Economia
• Trabalho
• Educação Financeira
• Educação Fiscal

9º ano – Esportes de campo, taco e invasão
Em Por dentro do tema “Vida de atleta”, apresentamos a profissionalização no esporte, a superação de limites e a remuneração dos atletas. Sobre essa questão, propõe-se uma reflexão sobre a disparidade de salários dependendo da modalidade, pois, na sua maioria, os atletas recebem baixos salários, sendo obrigados a ter um trabalho em paralelo como principal fonte de renda. Questionamos sobre o planejamento financeiro para sobreviver, definir as prioridades com reduzidos recursos. Orienta-se uma pesquisa em grupos sobre diferentes esportes para discutir com a turma questões relacionadas à economia, educação financeira e trabalho.

Saúde
• Saúde
• Educação Alimentar e Nutricional

8º ano – Saúde mental: bem-estar e as práticas corporais de aventura na natureza
No Conectando Saberes, sugerimos o trabalho com Saúde e com o componente curricular Ciências da Natureza. Propomos aos estudantes a leitura de um texto sobre os efeitos da atividade física no bem-estar físico e mental, com ênfase no sistema nervoso para os quadros de depressão e ansiedade, e, em seguida, um debate.

Cidadania e civismo
• Vida familiar e social
• Educação para o trânsito
• Educação em Direitos Humanos, Direitos da Criança e do Adolescente
Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso

6º ano – Ginásticas de condicionamento físico
Na seção Conectando saberes, sugerimos um debate sobre estilo de vida saudável e sedentarismo, por meio de vídeos, imagens, reportagens, charges e artigos científicos. Apresentamos, também, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), destacando as contribuições da ginástica na saúde, no bem-estar e na educação de qualidade. Por último, focalizando os temas saúde, processo de envelhecimento e respeito e valorização do idoso, abordamos as Academias ao Ar Livre (AAL), seus objetivos e aparelhos, participando de uma saída pedagógica para uma AAL com a finalidade de realizar uma aula prática a céu aberto, finalizando a proposta com a confecção de fôlderes sobre a utilização dos aparelhos da AAL.

TCT

EXEMPLOS

Multiculturalismo
• Diversidade cultural
• Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

6º ano – O universo cultural das lutas brasileiras
No tópico Conectando Saberes, foi proposta a leitura de um texto para a compreensão, reflexão e valorização dos elementos culturais indígenas (relação da cerimônia Kuarup com a luta Huka-Huka) e a reflexão sobre a presença dos povos indígenas nos centros urbanos e nas grandes cidades, respeitando a sua identidade e o seu universo cultural.

Ciência e tecnologia
• Ciência e tecnologia

7º ano – Jogos eletrônicos nos tempos modernos
Em Por dentro do tema “O acesso à tecnologia chegou a todos?”, refletimos sobre a desigualdade social que diferencia as pessoas em seus padrões de vida e nas condições de acesso a direitos, bens e serviços. Apresentamos as leis que objetivam diminuir as desigualdades e problematizamos as condições sociais durante a pandemia para pensar em alternativas para solucionar os problemas de acesso e democratizar as tecnologias.


A transdisciplinaridade não significa apenas que os componentes curriculares colaborem entre si, mas significa, sobretudo, que exista um pensamento organizador e complexo que ultrapasse as próprias disciplinas.

É importante ressaltar que a proposta de trabalho com esses temas não deve apenas salientar os problemas pesquisados e estudados, mas discutir fórmas de como solucioná-los numa perspectiva integrativa. Por exemplo, os estudantes do 6º ano pesquisam, na unidade temática “Práticas Corporais de Aventura”, a possibilidade da realização de parkour nas praças próximas à escola, identificando os obstáculos para a prática, verificando se esses locais são adequados e seguros ou em situações precárias, seja pela má conservação, seja pelo mau uso dos seus frequentadores. Como solução, realizam uma campanha de preservação na comunidade e escrevem uma carta à administração da praça ou prefeitura, salientando os problemas e reivindicando ações.

Perspectivas da Educação Física

De fórma a propor práticas pedagógicas que envolvessem os tê cê tês e que fossem relacionados à sistematização de conteúdos temáticos que fundamentam a coleção, procuramos contemplar os quatro blocos de conteúdos temáticos: elementos da cultura corporal, movimentos do corpo humano, demandas ambientais, aspectos pessoais e interpessoais do movimento do corpo humano (SANCHES NETO, 2017):

Esquema. Quatro círculos coloridos com informações de conteúdos temáticos. 1. ELEMENTOS CULTURAIS Brincadeira e jogo Circo e ginástica Dança Esporte Luta e capoeira Vivências e AVD3. 2. MOVIMENTOS Habilidades de estabilização Habilidades de manipulação Habilidades de locomoção Combinação e especialização de movimentos Capacidades de treinamento Ritmo ASPECTOS PESSOAIS E INTERPESSOAIS Anatomia e biomecânica Antropologia e psicologia Bioquímica e nutrição Embriologia e fisiologia Comportamento motor Saúde e patologia 4. DEMANDAS DO AMBIENTE Administração e economia Estética e filosofia Física e natureza História e geografia Sociologia e política Virtual

Fonte: SANCHES NETO, 2017, página 26.

Os temas são apenas indicativos, e não representam qualquer hierarquia ou linearidade. O pressuposto central é que a especificidade da Educação Física está na convergência e na integração dos blocos temáticos, e não em conteúdos isolados (SANCHES NETO, 2017). Eles devem ser abordados estabelecendo suas relações durante toda a Educação Básica, aumentando a complexidade no decorrer dos anos, como apresentado na figura a seguir.

Esquema. Sistematização dos blocos de conteúdos temáticos Vários círculos coloridos integrados com setas apontando para Elementos culturais, Movimentos, Demandas do ambiente e Aspectos pessoais e interpessoais.

Fonte: SANCHES NETO, 2017, página 25.

Com base na sistematização desses quatro blocos de conteúdos, propomos os seguintes princípios didáticos: construção de conceitos com base na realidade de vida dos estudantes, autodisciplina; registro de conceitos; avaliação contínua; relação com o projeto político-pedagógico da escola e planejamento participativo, além dos princípios exemplificados a seguir:

  • Atividades paralelas: diferentes vivências com o mesmo objetivo da aula. Para otimizar os recursos, na prática dos esportes de rede e parede, foram organizados grupos que se revezavam para usar os diferentes implementos que a escola dispõe: raquete de tênis, adaptada com garrafa péti etcétera
  • Grupos operacionais: trabalho em equipe com troca de saberes. Na corrida de orientação, o estudante com maior compreensão da tarefa auxilia o colega na interpretação do mapa.

Além disso, são sugeridos dez critérios de avaliação: envolvimento, conhecimento tácito, aproveitamento de demonstrações visuais, procedimentos específicos, conhecimento declarativo, aproveitamento de instruções verbais ou gráficas, conceitos específicos, assiduidade; atitudes específicas e participação objetiva.

Para que a avaliação contribua de fórma positiva e eficaz para a tomada de decisões no planejamento das aulas, é necessário que seja organizada e realizada durante todo o processo educativo. Deve-se constituir instrumento de aplicação permanente, processual e diária, gerando a reflexão e o novo planejamento. Afinal, por se tratar de uma atividade extremamente complexa, não pode ficar restrita a um único instrumento nem a um só momento.

Como defende Rrófman (2009), a avaliação se dá em vários espaços escolares, com procedimentos de caráter múltiplo e complexo, incluindo o processo de observar, analisar e promover melhores oportunidades de aprendizagem. Em um grupo heterogêneo, o professor deve compreender e acolher os estudantes em suas diferenças e estratégias próprias de aprendizagem para planejar e ajustar ações pedagógicas que favoreçam cada um e o grupo como um todo, tanto com apoios intelectuais quanto afetivos para a superação dos desafios. Portanto, o processo avaliativo acontece de fórma concomitante ao desenvolvimento das aprendizagens. Anotações sobre o desempenho bimestral dos estudantes, por exemplo, são oportunidades de o professor analisar o caminho percorrido até aquele momento.

Tradicionalmente, os sistemas de ensino solicitam uma avaliação objetiva, normativa e padronizada. Torna-se necessário o resgate da sensibilidade, do respeito ao outro, da convivência e de procedimentos dialógicos e significativos. A avaliação da aprendizagem consubstancia-se no contexto próprio da diversidade, com a flexibilidade necessária para fazer desafios particulares a diferentes estudantes em um mesmo grupo, sem discriminação, rótulos ou desrespeito.

Em cada aula, será observado a participação do estudante nas vivências e em suas atitudes, o aprendizado dos conceitos e como ele irá manifestar os procedimentos aprendidos. Com essa perspectiva avaliativa, transcendemos uma Educação Física que frise apenas aspectos motores e cognitivos, abrangendo um leque de saberes que os estudantes carregam de suas trajetórias de vida. Segundo Rrófman, o papel do avaliador é buscar a aproximação e o entendimento dos educandos com base em processos dialógicos e interativos. Ela propôs três princípios essenciais para a prática avaliativa:

O princípio dialógico/interpretativo: avaliar como um processo de enviar e receber mensagens entre educadores e educandos e no qual se abrem espaços de produção de múltiplos sentidos para esses sujeitos. A intenção é a convergência de significados, o diálogo, a mútua confiança para a construção conjunta de conhecimentos.

O princípio da reflexão prospectiva: avaliar como um processo que se embasa em leituras positivas das manifestações de aprendizagem dos estudantes, dos olhares férteis em indagações, buscando ver além de expectativas fixas, inclusive: quem o estudante é, como sente e vive as situações, o que pensa, como aprende, com o que aprende?

O princípio da reflexão-na-ação: avaliar como um processo que se constrói na prática. O professor aprende tomando-se por base o diálogo que trava com os estudantes, com outros professores, consigo próprio, refletindo criticamente sobre o processo em andamento e evoluindo em seu fazer pedagógico. O que se faz com o que se vê? A reflexão e a comunicação com os educandos devem ser consideradas processos interdependentes, de significados compartilhados.

Dessa fórma, várias possibilidades didático-pedagógicas podem ser utilizadas para a abordagem dos tê cê tês, integrando diferentes modos de organização curricular, sempre com a finalidade de contextualização das disciplinas, conectando os estudantes a temas vivenciados em sua realidade e aproximando-os dos seus contextos sociais.

Organização da coleção

A coleção está organizada em quatro volumes, um para cada um dos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º, 7º, 8º e 9º anos), com as unidades temáticas e seus respectivos objetos de conhecimento.

Cada unidade apresenta seções que contemplam as oito dimensões de conhecimento indicadas na Bê êne cê cê (BRASIL, 2018): experimentação, uso e apropriação, fruição, reflexão sobre a ação, construção de valores, análise, compreensão e protagonismo comunitário. Como explicita o documento, nas aulas devem ser abordadas as práticas corporais como fenômeno cultural, social, histórico, dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório, para que os estudantes se apropriem da cultura corporal de movimento, favorecendo sua participação de fórma autônoma e autoral na sociedade. Dessa fórma, são propostas a experimentação e a análise da diversidade da cultura corporal de movimento em diferentes fórmas de expressão: corporal, estética, emotiva, lúdica e agonista, oportunizando aos estudantes a participação em contextos de lazer e saúde.

Projeto editorial-pedagógico da coleção

Seção do volume

Descrição

Recomendações didáticas

Raio-X da unidade

Identificação das competências gerais, das competências específicas de Linguagens e de Educação Física, das habilidades de Educação Física. Síntese do conteúdo em “O que veremos nesta unidade”.

Propostas e possibilidades: Tenha como referência as competências e as habilidades sugeridas na BNCC, mas sempre contextualizando-as à realidade escolar, às necessidades e aos anseios dos estudantes.

De olho nas imagens

Avaliação diagnóstica com imagem para instigar reflexões sobre o tema. São mostradas imagens e questões norteadoras para promover o contato inicial dos estudantes com as práticas corporais a serem estudadas, além de estimular a discussão e a reflexão inicial sobre os temas, contemplando as seguintes dimensões do conhecimento: análise e compreensão.

Repertório cultural: Estimule a apreciação de imagens, apresentando diversas linguagens artísticas.
Comunicação aberta: Tenha uma escuta ativa pautada no respeito e na confiança.
Planejamento: Mapeie os conhecimentos, as atitudes e os valores que o estudante detém ao chegar à sala de aula para planejar as práticas pedagógicas.

Por dentro do tema

Análise e compreensão dos conceitos, origem, exemplos e contexto da manifestação da cultura corporal de movimento.
Aprofundamento dos temas, permitindo uma aprendizagem significativa das práticas corporais, a compreensão dos elementos que as constituem, seu funcionamento e a construção de valores. Ao trabalhar com conceitos, valorizam-se na coleção as potencialidades do pensamento científico e das conquistas acadêmicas, fruto do trabalho de diversos autores, professores e pesquisadores.

Compreensão dos conceitos: Contextualize como as práticas corporais foram criadas e transformadas nas diferentes sociedades, épocas, éticas e estéticas.
Diálogo: Proponha uma roda de conversa, para que todos possam se ver e ouvir. Faça combinados, como levantar as mãos para pedir a palavra e um tempo para que todos possam se expressar e manifestar suas dúvidas.
Estudante pesquisador: Estimule o senso crítico e a curiosidade para que o estudante tenha uma aprendizagem significativa e seja produtor de novos conhecimentos.

Vamos à prática!

São propostas vivências das práticas corporais da unidade temática. Cada atividade contém objetivos relacionados aos temas; materiais para a realização da atividade, até mesmo adaptados; procedimentos (organização da atividade, regras e demais formas de desenvolvê-la). A experimentação, a fruição, a reflexão sobre a ação e a construção de valores são dimensões do conhecimento expressas na seção.
Na experimentação e na fruição, os elementos das práticas corporais são contemplados: movimento corporal; organização interna (pautada por uma lógica específica) e produto cultural vinculado com o lazer e a saúde.
Priorize atividades inclusivas e que gerem sensações positivas para a apreciação das práticas corporais. Valorize as diferenças e perceba o ritmo de cada estudante.

Segurança: Certifique-se de que as práticas sejam realizadas em locais seguros e com materiais adequados, evitando acidentes.
Reflexão sobre a ação: Questione os estudantes sobre suas percepções, suas emoções, seus interesses e conceitos sobre a prática corporal, além das facilidades, dificuldades, adaptações e estratégias para a resolução de desafios da vivência.
Construção de valores: Oportunize trabalhos com grupos grandes de estudantes, de perfis e estágios variados, possibilitando, com a convivência e o enfrentamento dos desafios, desenvolver a socialização, a empatia e a cooperação, o combate a qualquer tipo de violência (como o bullying). Indague sobre os objetivos das práticas corporais e sobre suas possibilidades para a promoção da saúde (bem-estar físico, mental e social). Compartilhe o sucesso nos desafios superados, acredite no potencial de todos.

Conectando saberes

A seção contempla as dimensões de análise e compreensão, reflexão sobre a ação e construção de valores. Ela tem como objetivo proporcionar a intersecção de saberes entre a Educação Física e outras áreas do conhecimento ou os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs). A conexão de saberes abordará os blocos de conteúdos temáticos relacionados aos aspectos pessoais, interpessoais e demandas ambientais do movimento.

Interdisciplinaridade: Faça parceria com os professores de outros componentes curriculares para tornar a aprendizagem mais significativa para os estudantes.
Transdisciplinariedade: Participe da elaboração de propostas dos eventos escolares, como apresentações e exposições culturais, discutidas no Projeto Político-Pedagógico (PPP) da instituição de ensino.

Seção do volume

Descrição

Recomendações didáticas

Avaliando em diferentes linguagens

Em algumas unidades, são propostas questões usando gêneros textuais diversificados relacionados aos conteúdos da unidade, incentivando a análise e a compreensão dos temas, a reflexão sobre a ação e a construção de valores. Essas questões têm como objetivo promover processos de autorreflexão sobre o aprendizado, estimular discussões no grupo e proporcionar uma avaliação para a retomada, ampliação ou aprofundamento dos conteúdos ou replanejamento das aulas.

Respeito: Valorize as diferenças e perceba o ritmo de cada estudante.
Gêneros de linguagem: Diversifique com escritos, sonoros, gráficos, gestuais, textuais digitais, entre outros.
Registro, criação ou produção: propostas e estratégias para que os estudantes, de diferentes perfis, desenvolvam a capacidade de produzir análises críticas, criativas e propositivas, além da capacidade de argumentar. Pode ser encaminhada a construção de aulas em conjunto com professores da área de Linguagens.

Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes

Estão presentes propostas de intervenção, pesquisa e reflexão, com o objetivo de contribuir com a comunidade escolar. O uso e apropriação, o protagonismo comunitário e a construção de valores são dimensões do conhecimento presentes, em que a autonomia é favorecida por iniciativas no meio social e escolar no qual os estudantes estão inseridos.
São estimuladas as competências gerais com a aplicação, a ampliação e o aprofundamento dos conceitos por meio de uma produção autoral, seja individual ou coletiva. Além disso, essa seção possibilita o trabalho transversal com as culturas juvenis e o projeto de vida dos estudantes e da comunidade.

Avaliação somativa: Estimule o envolvimento objetivo e subjetivo, verifique os procedimentos, os valores e os conhecimentos específicos na construção de projetos coletivos para além da sala de aula e dos muros da escola.
Estudante protagonista: Oportunize o envolvimento de grupos numerosos, com perfis variados, possibilitando, com a convivência e o enfrentamento dos desafios e as descobertas, desenvolver a socialização, a empatia e a cooperação. Envolva a comunidade, reconhecendo as diferenças e estimulando o convívio social (na família, na comunidade e na sociedade em geral) e o estabelecimento da noção de cultura de paz.

Na seção “Raio-xis”, são indicadas as competências gerais estimuladas na unidade e as competências específicas da área de Linguagens: 1. Construção social e cultural, 2. Diversidade de linguagem (artística, corporal e linguística), 3. Comunicação (verbal, corporal, visual, sonora e digital), 4. Argumentação, 5. Senso estético, 6. Cultura digital; assim como as competências específicas da Educação Física: 1. Cultura corporal de movimento, 2. Resolução de desafios e acervo cultural, 3. Reflexão crítica sobre saúde e doença, 4. Multiplicidade de padrões, 5. Respeito às diferenças e combate a preconceitos, 6. Sentidos e significados, 7. Identidade cultural, 8. Autonomia no contexto do lazer e saúde, 9. Cidadania, 10. Cooperação e protagonismo.

Para mais subsídios sobre o processo avaliativo e as bases que norteiam a avaliação nesta coleção, leia o item “Avaliação” na Introdução dos demais volumes desta coleção (6º, 7º e 9º anos).

Plano de desenvolvimento para o 8º ano (por bimestre, trimestre e semestre)

Sugerimos um plano de desenvolvimento com a distribuição das unidades temáticas e objetos de conhecimento comuns do 8º ano por bimestre, trimestre e semestre.

Justificativa

Como explicita a Bê êne cê cê, nas aulas devem ser abordadas as práticas corporais como fenômeno cultural, social, histórico, dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório, para que os estudantes se apropriem da cultura corporal de movimento, favorecendo sua participação autônoma e autoral na sociedade. Desse modo, propõem-se a experimentação e a análise da diversidade da cultura corporal de movimento em diferentes fórmas de expressão: corporal, estética, emotiva, lúdica e agonista, oportunizando aos estudantes a participação em contextos de lazer e saúde.

Objetivos do volume

  • Oferecer oportunidades para a experimentação e fruição da diversidade de práticas corporais, ressignificando-as de acordo com o contexto da comunidade escolar.
  • Incentivar o respeito aos significados das manifestações culturais de movimento por diferentes grupos sociais e etários.
  • Estimular o protagonismo dos estudantes por meio dos saberes articulados entre os componentes curriculares e os temas contemporâneos.

Legenda: cê gê = Competências Gerais, cê éle = Competências de Linguagens, cê ê éfe = Competências de Educação Física, agá ê éfe = Habilidades de Educação Física, tê cê tês = Temas Contemporâneos Tranversais e ó ê dê = Objeto Educacional Digital

1º semestre

1º trimestre

1º bimestre

UNIDADE TEMÁTICA: ESPORTES
OBJETOS DE CONHECIMENTO: ESPORTES DE REDE E COMBATE
Título: ESPORTES DE COMBATE, REDE E PAREDE
CG: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9 e 10
CL: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7
CEF: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10
HEF: (EF89EF01), (EF89EF02), (EF89EF03), (EF89EF04) e (EF89EF05)
TCTs: Educação para o consumo, Educação fiscal e Ciência e tecnologia.
OED: Vôlei sentado.

2º bimestre

UNIDADE TEMÁTICA: LUTAS
OBJETOS DE CONHECIMENTO: LUTAS DO MUNDO
Título: LUTAS DO MUNDO E SUAS TRANSFORMAÇÕES
CG: 1, 2, 3, 4, 7, 8, 9 e 10
CL: 1, 2, 3, 5 e 6
CEF: 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10
HEF: (EF89EF16), (EF89EF17) e (EF89EF18)
TCT: Educação para os direitos humanos.

2º trimestre

UNIDADE TEMÁTICA: DANÇAS
OBJETOS DE CONHECIMENTO: DANÇAS DE SALÃO
Título: DANÇAS DE SALÃO
CG: 1, 2, 3, 4, 7, 9 e 10
CL: 1, 2, 3, 4, 5 e 6
CEF: 1, 2, 5, 6, 7, 9 e 10
HEF: (EF89EF12), (EF89EF13), (EF89EF14) e (EF89EF15)
TCTs: Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras e Educação para direitos humanos.

2º semestre

3º bimestre

UNIDADE TEMÁTICA: GINÁSTICAS
OBJETOS DE CONHECIMENTO: GINÁSTICA DE CONDICIONAMENTO FÍSICO E GINÁSTICA DE CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL
Título: GINÁSTICAS DE CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL E DE CONDICIONAMENTO FÍSICO
CG: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9 e 10
CL: 2, 3, 4, 5 e 6
CEF: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10
HEF: (EF89EF07), (EF89EF08), (EF89EF09), (EF89EF10) e (EF89EF11)
TCTs: Saúde, Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso, Educação alimentar e nutricional e Ciência e tecnologia.
OED: Ioga: origem e filosofia. Ginástica de condicionamento físico.

3º trimestre

4º bimestre

UNIDADE TEMÁTICA: PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA
OBJETOS DE CONHECIMENTO: PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA NA NATUREZA
Título: PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA E PRESERVAÇÃO DA NATUREZA
CG: 1, 2, 3, 4, 6, 8, 9 e 10
CL: 1, 3, 4 e 5
CEF: 1, 2, 3, 6, 8, 9 e 10
HEF: (EF89EF19), (EF89EF20) e (EF89EF21)
TCTs: Meio ambiente, Cidadania e civismo e Saúde.
OED: Práticas corporais de aventura na natureza e o meio ambiente.